About a man
O filme "Um grande garoto" é legal. "About a boy", baseado em livro do Nick Hornby. Sim, eu fui ver com Marcele o filme, lá no São Luiz, nesta quarta, e gostei. Mas aviso: é filme para passar na Tela Quente daqui a dois anos. Versão "cabeça" com ares britânicos de qualquer um daqueles filmes "encontros e desencontros" que a gente via na década de 1980, aqueles com Molly Ringwald. Apesar de Hugh Grant estar mandando muito bem, sinceramente, ninguém agüenta mais ver diálogos como "Você só quer se fechar em torno de si mesmo", como teve entre o personagem dele e do garoto esquisito. Ah, e serviu para eu assobiar "Killing me softly" pelo resto do dia.
Eu diria que serviu para outra coisa: percebi como os gringos - mais americanos e ingleses - são meio bichinhas na hora de praguejar. Não diria bichinhas, mas assim, meio que precisando de uma injeção de testosterona. Hugh Grant solta por várias vezes o "blood´hell" característico dos britânicos (ô sotaque incompreensível), e eu parei: "sangue do inferno" ou "inferno sangrento"? Que xingamento mais bobo, religioso. Me lembrei que aqui nós invocamos o nosso sêmen, e não o sangue de mitologias. "PORRA!", gritam os brasileiríssimos. Ou "CARALHO", gritamos nos momentos de indignação, invocando uma pujança cheia de veias. Os italianos não ficam atrás (NÃO MESMO!), mandam "CATZO!".
E não pára por aí. Lembremos que por qualquer coisinha neguinho no hemisfério Norte manda um "god damn" ou um "jísus". Já vi até em filme de sacanagem. Vê se faz sentido: o cara está pelado, no meio de duas mulatas peladas, prestes a rolar uma cena de sodomia, e o cara manda, "jesus". Pô, peraí. Religiosidade tem limites. Como diria Mae West, "Deus não tem nada a ver com isso". Um cara dizer "Jesus" quando vê uma mulher gostosa, isso quer dizer o quê?
A coisa fica pior quando analisamos como eles xingam uns aos outros. Enquanto nós dizemos claramente que a mãe do nosso interlocutor pratica "trottoir", os caras chamam uns aos outros de "motherfucker". Bom, como eu aprendi que em inglês nós invertemos as palavras para ter o significado, quero crer que "mãe fodedora" ou "mãe puta", seria "fucker mother". Logo, quando o americano chama o outro de "motherfucker', está é dando ao inimigo uma inesperada virilidade. A ponto do cara comer a mãe de quem está xingando.
Tá certo, tá certo, aqui nós xingamos o outro de "cuzão", principalmente em São Paulo. E lá eles chamam uns aos outros de "asshole".
Mas como confiar em um povo cujo principal xingamento é "ah, beije meu rabo" (kiss my ass)?
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