31 agosto, 2002

Como garçons
Um de meus filmes preferidos é "Conta Comigo" ("Stand by me", no original), de Rob Reiner. Tá, é um filme bobinho, sobre infância, em torno de quatro garotos que fazem uma pequena excursão mato adentro em busca de....um cadáver. Sim, recém-chegados ao mundo, eles ainda não tinham visto, nenhum deles, como é que se vai embora. E ao saber que um garoto morrera na floresta, partem em busca de contemplar o rosto de um morto.
O filme é baseado em uma novela de Stephen King, e a novela, por sua vez, seria baseada na própria infância do escritor. Dá até para identificar entre os garotos qual que seria King, pois um deles é contador de histórias. A narração em off é do ator Richard Dreyfuss, que só aparece no final do filme, fazendo o papel do garoto contador de histórias, só que com 40 anos a mais.
E quando você já está meio emocionado, vem a idéia de que "nunca se terá amigos como aos 12 anos" - idade dos meninos. É real. Pode-se ter amizades mais sólidas, mais duradouras, mas não como aos 12 anos, quando você está sozinho no mundo de verdade, e aquele moleques da sua idade são seus companheiros de viagem, e todos fingem que não estão com medo da verdade, mas pelo fato de estarem todos juntos o medo diminui. Igualzinho à história de King.
Em outro momento do filme, se fala de amigos em outras idades, que "entram e saem de sua vida como garçons". É verdade. Sim, alguns ficam, eternamente - geralmente, são aqueles que você pode ligar depois de dois anos e dizer, "e aí, ô babaca", sem que ninguém se estranhe.
A amizade é um campo enorme para o surgimento de mágoas. Você some, seu amigo cobra, você fica puto com a cobrança, seu amigo fica puto com o sumiço. Mas é a vida - como em "Sinal Fechado", do Paulinho da Viola, "precisamos nos ver por aí, pra semana, prometo, talvez nos vejamos, quem sabe". E o sinal abre, e todos partem a 300 por hora, porque o sinal está verde e ninguém pode ficar parado.
Mas neste momento em que participo de uma lista com pessoas dos tempos de faculdade, e vejo um monte de gente que eu tinha até esquecido, volto a pensar nessas coisas de amizades que se vão como garçons. E olhando todos, mas todos mesmo, do alto daquela lista de emails, concluí que não deixei nada importante para trás. Os que ficaram, era para ficar mesmo. Os que sumiram, provavelmente não ganharam gorjeta.

Conta comigo

As séries
Marcele é quem está ajeitando tudo para mim. Vai criar uma página onde vou deixar fixas (alcançáveis por um click) as séries "Mulheres que um dia amamos", "Os melhores LPs da minha juventude", "Encontros e Desencontros" (da Alessandra, já publicada no Falaê) e "Abolaieu" (que anda meio esquecida por causa da fase nefasta do time da Gávea). Bom, se alguém se interessar, o link estará em breve aí do lado na tabela lateral.

Dica de uma manhã de sábado
Uma manhã de sábado sem ressaca (caramba, por causa da minha bronquite esta é a minha segunda manhã de sábado sem ressaca SEGUIDA!) pede o lamento calmo de Paulinho da Viola. Ou o samba terno de Toquinho, com aquele violão que poucos tocam igual no Brasil. Parêntese: quem não gosta de música e sim de ideologia, melhor nem continuar a ler, porque, por mais que eu goste do rock and roll eu sempre elevei Paulinho da Viola à categoria de Deus. Seu único defeito é torcer por aquele timinho de São Cristóvão.
Bom, se fosse para escolher entre um e outro, seria difícil. Então, melhor logo os dois juntos, no CD duplo Sinal Aberto, gravado ao vivo no Teatro João Caetano. Espetacular é a palavra mais modesta para classificar um disco que já começa com Toquinho interpretando "Nada de novo", do Paulinho, e emenda com Paulinho da Viola tocando "Que maravilha", do Jorge Ben. Depois seguem-se os sambas belíssimos "Tempos Idos" e "Desencontro", e quando você pensa que os caras aliviaram, começa "Onde a dor não tem razão", samba simplesmente maravilhoso do início da carreira de Paulinho.
Vale a pena comprar esse excelente "Sinal Aberto", se encontra baratinho nas lojas virtuais.

30 agosto, 2002

Orelhões
Tudo bem que quase todo mundo hoje em dia tem celular, mas caramba, será que isso significa o fim dos telefones públicos? Já é a segunda vez que eu tento usar uma merda de um orelhão e não consigo. Quer dizer, conseguir até consegui, mas demorou, precisei andar umas duas quadras em Ipanema fazendo zigue-zague na Av. Visconde de Pirajá até encontrar unzinho que funcionasse. Irritante, muito irritante. E não é só em Ipanema, é geral, em Laranjeiras, Copacabana, no Centro. Vai ver os orelhões viraram "uma instalação cosmopolita contemporânea" da Telemar e eu não estou sabendo.

29 agosto, 2002

Sportv e você, tudo a ver
Começa a partida Gama x Flamengo, time da casa começa atacando. Quando o cronômetro aponta EXATAMENTE 1 minuto e 45 segundos DE JOGO, o locutor "denuncia": "Ô Júnior (nota: comentarista da vez). ATÉ AGORA o Flamengo não passou do meio-campo...".
Resposta do Júnior, meio sem graça, mas coberto de razão: "É, tá um pouco cedo ainda para avaliar...".

28 agosto, 2002

Retrato em vermelho e preto
Já conheço os passos dessa estrada...
Sei que não vai dar em nada....
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar tanto pior

Começamos ontem, nós rubro-negros, nova campanha pelo rebaixamento à Segunda Divisão. Pelo quarto ano consecutivo - sendo que no ano passado chegamos bem perto do "título", vergonhoso "título", só "perdemos" no último jogo, quando vencemos o Palmeiras que, LEMBRE-SE BEM, já estava fora da disputa de uma vaga entre os classificados.
Se o Palmeiras tivesse chance de se classificar, o Flamengo hoje estaria com toda a certeza na Segunda Divisão do campeonato brasileiro. Sem nenhuma, mas absolutamente nenhuma dúvida. Assim como começam a ficar claras as perspectivas da tão aguardada queda. Sim, digo aguardada, porque há uns seis anos que a diretoria se esforça para levar o clube para a Segunda Divisão.
Desta vez, estão caprichando. O time já perdeu 10 pontos em cinco partidas. Empatou em casa com duas merdas: Juventude e Goiás. E perdeu para três cocozões: Coritiba, Paysandu e agora o Gama - com direito a um inacreditável gol de PAULO NUNES DE CABEÇA!
Só pode estar de brincadeira, de sacanagem com o torcedor, um time que toma gol de Paulo Nunes de cabeça. Só pode estar de sacanagem o lateral que deixou cruzar aquela bola. Depois, todos pararam de jogar, à exceção do Zé Carlos, centroavante limitado mas que pelo menos faz jus àquela camisa que já vestiu Rondinelli. Um bando em campo.
O Flamengo não pode ter Jorginho, Hugo, André Bahia, Iranildo, e principalmente Liédson. Cansei desse último. Cansei do cai-cai, do drible que termina no chão, das faltas idiotas que ele mesmo faz nos adversários. Pelo desastre, pelo vexame de proporções dantescas que vi na noite desta quarta-feira, já conheço os passos dessa estrada: a direção dela é o rebaixamento. E desta vez não vejo o que pode impedir.
E os adversários do Mais Querido já podem agradecer a ele: Edmundo Santos Silva o escroque que acabou com o clube, dando prejuízos que só serão recuperáveis em pelo menos 15 anos (segundo opinião especializada que ouvi recentemente de um auditor).

Amigos, amigos
Li esse texto há algum tempo, um ano ou mais, em uma revista VIP. Agora, recebo-o por email em uma versão ligeiramente alterada (com palavrões). Mas legal assim mesmo.
Amigo Simples X Amigo Verdadeiro X Amigo Pra Caralho
Um simples amigo nunca o viu chorar.
Um amigo de verdade tem os ombros molhados por suas lágrimas.
Um amigo pra caralho não agüenta mais ter ver chorando e te paga uma terapia.

Um simples amigo não sabe o nome de seus pais.
Um amigo de verdade tem o telefone deles na agenda.
Um amigo pra caralho pede o carro dos teus pais emprestado pra levar uma tchanga no motel.

Um simples amigo traz uma garrafa de vinho para sua festa.
Um amigo de verdade chega cedo, ajuda a cozinhar e fica até mais tarde para ajudar a limpar.
Um amigo pra caralho bebe todas na tua festa, vomita no tapete da tua mãe e dorme atrás do sofá até 2ª pela manhã, quando a empregada acha ele.

Um simples amigo odeia quando você liga depois que ele já se deitou.
Um amigo de verdade pergunta por que você demorou tanto para ligar.
Um amigo pra caralho pergunta se tu tá ficando viado, te manda dormir e ir curar tuas mágoas com cachaça.

Um simples amigo quer conversar sobre seus problemas.
Um amigo de verdade procura o ajudar com os problemas.
Um amigo pra caralho te leva pra birosca e te paga todas.

Um simples amigo, ao visitá-lo, age como uma visita.
Um amigo de verdade abre a geladeira e serve-se sozinho.
Um amigo pra caralho abre a geladeira e reclama que só tem Kaiser.

Um simples amigo pensa que a amizade acabou depois de uma discussão.
Um amigo de verdade sabe que não é amizade até a primeira briga.
Um amigo pra caralho xinga a tua mãe, chuta o teu cachorro e risca teu carro, mas tá tudo bem.

Um simples amigo espera que você esteja sempre lá para ele.
Um amigo de verdade espera sempre estar lá para você!!!
Um amigo pra caralho te espera duas horas no bar até ficar revoltado. Vai até a tua casa, xinga a tua mãe, chuta o teu cachorro e risca teu carro, tudo de novo.

Protesto de Alexandrino
Está lá em Só o ócio constrói:
(..) como os leitores mais atentos perceberam, passei um fim de semana prolongado na Ilha Grande. Na segunda-feira, depois de dois dias de alienação do mundo (semi-mentira, pq vi o golaço de empate do Inter contra o São Paulo) fomos, minha senhora e eu, comprar algum jornal. Trabalhadora devotada, do tipo que veste a camisa mesmo, ela insistiu em comprar o O Lance - o jornal dos sports. Resposta singela do rapaz da banca: - Ah, o Lance é o único que atrasa. Sempre chega depois que a barca já partiu.
Diante das nossas gargalhadas, o sujeito não teve dificuldades em deduzir: - Vocês trabalham lá, é? Bom, avisem que o jornal sempre chega atrasado aqui. Então é isso, tá dado o recado. Principalmente para um tal Gustavo de Almeida, que ao que parece sempre atrasa o fechamento de tão dileto jornal.

Minha resposta: Por ser desde a mais tenra idade um adepto incondicional dos movimentos ecológicos (sou até membro de honra do Greenpeace), colaboro para a preservação da Ilha Grande. Pensa bem: se o jornal chegar na hora, a barca leva para a Ilha Grande. Aí os leitores de lá compram, e às vezes deixam o jornal por lá, sujando a água de tinta, destruindo o meio-ambiente. Quando eu atraso - propositadamente - o jornal por aqui, eu estou tão somente evitando que a Ilha Grande seja devastada. O problema é que o Renato de Alexandrino descobriu meu plano secreto. Terei que usar terroristas.

27 agosto, 2002

Reconhecimento público 2
Eu ia manter silêncio porque Marcele é tão tímida que pediu para eu não revelar. Só que diante dos elogios da Alessandra, sou obrigado a dizer que a responsável por todas as mudanças (inclusive as futuras) na template deste blog é a minha namorada, Marcele; aliás, responsável pelas mudanças não só no blog como na minha vida inteira.
Ela vai me dar uma bronca por este post, pois é super-tímida.

Reconhecimento público
Quero deixar pública aqui a minha satisfação por ter aberto o Blogus hoje de manhã e ter me deparado com essa mudança "adjetivosa" que o Gustavo fez. Eu achei tão bacana que eu tenho vontade de ficar escrevendo aqui horas e horas, orgulhosa e boba, escrevendo arco-íris, folha, abelha e alegria para combinar com essas cores.

Segunda-feira alegre
Para a maioria das pessoas, eu inclusive, segunda-feira é um dia chato e irritante, mas é tão bom quando ela começa como ontem, com uma mensagem de Zé Maria e Edineusa, o casal gente boa, ele poeta e cineasta, ela ceramista, mandando uma poesia assim:
Viver,
- pelo menos, beirando o humor,-
serve como a mais bela da máscara
dissimuladora do drama jocoso
da vida.

Ou assim: "Nesta segunda-feira eu compartilho com todos os homens nossas vontades nossos gestos nossas vozes. É um dia inexaurível intenso e agitado. As ruas me fogem a cidade se move, e pelas calçadas os homens em desordem todos os dias em seus sapatos. Há uma flor nesta paisagem vertical, uma flor absurda que cresce da nossa loucura. O sol nas vidraças dos prédios
me faz tapar um olho para o céu e abrir o outro para o abismo. Uma música atravessa o túnel como que um eco de caverna. Pela janela do carro escolho meu dia em qualquer outdoor: “beba do leite do mamilo da modelo”, ou, “fale sua babel de palavras pelo telefone celular”. Em mim tudo se agita meu medo meu ódio meu amor nesta segunda-feira que compartilho com todos os homens".


Volta ao Mundo
Assisti ontem o show do Aquarela Carioca no Ballroom, com participação especial de Ney Matogrosso. Eles estão lançando o CD “A volta ao mundo” e foi muito bom revê-los tocando, principalmente porque meu primo é o guitarrista e flautista do grupo, além de ser uma figura ótima e filho de uma das tias mais bacanas que eu tenho, e vê-la feliz como estava ontem é razão de muita alegria pra mim. Sem contar que eles apresentam música de qualidade, o que dá um prazer ainda maior para nós que somos parte integrante da torcida organizada: quero dizer com isso que qualquer tietagem de nossa parte está justificada. Quem conhece o som dos caras sabe que é no mínimo brilhante e diferente. “Tomara que engrene”, comentou minha tia. “Se depender da gente”, arrematou minha irmã. Gargalhada geral. Da próxima vez eu vou treinar mais os gritinhos de “u-hu”, embora não precise.

O mundo do tamanho da aldeia
Olhei o blog da Mônica outro dia - que mora em Bauru, para ver se ela escreveu algo comprometedor sobre minha pessoa (ela andou de birra comigo). Estava tudo bem, não via a necessidade de censurar o blog, até que olho a tabela lateral e vejo um link para o Ludovico, da minha amiga e ex-companheira de O Fluminense (atualmente repórter de O Globo) Isabela Bastos.
Aí eu parei: Mônica, dentista, ex-relações públicas, nascida em Duartina e criada em Bauru, virou amiga de Isabela, jornalista, nascida e criada em Niterói, que trabalha no Rio? Tá, entendi que sou o elo entre as duas pessoas, mas, puxa, me soa meio louco, meio absurdo. É como se de repente o meu passado fosse um ponto de encontro. É mais estranho do que descobrir que o nome de minha namorada está escrito em uma nave espacial. Bom, mas são duas pessoas legais, que bom que viraram amigas.

Vá ao teatro (eu talvez vá)
Todos sabem que sou muito sincero em relação a teatro: não gosto. Não tenho empatia, sei lá, não consigo "embarcar" na onda do teatro. Mas recebo email sobre uma peça cujo autor, Eduardo Lamas, é um jornalista bem referendado, pelo Marlos e pelo Sérgio Maggi - ambos garantem que o cara tem talento, portanto, se eu melhorar da bronquite posso até pensar em ir a Niterói (seria bom porque poderia encontrar Marcele na faculdade). No dia 6, evidentemente não poderei, pois será a próxima MATE-ME POR FAVOR. Abaixo, segue o release:
A Companhia Artística Em Questão apresentará a peça SENTENÇA DE VIDA nos próximos dias 4 e 6 de setembro (quarta e sexta-feira), às 20h, no Campus Avançado Condomínio Cultural, em Niterói. Com a atriz Denize Nichols, direção de Cristine Cid e cenografia de Cátia Vianna, SENTENÇA DE VIDA é a primeira peça a ser encenada do escritor e jornalista Eduardo Lamas. O espetáculo é um monólogo em que uma mulher em crise relembra momentos dramáticos, delicados, saborosos e também loucos de sua vida. Mas o que será realidade e o que será imaginação? A sentença quem profere é o público.
A peça aborda temas como a morte, a culpa, o ciúme, a inveja, o castigo, a vaidade, a vingança, a cobiça, a ambição, o carinho, o sexo, o amor, o ódio, o cinismo e as mais diversas e complicadas formas de relações humanas e suas loucuras. Depois de dois meses em cartaz (março e abril deste ano) no Casarão Cultural dos Arcos, na Lapa, Rio de Janeiro, a peça chega a Niterói para esta curta
temporada. O Campus Avançado fica bem próximo à Cantareira, na Rua Alexandre
Moura 41 - São Domingos (telefones: 2721-4373 e 2721-4374).

26 agosto, 2002

Tecno-ilógicas manias
Eu tenho as minhas - uma delas é colocar o meu próprio nome ou o das pessoas que eu gosto nos sites de busca, principalmente no Google. Na tarde de domingo, passando mal em casa, com bronquite, fiquei no computador para distrair-me e não lembrar que eu não estava conseguindo respirar. Aí digitei o nome completo de Marcele no Google. Achei uma só ocorrência. Nesse site: http://stardust.jpl.nasa.gov/overview/microchip. Já me assustei de primeira ao ver "nasa.gov". Pô, que parada é essa? Estou namorando alguma agente da CIA disfarçada?
Aí entrei no site e descobri que vem a ser uma cápsula espacial que vagueia (olha só o estilo Zé Ramalho) pelo éter carregando fitas com música e milhares de nomes de terrestres (de todas as partes do planeta). Se um dia um plutoniano achar a nave, vai ler o nome da minha namorada e....de sua irmã, Gabi, a responsável por essa estranheza.
As duas são uma dupla engraçada: enquanto Marcele é meio desligadona, e com uma doce irresponsabilidade (que eu adoro) e sutil desfaçatez, Gabriele é do estilo antenadaça. Participa de jogos on-line, conheceu namorado por mIRC, navega na rede pelo menos duas horas por dia. E por volta de 1997, quando eu sequer tinha ainda meu primeiro hotmail (que até hoje está aí recebendo 15 spams por dia), Gabi já era antenada o suficiente para saber que uma nave espacial iria lançar nomes recolhidos pela internet. E colocou lá o nome dela, da irmã, Marcele e da mãe delas.
Pior foi eu contando para Marcele, e ela reagindo com uma naturalidade e um sorriso tranqüilos..."Ah, a gente viu no jornal, eu falei, pode botar meu nome lá, sim..."
Acho mais fácil acreditar que estou namorando uma agente da CIA. Bom, pelo menos poderemos passar a lua-de-mel em Fort Knox.

25 agosto, 2002

Nova seção: Conversa ao pé do blog
Com a entrevista que fiz com Sarah Ivich, inauguro aqui a seção "ONZE PERGUNTAS PARA UM WEB LOGGER". Leiam a primeirona aí abaixo:

ONZE PERGUNTAS PARA UM WEB LOGGER
1- Por que a idéia de ter um blog?
Eu vi o blog de um amigo que mora em São Paulo. Depois fui 'apresentada' ao "Não é Caldo" pela Ivy, que acabou criando o "Vôos". Achei interessante, resolvi criar um também. Lembro que pensei "putz, bem mais fácil dos meus amigos lerem os meus textos!". Sem contar a facilidade: não era necessário saber nada de html, afinal de contas. Era só escrever, clicar num botão... e pronto.
2- Para quem você contou primeiro que ele existia, e por quê?
Não lembro direito. Acho que foi para um amigo de faculdade. Bem, com certeza ele foi um dos primeiros: eu sempre entregava uns textos meus para ele ler, foi só um meio de facilitar tudo: "ah, passa nesse endereço, lê, depois me diz o que achou por favor". Na época eu não fazia idéia de como colocar os comentários, ele me dizia pessoalmente ou por email. Aliás, até hoje ele só comenta assim, não gosta de usar os comentários. Ele e muito mais gente - eu sou uma dessas, comento muito pouco.
3- Esse é seu nome verdadeiro? (se não for o verdadeiro: Por que você acha melhor não revelá-lo? A internet ainda te assusta nesse ponto?)
Não é o meu nome verdadeiro. No início, o motivo era bem simples: como eu não queria que muita gente soubesse, não o inscrevi em nenhum site de busca. Dava o endereço só para pessoas conhecidas, para quem eu queria. Assim eu sabia quem entrava na página, quem lia os textos. Eu tinha aquela ilusão de "ah, eu tenho um pouco de controle". Elas sabiam quem era a Sarah Ivich, sabiam o porquê desse 'nome'. Depois a coisa perdeu um pouco o controle, não foi nenhuma surpresa. O blog foi parar nos sites de busca, como eu imaginava que iria acontecer. Então eu fiquei feliz por ter utilizado o pseudônimo desde sempre. O problema não são as pessoas que eu não conheço e acessam o blog. São as que eu conheço. Não quero que procurem o meu nome em sites de busca e achem os meus textos. Se eu não dou o endereço a elas, é porque não quero que elas vejam. No fundo é a minha timidez crônica.
4- Qual é a audiência média de seu blog?
Eu escrevo desde o dia 28 de janeiro. Hoje, dia 25 de agosto, o contador (que não está no ar desde o primeiro dia, mas desde o primeiro mês) mostra 3330 visitas. Dessas, metade devem ser minhas. Não é muito e eu não sei a média diária.
5- Há um tema central? Que tipo de post atrai mais comentários dos leitores?
A minha idéia inicial era simples: um lugar para colocar o que eu escrevo, os meus textos. Depois, descambou um pouco: eu coloco os textos, uns diálogos, umas fotos. Resumindo: a resposta é que não, não tem um tema central. Lembro que não queria tornar o blog um diário, não queria narrar fatos cotidianos (nada, absolutamente nada contra quem faz isso) mas já fiz muito isso. Os que atraem menos comentários são, normalmente, aqueles que eu postei com mais curiosidade de saber o que as pessoas acham. Os que atraem mais comentários são os mais curtos. Se você postar isso tudo de uma vez poucas pessoas vão comentar, quer ver só?
6- Há como comparar os blogs com alguma outra coisa do passado (do mesmo jeito que comparamos o email às cartas)?
Um pouco, mas muito pouco, com um diário público. Mas ora bolas, os diários normalmente são secretos. Definitivamente, não é uma comparação boa. Retificando, então: não, não dá pra comparar o blog com alguma coisa do passado.
7- O que você mais descobre com os blogs? Pessoas que vc gostaria de conhecer ou pessoas que você não gostaria de conhecer? Por quê?
Pessoas que eu gostaria de conhecer. Até porque, também tenho curiosidade sobre aquelas que, teoricamente, eu não gostaria de conhecer e acabo sentindo (mal ou bem) vontade de encontrar um dia também. Mas quase sempre é só vontade: a primeira vez que encontrei alguém foi por acaso (reconheci a foto que via no blog) e eu levei um baita susto: a pessoa me parecia legal e, ainda assim, no primeiro momento, não tive coragem de abordá-la. Afinal de contas, eu conhecia alguma coisa da vida dela e ela não sabia nada da minha. Não sabia se ela ia considerar agradável uma estranha chegar e falar: "oi, muito prazer, eu leio o seu blog". Era uma situação em que eu nunca tinha me imaginado. Depois eu escrevi para ela, contei que a tinha encontrado, esbarrei com ela no mesmo local em um outro dia e só então, tive coragem de me apresentar e conversar um pouco.
8- O que lhe desagrada nos blogs? Comentários anônimos? Posts diários superficiais?
Comentários anônimos, sim. Mas eu sei que corro esse risco, coloquei os comentários lá, coloquei a página na internet. Qualquer um entra, qualquer um comenta. Posts diários superficiais, não: afinal de contas, o blog é da pessoa, ela faz o que bem quiser dele. Escreve besteiras, mentiras, conserta, deleta. À vontade. Sempre pensei desse jeito, pra mim é muito simples: se eu não gosto, se algo me incomoda, eu não volto.
9- Hoje você JÁ COMEÇA a navegar primeiro por algum blog? Se não, qual sua página inicial?
Começo, sim. Entro primeiro no meu, leio os comentários. Depois entro em outros, vários.
10 - Além do seu, cite seus blogs favoritos
O meu blog não faz parte dos meus favoritos. Eu gosto de escrever, mas não gosto de ler - gosto de ver os comentários. E também tem outra coisa: alguns dos meus blogs favoritos não estão nos links que coloco no meu: na maioria das vezes porque fico com vergonha de pedir autorização (por isso, muitas vezes dou uma de mal educada e coloco sem autorização mesmo). Lembro que durante muito, muito tempo, os meus blogs favoritos se resumiam aos que estavam na lista de links do "Não é Caldo". Eu entrava e ia clicando: "Montanha Russa, Botequim, Blogus" (se não me engano, era essa a ordem antes de ser aleatória).
11 - Está com alguém? Se não, pensa em conhecer alguém primeiramente por seu blog?
Sim, estou com alguém. Eu sempre tive um preconceito em relação à internet, achava que era (no mínimo) improvável me interessar por alguém assim (por chat, icq ou blog, tanto faz). Talvez por causa da quantidade absurda de pessoas que entram na rede com aquela compulsão de "vou entrar na internet para tentar arrumar um namorado!". Mas nesses últimos meses eu vi que as coisas não são bem assim, não. Até porque, é bem contraditório alguém que gosta de literatura, que se encanta com as palavras, não acreditar que vá se encantar por alguém pela internet, como era o meu caso. Mas não precisa ser "primeiramente" pela internet. É mais um jeito de se conhecer pessoas, um jeito que por enquanto é meio estranho... mas é só isso, simples.

Leia "AGRIDOCE", o blog de Sarah Ivich no endereço http://hyss.blogspot.com

Mulheres solteiras
Tenho notado um excesso de mulheres solteiras bacanas por aí. Em breve devo publicar um novo anúncio estilo classificados, colocando email, descrição (eu mesmo escreverei, tanto fisicamente quanto sobre a personalidade) da candidata. Quem quiser participar desse futuro post, mande-me e-mail.
Infelizmente para os futuros candidatos, a mais bacana de todas as solteiras que andavam por aí agora está comigo. Mas ainda há gente boa à solta no mercado.

Eleições 2002
Para presidente, está difícil. O Serra é do governo - inegavelmente, o único ministro da Saúde que lutou contra dois cartéis fortíssimos: o da indústria farmacêutica (genéricos) e o da indústria do tabaco. Mas é impossível votar em um governo que impõe racionamento de energia e ao final dele concede um baita aumento para as operadoras. Ou seja, pagamos SOZINHOS pelo racionamento. No Ciro Gomes, impossível votar. Nem penso nisso. No Garotinho, a resposta seria uma gargalhada. E no Lula, bem, acho que o Lula passou do ponto. Ou na verdade não deveria ter saltado do ônibus nunca, ele não tem ponto. Lula me parece ótimo para ser oposição, tão bom que se ele for presidente será péssimo, sentiremos falta dele na oposição além de termos que ficar com o ACM posando de anti-governo.
Mas para governador a eleição está muito mais engraçada. Solange Amaral, candidata do Cesar Maia e do PFL, passa uns dez minutos atacando o brizolismo. "Jorge Roberto é cria do Brizola, Garotinho veio do PDT, até Benedita tem suas raízes" (pergunta: Cesar Maia foi secretário da Fazenda de quem mesmo?). De repente, corta e entra a candidata dizendo, meio acanhada, quase baixinho: "Eu tenho experiência administrativa, nos anos 80 eu fui secretária...". Pô, será que dava para esclarecer de quem foi secretária? Não duvido nada ter sido do Brizola....
Ah, voto nulo, o quanto me tentas...

Fim de semana no balão
O Balão do Paysandu quase estragou meu fim de semana - se eu não tivesse Marcele perto de mim, teria sido difícil aturar o primeiro passo do Flamengo rumo a nova campanha de rebaixamento no Brasileiro. E por muito pouco não passo o fim de semana em outro balão, o de oxigênio. Uma rápida perícia no meu quarto descobriu a causa da minha rinite alérgica (e conseqüentemente, bronquite asmática): o filtro do ar condicionado parecia uma instalação de Arte Moderna feita com ácaros, fungos e toletes enormes de poeira. Fiquei respirando aquilo durante uns três dias sem saber de nada, não deu outra. Resultado: perdi duas festas e um dia de trabalho. E tome fluimucil, nebulizações, vaporização e bombinha.

24 agosto, 2002

Correntes de pensamento
Zapeando sábado à tarde pela TV, me deparei com um estranhíssimo reality show: um cara bonitão fica acorrentado a cinco ou seis gostosonas. Totalmente louco. Segundo Marcele me disse depois, é do Programa do Huck, mas ela mesmo nunca tinha visto.
Bom, parece que o programa consiste nisso. Mas rolam uns depoimentos interessantes, principalmente do cara. Ele com duas garotas dançando, bebendo o que parecia ser champanhe, e corta para ele falando para a câmera:
- A fulana não me chamava a atenção, mas depois as coisas foram caindo para o lado hormonal.
Só aí já comecei a dar risada. Voltam as cenas dos acorrentados, ninguém fala nada que preste, daí o bonitão começa a fazer uma massagem em uma das gostosonas. Mas obviamente era daquela massagem que o John Travolta denuncia em Pulp Fiction como "mera picaretagem pra comê mulézinha". De repente, corta para o bonitão falando sozinho, uma declaração sensacional:
- O tato é um sentimento (sic) que desperta o desejo e a libido.
Fiquei extasiado diante de todas aquelas pessoas descobrindo o sexo. Mas perto daquilo, Botafogo x Figueirense acabou sendo um programaço. Clic.

Let the good times roll
Meu irmão me envia email com um link muito legal, o http://www.avelharia.hpg.ig.com.br/, um site ainda meio desarrumado mas que, com contribuições de leitores, juntou itens nostálgicos de diversas épocas: gibis, brinquedos, filmes, seriados, enfim, coisas para quem já está na terceira dezena. Um barato. Mas ao mesmo tempo fiquei pensando no quanto a nostalgia sempre foi moda. E me perguntando o porquê.
No futebol, nada mais freqüente, comum. Meu pai, vendo aquele timaço de Zico, Júnior, Adílio e Leandro nos anos 80, dizia que era bom e tudo o mais, porém, "craque mesmo era o Zizinho". Bom, nem duvido - afinal, até Pelé, o Rei do Futebol, já disse que Zizinho era seu ídolo. Mas eu não conheço um fanático por futebol que não tenha, desde os anos 70, a mania de dizer que "fulano é que era bom". E, claro, sempre tem o cara ao lado para dizer que naquele tempo se amarrava cachorro com lingüiça.
Na música, chamam de onda nostálgica uma mania que para mim me parece simples: gostar de um artista, gostar de suas músicas, independente de que ano o cara tenha nascido. Nós, que gostamos de música pop, temos que nos submeter a regrinhas de gente que faz fanzines e revistas musicias (como dizia Frank Zappa: "Jornalistas de rock são gente que não sabe escrever entrevistando gente que não sabe falar para leitores que não sabem ler"), segundo as quais a música do mês passado está "superada" - como se música fosse uma competição olímpica com recordes e tudo o mais.
Já quem se dedica a ouvir música erudita e jazz, bom, esses ouvem compositores com trezentos ou quatrocentos anos de diferença entre suas datas de nascimento. E a mim me enchem o saco por ainda gostar do Tatoo You, de 1981.
Nos filmes, mesma onda: há os segmentos que apreciam o filme só em preto e branco, há até aqueles que são contra o cinema falado - como diz minha namorada, Marcele, há gente que diz que Woody Allen não é cineasta e sim dramaturgo. A esses chamam "nostálgicos"? Não sei. Só vejo que o passado é e sempre foi culto, mais do que uma moda ou tendência, se voltar para o passado parece ser uma característica quase biológica do ser humano. Até hoje tento saber em que filme um aquário com peixes dourados é focalizado enquanto em off uma criança canta "frére jacques" - porque eu me lembro da tarde em que vi esse filme com uns cinco anos de idade.
O gosto de um doce qualquer da infância, o cheiro de um mato diferente, a sensação visual, enfim, parece que estamos sempre atrás do que fomos um dia, como se o presente fosse o resultado de uma experiência fracassada. Sempre. Em suma, talvez sejamos rigorosos em nossa autocrítica, de modo que preferimos exaltar aquilo que fomos do que esperar grandes coisas daquilo que possamos vir a ser. Daí nos prendemos aos valores do passado.
Não, nada do que eu concluí vai me fazer me libertar da minha coleção de CDs, muito menos dos meus CDs do Creedence Clearwater Revival. Porque com arte a coisa é diferente - o que se cria, não tem tempo linear, e sim eternidade. Como dizia Vinícius, seu tempo é quando.

Dúvida desfeita
Me parece que a dúvida abaixo está extinta: se havia a cláusula, o bom senso fez o pessoal da parceria retirá-la. Afinal, uma cláusula dessas faria a gente sentir cheiro de enxofre logo depois de clicar no "aceito os termos do contrato"....

23 agosto, 2002

Contrato arriscado
Você abriria um blog e assinaria um contrato no qual tudo o que você escrever e publicar pode ser aproveitado GRATUITAMENTE por uma grande empresa de comunicação? Não sei, tenho dúvidas. Eu e a Sarah Ivich ficamos com dúvidas. Leiam abaixo, o que tirei do post dela.
Pergunta muito séria:
O blogger.com tem alguma cláusula parecida com essa ou é só o blogger.com.br?
4.8. Licença isenta de royalties
A criação e disponibilização de um blog pelo Usuário utilizando o Serviço, confere à GLOBO.COM e suas empresas associadas, uma licença isenta de royalties, perpétua, irrevogável, não exclusiva, mundial e ilimitada para utilizar, copiar, modificar, transmitir, distribuir e exibir publicamente oblog do Usuário, bem como partes, conteúdo e qualquer classe de material do mesmo, em ações de marketing de divulgação do Serviço ou do Portal. Tal licença inclui a inserção do blog do Usuário em sistemas de busca na internet, a exclusivo critério da GLOBO.COM. Realmente emocionante... Putzgrila.

22 agosto, 2002

Sim, sim, é verdade, está de volta
Um retorno mais aguardado do que o de Simon & Garfunkel no Central Park. Mais badalado do que o de Ronaldo Fenômeno. Uma espera mais angustiada que a de um novo nome de Papa, mais tensa que a escolha do novo presidente do Banco Central, mais longa que a de elevador no Everest. Bomba! Bomba! Meia bomba!
Sim, podem ir correndo ao Só o ócio constrói. A SÉRIE CENA DO DIA DO CANAL 80 ESTÁ DE VOLTA!!!

O Hotmail e a praga
Fiz um pequeno teste com meu gustones@hotmail.com: deixei de abrir durante dez dias, só para ver a quantidade de spams que eu teria no fim deste período. Abri hoje e estava lá: 130 emails não solicitados, todos comerciais de redução de dívidas, abertura de crédito, web cams, diplomas universitários falsificados....A decisão: deixar de ir no hotmail, ir uma vez por mês só para manter a conta. Não dá para aguentar 13 spams por dia, certo?

O Fusca e a música chata
Chahim, personagem já tradicional deste blog, volta e meia usa seus poderes para o Mal. Primeiramente, ao me mostrar o site sobre a Teoria do Fusca, acabou fazendo com que eu e minha namorada, Marcele, passemos o tempo inteiro na rua olhando um Fusca e procurando outro. É sempre assim: ou eu ou Marcele dizemos, "Olha ali um Fusca!", e o outro responde: "Cadê o outro?". Se não vemos na rua, procuramos em alguma garagem e lá está o danado. Isso é terrível, mas estamos fazendo o tempo todo.
A última do Chahim, porém, foi mais terrível: ao me contar que tinha colocado na mente do Renato de Alexandrino (usando métodos orientais de tortura, claro) a chatérrima música "Dreamer", do Supertramp, acabou me tornando uma de suas vítimas. Ao longo de três dias eu ouvi a temível voz em falsete cantando, "Dreeeeeeeeeaaamer, you know you are a dreeeeeamer". Acho que da próxima vez vou sugerir ao Alexandrino que procuremos as autoridades competentes para tirar o torturador de circulação...

Mudanças na tabela lateral de links
Saem os blogs Sempre Flamengo, de Juan Saavedra e Vanpopéia, de Vanessa Teixeira, ambos abandonados e deletados, e entra o Cadeira de Dentista, da Mônica com acento circunflexo no O, que anda de birra comigo. Mas espero que amanhã, dia 23 de agosto, passe essa birra e ela aceite os parabéns pelo aniversário.
Aliás, falando em birra, anda cada vez mais difícil mexer nessa template. Estou torcendo para que ninguém mais delete ou mude de blog.

21 agosto, 2002

Minority Report
Mais um filme que fui ver com Marcele. Desta vez, um thriller emocionante de ficção científica, uma utopia do horror, chamada "Minority report". Gripado, não conseguiria escrever direito sobre o filme, que é incrível mesmo, misturando ambientes, criando futuros, avançando em delírios tecnológicos perfeitamente plausíveis como jornais que se atualizam e caixas de sucrilhos que cantam animadas. Por isso, vale a pena reproduzir somente o comentário do Maggi: vá ver. Mais um desses filmes que são imperdíveis, principalmente para quem gostou de Blade Runner. E a mudança de ambiente do final me lembrou a obra-prima de Philip K. Dick. Vale a pena. E Tom Cruise não está tão mal assim - apesar de Harrisson Ford ser o tipo sombrio mais perfeito para esse tipo de papel.

Sobrenatural
Dica para o fim de semana - especial para quem curte Nelson Rodrigues & Futebol: a peça "Momentos - Futebol, Paixão de Nelson Rodrigues" está em cartaz desde sábado passado no Teatro Gláucio Gil, Pça Cardeal Arcoverde, ao lado do metrô de Copacabana de quinta a sábado às 21h e domingo às 20h. Quem me manda email simpático avisando é minha recente amiga Cristiane Rodrigues, atriz da peça e por acaso neta do Nelson Rodrigues. "A peça fecha a trilogia "Momentos de Nelson Rodrigues" , idealizada pelo papai. Ele adaptou para os palcos alguns contos de meu avô em 'A Vida Como Ela É', que teve a primeira parte em 'Beijos' e a segunda em 'Obsessões. O futebol não poderia ficar de fora".
Bom, se eu melhorar dessa gripe, eu e Marcele iremos lá prestigiar - apesar de eu não gostar de teatro.

20 agosto, 2002

Chorando em público
Ela entrou com seus 17 anos pela porta da frente de um ônibus velho e fedorento, vestindo um jaleco azul, com os cabelos castanhos claros penteados numa trança bastante grossa, como se fosse uma ilustração de um personagem de um livro infantil. Sua pele jovem estava bronzeada. Ninguém presenciou o seu sorriso, mas olhando-a, existia uma impressão de que aquela alma era alegre. Entretanto, naquela manhã de segunda-feira ensolarada, apenas ela viajava em pé e era, também, a única que chorava discretamente. Expôs de modo comovente para aquela platéia involuntária sua tristeza desconhecida. Desceu dez minutos depois, deixando pra trás uma sensação de impotência coletiva.

No chuveiro
A acústica do chuveiro, em determinados momentos, chega a ser melhor que a qualidade do Acústico MTV; não há quem passe de cantor de churrascaria a soprano ou contralto de ópera, na solidão encaixotada do chuveiro. Pensei nisso outro dia, enquanto tomava banho antes de me encontrar com Marcele em Copacabana. Não sei se tenho condições de elaborar uma lista das 10 melhores canções de banheiro. Mas posso apontar pelo menos três: Lígia, do Tom Jobim, Roadhouse Blues, dos Doors, e Espalha-merda, do folclore mineiro. Esta última, música cantada por "Seu Alaôr", personagem esporádico do blog Botequim 2.0, pai de um amigo de anos. A letra do refrão é um primor de ritmo, alegria e desabafo:
Chamaram o meu boi de espalha-merda
A turma lá de casa bronqueou
Espalha-merda, onde foi que já se viu?
Espalha-merda é a puta que pariu!

Ah, o velho folclore mineiro....

19 agosto, 2002

Festa, que festa?
Perdi duas festas nesse fim de semana pelo mesmo motivo: sono. Há algumas semanas não consigo dormir direito, por duas razões: uma chama-se Marco e a outra trabalho. Mas na sexta-feira eu não queria saber de cansaço, nada disso impediria minha vontade de dançar e rever o Gustavo, o André Machado e outros que conheço menos mas simpatizo bastante, como o Maloca e o Maggi. Liguei pro André, combinamos de nos falar mais tarde, eu estava com uma moleza no corpo todo, mas disse que ia. Saí de casa mais tarde, rumo à Gávea, a fim de evitar engarrafamento, para encontrar o Marco. Não adiantou. Impaciente, saltei no Jardim Botânico e fui andando até a Praça Santos Dumont, onde o encontrei. Fizemos um pit stop no Hipódromo. A conta: três chopes pra cada um, mas nessa altura meus olhos já estavam pesados e já havia desistido de ir a qualquer lugar. Ainda bem que dia 6 de setembro tem mais.
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O sábado foi sorridente, lindo, desejado. Vesti-me de vaidade e fui fazer hidratação, cortar cabelo (unha não, não gosto de fazer a unha).
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Solte a Marcele!
Durante o almoço de ontem recebi uma filipeta com a propaganda de uma festa “Solte a Marcele!”, com o DJ Zé Otávio na Av. Prudente de Moraes, o nº eu esqueci, no próximo dia 25 de agosto. Seria dia 25 mesmo?, não sei. Chamou minha atenção a chamada “Solte a Marcele” e o nome do DJ, o que me fez pensar, primeiro se seria o mesmo Zé Otávio companheiro de carrapeta do Gustavo, e segundo se seria alguma brincadeira com o Gus.
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Lua de Fel
Revi esse filme no fim de semana, já não me lembrava de muitas cenas. Uma vez lembro-me de ter passado por uma situação melancólica como a daquela mulher - dadas as devidas proporções, é claro - mas quem nunca se viu assim ao menos uma vez na vida? Vou escrever sobre isso outra hora.

O Brasil do tamanho da arquibancada
Domingo de sol, fui com Marcele ao Maracanã ver Flamengo x Goiás, jogo que lamentavelmente terminou empatado em 1 a 1 - mais uma vez o time da Gávea perdeu pontos preciosos em casa. Menos mal. Mas vale sempre o programa, para mim ir ao Maracanã é algo sagrado desde 1976, a primeira vez que eu fui, levado por meu pai. Para mim, estar naquela arquibancada é como estar um pouco com o velho, que me ensinou a amar as cores do Flamengo, que me ensinou que quando se aprende a amar um clube a gente até aprende que é careta deixar de dizer que ama alguém. Desnecessário dizer que eu amo o Flamengo, assim como está na cara que eu fui ver o time que amo ao lado da mulher que eu amo.
A umas três cadeiras de mim, havia um menino de uns sete anos. Magro (acreditem, como eu era), cabelo castanho claro e liso (quando eu tinha cabelo, era assim), em pé na arquibancada ao invés de sentar (como eu fazia, por ser muito baixinho), ao lado do pai. Olhei para aquele menino e falei com Marcele, "parece comigo quando eu era pequeno". E pensei no quanto vai fazer bem àquele garoto ter aquela lembrança, de poder dizer que lembra do pai dele ao lado naquele jogo.
Procurei outros meninos. Não achei. Aí pensei no Pay-Per-View, na transmissão da TV, nos patrocinadores, na comercialização, nos altos salários. Sim, os meninos hoje ficam em frente à TV, ao lado do pai, até, mas em frente à TV. Por que?
Porque a miséria absoluta a que esse país foi levado gerou violência e, pior do que isso, culto à violência por parte de pessoas pobres. Galeras funk, armas, tráfico, revolta social, ódio, vontade de brigar, tudo porque falta dinheiro, falta emprego, falta comida e falta mulher. Isso mesmo. Nada pode ser mais pacífico do que homem com mulher ao lado. Sujeito que fica com mulher ao lado e vira violento não é homem, é imitação de gente.
Por causa dessa miséria absoluta, esse ambiente em que o Ser tenta se impor pela força e pela violência, em que o cara troca a afetividade pela agressividade, apareceram pessoas de torcidas organizadas, que passam o jogo inteiro trocando ameaças entre si. Que pai tem a coragem de levar o filho num ambiente desses? Esses caras jamais foram ou serão torcedores de verdade. Não sabem quem foi Rondinelli, não sabem o que é chorar com um gol de Nunes, não conhecem nada disso. A recordação desses caras não é ao lado do pai, mas sim do dia em que tiraram sangue de alguém.
Pelo menos foi tudo bem no Maracanã, e depois eu e Marcele ainda fomos comemorar o empate (merecia comemoração, os caras mandaram uma bola na trave) no Zio Pepperoni, um espetacular restaurante de pizza a lenha na Muniz Barreto, em Botafogo.
Mas ainda fiquei pensando naquele garoto com a camisa do Flamengo, e fiquei esperando que o pai não desanime, apesar das brigas de torcidas. Vale a pena. Por mais que o Lula Pereira insista em escalar Hugo no meio-campo.

18 agosto, 2002

Grave esquecimento
Ontem, sexta, completaram-se 25 anos da morte do Rei Elvis, e eu não escrevi uma linha sequer sobre o assunto. Imperdoável. Mas é apenas mais um ano, ainda que seja obrigação de todos que o admiram lembrar a data de nascimento (9 de janeiro) e a de morte (16 de agosto). Algumas das músicas de Elvis até hoje me levam às lágrimas. Como ouvir incólume "Suspicious Mind", em que o Rei simplesmente se desmancha na hora do breque, seguido de uma mistura de côro de negras com sopros alucinantes? De que jeito manter os olhos secos ao ouvir o Rei suspirando em "Always on my mind"? Por que conter o choro na verdadeira oração que Elvis recita em "Separate Ways"?
Fica aqui registrada a lembrança deste extraordinário artista, que hoje, mais do que nunca, está vivo, no pensamento daqueles que ainda acreditam em voz humana, em gostar de mulher, em raça, em paixão, em amor, em ser homem. Elvis era exatamente tudo isso e muito mais. Não é à toa que a frase "Elvis não morreu" é provavelmente mais pronunciada no mundo do que "Coca-Cola é isso aí".

17 agosto, 2002

Não dá para torcer contra a arte
Thiago Lavinas faz grave denúncia sobre a minha pessoa em seu blog (o link tá aí na tabela lateral): eu comemorei o gol de Romário contra o Cruzeiro, no final da goleada de 5 a 1. Eu comemorei um gol do Fluminense. Bom, em parte. Jamais comemoraria um gol tricolor, ainda que o Fluminense esteja virando cada vez mais uma espécie de segundo time dos cariocas, como era o América. Afinal, todo torneio importante tem um São Caetano, um Brasiliense, um Atlético Paranaense, a dar uma porrada no time das Laranjeiras. E nós cariocas não-tricolores acabamos ficando com pena.
Eu comemorei sim, o gol de Romário, porque não dá para ser contra quem sabe futebol. É certo que eu não quero o Romário nesse Flamengo de hoje, afinal, o clube tem penado muito nos últimos anos com estrelas no time, vamos variar um pouco. Preferia o craque-fofoca Ricardinho. Mas como não vibrar com a categoria, com o talento inato, com a genialidade do Baixinho? Romário é futebol-arte, talvez o único representante em atividade no Brasil. É craque. E provou que quem leva gente a estádio é o craque. Os 65 mil torcedores do Fluminense (devem ter ido todos) não foram para lá ver o Roni. Foram ver Romário.
Só não vibrarei quando o gol for contra o Flamengo. Mas não conseguirei evitar a vibração com mais um gol do Baixinho quando o adversário não for rubro-negro, porque gol dele me lembra o tempo em que eu aprendi a gostar de futebol - tempos em que havia pelo menos 400 jogadores capazes de serem titulares fáceis de qualquer seleção no mundo hoje.

Mate-me ou acorde-me por favor
Sim, alguém precisava me fazer acordar, porque se alguém me perguntar se a festa Mate-me por favor foi boa, a minha resposta será: "Não tenho capacidade para avaliar". Primeiro, porque algumas doses de uísque me fizeram terminar a festa com seqüencias violentas de "Song 2" (Blur) "Lounge Act" (Nirvana), "Smells like teen spirit" (idem), "Born to be wild" (Steppenwolf) e "Papa don´t preach" com a filha do Ozzy. Depois, porque Marcele ficou do meu lado o tempo todo, e quando Marcele está perto de mim até mesmo sessões de "Berlim Alexanderplatz" comentadas por um crítico de cinema de hora em hora se tornam algo agradável. Logo, não sei se a festa foi boa, mas sei que foi um sucesso - pista cheia, neguinho enlouquecendo, homens pegando mulheres e vice-versa, rock and roll regendo tudo. Fico pensando no que seria da humanidade se não fosse o rock and roll - quantos adolescentes complexados não teriam onde descarregar suas energias e se transformariam em adultos doentes, quantas pessoas na fossa não teriam como berrar, expulsando seus demônios, quantos sujeitos não teriam razão para viver em torno da música.
Vários delírios: primeiro, me lembro de ter inventado de apresentar uma de minhas melhores amigas para o meu amigo Hagen. Ele tinha gostado de um texto que enviei semana passada, perguntou quem era a autora, e por coincidência a autora apareceu na festa. Os dois jamais tinham se visto antes, puxei os dois para o mesmo lugar, se entreolharam sem entender nada, e aí eu disse, "Fulana, ele adorou seu texto, Luiz, ela é a autora, etc". Aí fiquei esperando para ver se ia rolar alguma coisa, mas o placar acabou o mesmo de Flamengo x Juventude: 0 a 0; depois, descobri que o Hagen sequer estava com a idéia de azarar alguém, pois estava no mesmo estado mental de Paul McCartney ao escrever o Álbum Branco dos Beatles. "Ela conhece uma mulher que trocou minhas fraldas", me disse em dado momento.
João Marcello Erthal apareceu lá no horário pós-pescoção do JB, Marlos estava lá acompanhado, Edmundo e Viviane foram dos primeiros a chegar, Alexandre Lalas estava endiabrado. Fiquei especialmente feliz ao ver meu amigo Carlos Braga chegar com a Elis - figura supergente boa que partilha da minha admiração pelo eterno Rei Elvis. Maggi também chegou, bem a tempo de me ver colocando "Freedom", do George Michael, e "It´s raining men". "Porra, que viadagem é essa?", foi a pergunta inevitável. Como consumidor, Maggi estava certo...Mas o problema é que o sucesso de qualquer pista depende da animação das mulheres, e elas adoram "Freedom".
Pintaram também Fábio e Flávia (mais um casal Flamengo x Vasco), Monica e amigas, e uma galera trash do LANCE, que apareceu lá por volta de quatro da manhã. O público foi em torno de 128 pessoas, um bom público para aquele espaço da SPIN (Rua Teixeira de Melo, 21), que me pareceu um lugar realmente legal, onde é possível fazer vários eventos.
Mas o próximo já tem data: a festa MATE-ME POR FAVOR do dia 6 de setembro. Aguardo vocês lá.

16 agosto, 2002

A dolce vita de um site
Tenho que admitir que ele virou um novo personagem deste blog. Sim, estou falando do Chahim, autor de uma frase antológica citada logo abaixo. Vivendo a doce vida de trabalhador de um site na internet, Chahim tem tempo de sobra para filosofar e achar novidades, seguindo a máxima criada pelo já imortal Renato de Alexandrino: só o ócio constrói. Desta feita, o novo personagem me apresenta um site espetacular: o Teoria do Fusca. Aborda uma tese fascinante - como eu consegui viver até hoje sem saber disso? - segundo a qual, sempre que há um Fusca em algum lugar, é sinal de que há outro Fusca por perto. Vale a pena dar uma olhada.

Da série: "Notícias que podem melhorar o seu dia"
É só clicar aqui nesse link: http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2002/ago/13/294.htm. Clicou? Boa notícia, né?

Texto interessante
O amigo Laertón Glauquito me envia texto interessante, escrito pelo jornalista Alexandre Garcia. Tá, o cara era meio collorido em 1989, mas não é por isso que vai deixar de fazer algo bom, certo? Afinal, Marília Pêra, uma de nossas maiores atrizes, também colloriu. Segue o texto:
Um amigo acaba de me mandar o resultado de uma comparação entre nós e os americanos. Uma discussão em que um ianque prova, pela ciência exata da Matemática, que os brasileiros são mais ricos do que os americanos. Ele começa argumentando que pagamos o dobro que os americanos pela água que consumimos, embora tenhamos mais água doce disponível. Depois, demonstra que nós pagamos 60% a mais nas tarifas de telefone e eletricidade. Além disso, os brasileiros pagam o dobro pela gasolina de má qualidade consumida por seus carros.
Por falar em carro, argumenta o americano, nós pagamos US$40 mil por um carro que nos Estados Unidos custa 20 mil, porque damos de presente US$ 20 mil para o nosso governo gastar não se sabe onde, já que os serviços públicos no Brasil são um lixo perto dos serviços prestados pelo setor público nos Estados Unidos.
Um morador da Flórida mostra que, como lá são considerados pobres, o governo estadual cobra apenas 2% de imposto sobre o valor agregado (equivalente ao ICMS no Brasil), e mais 4% de imposto federal, o que dá um total de 6%. No Brasil, somos ricos, porque concordamos em pagar 18% (dezoito por cento!) só de ICMS, alega o americano. O americano diz não entender como somos tão ricos a ponto de não nos importarmos em pagar, além disso, PIS, Cofins, Cosdiabos, CPMF, ISS, INSS, IPTU, IPVA, IR, e outras dezenas de impostos, taxas e contribuições, em geral com efeito cascata, de imposto sobre imposto, e ainda fazemos festa nos estádios de futebol e nas grandes passarelas de carnaval. Sinal de que nem nos incomodamos com esse confisco maligno de mais de três em cada dez dias do nosso suado trabalho. O americano lembra que, em relação ao Brasil, eles são pobres, tanto que são isentos do imposto de renda se ganham menos de 3 mil dólares por mês (o equivalente a R$ 7.500,00 mensais). No Brasil, diz ele, os assalariados devem viver muito bem, porque pagam muito imposto de renda, desde quem ganha salários em torno de mil reais. Além disso, com o desconto na fonte, ainda antecipam imposto para o governo, sem saber se vão ter renda até o final do ano. Essa certeza nos bons resultados futuros torna o Brasil um país insuperável, conclui o ianque. Voltando aos serviços públicos, os brasileiros são tão ricos que pagam sua própria segurança; nos Estados Unidos, os pobres cidadãos dependem da segurança pública. No Brasil, os pais pagam a escola e os livros dos seus filhos porque, afinal, devem nadar em dinheiro. Nos Estados Unidos, os pais americanos não têm toda essa fortuna e mandam seus filhos para as escolas públicas, onde os livros são emprestados aos alunos. Os ricaços brasileiros, quando tomam no banco um empréstimo pessoal, pagam por mês o que os pobres americanos pagam de juro por ano. Eu contei ao americano que acabei de pagar R$ 2.500,00 pelo seguro de meu carro e ele confirmou sua tese: vocês são ricos! Nós não podemos pagar tudo isso por um simples seguro de automóvel. Por meu carro grande, eu pago US$ 345,00 por ano nos Estados Unidos. E acrescentou: mais US$ 15.00 de licenciamento anual. Em contrapartida, o último IPVA que paguei no Brasil não saiu por menos de R$ 1.700,00. Aí o ianque pergunta: Afinal, quem é rico e quem é pobre? Aí no Brasil, 20%
da população economicamente ativa não trabalha. Aqui, não podemos nos dar ao luxo de sustentar além dos 4% que estão desempregados. Não é mais rico quem pode sustentar mais gente que não trabalha? Caro leitor: estou sem argumentos para contestar o ianque. Afinal, a moda nacional brasileira é a aparência. Cada vez mais vamos nos convencendo de que não é preciso ser, basta parecer ser. E, afinal, gastando muito, a gente aparenta ser rico. E somos infelizes e pobres sem saber. Lembre-se disso na hora de votar.

Legal o texto, né? Só que na minha opinião seria necessário que o Alexandre Garcia tivesse lido "As veias abertas da América Latina", do Eduardo Galeano. Talvez aí ele entendesse melhor a relação entre primeiro e terceiro mundo (até hoje eu não sei onde anda o segundo mundo).

15 agosto, 2002

As almas negras
Mandei para Marcele a letra de "You are the sunshine of my life", do Stevie Wonder, numa espécie de serenata virtual. Depois de ficar pensando nela (como se eu já não fizesse isso o tempo todo), parei mais uma vez para refletir sobre a musicalidade e o gênio deste extraordinário compositor/músico/cantor negro. E me toquei de como os cantores negros acompanham minha vida, em muitas vezes salvando-a. Aqui vai portanto mais uma lista:
Os dez cantores negros mais cheios de alma de todos os tempos
1-Ray Charles - Esse é top de linha. Não tem para ninguém. Sua carreira gigantesca se divide, na minha percepção, em três fases: uma primeira voltada para o blues e o soul e a segunda, posterior, calcada no country e no folk e a terceira em que ele emplaca sucessos como "Georgia on my mind", "(Somewhere) Over the rainbow" (lindíssima interpretação, que faz parte da trilha sonora do filme "Sleepless in Seattle", com Tom Hanks e Meg Ryan) e "You don´t know me". Das outras duas, destaque para o eterno rock "What´d i say" e o country comovente "Crying time" ("babe, it´s crying time again/You´re gonna leave me"). Um Deus.
2- Otis Redding - Se não fosse existir Ray Charles, este seria o mais extraordinário cantor de todos os tempos. Quer dizer, dos negros. Convém não esquecer o mafioso Sinatra. Mas Otis, morto prematuramente em um acidente de avião em 1968, consegue aliar em sua voz o tom rouco e o aveludado ao mesmo tempo, de forma tocante. Havia uma época, em que eu andava meio para baixo, que eu costumava levantar de repente das mesas dos bares, e me despedir com uma declaração extremamente boiola: "Vou para casa, um homem vai cuidar de mim, e o nome dele é Otis Redding". E ao chegar em casa, meio mal, deitava, colocava "These arms of mine", "Try a little tenderness", "I´ve been loving you too long", "Cupid" e "Sitting on the dock of the bay" nos headphones, e de repente tudo ficava bem. Sim, com Otis Redding tudo ficava bem.
3- Marvin Gaye - Não me lembro em que ano, mas lembro de quando recebi a notícia de que Marvin Gaye tinha sido assassinado pelo próprio pai. E fiquei triste na hora, porque afinal de contas era o cantor de "Sexual healing", "Ain´t no mountain high enough" e da maravilhosa "What´s going on". Esta última, quase mágica. Barulho de pessoas no início, de repente entra um baixo estonteante, uma percussão quase imperceptível e um sopro que só a mente de Marvin poderia engendrar. E claro, a voz, infinita, quase orando a deuses esquecidos.
4- B.B.King - É guitarrista, conhecido como guitarrista. Mas cantando, o velho Blues Boy King é um rachador de almas. A obra máxima dele, na minha opinião, é de fato "Guess who", em que ele abusa do direito de ser cantor. "Darling you know i love you", "Any other way" e "Life ain´t nothing but a party" são outras em que o talento dele de cantor extrapola os limites. Mas quem disse que B.B.King tem limites em sua genialidade?
5 - Richie Havens - No Woodstock, Havens é aquele negão meio sem dente, que toca "Freedom" em um violão, só ele e o violão e milhares de pessoas. "Clap your hands, clap your hands", ele canta, e as pessoas que ainda entendem alguma coisa batem palmas, extasiadas. Mas recentemente ouvi na casa do rock n roller Rodrigo Cobra a versão para "She´s leaving home", dos Beatles. E me comovi mais uma vez com mr. Havens.
6- Freddie King - Outro guitarrista de blues, autor de clássicos como "Hideaway" e "Love her witrh the feeling" (minha preferida). "She shakes all over/when she walks/she makes a blind man see/makes a dumb man talk/you´ve got to love her with the feeling", é o recado que Freddie King dá para os sujeitos que querem mulheres apenas para ascender socialmente e dizer para os outros que tem mulher. Não, não, você tem que amá-la com o sentimento. Boa, mr. King.
7- Muddy Waters - Muddy "Mississipi" Waters é um dos maiores gigantes do blues. Praticamente obrigatório o disco ao vivo (de mesmo nome) em que ele toca com o albino Johnny Winter, cantando "Mannish boy", "Hootchie Koochie Man" e "Nine below zero", todos clássicos indiscutíveis do blues "de breque".
8- Sam Cooke - Pode vir o tecno, pode vir o trance, o drum e bass, pode vir qualquer coisa eletrônica em que os defensores afirmem que a voz humana não é necessária. Mas uma audição de "Bring on home to me", lindíssima composição de Sam Cooke (autor também de "Having a party", música cantada pelo Rod Stewart em seu Unplugged), para qualquer sujeito com um mínimo de sensibilidade perceber que a voz humana é indispensável. É preciso saber que há sofrimento para aguentar o sofrimento. Ouvindo Sam Cooke lamentando, a gente percebe que as coisas poderiam ser piores. A gente pelo menos pode ouvir Sam Cooke. Ele ainda tinha que cantar.
9- Robert Johnson - Jamais poderia ficar de fora o cara que fez pacto com o tinhoso para tocar guitarra e acabou deixando para o mundo a melancólica, angustiante "Love in vain", gravada pelos Stones (sem crédito) no maravilhoso "Let it bleed".
10 - Jimi Hendrix - Surpresa? Não, não é só a guitarra de Hendrix que comove. Sua voz na gravação original de "Little Wing" também fica marcada na memória. Espetacular também "Remember" (bônus do atual "Are you experienced"), "If six was nine" e "Castles made of sand" (as duas últimas do "Axis bold as love").
Ficaram alguns de fora, claro. James Brown, Howlin Wolf, Clarence Brown, e principalmente o gaitista Sonny Boy Willianson. Mas como sabem, a graça principal de fazer listas é ouvir os outros apontando quem deveria e quem não deveria estar nelas. Eu acho que talvez o Ray Charles não deveria estar - como Pelé.

Coisas de novo milênio
Piadinha cretina mas que às vezes funciona - recebi essa semana:
A caminho de casa, um cara sentiu uma dor de barriga e parou num shopping
para ir ao banheiro.
Como o primeiro sanitário estava ocupado, entrou no seguinte.
Quando estava sentado ouve o cara ao lado perguntar:
"E aí? Tudo bem?"
Embora não fosse de dar conversa a desconhecidos em banheiros públicos,
respondeu:
"Bem...vai-se andando..."
Novamente o cara ao lado perguntou:
"E então, o que andas fazendo?"
Embora começasse a achar o assunto estranho, respondeu:
"Bem, agora estou aqui no banheiro. Depois vou para casa..."
Então, ouviu o cara ao lado dizer em tom chateado:
"Olha, te ligo depois. Tem um cara aqui ao lado cagando que me responde
cada vez que te faço uma pergunta..."


14 agosto, 2002

Da série "Frases Sutis"
Proferido por Chahim, dirigida a uma pobre moça que se submeteu ao diálogo com o personagem, na redação:
"Sua sorte é que eu jamais bato em uma mulher de roupa".

12 agosto, 2002

Tudo preparado
Enviei na noite desta segunda-feira o email sobre a Mate-me por favor. Acho que vai dar tudo certo - como deverá ser aniversário também do endiabrado Alexandre Lalas, acredito que teremos razoável quorum! Quem for e não conseguir entrar devido à lotação (aconselho chegar por volta de 23h), garanto que na outra sexta eu reservo nome na porta! O email está aí embaixo:
MATE-ME POR FAVOR – FINALMENTE, O RETORNO
Tá, concordo, ninguém estava pedindo, mas mesmo assim a Mate-me por Favor, festa que lotava a pista 2 da Casa da Matriz está de volta em novo endereço: a boate SPIN, na Rua Teixeira de Melo, 21 (quadra da praia) em Ipanema, altura da Praça General Osório.
Quando? Nesta sexta-feira, dia 16 de agosto.
Quanto? R$ 5 de entrada e R$ 7 de consumação.
Quem? Gustavo (este que te escreve) e Zé Otávio colocando de Kelly Osborne e Teenage Fanclub tocando Madonna até Marvin Gaye, Temptations, Stones, Who, Beatles, Doors, Roy Orbison, Counting Crows, Pretenders, Zombies, Jimi Hendrix, Nirvana, Cake e umazinha do Roberto Carlos.
O local promete ser um novo ponto de encontro para o pessoal dos jornais – para quem sair tarde, tem a Promoção Pescoção: troque o jornal do dia seguinte, sábado, por uma caipirinha grátis.
Nesta sexta, a MATE-ME POR FAVOR retorna em grande estilo, com o aniversário do jornalista, produtor musical e cantor Alexandre Lalas, que conta com a presença dos ex-colegas de todos os lugares onde trabalhou!
Peço a quem puder confirmar presença me enviar o nome para eu colocar na porta. Nesta primeira edição da festa, não faremos divulgação na imprensa.


Esse Brasileiro vai esquentar
"Baixinho (sou mesmo)" e "parece estar com nove meses de gravidez e tem um cabeção estilo Antônio Lopes", essa é a definição que o vascaíno Thiago Lavinas usa para falar de mim em seu blog, e ainda me torpedear com a foto do irmão mais novo dele vestindo aquela camisa do povo de São Januário! Inacreditável! Já vi que esse Campeonato Brasileiro promete! Nove meses???? Nem f(*)! Posso estar com no máximo três....E comparar minha cabeça com a daquele técnico que é quase vitalício da nação cruzmaltina é uma maldade!
A sorte é que o time da Colina está totalmente abalado, sem "punch" com a saída de Romário. No Flamengo x Vasco pelo Brasileiro, vou sair direto da casa de meu amigo Alexandre Lalas, para a porta do prédio do Thiago Lavinas, que fica na mesma rua!

Só faltou o Botafogo
O Rio estreou bonito no Brasileirão. O time meio incógnito do Vasco venceu o Figueirense, o Fluminense venceu o Cruzeiro por um placar dilatado demais para o que foi o jogo (e com uma ajudinha do bom juiz na hora do pênalti), e o Flamengo venceu fora de casa na estréia, algo que não fazia há 22 anos. Para a festa ficar completa, faltou pelo menos um golzinho do Botafogo no sábado - acho que só não aconteceu porque o técnico manteve Taílson. Foi só entrar o Daniel e o Ademílson que saiu o gol.
Já o Flamengo, sinceramente, estou ficando mais otimista porque Athirson está voando. Sensacional o lateral. Nem é preciso falar que irei com Marcele ao Maracanã nos próximos dois jogos. Se o Flamengo ganhar os dois próximos em casa, vai pegar embalo.

O Spam Zine ataca novamente
Quando eu às vezes falo da minha admiração pela galera do Spam Zine e principalmente pelo meu amigo bugrino (doente) Alexandre Inagaki, neguinho pensa que eu estou fazendo média ou cavando alguma vaguinha. Mas não é nada disso. Sou franco rasga-sedas do Inagaki e não é de hoje - sempre disse que os textos dele divertem e fornecem algo que os meus não fornecem: informação. Bom, basta dar uma olhada no editorial do Spam Zine desta semana:
Este mundo anda por demais bizarro. A eleição de Paulo Coelho para a Academia Brasileira de Letras é café pequeno, comparada com a carreira literária (sic) de Dave Pelzer, cujos três primeiros livros estiveram por 448 semanas na lista dos mais vendidos de não-ficção do New York Times. Sua primeira obra, "A Child Called 'It'", é a biografia de uma criança cuja mãe queima seu braço no fogão da cozinha, depois o faz vomitar e comer seu próprio vômito, e o deixa sem comer durante dez dias. Todas essas desgraças, descritas em ricos detalhes, são pontuadas por lições de auto-ajuda, do tipo "não esmoreça diante das dificuldades", ou "saiba que nem sempre a vida é justa". Os fãs de Dave Pelzer são apaixonados pelo autor, e sentem-se inspirados por sua recuperação após tantos horrores sofridos. Alguns deles já compraram seu DNA para uso futuro. Para quê, não ouso especular.
Mas existe coisa pior no mundo literário. Ou você sabia que Saddam Hussein, presidente do Iraque, é autor de dois romances consagradíssimos pela crítica do seu país? E ai de quem duvidar da real autoria de seus livros, que vêm, inclusive, com a redundante declaração declarativa em sua capa: "Um livro escrito por seu autor". O primeiro romance de Hussein, "Zabibah e o Rei", descreve a relação entre um político sensível e uma belíssima mulher tornada escrava por seu marido, um ocidental que a violentou no dia 17 de janeiro ("coincidentemente", o dia em que os Estados Unidos bombardearam Bagdá durante a Guerra do Kuwait). A obra virou musical e bateu recordes de vendas (no Iraque, é claro).
* * *
Este mundo despirocou de vez. Karyn, uma novaiorquina que afirma trabalhar em uma emissora de TV, criou um site pedindo ajuda dos internautas para pagar uma dívida de US$ 20 mil junto ao seu cartão de crédito. A mulher, com tremenda cara-de-pau, admitiu que os débitos foram contraídos comprando roupas de grife e besteiras na Internet. Mesmo assim, o site (http://www.savekaryn.com) recebeu mais de 200.000 page views, e ela já arrecadou cerca de US$ 2.700 em doações.
Você já viu de tudo na Web? É claro que não. Em http://www.geocities.com/acpgm, você encontra o sensacional sítio "AOL CD Preservation Guild & Museum". É isso mesmo: um museu dedicado à conservação daqueles CD's da America On Line que você cansou de receber pelo correio, como "brinde" em revistas, ou entregues pelo funcionário do banco onde você tem conta. Mas o mais inusitado de tudo é isto:
http://www.geocities.com/acpgm/CDBZ4025.HTM

A versão "4.0/ 250 horas grátis" daquele CD que você cansou de receber & jogar fora é avaliada pelos webmasters deste site como valendo QUINZE DÓLARES (!!!).
* * *
Este mundo é inverossímil. É por isso que resolvi imitar os personagens do filme "Men In Black", e adotei o tablóide Weekly World News (http://www.weeklyworldnews.com) como meu informativo oficial. As manchetes do dia são: "Coreanos famintos caçam lobisomens para comer" e "Homem cutuca o nariz e encontra uma pérola". São notícias bem mais razoáveis do que imagens de santas aparecendo em janelas, jabutis cariocas sendo atingidos por balas perdidas, Collor, Maluf e ACM liderando pesquisas eleitorais, ou judeus e palestinos se aniquilando sem sentido.
Chega de verdade.


Um show de bola. Se o Guarani tivesse hoje a categoria desse seu torcedor, certamente seria considerado um dos favoritos ao Brasileirão. Bom, de repente, com o Martinez desencantando...

11 agosto, 2002

Domingo?
Dia de trabalhar. Pelo menos no outro domingo estarei de folga e poderei ir ao Maracanã com Marcele ver o Flamengo. Que aliás estréia hoje contra o Inter, sempre respeitável Inter, do jornalista Renato de Alexandrino. Espero que amanhã não tenha comemoração no blog dele...(se o Flamengo perder, pelo menos não foi para o Grêmio).

Sobre a Mate-me por favor
Retomei os investimentos. Comprei no site da Som Livre umas coletâneas, além do CD "Roberto Carlos em ritmo de aventura", item indispensável para o bom andamento da festa. Mas ainda estou correndo atrás da gravação de "Papa don´t preach" feita pela filha do Ozzy Osbourne. Acho que vai cair bem na festa. Mas não se assustem, não vai ser pesado o tempo todo (também coloco música negra americana e MPB de leve, para tocar). Bom, sexta, dia 16 de agosto, vamos ver como vai ficar isso.

Sábado, como Deus
Se Deus descansou no sétimo dia, como diz o Velho Testamento, deve ter alguma lição embutida nisso aí. No mínimo Deus já sabia - 40 minutos antes do Nada, mais ou menos no início do primeiro Fla-Flu - que sair sábado à noite é coisa de amador. Nada como a velha terça-feira, ou mesmo uma quinta, quem sabe uma segunda-feira descansada, para você ir à rua e só encontrar profissionais - além das coisas indispensáveis para quem quer sair à noite: locais com mesas para sentar, sem gente se acotovelando, sem caçadores de mulheres, sem lutadores de rua, com atendimento perfeito.
É claro que esses hábitos demandam certa disposição, afinal, não é fácil - ainda mais depois que você passa dos trinta - conciliar uma saída terça-feira à noite com o despertar para o trabalho na quarta-feira de manhã. Mas como evitá-los? Para mim já virou hábito há meses, por exemplo, a sinuca do domingo à noite. Há algumas semanas, virou hábito ir com Marcele ao Queen´s Leg na terça. E para mim tem que ser hábito ir com Marcele ao cinema na sexta-feira à noite (antes, claro, da Mate-me por favor).
Agora, já vão os anos desde que eu tinha algum hábito no sábado. Só mesmo o de acordar tarde - e já me dirigir à casa do engenheiro e colecionador de rock n roll Rodrigo Cobra, para ouvir dezenas de CDs (já foi LP) e bebericar à vida. Já houve o tempo em que matávamos uma garrafa de rum (com abacaxi e coco), conversando, ouvindo Who e Stones, e a tarde se ia, a noite chegava, e só o que tínhamos era uma leve embriaguez, suficiente para chegar em casa, tomar um banho e dormir antes mesmo da noite de sábado começar.
Quando se namora, é outra coisa - ficar em casa no sábado à noite é algo genial. Claro, desde que você tenha CDs, vídeos, um pouco de vinho, algumas comidinhas leves e dois travesseiros.
Só que Marcele estava viajando - meu sábado, portanto, quase foi ir ao Bukowski com os amigos, mas o cansaço me obrigou a ver o bizarríssimo filme "Bilhete premiado", de Nora Ephron, com John Travolta e Lisa Kudrow. Filme interessante, que termina com a frase "just lucky". Eu concordei e dormi.

10 agosto, 2002

Só para quem estudou na UFF
O grande professor Antônio Theodoro de Barros estará aposentando sua brilhante vida acadêmica no próximo dia 6 de setembro. Ex-alunos e colegas professores deste excepcional jornalista (foi editor-chefe da Última Hora em tempos de glória) estão organizando um jantar de adesão que acontecerá no dia 30 de agosto, em Niterói - o local ainda não foi definido. Quem quiser ir aderindo, me mande uma mensagem que eu explico como proceder.

Novo velho blog
O blog dele já existe há meses, mas a correria do dia-a-dia e a ausência de alguns neurônios me fizeram esquecer durante todo esse tempo de colocar o link na tabela lateral. Estou falando do blog do Thiago Lavinas, camarada lá do jornal, um cara gente boa, apesar de possuir aquela estranha doença que faz as pessoas vestirem camisas com uma faixa preta e uma cruz vermelha no peito e freqüentarem um certo estádio perto da Feira de São Cristóvão (isso além de acharem que o Roberto Dinamite jogou bola).
Aliás, eles fazem lavagem cerebral na família. Outro dia ele levou o irmão mais novo na redação, o garoto de um ano ou pouco mais que isso, mal sabia falar. Eu fui fazer graça e falar, "grita aí, menino, Meeeengo", e o moleque me deu um safanão, berrando, "Meengo não! Vasco!". E me perdoem por escrever essa palavra aqui.
Bom, tá dada a dica, apesar da doença, dêem uma olhada lá que o cara manda bem. O blog parece mais um site, cheio de áreas especiais. Vale a olhada.

09 agosto, 2002

A situação
Como diria o meu pai, a situação está cínica. Se o Tim Lopes é culpado por ter morrido o que se dirá, então, do jabuti que foi baleado? Quem mandou ser devagar...

Confissão
Depoimento de Manuela(De como Manu contou que ela se apaixonou)
“Por onde eu ando? Penso em falar. Falo sem pensar. Mas ele fecha os olhos enquanto eu falo. Digo que acordei sobressaltada. Ele me acalma, “mas era apenas um beijo meu”. Respondi que sabia. Oralidade. Brinco com as palavras, brinco nos ouvidos, caindo, sugados. Oro e falo em igreja e sexo. Comunguei-me com a secura do beijo umedecendo que ele me deu. Houve carinho. Entre nós não existe um espaço. Minha fantasia percorre, lasciva, o aperto de nossos abraços. As narinas dele respiram meu cheiro e eu sei que nossos sorrisos serão mais freqüentes que as noites bregas de estrelas luminosas nos comerciais de TV anunciando a marca de algum produto supérfluo. Fugi como um fluido durante anos. Há quanto tempo não me vês, coração?
No meu sonho havia uma corrente de ferro interrompendo a passagem. Eu a levantava com cuidado e a rodeava em seu pescoço. Enforquei-o sentindo-me livre para encarar o desconhecido. Mas ele acordou-me com um beijo e eu, sobressaltada, não pude pensar em outra coisa senão em entregar-me como uma assassina confessa de um passado estancado pela frieza de minha alma”.

NOTA DE ESCLARECIMENTO
Sei que o assunto está gasto, mas cabe esclarecer duas coisas, com urgência:
1- A festa MATE-ME POR FAVOR não foi cancelada, e sim ADIADA para o dia 16 de agosto, próxima sexta-feira.
2- O dono da boate SPIN (Rua Teixeira de Melo, 21, Ipanema) garantiu a data, e não só a MATE-ME POR FAVOR como outros eventos da gALLera (como dizem nos cadernos de informática) poderão ser realizados no local.

08 agosto, 2002

Eu acho que sexta é melhor
ATENÇÃO***ADIAMENTO***ATENÇÃO***ADIAMENTO***ATENÇÃO***ADIAMENTO
Amigos, por problemas de agenda (minha e da SPIN) a festa abaixo continua valendo, mas para o dia 16 de agosto, sexta-feira. Portanto, adiada a volta da Mate-me por favor.
MATE-ME POR FAVOR - MAIS FORTE AINDA
Quando todos pensavam que estávamos definitivamente mortos, a velha festa MATE-ME POR FAVOR se liberta de vez do bairro de Botafogo e alcança a terra de Vinícius, o imprudente de Moraes.
Neste sábado, eu e o DJ José Otávio Sebadelhe estaremos tocando de novo os vivos e os mortos: Beatles, Neil Young, Iggy Pop, Rolling Stones, Creedence Clearwater, b-52´s, REM, Martinho da Vila, Jimi Hendrix, Roy Orbison, Marvin Gaye, Red Hot Chilli Peppers e até mesmo de saideira uma do Lupiscínio, quem sabe.
O local? Ipanema, na boate SPIN (Rua Teixeira de Melo, 21, tels 3813-4045
A data? Como eu disse, nesta SEXTA, 16 DE AGOSTO, a partir de 22h
O preço? Entrada: R$ 5. Consumação mínima de R$ 7.
Os tocadores de música? Gustavo e Zé Otávio
Aguardo vocês lá para mais uma noite de muitos reencontros e desabafos ao som de guitarras.


abs
Gustavo

ps - Peço aos amigos de suplementos, jornais de bairro (Globo-Zona Sul), Revista Programa, que se puderem me dêem um daqueles tão disputados tijolinhos

About a man
O filme "Um grande garoto" é legal. "About a boy", baseado em livro do Nick Hornby. Sim, eu fui ver com Marcele o filme, lá no São Luiz, nesta quarta, e gostei. Mas aviso: é filme para passar na Tela Quente daqui a dois anos. Versão "cabeça" com ares britânicos de qualquer um daqueles filmes "encontros e desencontros" que a gente via na década de 1980, aqueles com Molly Ringwald. Apesar de Hugh Grant estar mandando muito bem, sinceramente, ninguém agüenta mais ver diálogos como "Você só quer se fechar em torno de si mesmo", como teve entre o personagem dele e do garoto esquisito. Ah, e serviu para eu assobiar "Killing me softly" pelo resto do dia.
Eu diria que serviu para outra coisa: percebi como os gringos - mais americanos e ingleses - são meio bichinhas na hora de praguejar. Não diria bichinhas, mas assim, meio que precisando de uma injeção de testosterona. Hugh Grant solta por várias vezes o "blood´hell" característico dos britânicos (ô sotaque incompreensível), e eu parei: "sangue do inferno" ou "inferno sangrento"? Que xingamento mais bobo, religioso. Me lembrei que aqui nós invocamos o nosso sêmen, e não o sangue de mitologias. "PORRA!", gritam os brasileiríssimos. Ou "CARALHO", gritamos nos momentos de indignação, invocando uma pujança cheia de veias. Os italianos não ficam atrás (NÃO MESMO!), mandam "CATZO!".
E não pára por aí. Lembremos que por qualquer coisinha neguinho no hemisfério Norte manda um "god damn" ou um "jísus". Já vi até em filme de sacanagem. Vê se faz sentido: o cara está pelado, no meio de duas mulatas peladas, prestes a rolar uma cena de sodomia, e o cara manda, "jesus". Pô, peraí. Religiosidade tem limites. Como diria Mae West, "Deus não tem nada a ver com isso". Um cara dizer "Jesus" quando vê uma mulher gostosa, isso quer dizer o quê?
A coisa fica pior quando analisamos como eles xingam uns aos outros. Enquanto nós dizemos claramente que a mãe do nosso interlocutor pratica "trottoir", os caras chamam uns aos outros de "motherfucker". Bom, como eu aprendi que em inglês nós invertemos as palavras para ter o significado, quero crer que "mãe fodedora" ou "mãe puta", seria "fucker mother". Logo, quando o americano chama o outro de "motherfucker', está é dando ao inimigo uma inesperada virilidade. A ponto do cara comer a mãe de quem está xingando.
Tá certo, tá certo, aqui nós xingamos o outro de "cuzão", principalmente em São Paulo. E lá eles chamam uns aos outros de "asshole".
Mas como confiar em um povo cujo principal xingamento é "ah, beije meu rabo" (kiss my ass)?

07 agosto, 2002

Reflexões de uma manhã de quarta-feira
Get up, stand up
É claro que aproveito a oportunidade para recolocar no alto do blog o aviso de que a Mate-me por favor está de volta, com força total, na boate Spin (Rua Teixeira de Melo, 21, Ipanema, tels 3813-4045 e 3813-4048, na quadra da praia), com entrada de R$ 5 e consumação mínima de R$ 7. Claro, aproveitei para colocar essa lembrança, e torcer para que o evento dê certo. Os planos posteriores são manter o espaço para uma festa da comunidade blogueira.


Falando em blogs
Estou pensando em propor à Elis Monteiro, além de instituir uma festa, criar também alguns prêmios. Um deles seria o "Melhor desatualização", para aqueles caras que passam mais tempo com o blog parado. Concorrem seriamente o Hagen, que desde o dia 21 de julho não posta nada, e o Gato da Vizinha, do meu amigo Coelho, que de tanto tempo parado eu acabei nem mais vendo (o blog, não o Coelho).
Alienação
Em 1989, ano que acompanhei quase como torcedor as eleições presidenciais, torcendo para que um candidato de esquerda fosse para o segundo turno contra o Collor (estivemos a um passo de termos Collor e Afif na disputa do segundo turno), eu jamais poderia imaginar que eu ficasse tão alienado nas eleições de 2002. Sim, eu jamais poderia esperar que eu fosse "descobrir" que houve debate presidencial, e descobrir no dia seguinte, já olhando O Globo.
Operação França
Não, não se trata do filme, mas sim do procedimento para escapar do simpático livreiro França, aquele que é conhecido por nove entre dez jornalistas do Rio. Eu passei pelos mesmos dilemas que o Maggi descreve no blog dele, de tentar me esconder para ele não vir fazer mais um desfalque na minha conta bancária. Me lembro de estar comprando livros do Bukowski na época, e estava meio raros, lançados pela Brasiliense ou pela LPM. O França sempre aparecia, "olhaqui, mais um Bukowski", e lá ia eu com um cheque "para o mês que vem". Outro dia ele me ligou no jornal, perguntando o que eu ando lendo, eu nem lembro o que eu disse, só sei que entrei de folga e acabei escapando. Mas não adianta. O França sempre volta.
A perna da rainha
Fui com Marcele ao Queen´s Leg da Lagoa nesta terça-feira. Anda animado aquele lugar - é a mesma turma de conhecidos, como se fosse um "Bar Esperança", o pessoal bebendo, etc, marcando coisas que não acontecem nunca, enfim, um lugar bacana para passar algumas horas sem pensar em nada - isso apesar de estar cada vez mais difícil não pensar em Marcele.
Quem tem rifle vai a Roma
O único reforço que eu quero para o Campeonato Brasileiro: atirem no Roma até ele sair correndo do clube. Não agüento mais. Ah, e Caio também não precisava vir não. Por mim, vou de Andrezinho e Liédson.
Cesar Vallejo
Mais uma do espetacular poeta peruano, para fechar:

Babel
Doce lar sem estilo, fabricado
De um golpe só, de uma única peça
com cera Tornassol. E na morada
Ele fere e endireita
e às vezes diz:
"O hospício é tão bonito, e aqui tão perto!"
Mas outras vezes de repente chora.


06 agosto, 2002

Salto alto
Decididamente, não acostumava-se a andar de salto alto. Era um pouco moleca e gostava mesmo de estar com os pés descalços, calçar sapatos baixos, tênis e chinelo. Mas sempre teve fascinação por sapatos. A primeira vez que experimentou um sapato de salto alto, lembrava-se bem, fora na infância, em brincadeiras intermináveis com a irmã, quando tornavam-se “manequins” de um desfile de moda no comprido corredor da casa onde moravam. Os sapatos plataforma da mãe eram separados com cuidado para o que chamavam de evento. Vasculhavam todas as gavetas até descobrirem o novo esconderijo das duas únicas perucas restantes na casa que a mãe escondia propositalmente para maior diversão das filhas. Quando seu pai morreu, uma série de inoportunas lembranças, em especial daqueles momentos em que ela não esteve presente em sua vida, a corroeram. “Será assim em todas as mortes?”, pensava. As razões de sua tristeza eram confusas; sentia-se interrompida bruscamente em sua dedicação. Anos depois, comprou uma bota de couro preta, de salto alto, com curvatura acentuada entre o calcanhar e o peito do pé e andou com propriedade por tantas ruas como se fosse a criança enfeitada de outrora, a mesma que registrara carinhosamente o sorriso de um velho barbudo olhando-a no fim de um comprido corredor.

De volta ao batente noturno - neste sábado
Depois de acreditar piamente que esse negócio de colocar som para os outros dançar não era a minha, eis que meu camarada José Otávio Sebadelhe me convence a fazer isso em uma boate de Ipanema chamada SPIN. Bom, é claro que vai parecer que estou puxando a brasa para a minha sardinha, mas é uma oportunidade interessante para alguns amigos blogueiros se reencontrarem ou mesmo se conhecerem. Só não vão reencontrar Marcele (ela vai estar viajando no fim de semana) e muito menos conhecer Marcele (quem conheceu, conheceu, quem não conheceu não conhece mais, porque ela é só minha e quando eu estou apaixonado fico insuportavelmente ciumento).
Bom, reproduzo abaixo o email que enviei a algumas pessoas chamando para a festa. Como sempre, no repertório música para mexer quadris e para cantar junto. Roy Orbison, Neil Young, Beatles, Stones, The Cure, Smiths, Marvin Gaye, Otis Redding, The Who, Paul McCartney (solo), B.B. King, Dave Matthews, Iggy Pop & The Stooges, Smashing Pumpkins, New Order, Jimi Hendrix, Paulinho da Viola, Wilson Pickett e até mesmo "Maresia" com Adriana Calcanhoto (em homenagem à Roberta Carvalho) eu devo colocar por lá. Bom, coordenadas, endereço, preço, leiam abaixo:
MATE-ME POR FAVOR - MAIS FORTE AINDA

Quando todos pensavam que estávamos definitivamente mortos, a velha festa MATE-ME POR FAVOR se liberta de vez do bairro de Botafogo e alcança a terra de Vinícius, o imprudente de Moraes.
Neste sábado, eu e o DJ José Otávio Sebadelhe estaremos tocando de novo os vivos e os mortos: Beatles, Neil Young, Iggy Pop, Rolling Stones, Creedence Clearwater, b-52´s, REM, Martinho da Vila, Jimi Hendrix, Roy Orbison, Marvin Gaye, Red Hot Chilli Peppers e até mesmo de saideira uma do Lupiscínio, quem sabe.
O local? Ipanema, na boate SPIN (Rua Teixeira de Melo, 21, tels 3813-4045 e 3018-8984, na quadra da praia)
A data? Como eu disse, neste sábado, 10 de agosto, a partir de 22h
O preço? Entrada: R$ 5. Consumação mínima de R$ 7.
Os tocadores de música? Gustavo e Zé Otávio.
Aguardo vocês lá para mais uma noite de muitos reencontros e desabafos ao som de guitarras.
abs
Gustavo
ps - Peço aos amigos de suplementos, jornais de bairro (Globo-Zona Sul), Revista Programa, que se puderem me dêem um daqueles tão disputados tijolinhos

Bom, então é isso.

05 agosto, 2002

Watsu
Participei ontem de uma experiência única. Trata-se de uma terapia de massagem corporal aquática chamada Watsu. Nunca tinha ouvido falar nisso. Os terapeutas tentam explicá-la dizendo tratar-se de shiatsu na água. Como eu também nunca fiz shiatsu, fiquei na mesma. Pra mim era coisa de gente “zen”, papo cabeça, natureba; puro preconceito. Com movimentos suaves, os terapeutas nos levam a um estado de relaxamento quase impossível de descrever. Dentro de uma piscina aquecida a uma temperatura de 35º, eles aplicam movimentos que nos remetem a uma sensação de aconchego e entrega como se estivéssemos na barriga das nossas mães. Parece uma dança. Eu recomendo.

Aliás, já que é segunda-feira....
Será que hoje eu consigo ir ao show do Big Gilson? Já tem um mês que prometo ir, sem conseguir. Bom, vou pelo menos tentar.

Os "melhores" anúncios de todos os tempos
Fiquei meio fora do ar esse fim de semana, e nesta segunda-feira acessei a internet e recebi um email de minha prima, com uma excelente dica de site. É o Juro que vi, um site destinado a publicar anúncios bizarros de out-doors, revistas e jornais. Alguns ultrapassam a barreira do bom senso. Tem um de motel que diz, "aqui o melhor negócio é o gramado ficar molhado". Outro coloca um boné de Che Guevara em um touro reprodutor (a propaganda é de gado Caracu) e publica a frase "Hay que endurecer sin perder una cobertura jamás". Isso em um out-door!!!! Cliquem no link, porque vale a pena ver todos os anúncios. É de rir muito. Anotem: http://www.juroquevi.com.

03 agosto, 2002

Algumas do sábado de manhã
Fui com Marcele ver "Escorpião de Jade", segundo (ou terceiro, a gente nunca sabe) filme de Woody Allen na fase Spielberg. O primeiro, "Trapaceiros", me deu um susto, por não ser um filme de Woody Allen. Mas notei que a gente acostuma - como aquela marca de água tônica com gosto ruim, mas que a gente acostuma e acaba viciando. Foi a impressão que eu tive: que o "Cinema Woody Allen" acabou de vez, aqueles filmes simplesmente antológicos como "Annie Hall", "Era do Rádio" e "Manhattan" não se repetirão. O cara virou "pop" de vez, seu produto é mais mastigado, os enredos são fantasiosos e até bom para crianças.
Mas quer saber? Eu ri muito. Como disse um dos Andrades, que eu nunca lembro qual (Mário ou Oswald?), acho que essa nova fase do Allen é "biscoito fino para as massas".
**********
Acordo, abro o jornal, e está lá a declaração completamente idiota do presidente do Fluminense, David Fischel - declaração que nem general de ditadura tem a capacidade de dizer: "Vocês (a imprensa) sempre atrapalham. O futebol carioca vive um momento difícil e estamos fazendo um esforço para trazer o Romário e o Beto". Segundo o jornal O Globo, Fischel disse isso "amparado por uma parte da torcida", que por sua vez hostilizou o repórter que "ousou" fazer uma pergunta desagradável.
Esses aprendizesinhos de ditadores, esses sujeitinhos (tipo o ex-presidente do Flamengo, Edmundo Silva) metidos a Pinochet de botequim, como o presidente do Fluminense, deveriam aprender que o papel de repórteres não é "agradar" ou "aliviar" os dirigentes por causa do "momento difícil". Hostilizar um repórter por causa de uma pergunta, com apoio de débeis mentais ao lado, é uma tremenda covardia. Mais ainda quando o clube deve sete meses de direitos de imagem e quatro meses de salários atrasados, isso sem contar o prêmio pela conquista do Campeonato Estadual deste ano, que até hoje não foi pago. E não foi um repórter que "inventou" um anúncio falso anunciando "abandono de emprego".
Por isso que eu não entendo colegas de profissão que insistem em dizer que "ah, nós temos que nos preocupar só com o futebol, isso de bastidores não interessa". Bobagem maior é difícil imaginar.
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Na página 2 do Globo tem um esgrimista duelando no Leme com um mendigo. Meio bizarro isso, e vejo um pouco como exploração da miséria. Mas uma olhada melhor na foto e você vê: "Telefônica Celular". Patrocínio? Bom, como dizem que o tal Alexandre Accioly, aquele da festa na Ilha Fiscal, ficou rico vendendo um "Call-Center" para a Telefônica, não duvido de mais nada.
Só que na página de esportes eles dão outra foto da mesma cena. E o patrocínio do mendigo é da Brahma. Bom, acho que não tem problemas contratuais porque são produtos de segmentos diferentes.
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E para não dizer que eu sou solidário com os jogadores do Flu (que sofrem com salários atrasados) à toa: fiz um frilance para o hoje extinto Zipnet em junho de 2000, sobre a história, os dados técnicos e o folclore em torno dos estádios de São Januário (argh), Maracanã e Caio Martins. O pagamento não rolou, um ano depois o Zipnet fecha, o Pelé.net (destino final da matéria) vai para o UOL, aí desisti de vez. Vou ao banco 24 horas e acesso meu saldo. Por um momento penso que minha conta está sendo usada para lavagem de dinheiro por narcotraficantes colombianos. Mas olhando o saldo detalhado, lá estava, a mesma quantia combinada dois anos atrás e a tag com a descrição: Pelé.net.
Dois anos. A exemplo de Pelé com seus gols, creio que também alcancei um recorde.
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Hoje, churrasco em Sulacap. Estarei completamente fora do ar. Um bom fim de semana para todos.

02 agosto, 2002

Os melhores LPs da Minha Juventude
Déja vù
Comprei meu LP Déjá vù, a obra-prima do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young, de um maconheiro da minha rua - o cara estava precisando de grana para umas trouxinhas e eu fui e ajudei-o a sustentar seu vício. E ele, ao meu. "Eu só estou te vendendo porque sei que um dia você vai vender de novo, e vai ser para mim", disse o cara. Eu ri baixo. Nunca faria isso. E não fiz. Hoje, tenho o Déja Vù em CD, mas ainda guardo o LP, versão importada, no fundo de um armário.
Eu tinha lá os meus 14 anos, mais ou menos dois anos de rock and roll, e estava já em fase de aprimoramento, um processo que levou anos e que durou até os 19 anos, quando vendi meus discos do AC/DC e Deep Purple (bandas que hoje até posso ouvir na boa) para comprar vários do Eric Clapton. E é inegável: o Déja vù, como que para justificar o nome, reaparece em diversos momentos da minha vida, não só como contemplação da música quase divina daqueles quatro caipiras como também na forma de meditação nos momentos difíceis.
Um disco que começa com uma bela balada de violão e quatro vozes como "Carry on" só pode ser fantástico. Claro que a música só poderia ser de Stephen Stills, talvez o cara mais folk n roll do quarteto. Na minha visão, o cara mais "country" era o Graham Nash, tanto que é de autoria dele a música seguinte, um tremendo country com direito a slide e mensagem de candura: "Teach your children". "Teach your children well/Their father's hell did slowly go by/And feed them on your dreams/The one they picks, the one you'll know by" é o refrão do maravilhoso e cafonérrimo country de Nash. Nada mais Nashville.
David Crosby era na minha opinião o cantor mais hard rock, mais poderoso, de todos eles. Por isso, a suavidade de "Teach your children" é rompida no disco pelo sangue derramado de "Almost cut my hair". Sangue derramado apenas na maneira de Crosby cantar, e na guitarra incrível que eu até hoje não sei de quem é. A música é um hino daquela geração pós-68, como se fosse um amadurecimento. "Increases my paranoia/like looking into a mirror and seeing a police car", canta David.
Aí vem o momento mais doce, sofisticado e terno do disco, para mim: um som semelhante a de um violino distorcido, como a tecla "harpsichord" dos órgãos eletrônicos, anuncia a entrada de "Helpless". Desnecessário dizer que quem entra é Neil Young com um canto desesperado porém calmo, como quem se desesperasse em Hiroshima dois segundos após passar o Enola Gay. "There is a town in north Ontario/With dream confort memory to spare/And in my mind I still need a place to go/All my changes were there". O jeito com que Neil canta, suspirando, "in my mind i still need a place to go", é simplesmente enternecedor. Não é à toa que se tornaria para sempre o meu preferido dos quatro, não é à toa que aos 12 anos eu já o ouvia em "Powderfinger".
Para finalizar um lado de LP simplesmente perfeito, uma canção da cantora Joni Mitchell (que lançou ano passado um disco de canções jazzísticas muito legal, chamado "Both sides now"), "Woodstock". Uma canção em ritmo mais forte, com o tom poético/pacifista: "By the time we got to Woodstock/We were half a million strong/And everywhere there was song and celebration/And I dreamed I saw the bombers/Riding shotgun in the sky/And they were turning into butterflies/Above our nation".
O lado B começava com "Déja vù", música-título, belíssima, e seguia com o hit "Our house", com um tom nostálgico capaz de rachar a alma da gente ao meio. "Our house is a very, very fine house/With two cats in the yard/Life used to be so hard/Now everything is easy/‘Cause of you". Uma canção sobre Família, Nostalgia, talvez sobre a vertigem que nos dá - e às vezes não percebemos - quando lembramos de antigos Natais, e quando notamos que os Natais não são mais os mesmos. Que a gente conhecia melhor nossos tios e tias quando éramos crianças - porque eles eram mais sinceros por sermos crianças e não entendermos nada.
Déja vù ainda tem "4+20", "Country Girl" e "Everybody I Love You" - a segunda é como se fosse um medley. Três faixas espetaculares para encerrar uma verdadeira obra-prima. Depois, os quatro só lançariam juntos mais um LP de estúdio, "So Far", muitas vezes confundido com uma coletânea por ter três faixas do "Déja vù" repetidas. Desconfio que na verdade "So Far" é uma reunião de singles. Mas é igualmente imprescindível por conter "Find the cost of freedom", "Helplessly hoping" e "Suite: Judy blue eyes".
Nos piores momentos, porém, a gente sempre respira melhor com Neil Young suspirando em "Helpless".


Os outros abordados:
Sticky Fingers - Rolling Stones
Peter Framptom - idem
Tapestry - Carole King
The Wall - Pink Floyd
Tatoo you - Rolling Stones
Cheap Thrills - Big Brother and the Holding Company (Janis Joplin)

Piadinha boba pra entrar no clima
- Amor...
- Hã...
- Sabe o que é?
- Diz.
- Fiz pum.
- Hum...achei lindo.