30 novembro, 2001

Uma nova série: Trilha Sonora da Minha Vida
No surprises (Radiohead)

A heart that's full up like a landfill,
a job that slowly kills you,
bruises that won't heal.
You look so tired-unhappy,
bring down the government,
they don't, they don't speak for us.
I'll take a quiet life,
a handshake of carbon monoxide,

with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
Silent silence.

This is my final fit,
my final bellyache,

with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises please.

Such a pretty house
and such a pretty garden.

No alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises please.



Licença para amargar

Volta e meia ela acordava assim, amargurada. Fazia um café bem forte e bebia sem açúcar mesmo, com um cigarro para acompanhar. Ligava o som e punha uma música triste. Calada, ouvia e pensava. Às vezes batucava com os dedos na mesa e olhava ao redor, tentando achar algo para ler enquanto a hora não passava. Avistava uma revista velha no canto da sala, mas tinha preguiça de levantar-se para buscá-la. Inerte e por já haver mesmo lido, desistia. O bloco de papel estava mais próximo. Esticava o braço para pegá-lo. A caneta estava sempre sobre a mesa. Escrevia com sua letra de caligrafia feia palavras soltas: pipa, tucano, viagem, irmã, papel, árvore, aro, arco-iris. Café amargo. Vida amarga. Desenhava, rabiscava flores e escrevia inúmeras vezes seu nome como a certificar-se de que era ela mesma, fumando e tomando café, que estava a sentir tais coisas.

Adeus
George Harrison, como já estava mais do que previsto, se foi. Soube com imensa tristeza - e algum atraso - de sua morte pelo jornal Hoje, desta sexta-feira, 30 de novembro. E lá se foi para o nada o homem que nos deu canções como "Give me love (Peace on earth)", "Beware of Darkness", "Something", "While my guitar gently weeps", "All things must pass" (e ele passou. Ou ficou?), "If i needed someone", "Here comes the sun", "Behind that locked door", "Can´t stop thinking about you", e outras mais, inumeráveis. Quando da morte de Lennon, em 8 de dezembro de 1980, Harrison compôs para o amigo a belíssima e não pungente (era uma canção que elevava o astral) "All those years ago". Espero que Paul homenageie George. Enquanto isso não acontece, sigo o exemplo de Mick Jagger quando da morte de Brian Jones e publico aqui trechos de Adonais, de Shelley (o marido de Mary Shelley, na verdade). Que diz "Paz, paz, ele não está morto, ele não está dormindo, apenas acordou do sonho da vida".


Peace, peace! he is not dead, he doth not sleep -
He hath awakened from the dream of life -
'Tis we, who lost in stormy visions, keep
With phantoms an unprofitable strife,
And in mad trance, strike with our spirit's knife
Invulnerable nothings. -We decay
Like corpses in a charnel; fear and grief
Convulse us and consume us day by day,
And cold hopes swarm like worms within our living clay.


He has outsoared the shadow of our night;
Envy and calumny and hate and pain,
And that unrest which men miscall delight,
Can touch him not and torture not again;
From the contagion of the world's slow stain
He is secure, and now can never mourn
A heart grown cold, a head grown grey in vain;
Nor, when the spirit's self has ceased to burn,
With sparkless ashes load an unlamented urn.

He lives, he wakes - 'tis Death is dead, not he;
Mourn not for Adonais. - Thou young Dawn,
Turn all thy dew to splendour, for from thee
The spirit thou lamentest is not gone;
Ye caverns and ye forests, cease to moan!
Cease, ye faint flowers and fountains, and thou Air
Which like a mourning veil thy scarf hadst thrown
O'er the abandoned Earth, now leave it bare
Even to the joyous stars which smile on its despair!

Uma

Essa é do livro "As melhores piadas do humor judaico", de Abram Zylberstajn:
Marx morreu e foi para o inferno. O diabo não o aguentou no inferno e pediu a São Pedro para deixá-lo um tempo com ele no céu. Depois de um mês, curioso, ligou pro céu pra saber como ele estava.
- Alô, São Pedro?
- Não, é o camarada Benedito.
- São Pedro está?
- Não. O camarada Pedro está em greve e Deus não existe.



Naftalina

A cidade hoje amanheceu com um estranho cheiro de naftalina. Ou seria mofo? Ah, já sei! Foram os flamenguistas que tiraram as suas camisas do armário....

Leitura
Coluna do Artur Dapieve em O Globo. Hoje tá imperdível. Sobre o racionamento.

Música
Para hoje, o CD de Joe Cocker que tem "Marjorine", a linda "Do i still figure in your life", "Don´t let me be misunderstood", "With a little help from my friends" e "I shall be released", não deve nada disso sair do CD player neste meu dia de meia-folga (ainda tenho que escrever duas matérias frilance).
E a música do dia mesmo é "Just like a woman", na voz desse espetacular cantor britânico, que neste meu CD estava começando a carreira.

Tijolinhos
Aliás, foi o Henrique Freitas quem puxou da memória: era Roberto Carlos que cantava os versos
"Você é meu amorzinho
Você é meu amorzão
Você é o tijolinho
Que faltava na minha construção",
que eu listei como um dos dez trechos sobre amor mais bregas que eu conheço.
E a Carolina Benevides, jornalista do Extra, reclamou - com toda razão - da ausência dos versos de Markinhos (com k mesmo) Moura, "Fica comigo/meu mel". Realmente, esse não poderia ficar de fora.

Boas do Browser
Para quem gosta de crônicas, com finais inusitados, situações bizarras bem descritas e até umas pitadas de realismo fantástico, recomendo sem pestanejar (acho que é a primeira vez que uso esse verbo, ou seja, antes eu pestanejava o tempo todo, mesmo sem saber o que é isso) o blog do meu ex-parceiro de faculdade, o Henrique Freitas, que eu só consigo chamar de Coelho. Para quem não sabe, o homem hoje é editor-assistente de Cidade do Extra, depois de ter feito carreira em esportes - o caminho inverso ao meu. Coelho começou sua carreira jornalística me dando um puta de um balão. Explico: exatamente na véspera do dia em que iríamos editar uma fita (a qual ele jura que não está com ele) do nosso trabalho de Telejornalismo, o sacana tinha recebido um convite para estagiar no jornal O Dia. Teve que partir cedo para o jornal, e me deixou que nem um pastel esperando lá na faculdade - em uma época que celular era coisa de Arquivo X, portanto, não tinha como ele avisar. Ainda montamos parcerias em outros trabalhos, como o de radiojornalismo, mas aquele foi marcante, porque tiramos 10 sem nem editar a fita...
Bom, depois de expor os podres do homem, anotem aí o endereço de seu blog, o Gato da vizinha e outras bobices sem título: é http://hcf.blogspot.com. Os contos são simplesmente sensacionais. Não deixem de visitar.

29 novembro, 2001

Pressão alta e câncer de pele

Gostei tanto da coluna de hoje do Eugenio Bucci, no Jornal do Brasil, que estou copiando aqui pra quem não leu:
"Eu me lembro de um poema de Cecília Meireles sobre as escolhas. Chama-se Ou isto ou aquilo. São versos bem conhecidos, que aparecem nos livros escolares logo no ensino fundamental. Começa assim: ''Ou se tem chuva e não se tem sol/ ou se tem sol e não se tem chuva!''. Outra passagem: ''Ou guardo o dinheiro e não compro o doce/ ou compro o doce e gasto o dinheiro.'' Cecília parece falar a uma criança, mas, todos sabemos, opções de crianças, que são duras, ficam piores ainda quando a gente cresce. Por exemplo: devo cometer o suicídio agora à tarde ou deixo para domingo à noite? Ou: beijo a boca que me sorri ou sorrio para a boca que me quer beijar? Finjo que não vejo o crime que vejo ou me convenço de que não há crime algum no que estou vendo? Isto ou aquilo?
Não é fácil. A própria Cecília termina sem saber o que é melhor, ''se isto ou aquilo'', e eu também não sei. Nem me preocupo muito. Não adianta. A pior escolha é a que a gente acaba fazendo: aquela de não escolher coisa nenhuma e ir andando na esteira rolante, no trânsito, no emprego, na escola, na igreja, ir andando por estes parágrafos estranhos e inexplicáveis.
Ou melhor: essas digressões, ainda que estranhas, não são de todo inexplicáveis. Elas vêm me puxar os pés durante a noite porque foram provocadas. A culpa é dessas campanhas de saúde, inventadas pelo governo e pelas entidades médicas, que ficam aí martelando nas emissoras de rádio, na televisão, nos outdoors. Esta semana mesmo, anúncios me mandam medir a pressão. Tenho mais medo de aparelho de pressão do que de dentista. Dizem as campanhas que não-sei-quantos-porcento das mortes são causadas por essa doença, a pressão alta. Meça sempre. Catorze por nove. Nunca acima de catorze por nove. Dois números contra as minhas palpitações. Os médicos falam sua fala. ''Pratique caminhadas'', recomendam, e eu me rendo a tal ''prática'' enquanto penso no absurdo vocabular que aí se encerra. ''Pratico as caminhadas'' e transpiro ao sol da manhã, o que seria apenas um tédio saudável se não fosse a outra campanha, aquela contra o câncer de pele. O sol faz mal. O sol mata. O que faço eu? Nada mais simples, argumenta o dermatologista, ''proteja-se com um bom filtro fator trinta'', e lá vou eu correndo para a farmácia, pela sombra, enquanto penso no atropelo de substantivos que há na locução ''filtro fator trinta''. A voz médica ameaça: o ideal, claro (ou escuro), é ''não abusar dos raios solares''. O que tira toda a graça da ''prática de caminhadas''. Ou bem paro de ''praticar as caminhadas'' e não tomo mais sol cancerígeno, ou bem tomo sol e câncer. A ''proteção'' me soa impraticável. O ''filtro fator trinta'' deve ser besuntado sobre a face e também orelhas pelo menos (PELO MENOS!) quarenta minutos (QUARENTA!) antes (ANTES!) de ''a pele ser exposta aos raios etc etc''. Brincou. Nem a República brasileira foi planejada com quarenta minutos de antecedência. Parece uma inconseqüência da minha parte, mas não dá. Pra mim não dá. Concluo que há uma escolha grave a ser feita na idade adulta: ou se quer morrer do coração ou se quer morrer de câncer. A minha eleição continua sendo o suicídio embora, a essa altura, eu já tenha adiado o meu para o domingo à noite. Vejo o No limite antes e me animo.
O poema de Cecília Meireles, em sua simplicidade, deixa ver que as escolhas, pobres escolhas, não são exatamente decisões autônomas de seres emancipados que, heroicamente, criam seus próprios destinos e escrevem seus futuros ao som das trombetas. Uma escolha é menos gloriosa. É somente uma adesão patética a um discurso pronto. Ou se calça a luva ou se põe o anel (lembrando outro verso de Ou isto ou aquilo). Escolher não é se libertar. É apenas subjugar-se a um ou outro estilo que já vem definido antes de você. Como a luva. Como o anel. Os médicos e suas falas peremptórias são assim. Os discursos que eles falam os precedem e também os ultrapassam. Às vezes vejo no médico não o portador da salvação mas o portador modesto do discurso que o comanda. Nessa perspectiva (e só nessa perspectiva), a medicina não é uma ferramenta para a cura, mas a cura é que serve de cimento para o edifício ideológico da medicina. Vem daí, talvez, o senso de disciplina, ou melhor, de obediência, que caracteriza todo tratamento. O discurso médico assume o poder sobre a rotina do paciente: nenhuma cura é democrática. O tratamento decreta o estado de sítio em nosso corpo. Assim, com a licença de toda a boa intenção de todos os médicos, boa intenção na qual eu acredito, de coração, de pele, e, às vezes, de joelhos, posso dizer que o objetivo do discurso médico, para além de salvar vidas, é instaurar sobre o mundo a ordem tirânica da medicina.
Trata-se de uma utopia totalitária, de monitoramento permanente. O problema é que eles, os discursos médicos, são com freqüência contraditórios. Ou sigo o oncologista e negligencio o cardiologista, ou obedeço o ortopedista e dou uma tapeada no meu psiquiatra. Como escolher? Os subdiscursos das especialidades médicas seguem em disputa para dentro do meu corpo. Marcapassos, próteses, psicotrópicos, sondas e implantes vão agir por minha carne adentro para adequar-me à sobrevida pela qual serei grato e servil até que os olhos da morte, como um castigo, venham me descobrir outra vez, em flagrante desobediência. Meu corpo é um pobre campo de batalha. Como escolher?
Cecília Meireles que me acuda. ''Quem sobe nos ares não fica no chão/ quem fica no chão não sobe nos ares.'' Eu ouço as campanhas em prol da minha saúde, eu vejo nelas a felicidade medicinal e me sinto descarnar."
(Eugênio Bucci)



Mais uma série: palavras

Adoro a palavra sobretudo, sobretudo porque soa bem. Transcende.
Eu amo a palavra sobretudo porque é mais elegante do que a similar principalmente e valoriza o que se escreve e o que se quer ressaltar.
Engraçado como esta palavra se parece com um vestido longo, desses que ficam guardados no guarda-roupa, esperando ocasião para usá-lo, cheirando a naftalina, mas que quando usados, são deslumbrantes. Às vezes, dou uma sacudidela no vestido e retiro sua poeira habitual mas, como a palavra, não encontro ocasião para usá-los.

Pôrra, caralho

Há um tempão eu queria usar palavrão por aqui e por ali e por acolá. Sou desbocada por natureza e é chato controlar-se o tempo todo. O Gustavo tem razão quando tocou no assunto, porque não existem palavras substitutas capazes de demonstrar adoração, ódio, raiva ou decepção com tanta sinceridade.
Exemplos: o Roger chutou na trave num jogo contra o Flamengo...pôrra, pu-ta que pa-riu!; ou, deixei cair o cinzeiro pesadão no meu pé...não, não tem palavrão que alivie, serão preciso todos os palavrões juntos e um grito ajudando; ele/ela não telefonou...fôda-se! (de mentirinha, mas é bom). Tem outros exemplos, bons pra caralho, mas foda-se.
Dá um alívio gostoso...

A boa de sexta-feira

Não estou de folga nesta sexta, aliás, nunca estou de folga nem de férias, precisamente há sete anos. No máximo, quinze dias no final do ano, quem sabe? Já é alguma coisa. Informo: não estou reclamando. Muito obrigada, Senhor, pelo meu trabalho, por eu morar em Laranjeiras e ter uma bicicleta 2001 com cestinha! - pois eu devia estar contente, né? - e, nesse momento, alienadamente...estou.
Mas, voltando às vacas magras e, por que não, às gordas também, a boa amanhã para mim também será ouvir um samba, só que não da mesmo nível de uma Beth Carvalho cantando Nelson Cavaquinho. Será no Museu da Imagem e do Som, de graça e, se não me engano, teremos uma apresentação do Mestre Faísca, conhecido no meio do samba, mas desconhecido para mim. Talvez estiquemos para o Nova Capela e, quem sabe, com sorte, não encontraremos a querida Beth Carvalho, como ocorreu conosco há apenas três semanas?

A Casa Brasileira do Futebol
Gustavo de Almeida
A câmera oculta mostra uma enorme barriga, a água com o sabonete desliza, mas a sujeira permanece. Um gordo deputado sai, se enxuga, pega o óculos em cima da pia e resmunga palavras incompreensíveis. Algo como "CPI é o (piiiiiiiii). Sobem os créditos, começa a Casa Brasileira do Futebol, o maior sucesso de público em 2002.
O gordo deputado vai para a sala e encontra o presidente rubro-negro. Este se retira, dizendo, "Ricão, olha a câmera, na frente da câmera não", e vai para o banheiro e tranca a porta.
Pelo corredor, dá para ver a ex-secretária do ex-técnico da seleção, passando de roupinhas sumárias, tampando o dedo com o nariz e dizendo, "hmmmmm...que cheiro ruim...quem é que tá no banheiro?".
Na sala, em volta da TV onde passam os piores lances do Campeonato Brasileiro, os participantes respondem:
- AH!, é Edmundo! AH!, é Edmundo! Ah!, é Edmundo!
Distraído, o craque que ama o time do deputado se vira:
- É comigo?
Todo mundo responde, "dessa vez, não". Um outro com sobrenome de laticínio responde, "é teu xará que tá fazendo no banheiro o que faz no clube", todo mundo ri. Mas há um fundo de seriedade. Quem vai ser eliminado?
O ex-amigo do Rei já diz: "Tem que sair o negão, ele que toma o leite das crianças. Ou melhor, dos niños". Alguém pergunta, "O Taiguara?", e a ex-secretária do ex-técnico responde, "Não, aquele outro, o Rei, manja", e esse alguém entende.
Há quem defenda que o ex-genro do chefão deveria sair. "Ele anda mal de saúde", replica o eterno ídolo rubro-negro. "Se anda mal de saúde, não devia ficar aqui querendo administrar, já fez a maior lambança na cozinha e ainda derramou tudo no sofá da sala. Ainda bem que ele já jogou fora o sofá, para evitar que façam (piiiiiiiii)" .
De repente, entra na sala o churrasqueiro, perguntando se alguém tem um matador. "Serve o Baixinho?", e o gauchão, "Não, esse tá vacilando, tchê", e a mesma pessoa que sugeriu - o paulista que manda na área dele - conserta o erro: "Não, estou falando do interino lá da Rua da Alfândega, aquele que é prefeito", e o gaúcho, "Esse não é matador. Cão que ladra num morde", e a discussão fica bizantina. O paulistão que manda na área dele diz que vai bancar o churrasco do pessoal. Mas para pagar a conta, dá um cheque nominal para ele mesmo. "Assim não vale, o que a gente fará?". "O que a gente fará eu não sei, temos que votar quem sai da Casa ainda hoje", diz o deputado gordo. E se volta para o paulista: "O que você, fará?"
As câmeras ocultas se voltam para o quarto pintado de preto e vermelho. Um craque dos Balcãs está deitado lendo "Como fazer amigos e influenciar pessoas", enquanto dois baianos dividem um beliche. Ninguém se fala no quarto. "Será que cai?", pergunta o baiano de bigodinho na cama de cima. "Não, no final a gente impõe nosso futebol e permanece na primeira", responde o baiano baixinho. "Tou falando da cama, p (piiiiii) !!!!" , devolve o de bigodinho.
Nisso, entra o pessoal vestido de azul, para fazer a limpeza da casa. "A gente não participa muito não, toda hora querem que a gente saia, principalmente aquele lá paulista de bigode. O que a gente fará se ele expulsar a gente de novo?", pergunta o mais baixinho deles, olhando propositadamente para a câmera oculta. "Ah, sei lá o que a gente fará. Bola pra frente, ué. Querendo ou não, ele não nos fará mal. Fará?".
Subitamente, um estrondo. "O que foi isso que caiu?", pergunta o gaúcho churrasqueiro, e o eterno ídolo em vermelho e preto responde, "Eu não quero nem ver o que foi que caiu...pelo barulho, deve ser time grande..."
O gaúcho, que é o fortão da casa, e quem seleciona o pessoal na pelada perto da piscina, vai ver o que foi. E volta. "Bá, tchê, esse barulho foi a gente caindo no ranking". De repente, alguém põe um disco de tango. "Tirem essa m (piiiiiiiii)", grita o gauchão. O ex-técnico sorri ao lado, e dá uma piscadinha para a câmera. "No meu tempo a música foi outra...". O gauchão olha pra ele e manda, "bá, tchê, tás falando o quê? no teu tempo a música foi a do Jornal Nacional, bagual, te derrubaram!"
O gordo deputado começa a bater na porta do banheiro, de onde sai cheiro. "O que que tu tá fazendo aí dentro, rapaz?", pergunta, para o presidente rubro-negro. Lá de dentro vem a resposta, "Assuntos daqui de dentro só interessam aqui dentro", e o gordo deputado fica p (piiiii) da vida. "Essa frase é minha, rapaz!".
Chega o grande momento, de decidir quem vai sair da casa. O homem do baú e os da emissora platinada se reúnem em um pool para ajudar na votação. "Estão certos disso?", pergunta. O gordo deputado diz que sim, e entra na sala com a camisa mostrando o logotipo da TV do baú. Nisso, um enorme grupo de pessoas irrompe no corredor, todos carregando almofadas com escudos de clubes, megafones, bonés e bandeiras.
"Quem são vocês?" - pergunta o paulista que manda na área dele.
"Somos pessoas que vocês nunca viram", responde o rapaz que está na frente, já abrindo a porta da casa meio indignado.
"Pssiu, acho que eu sei quem são", diz o presidente rubro-negro, para o gordo deputado, de quem já se tornou grande amigo.
"Não!", responde o deputado.
"Sim, é incrível mas eles estavam aqui", diz o presidente.
"Você quer dizer..."
"Sim....são....TORCEDORES. Eu nem tinha pensado neles antes", diz o rubro-negro.
O mais enfezado deles diz, olhando para a câmera que leva imagem para o pessoal da TV platinada e do homem do baú:
"Não precisam tirar ninguém da casa. A gente é que vai embora! Isso aqui tá cheirando mal"
Todos se entreolham. Alguns gritam, "Ah, é Edmundo! Ah, é Edmundo!"
O craque animal ainda bota a mão no peito como a dizer "eu?", mas desiste.
"E agora?....", pergunta o paulista.
"Ah, sei lá, (piiiiiii)", responde o dono da casa do futebol.
O último torcedor se retira e antes de bater a porta, ainda diz:
"E tem mais: fim de semana vamos alugar filmes na locadora. Nem adianto que eu não pago mais pra ver!"
Nisso, Alexandre Frota mexe a cabeça pros lados em sinal de reprovação, olhando pros que ficaram na casa:
"Muita marra, brother, muita marra de vocês..."
Sobem os créditos. Se é que ainda há.

No metrô...

Após meia hora de espera, ela gritou “agora você vai me pagar um táxi, Vitório; tu me fizestes esperar feito uma palhaça!”. Um temporal ameaçava desabar na hora do rush daquela 4ª feira calorenta. Vitório, desconfortável, dizia “fala baixo, meu amor”. Seu amor era uma mulher baixa, usava óculos, e sua voz ecoava reclamações na plataforma do Metrô, na estação Carioca, Rio de Janeiro.
História fraca, essa de alguém gritar em público, após um dia extenuante de trabalho, pensei. E saltei.

A boa de sexta-feira
Estou de folga nesta sexta, e vou tentar andar de bicicleta ou algo assim. Mas ao cair da tarde, vou tentar fazer um programaço: ver o show no Teatro Rival em que Beth Carvalho interpreta SÓ músicas de Nélson Cavaquinho, várias delas da parceria com Guilherme de Brito. São versos do nível de "Tire o seu sorriso do caminho/que eu quero passar com a minha dor", cantados por uma artista que costuma ser fantástica em interpretações mais pungentes. Para quem não conhece o lado mais tocante de Beth Carvalho, recomendo a audição, só para começar, de "As rosas não falam", do Cartola.
Agora, tentarei chegar uma hora antes, porque Teatro Rival sexta-feira me parece ser algo semelhante a uma distribuição de sacos de Cosme e Damião em um CIEP.

28 novembro, 2001

Dez trechos sobre amor que eu acho mais bregas em música
1- "Amor I love you", Marisa Monte
2-"Deixa eu te amar, faz de conta que sou o primeiro", Agepê
3- "Eu te amo calado, como se fosse uma sinfonia", Lulu Santos
4- "Você é o tijolinho que faltava na minha construção", de quem é mesmo?
5- "Dizer que me amas, que és meu amor", Zé Ramalho
6- "Eva, o nosso amor na última astronave, pra além do infinito eu vou voar", Rádio Táxi
7- "Vou chorar, desculpe mas eu vou chorar", Leandro e Leonardo
8- "Estou mais triste, nesta triste noite fria, sem esperanças que ela volte para mim", Nélson Gonçalves
9- "Oh, meu amor, isso é amor", Gang 90 e Julio Barroso
10- "É que eu sou frígida", Blitz

Spam or not spam?
Está se tornando uma tendência perigosa isso do pessoal colocar os spams e emails com piadinhas nos blogs - pode levar a uma crise de criatividade. Mas quer saber? Fuck off. Vou colocar aqui uma que recebi do grande Flávio Pessoa, repórter classe A do Globo e um dos tricolores que mais me enchem a paciência. Leiam, que é interessante:
"O nivel de stress de uma pessoa é inversamente proporcional a quantidade de foda-se que ela fala"
Tem outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de "puta-que-pariu", falado sílaba por sílaba... Os palavrões são as melhores palavras da língua portuguesa. "Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz maior idéia de quantidade do que "pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática, física. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, entende? O "foda-se"? Existe algo mais libertário do que o conceito do foda-se?O foda-se aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. "Não quer sair comigo? Então foda-se.". O direito ao foda-se deveria estar assegurado na constituição brasileira. Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se.

Outras frases
"Sometimes when you fall, you die. Sometimes when you fall, you fly"

Mais frases
"Herói é o covarde que não teve tempo de correr"
(Millor)

Frases & frases
Os covardes não usam band-aids.

"Porque não faço resoluções de final de ano" ou "As rabanadas são as culpadas"

Nunca cumpri uma resolução de final de ano. Donde concluo que se eu não posso confiar na minha palavra, quem me dará credibilidade?
Quando eu era criança e estudava em colégio de freira, prometia no final do ano que eu iria rezar mais, ajudaria mais a minha mãe, estudaria, não faria muita bagunça e ficaria menos preguiçosa. Mas o ano se passava e eu percebia que não precisava ter feito promessa nenhuma porque já fazia tudo isso naturalmente e subordinadamente como uma criança obediente que fui. Menos a preguiça. Tá bom, a bagunça também. Mas o resto, até que cumpria. O tempo passou e eu não tive mais paciência para essas promessas de final de ano. A vida se apresentou. Passei a detestar o Natal e não acredito em Deus. Para manter a minha saúde mental e normalidade social, mantive algumas superstições, como molhar o pé na água do mar à meia-noite, usar roupas novas, não necessariamente brancas, e comer rabanada. Comer rabanada é fundamental para o meu ano correr bem. Sem elas, tudo no próximo ano é tragédia. No final do ano de 1997, por exemplo, não comi rabanadas nem no Natal nem no Ano Novo e pronto, precisei fazer análise o resto do ano para poder suportar a tristeza que as rabanadas me impuseram no ano seguinte.
Na verdade, eu sei que estarei mudada do dia 31 desse ano para o dia 31 do próximo ano (se estiver viva, dirão os incrédulos) e assim, sucessivamente (e assim espero) e sei que poderei desviar o curso de tudo o que resolver mudar no decorrer do ano que vem no que depender de mim (não devo ganhar na loto). No resto, falta-me pulso e tesão. Mas chego lá. Talvez não troque meu emprego, nem mude meus hábitos, mas sei que os encararei de outra forma.
É, minha única resolução para o ano que vem será encarar as coisas de outra forma.
...e também rir, chorar, escrever, beijar, ler, comer, parar de fumar, casar, ter um filho, não ir mais ao Mc Donald´s, não beber mais coca-cola, não deixar a roupa para lavar acumular, fazer ginástica, sair menos nos finais de semana...e ligar mais vezes para a minha Tia Julia.

Da série perguntar não ofende:

Por que as minhas resoluções de final de ano são sempre não fazer resoluções de final de ano?

Eu te amo
"Eu te amo", ele disse.
A frase cravou-lhe o peito. Sentiu-se obrigada a dizer "eu também", e sua voz saiu trêmula e baixa.
Ele não mais repetiu-lhe que a amava. E ela não mais ouviu que alguém a amava.

Lavoura Arcaica
Ontem assisti “Lavoura Arcaica” e estou com vontade de escrever sobre o filme. Há muito o que comentar. É lento e longo, mas é admirável. O texto, então, dá vontade de falar palavrão para elogiar. O Selton Mello, em ótima interpretação, às vezes fala rápido demais, é perfeito, mas eu fiquei com a sensação de ter perdido algumas palavras. É denso, abrange com intensidade as neuroses de seus personagens. A história todos já devem ter lido ou até mesmo visto, do filho que foge de casa para libertar-se do domínio do pai e do sentimento de culpa que sente por ser apaixonado pela irmã. É um drama familiar, cheio de culpas, o medo comum que se sente das mudanças, a paciência e a subordinação como caminhos de inserção na sociedade. A fuga é uma tentativa do filho para se diferenciar, para libertar-se, mas os anos pesam sobre suas costas e ele não suporta a mudança e a solidão, perde o referencial, e retorna à casa do pai tal qual o filho pródigo. Muito bom.

Boa!!!!!
No blog do Guilherme Valente, o That sounds juicy, uma nota ESPETACULAR comparando Casa dos Artistas a Carrossel, aquela novelinha de crianças que também passou no SBT há uns anos. Vale a pena ir lá. Excelente mesmo...

Semana George Harrison
Como eu disse, uma série de listas para homenagear esse genial e espetacular músico que está morrendo
As dez melhores músicas dos Beatles para pista de dança
1- I saw her standing there
2- Anytime at all
3- Taxman
4- I´m down
5- Helter Skelter
6- Thank you girl
7- The night before
8- Tomorrow never knows
9- Everybody´s trying to be my baby
10- Things we said today

Sete beijos
Eles trocaram alguns emails, e ele insistiu que não tinha jeito, ela não iria gostar dele de jeito nenhum, ainda mais porque estava com uma barriguinha de três meses - quando ela finalmente o encontrou, ainda disse que era mentira, que era uma barriga de oito meses - "Pra não dizer que já vai nascer", acrescentou a moça, depois de sorrisos e beijos.
Ele foi pegá-la na rodoviária, depois que os dois já tinham dito "eu te amo" um para o outro, frase essa extremamente grave, pesada, que só deveria ser dita um segundo antes do fim do mundo - no mínimo. Mas passaram a semana dizendo o quanto estavam apaixonados, pelo telefone, e ele depois receberia uma conta de 800 reais, e diria, "ah, foda-se".
Na rodoviária, eles se deram um beijo.
Entraram no táxi, depois que ele pegou a mala com rodinhas dela, e seu travesseiro, cujo cheiro ele jamais esqueceria - o cheiro do cansaço puro dela, gata mansa, linda, querendo dormir mais confortável que os outros na viagem, e conseguindo isso. Dentro do táxi, ele mostrou o Aterro do Flamengo e o Pão de Açúcar. "Que lindo", ela disse, com seus olhos distantes. Ele lembrou da música dos Rolling Stones, "so if you´re down on your luck/and your life ain´t worth a dime/find a girl with faraway eyes".
No táxi, deram mais um beijo.
Logo eles chegaram em casa, descarregaram as malas. Ela ligou a televisão e começou a olhar o que tinha. Olhou a casa, mas preferiu olhar os CDs depois. Pegou umas revistas. Deram o terceiro beijo, desta vez mais longo. "Fiquei com tesão", ela contaria dias depois, sobre aquele beijo.
Os dois conversaram sobre a prima dele, que tinha se casado, ela e a prima dele eram muito amigas, e há tempos não se viam. Os dois jantaram algo, talvez um filé à parmegiana ou mesmo uma lasanha. Com vinho. As bocas, saturadas dos tons, sabores, essências e bouquets do vinho, deram mais um beijo.
Eles deitaram na cama, e ele a tocou. E disseram "eu te amo" pela primeira vez estando frente a frente. Mas parecia não ser a mesma coisa - não que houvesse menos amor, ou mais, mas era diferente, como se estivessem começando a se amar de novo. Os dois pareciam estar apaixonados pela pessoa que amavam pelo telefone. Pensaram nessas duas "outras" pessoas e deram o quinto beijo de suas vidas em comum - enquanto estiveram em comum.
Fizeram um amor rápido, apaixonado, um pouco violento, passou, passou, eles se abraçaram, desesperados. Ele mais ainda. Se beijaram de novo, mas faltava mais alguma coisa.
Ouviram o disco dos Counting Crows que ela trouxera, ao vivo, e tudo começou a ficar bem, ou pelo menos melhor, de novo. Ele preferiu não tentar beijá-la.
Ela teve que ir embora. No dia do aniversário dele, e ele passou o dia fazendo isso, levando ela embora. Ouviram juntos a música do Radiohead que canta "she looks like the real thing", e ele chorou, no colo dela, porque sabia que tudo estava acabando ali, naquele momento. Preferiu chorar de uma vez, enquanto ela estivesse por perto - não deveríamos ser assim com todos que amamos, chorar em sua presença, e não quando os corpos inertes em um caixão não podem mais aprender de vida com nossas lágrimas? Sim, ele foi ao próprio enterro, mas o corpo era o dela, e estava viva.
Colocou-a dentro de um ônibus, ele teve o cuidado de comprar leito, para ela descansar - o Rio de Janeiro tinha sido cansativo, cruel, agitado demais para ela. Ele entenderia meses depois.
Um dia, ela mandou um email, dizendo que ainda havia amor. Ele pensou no sétimo beijo. Naquele dia, um time dava de 7 a 1 no outro. Ele pensou na outra, por quem estava se apaixonando. Talvez estivesse, ainda não tinha certeza. Mas tinha vontade de ficar com ela sempre, o tempo todo.
E pensou que na verdade iria mesmo é ficar sozinho. Apertou "play", e Janis Joplin começou a cantar "Maybe". E beijou a si mesmo pela sétima vez.

27 novembro, 2001

Encontros & Desencontros – 7

O despertador é programado e toca de dez em dez minutos.
Acordam relutantes a levantar-se. Imploram mais cinco minutos às obrigações diárias e, então, despertam para o dia. Café da manhã: suco de laranja, biscoito cream cracker e café servido apressado em copo de geléia. Atrasados, saem. Param na banca de jornal da esquina e sorriem porque adoram bancas de jornais, em especial, as reformadas, com ar condicionado. Ele compra seu jornal preferido de esportes, quer acompanhar seu time no campeonato, enquanto ela escolhe uma revista. Chamam um táxi. O mesmo percurso, todos os dias. Mas é só o que se repete. Não são os mesmos beijos e emoções.
Não se falam durante o desenrolar do dia. À noite, jantam juntos, conversam, assistem vídeos, vão ao cinema ou, simplesmente, descansam. Nos finais de semana escutam-tocam-olham-cheiram e beijam-se em slow motion. Às vezes, inventam uma viagem. Criam apelidos um ao outro, dão gargalhadas prazerosas e pensam felizes que o dia-a-dia é bom. Ainda não se “desencontraram”. Talvez porque exista cumplicidade de desejo de se observarem todos os dias e constatarem, juntos, novas descobertas em cada um.

Piadas e uivos
Essa também recebi no melhor estilo spam. É tão infame que quase não publico aqui. Mas vá lá.
Mônica e o Cebolinha conversando:
-Cebolinha, você come acelga?
-Sim Mônica, eu como a celga, a mulda, a sulda e até a palapléugica.

Outro momento spam

Cartas para Deus escritas por crianças:

1.. Querido Deus, Eu não pensava que laranja combinava com roxo ate que eu vi o pôr-do-sol que Você fez terça-feira. Foi demais!
Eugenio

2.. Você queria mesmo que a girafa se parecesse assim ou foi um acidente?
Norma

3.. Deus, Em vez de deixar as pessoas morrerem e ter que fazer outras novas, porque você não mantêm essas que você tem agora?
Jane

4.. Quem desenha as linhas em volta dos países?
Nancy

5.. Senhor Deus, eu fui a um casamento e eles se beijaram dentro da igreja.Tem algum problema com isso?
Nair

6.. Obrigado pelo meu irmãozinho, mas eu orei por um cachorrinho.
Joyce

7.. Deus, Choveu o tempo todo durante as nossas ferias e meu pai ficou zangado! Ele disse algumas coisas sobre você que as pessoas não deveriam dizer, mas eu espero que você não vá machucá-lo.
Seu amigo (mas eu não vou dizer quem eu sou)

8.. Querido Deus, Por favor, me mande um pônei. Eu nunca te pedi nada antes, você pode checar.
Bruce

9.. Eu quero ser igualzinho ao meu pai quando eu crescer, mas não com tanto cabelo no meu corpo.
Sam

10.. Eu penso em você de vez em quando, mesmo quando não estou orando.
Elliott

11.. Eu aposto que é muito difícil para você amar a todas as pessoas no mundo. Na nossa família tem só quatro pessoas e eu nunca consigo...
Nan

12.. De todas as pessoas que trabalharam para você, eu gosto mais de Noé e Davi.
Rob

13.. Querido Deus, Meus irmãos me falaram sobre nascer de novo, mas soa muito estranho. Eles estão só brincando, né?
Marsha

14.. Se Você olhar para mim na igreja domingo, eu vou te mostrar meus sapatos novos.
Mickey

16.. Querido Deus, Eu não acho que alguém poderia ser um Deus melhor que você. Bem, eu só quero que saiba que não estou dizendo isso porque você já é Deus.
Charles

17.. Talvez Caim e Abel não matassem tanto um ao outro se eles tivessem seu próprio quarto. Isso funciona com meu irmão.
Eddie


Da nova série: “Num ônibus...” (1)

...encontraram-se dois amigos: um professor de matemática de uma universidade carioca e um empresário falido. O professor era um japonês simpático e o empresário falido, bem, era um empresário falido. Conversaram sobre política, trabalho e bolsa de valores. O japonês chamava-se Mário e parecia levar uma vida tranqüila. O empresário falido, bem, era um empresário falido. Todos souberam que ele trabalhou na área de marketing das principais emissoras do país, até que abriu uma empresa para explorar a internet e ganhar U$ 1,5 milhão e meio. Mas não deu certo. E por isso ele estava sentado num ônibus de cadeiras azuis, com um motorista pesado e grosso, às duas horas da tarde de uma segunda-feira, voltando de uma entrevista para conseguir um emprego.
Pensei “preciso fazer tai-chi”, e saltei.

Pequeno momento spam
Recebi e achei legal.

Laura Schlessinger é uma personalidade do rádio americano que distribui conselhos para pessoas que ligam para seu show. Recentemente ela disse que a homossexualidade é uma abominação de acordo com Levítico 18:22, que não pode ser perdoada em nenhuma circunstância. O texto abaixo é uma carta aberta, enviada para a Dra. Laura por um cidadão americano e também disponibilizada na Internet.
"Cara Dra. Laura,
Obrigado por ter feito tanto para educar as pessoas no que diz respeito à Lei de Deus. Eu tenho aprendido
muito com seu show, e tento compartilhar o conhecimento com tantas pessoas quantas posso. Quando alguem tenta defender o homossexualismo, por exemplo, eu simplesmente o lembro que Levítico 18:22 claramente afirma que isso é uma abominação. Fim do debate.
Mas eu preciso de sua ajuda, entretanto, no que diz respeito a algumas leis específicas e como seguí-las:

a) Quando eu queimo um touro no altar como sacrifício, eu sei que isso cria um odor agradável para o Senhor (Levíticos 1:9). O problema são os meus vizinhos. Eles reclamam que o odor não é agradável para eles. Devo matá-los por heresia ?
b) Eu gostaria de vender minha filha como escrava, como é permitido em Êxodo 21:7. Na época atual, qual você acha que seria
um preço justo por ela?
c) Eu sei que não é permitido ter contato com uma mulher enquanto ela está em seu período de impureza menstrual (Levíticos
15:19-24). O problema é: como eu digo isso a ela ? Eu tenho tentado, mas a maioria das mulheres toma isso como ofensa.
d) Levítico 25:44 afirma que eu posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, se eles forem comprados de nações vizinhas. Um amigo meu diz que isso se aplica a mexicanos; porto-riquenhos; jamaicanos e outros latinos, mas não a canadenses.
Você pode esclarecer isso? Por que eu não posso possuir canadenses?
e) Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados. Êxodo 35:2 claramente afirma que ele deve ser morto. Eu sou moralmente obrigado a matá-lo eu mesmo?
f) Um amigo meu acha que mesmo que comer moluscos seja uma abominação (Levíticos 11:10), é uma abominação menor que a homossexualidade. Eu não concordo. Você pode esclacer esse ponto ?
g) Levíticos 21:20 afirma que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver algum defeito na visão. Eu admito que
uso óculos para ler. A minha visão tem mesmo que ser 100%, ou pode-se dar um jeitinho?
h) A maioria dos meus amigos homens apara a barba, inclusive o cabelo das têmporas, mesmo que isso seja expressamente
proibido em Levíticos 19:27. Como eles devem morrer ?
i) Eu sei que tocar a pele de um porco morto me faz impuro (Levítico 11:6-8), mas eu posso jogar futebol americano se usar luvas?
(As bolas de futebol americano são feitas com pele de porco)
j) Meu tio tem uma fazenda. Ele viola Levíticos 19:19 plantando dois tipos diferentes de vegetais no mesmo campo. Sua
esposa também viola Levíticos 19:19, porque usa roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido (algodão e poliester). Ele também
tende a xingar e blasfemar muito. É realmente necessário que eu chame toda a cidade para apedrejá-los (Levítico 24:10-16)? Nós não poderíamos simplesmente queimá-los em uma cerimônia privada, como deve ser feito com as pessoas que mantêm relações sexuais com seus sogros (Levíticos 20:14)?
Eu sei que você estudou essas coisas a fundo, então estou confiante de que possa ajudar. Obrigado novamente por nos lembrar
que a palavra de Deus é eterna e imutável.
Seu discípulo e fã ardoroso.
obs: Nome mantido em sigilo"




Timidez

Era vergonha o que ela sentia. Suas pernas magras, compridas e brancas, seu joelho grande, sua altura desajeitada. Por vezes cruzava os braços, aparentando antipatia. Não sabia como portar-se. A velha inquietação dos tímidos e onde colocar suas mãos. Sentia-se desconfortável. Parava, olhava. Se alguém a examinava, ela disfarçava, coçava a cabeça, envergonhada. Instantaneamente, sorria. Mantinha os cabelos negros sempre compridos, estratégia para não destacar seu rosto. Bonito o rosto dela. Por que bonito? Talvez pela sua tranqüila ingenuidade. Falava baixo, insegura. Caminhava cabisbaixa, observando pedras.
Ninguém acreditaria no que ela vivera. Que um dia pisou firme o último degrau, apressada e entusiasmada que estava para entregar-se. Disposta a ir até o fim. Aos dezoito anos teria, enfim, sua primeira experiência sexual. Parou à porta dele. Era ele. O mágico do sexto andar. Com sua cartola, coelhos e truques, iria experimentá-la. Um mágico. Doce espera por um gosto diferente em seu paladar. Ela iria prová-lo. Hesitou à porta. O dedo indicador em riste, apontando a campainha. Deveria desistir? Não. Já estava ali. Era metódica. Jamais começara qualquer coisa sem terminar. Esperava, por isso, nunca começar a matar ninguém. Enfim, ouviu o barulho soando. Fez o sinal da cruz, respirou fundo, como uma jogadora de basquete concentrada para fazer uma cesta de falta, e aguardou.
Ele abriu a porta rápido, como se estivesse logo atrás, vigiando tudo, ansioso. Curvou-se estendendo o braço direito e ofereceu-lhe a casa. Sentaram-se no sofá, acanhados. Ligaram o rádio para aliviar a tensão. Sabiam o que queriam fazer mas não conseguiam encostar-se. Tocavam-se com olhares luxuriosos de diamantes. O calor daquele verão levara milhares de pessoas à praia naquele domingo ensolarado. Mas os dois estavam rindo no sofá da sala de um minúsculo apartamento em plena Praia do Flamengo, e sequer seguravam-se as mãos. O mágico pegou a cartola, fez um número. Ela sorriu, mas não prestou atenção à mágica. Repete, pediu. Ele refez. Coragem, ele pensou. E, sem pensar muito, ele deixou a cartola de lado e ajoelhou-se no chão; seu rosto sobre os joelhos brancos e grandes. Ela usou suas mãos trêmulas para mexer em seus cabelos e trazer aos seus os lábios dele e começaram, enfim, a beijar-se.
Ela não lembra como, mas contou ter acordado com gosto de amora na boca e um cheiro homogêneo de suor em seus cabelos quando ele, da porta do quarto, fotografava toda a sua timidez.

Pros que estão em casa
Uma homenagem ao guitarrista, baterista e jornalista André Machado, que eu mesmo apelidei de "The Axe" (O Machado) pela maneira singela com que detona pratos e bumbos na bateria: um texto inédito dele, sobre a importância do rock and roll para a alma dele, e para todas.

AVE AEROSILVA (Ou: de como o rock-testosterona salvou uma vida)
por André Machado

Minha mãe tinha um violão, mas eu nunca dera atenção a ele até meus onze anos. Foi quando a turma do prédio começou a estudar violão com uma professora, e me perguntaram se eu não queria aprender também. Até então, curiosamente, minha vida fora uma grande redoma de silêncio. Eu não ligava para nada em especial em música, quando muito algumas coisas legais da Jovem Guarda, quando o Rei era realmente o Rei.
Quando comecei a aprender, tudo mudou da noite para o dia. Passei a ficar com o ouvido grudado no rádio, tentando imitar tudo o que é música. Em pouco tempo tirava as canções sozinho. Cheguei a dar um show com os amigos e fiquei empolgadíssimo.
Quando ganhei minha primeira vitrola, um modelo Philips portátil, já tinha começado a ficar fissurado em rock and roll, isto é, no que ouvia nas novelas, na TV. Não conhecia nada de nada ainda. Mas tive a bênção de ganhar, como primeiro vinil, em meu aniversário de doze anos, "Os grandes sucessos de Bill Haley and His Comets". Pirei. O disco virou figurinha fácil nos hi-fis da época. Depois vieram Elvis, Slade, Kiss, AC/DC, Deep Purple & cia, e me viciei sem volta nas guitarras.
Como não podia deixar de ser, assim que consegui juntar algum, aos dezesseis comprei minha primeira guitarra, uma Felpa Coronado ou Apache verde, rosa e preta (!!!!). Uma verdadeira "bicheira", mas para mim o som era de outro mundo. Agora era montar uma banda de rock. Aí começou meu calvário. Entrei para uma banda cujos integrantes eram incríveis, mas os gostos musicais não se encaixavam. Durante anos a fio a amizade falou mais alto e toquei e compus de jazz a samba, passando por MPB, boleros, baiões e mais o que se possa imaginar -- tudo em nome da diversidade e da união. Havia até um rock ou outro, mas nada que conseguisse saciar minha sede de pauleira.
Tentei outros projetos, um de MPB, outro de punk, enquanto a banda original trocava de formação mas mantinha a falta de identidade musical. Por fim, já trabalhando como jornalista (a música sempre foi uma estrada empírica e paralela em minha vida, apesar de tudo -- mesmo com todas as minhas hesitações ao longo dos anos, hoje sei que não podia deixá-la tornar-se uma profissão: ela faz parte de outra realidade), decidi acompanhar um remanescente da banda, grande figura, para não enferrujar meus
dedos e manter a chama acesa. E eis que, hoje, prestes a chegar aos 39 e adentrar a seara dos "enta", minha vida foi salva miraculosamente por dois animais roqueiros, Marlos e Gustavo.
Um sucinto e-mail me perguntou, em meados de 2000, se eu não queria trocar a guitarra pela batera (o que eu já tentara no projeto punk) num power trio de raiz, cheio de testosterona e baseado nos Imortais: Stones, Who, Doors, Hendrix, Rory Gallagher... Topei na hora, sem saber se conseguiria. Mas o primeiro ensaio foi uma tempestade eletroquímico-musical. Parecia que tocávamos juntos há anos. Um puxava um som, o outro gritava "essa eu sei, peraí" e a coisa fluía, regada sempre a generosas doses de álcool. Nada de sobriedade no roquenrou, man.
A vida hoje em dia está bem longe daquela redoma dos meus onze anos. Não haverá mais silêncio, a não ser aquele que antecede o próximo rock, ou o que às vezes nos toma de assalto quando fumamos um cigarro entre uma jam e outra. Não sabemos o que dizer, talvez porque os corações estejam urrando e prefiram evitar a tergiversação das palavras. E, se algum dia houver um show do Aerosilva (nome nada original, mas já pegou), ele não terá plano nenhum, apenas o reagrupar de cacos, porradas e desilusões de três almas. E tudo será impiedosamente lançado a uma pira funerária ao primeiro ranger distorcido de um acorde.

Semana George Harrison
Em homenagem ao genial beatle que está no fim de seus dias, listas sobre as músicas dos fab four.
Dez músicas dos beatles para fazer chorar
1- The long and winding road
2- Across the universe
3- For no one
4- Because
5- Oh darling
6- Golden slumbers
7- You never give me your money
8- She´s leaving home
9- A day in the life
10- When i´m sixty-four

As melhores frases sobre Ismos
Sobre RegionalIsmo:
"Paixão por mulher com sotaque só dura dois meses"
(Vinícius de Moraes)

Longe
Pensou na Terra. Isso, o planeta inteiro. Bilhões e bilhões de pessoas. Pensou em si, no meio dessa zona toda. Calculou. Sim, era querer demais. Ao lado, logo ao lado, estar ali, de bandeja. Deveria no mínimo estar no Nepal, pensou.
Será? Quem é que consegue achar, no meio de tanta gente, e como saber que é mesmo? Bom, pensou, tomara que ela pelo menos more ao alcance de uma ponte aérea, para a gente se ver nem que seja nos finais de semana.
Clicou em "send/receive". Apareceu, "No new messages", e ele levantou e foi pegar mais três cubos de gelo para o seu mate. Estava calor.
Foi quando clicou de novo em "send/receive" e apareceu a faixa azul escura, "recebendo mensagem", e demorava pacas. Não, não deve ser nada de mais, ele pensou.
Esperou.
Estava escrito um monte de palavras e também um "eu te amo". Não era vírus nem spam.
Não, não pode ser de perto, seria muita coincidência, pensou de novo. Pensou na Terra, nos números, na impossibilidade, no quão remoto era ter alguém ideal vivendo perto da gente, neste imenso globo de terra, pedra e lágrimas, e disse, deve ser trote ou coisa assim.
Ao fundo, tocava uma música, talvez "don´t let the sun go down on me". Era meio melosa. Ele leu a mensagem,. trocou fotos com ela, algumas palavras. Dia seguinte, foi embora.
Deixou apenas um web mail para os amigos e prometeu que de vez em quando abriria para ver se tem alguma mensagem. "Acho que lá tem computador", ainda disse, pelo telefone de uma rodoviária, ao melhor de seus amigos. "Lá aonde?"
Desligou.

O descobridor dos sete bares - 2
O velho Dauphine
O Dauphine (pronunciávamos Delfine) ficava na esquina da Rua Barão de Ipanema - que fica em Copacabana - com aquela primeira paralela a partir da praia, que se não me falha a memória (ela falha) se chama Aires Saldanha. Bebia pelo menos duas vezes por semana o excelente chope da casa, invariavelmente arrematado com uma pizza cuja muzzarela era capaz de atrair até mouse de computador, se me permitem o trocadilho. Era mais um daqueles bares onde Paulo Nei e sua turma conheciam do gerente até o proprietário, passando obviamente pelos garçons e de quebra dando um "oi" para o flanelinha.
Não raro, depois de uma carraspana dos infernos no Dauphine, íamos aterrissar no Mondego, eu e a turma lá de Copacabana que misturava pessoal que gostava da UDR com uma outra galera petista - o que só provava que a cachaça boa não tem cor e muito menos partido. O Mondego ainda existe, até hoje, ali na Avenida Atlântica, perene, como se vivesse apenas para que gastemos menos uma lágrima na hora de recordar.
Mas o Dauphine hoje não é sequer um retrato na parede. Passando por ali dia desses me lembrei daqueles dias de 1989, pré-campanha eleitoral, todo mundo pensando em mudança (e de fato o Brasil mudou), acho que sequer existia celular para nos achar no meio do porre, internet não era nem sonho, e o que a gente fazia, bem, vocês sabem, era beber.
Noite após noite, os porres acabavam com vômitos mútuos, garçons impacientes para ir embora, contas confusas e juras de amizade eterna. Alguns daqueles com quem eu bebia, eu não vejo há pelo menos dez anos.
O Dauphine é isso: uma prova da minha velhice - mas nunca de maturidade. Quando a gente diz que não vê alguém há mais de dez anos, e quando alguém pergunta de onde você conhece esse alguém, e você responde, "de um bar que não existe mais", bom, dá um nó na garganta.
A juventude escorria por aqueles copos amarelos, sem dúvida. Apesar de todos serem completamente loucos por mulher, todos passavam as noites em claro e em paz de espírito, plenos em sua solidão, sem lamento ou recordação - ainda não se tinha vivido, ainda não se tinha morrido.
Hoje, algo já morreu - nem que seja o Dauphine.

26 novembro, 2001

O meu Flamengo
Nosso blog - meu e da Alessandra - teve 1.100 visitas em 24 dias. Destas, com certeza 200 foram minhas e da Alessandra, portanto são 900 visitas aproximadamente. Considerando que algumas pessoas entram sempre, eu calculo que hoje devemos ter em torno de 50 leitores - no máximo 30 deles assíduos.
Entre estes, duvido que haja quórum suficiente para motivar tanto Alessandra a sacanear o Flamengo. Portanto, estou começando a desconfiar que ela gosta de sacanear ao meu Flamengo, e não o dos outros.
E o que mais me surpreende é que eu não me irrito tanto assim - sendo Alessandra uma criatura extremamente doce, até mesmo as alfinetadas dela em minha direção são sentidas como gesto de carinho. Ou tudo isso, ou eu ando vendo Alessandra com lentes cor de rosa - deve ser por causa da "companhia" que ela me faz todos os dias aqui nesse blog.
Ela me irrita, e não é que volta e meia no fim de semana - quando ambos estamos desconectados da internet - eu me pego puto da vida de saudades dela? É a vida.
Ano que vem o meu Flamengo sai desse buraco - e aí quero ver essa Alessandra...

Um dia, uma ressaca
Amanhecera e a cabeça de Maria não parava de doer. Passara a noite em claro. Deitara-se na sua cama improvisada no chão frio da sala e escutara o barulho do temporal durante um longo tempo. Seus amigos deveriam estar na festa, mas chovia tanto, ela pensou. Não queria estar com eles. Tomara duas aspirinas, bebera muita água, e nada. Enquanto a testa latejava de dor, o sono tentava dominar-lhe. Estava com olheiras profundas, meio desleixada, cabelos sujos. Apática, não queria dormir. “Tenho medo de pesadelos”, e levantou-se. Choramingou baixinho na janela para não acordar os irmãos e a mãe. Fechou os olhos e tudo o que sentia era um cheiro de terra molhada nas narinas. O dia amanhecera bonito, azul, mas faltava alguém. Sentiu-se estranha e viva. Ela não bebera uma gota de álcool no dia anterior, mas chorar de saudade foi a pior ressaca da sua vida.


2 x 0

O Flamengo não é meu assunto preferido mas, vá lá, merece comentário. Independente de ir ou não para a segundona – não acredito que caia – o que vale mesmo para nós da torcida arco-íris é implicar, perturbar, chutar o cachorro morto, encher o saco e gritar “timinho” no Maracanã.
E sem essa de dizer que é recalque porque o Fluminense foi para a Terceira Divisão. Na verdade, irritar flamenguistas é ótimo.

Spam Zine

Eu também recomendo o Spam Zine. Não li tudo, mas posso adiantar que adoreia crônica de Paulo Triguet, “velho de pijama no bar”, os Cacos e Super-bonder, da Suzi Hong e o editorial do Alexandre Inagaki. Me conquistaram mesmo.

Músicas
Simplesmente inacreditável. Eu em casa, Alessandra no trabalho, e nós dois postamos, ao mesmo tempo, sem combinar, textos falando de músicas de fossa.
Sim, é mais fácil acreditar em coincidência. Estou nessa.

Para ouvir antes do trabalho
A caixa "Noel pela primeira vez". Sem comentários. Biscoito finíssimo, com TODAS as espetaculares composições de Noel Rosa, "Último desejo" com Aracy de Almeida, "O século do progresso", "Feitio de oração", "Três apitos" (acho que é minha preferida), e a belíssima "Pra que mentir?" (Pra que mentir/Se tu ainda não tens/a malícia de toda mulher/Pra que mentir/Se eu sei que gostas de outro/Que te diz que não te quer?/Pra que mentir tanto assim/Se tu sabes que eu já sei/Que tu não gostas de mim?).
Bom, a minha eu comprei no início do ano, no Submarino e estava em promoção, por 240 reais. Parcelei e tudo - vale a pena, é algo para o resto da vida e um pouco mais.

Eu não sei o nome, mas hoje estou com essa música do Nelson Cavaquinho na cabeça; e vale a pena:

Aquele bilhetinho que você mandou para mim
dizia simplesmente
“o nosso amor chegou ao fim”.
Você não imagina o grande mal que você me fez,
estou sem amor outra vez.
O tempo é o aliado de quem sofre por amor,
espero você seja lá como for.
Eu reconheço, terminou nossa amizade,
eu fui culpado em dar-lhe tanta liberdade.
Ai ai ai, meu Deus,
minha vida tem sido um rosário de espinhos,
eu bem sei que não mereço mais os seus carinhos.


Segunda-feira barulhenta

Buzinaço de taxistas na Avenida Rio Branco, engarrafamento, começou agitada a manhã de segunda-feira, mas esquecendo esta zoeira toda, bom dia, Gustavo! Muito obrigada pelo esforço desprendido para conseguir incluir o meu gato no blog, muito bom!

Antes de mais nada
Antes de ir dormir, antes de pensar, antes de acordar para esta segunda feira:
BOM DIA, ALESSANDRA.

Vamos lá, atualizar os bookmarks
O meu já está atualizado. Com o quê? O endereço do novo site do SPAM ZINE, que vem a ser, anote aí, http://www.spamzine.net. Tem tudo, os textos todos que já saíram, em diversos tipos de arquivo e você ainda conta com o cadastro de email para poder receber todo domingo à noite alguns textos para deixar sua alma mais leve ou no mínimo mais feliz consigo mesma, igual dondoca saindo do cabeleireiro.
Alma? Dondoca? Cabeleireiro?
É, foi mal, gente. Deve ser o plantão.

Idéia legal
Peguei o gif abaixo do site do parceiro Rafael Rosenhayme, achei a idéia legal. Em geral tenho grande repugnância dessas campanhas publicitárias cujo único objetivo é CAGAR REGRA para cima da população, e dizer como as pessoas têm que reagir em geral. Na década de 80, no finalzinho, teve uma das campanhas mais cretinas que eu já vi em toda a minha vida, que era de um jeans ou bosta parecida, chamado "Wolens".
A campanha dizia o seguinte: "Vamos dar um jeito no jeitinho". Chamando todos nós de safados, ladrões, estelionatários, aparecia um cara fazendo um olharzinho irritante de reprovação.
O criador do gif abaixo se inspirou em campanha recente, que mostra pessoas bonitas, saudáveis, ricas, bem resolvidas (tipo a gente fina Babi da MTV, que eu entrevistei uma vez), dizendo "xô, baixo astral".
Numa boa? Xô baixo astral é o cacete. Isso não se diz, se faz. Por isso, a campanha abaixo pega os dedinhos em forma de cruz da original só que usando o clássico dedo médio, reparem.

25 novembro, 2001

Contestação é isso aí
Sobra para todo mundo: Veja, Abril, Jô Soares, Playboy, JB, jornalistas, repórteres....O blog Imprensa Marrom não é feito por jornalistas, ao que parece. Mas por leitores/espectadores meio de saco cheio com a conjuntura atual. Nem sempre os caras acertam, como quando criticam o fato de jornalistas "escreverem o que o patrão manda" (Como disse o Millor, "herói é o covarde que não teve tempo de correr). Ora, quem conhece a profissão sabe que isso não é passivo de crítica - o que nós criticamos é o puxa-saquismo em geral. Escrever o que o patrão manda é uma triste realidade, mas é a forma de profissionais manterem o emprego.
Tudo bem, uma hora o cara pode chegar e chutar o balde, a alma tem que estar em primeiro lugar.
Mas é um blog bem legal, apesar disso, e eles também elogiam "Casa dos Artistas", que para mim deveria ser o principal assunto das mesas de bar e simpósios em universidades.

Uma boa dica para pelo menos 20 minutos de diversão
Um blog somente de listas. Recebi um email extremamente cordial (acredito que deva vir de um paulistano, sou carioca, moro no Rio, mas reconheço nos paulistanos uma grande tendência à cordialidade) do editor do blog Reivax, consultando sobre a utilização das minhas listas, entre elas a das dez mais do Roberto para o momento de fossa. Claro que não me importei, achei legal, e fui lá ver o blog. Um barato. O cara selecionou em vários outros blogs algumas listas interessantes como "Dez coisas ruins da universidade pública" ou "Dez coisas que vejo no Metrô".
Vão lá: http://reivax.blogspot.com/. Diversão garantida.

24 novembro, 2001

Depois de muita luta
O grande blogueiro e colunista do caderno de Informática de O Globo, o lendário Sérgio Maggi, é que conseguiu a façanha de publicar a foto do Billy Negão, o gato da Alessandra. Os comandos são simplesmente iguais. Acho que a falha mesmo é dos servidores de fotos que eu estava usando, e não propriamente minha. Mas aí vai o gato:


Opa, peraí
Vi no bom blog Piores Blogs (bem interessante), um comentário sobre a história da Soninha e da Época que reproduz o que têm sido falado por aí: a velha canção da ética na imprensa e "tadinha da Soninha, foi enganada". Opa. Peraí. Sou jornalista e geralmente sou o primeiro a falar que a gente age errado em alguns casos, que expõe a vida pessoal e profissional de alguns às vezes desnecessariamente, e tudo o mais. Só que dizer que a Soninha foi "ludibriada" é acreditar demais tanto na má fé da galera da época (só para início de conversa, é onde trabalha o Marceu Vieira, que além de ser um dos melhores textos do Brasil e um repórter nota 100 é um cara de uma correção e bom caráter absolutos. Marceu não aguentaria ficar muito tempo na Época se ali fosse um ninho de víboras) quanto na ingenuidade da Soninha, que vive no meio da imprensa há anos, é colunista da Folha, trabalha na ESPN Brasil e na MTV.
O que entra em discussão não é a qualidade da Época ou o bom gosto da capa. A discussão é saber se a Época agiu sem ética. E na minha opinião, não houve problema ético algum. O cara dá a entrevista, aceita as regras, e a revista coloca a entrevista onde bem entender. Se o cara não quiser, simplesmente não fala, dane-se. O Chico Buarque, por exemplo, não fala com a Veja.
Sinceramente, todas aquelas pessoas na capa da Época falaram, sim, que fumam maconha. A esta altura do campeonato, em que há PL em andamento sobre a descriminação da maconha no Congresso, não é possível que alguém ache que a declaração de que fuma maconha será usada num pé de página. Dentro da matéria há outras pessoas que até posaram para fotos, dona de loja, de griffe, e tenho certeza de que elas sabiam que a foto sairia ao lado da declaração.
Se a gente ficar com esse discurso de que qualquer coisinha que desagrade o entrevistado agride a ética da imprensa, tendemos todos a nos tornar uns bunda-moles. Para ser jornalista é preciso ter firmeza. Senão daqui a pouco você entrevista alguém, no dia do fechamento o entrevistado liga e diz, "ah, retiro tudo que eu falei", e fica por isso mesmo.
Eu espero que a hipocrisia, nesse caso, seja apenas da lei que - infelizmente - a TV Cultura foi obrigada a obedecer, a de não poder manter funcionários que assumam "crimes" publicamente. Senão o mundo fica mais sem graça - imagine o Pedro Collor dizendo "puxa, sacanagem, eu queria denunciar meu irmão Fernando mas no sapatinho, precisava a Veja me colocar na capa, fazer um estardalhaço?".
Difícil, né?

Uma para pensar
"O único remédio para a alma são os sentidos; o único remédio para os sentidos é a alma"
(Oscar Wilde)

Spam Zine de cara nova
Se alguém conseguiu se viciar neste nosso blog, é com certeza alguém que se viciaria muito mais no Spam Zine, criação genial dos multitarefas (escritores, jornalistas, poetas, músicos, roqueiros) Alexandre Inagaki, Orlando Tosseto Júnior e Suzi Hong - entre outras feras que devo estar esquecendo aqui no momento. Mas os três são os que eu mais leio, e são espetaculares. O SPAM ZINE é enviado todos os domingos, basta você entrar aí no link do mesmo e cadastrar seu email. Os textos são de satisfação garantida.
Neste fim de semana, o SPAM ZINE terá algumas mudanças, e eu fui instado a enviar um texto. Como sempre, atrasei. Mandei na madrugada deste sábado o texto abaixo, inspirado em uma cena que vi no Metrô na noite de quinta-feira.
Mas não é nada que se compare ao material que você vai encontrar no SPAM ZINE. Sempre que sou convidado e mando algum texto para lá me sinto como o Ronaldinho em 1994, o garotão iniciante no meio das feras (Bebeto, Romário em forma, Mazinho, Branco, Aldair em forma).
Já estou aguardando ansiosamente o deste domingo.

Entre a loucura e a solidão

Lado de baixo

Tudo, tudo porque a vida se tornou comum. Ou menos que isso, ou outra palavra mais entediante do que "tediosa", enfim, tudo isso, e que às vezes o levava a dizer a frase "O mundo não é o melhor lugar que existe para se viver", ou coisa assim - ou seria "não é um lugar legal"?
- Você tem uma pinta bonita aqui no pescoço - ele disse, diante da estranheza dela, quem era esse que ficava olhando-a, ela que estava tão infeliz? Não, não olhe para os infelizes, eles têm vergonha do seu estado indiferente e banal. Mas ele olhava diferente.
- Quer uma bala? Essa é daquelas fortes, heim? Ela só olhava, recusando com a cabeça. No Metrô tem cada maluco, ela
pensou, mas esse até que era simpático, bonito, branco, ocidental, bem vestido, todas essas coisas que fazem a gente perder o medo do nosso semelhante. Principalmente da parte dela, arquivista cansada, aos 40 anos, separada e sem filhos, sabendo que a vida acabou ficando isso mesmo, tudo parou, não dá mais para sonhar - férias de 12 em 12 meses, o Natal, a família, o Carnaval e está bom assim, pouca coisa muda. E de vez em quando comprar o último CD do Roberto.
"Próxima estação, Uruguaiana, desembarque pelo lado direito, atenção para o vão entre o trem e a plataforma".
- Você vai saltar aqui no Centro? A gente podia tomar um sorvete.
Ela lembrou que devia ter uns dez anos que ela não tomava um sorvete. Talvez porque tivesse tirado férias no inverno, e aí perdeu a vontade, o frio a intimidou - como tudo, no mais. Tinha sido um dia quente de verão no Rio de Janeiro, ela bem que sentiu vontade, mas ainda estava com medo do rapaz.
- Por que você não fala nada?
Ela sorriu, pensando em dizer algo, e com o sorriso acabou dizendo muita coisa, no fundo a vida tinha uma finalidade ali, naquele
momento. O sorriso de uma mulher para um homem, no final acabava tudo em líquidos, gozo, ejaculação, mas se o caminho fosse o mais tortuoso - diria romântico - a dor da racionalidade vital seria superada. Ela sorriu, e ele também.
- Me dá um beijo?
Ele estava ousado, mas era assim que se sonhava. Ela, triste, chamou a atenção dele, que viajava em pé, e minutos antes tinha entrado na estação Afonso Pena. Começou a olhar pelo vagão, viu diversos tipos, homens rudes, rapazes simples, negros com roupas de oficinas, senhoras idosas, e de repente a viu, com uma sacola de loja na mão, onde levava suas coisas
e pastas, e uma bolsa na outra, e no rosto apenas uma desesperança sem alarme, um sentimento mais neutro ainda que o conformismo. Era aquilo mesmo, seu emprego, sua casinha, a TV, a novela. E se fosse no século retrasado, quando não tinha TV? Seria o que? Ela não pensava nisso, tudo está bem diante da TV.
- Ah, vai? Dá um beijo?
O hálito do rapaz era fresco, talvez por causa da bala. Seus olhos eram castanhos - há muito tempo ela não via os olhos de um homem assim tão de perto. Ela não sabe se por causa dos olhos, mas sentiu vontade de trepar com ele, abrir as pernas e deixar ele invadir, dominar, dizer palavras sujas. Com todo esse pensamento, sua calcinha ficou molhada.
"Próxima estação, Flamengo, desembarque pelo lado direito"
- Fica com meu telefone?
Ela até concordou, ele anotou o telefone no papel da bala, ela guardou. Antes de saltar no Flamengo, ele foi mais ousado e deu um beijo no pescoço dela, perto da pinta. Ela fez uma cara de desagrado, não gostou dele ter roubado um beijo.
Naquela noite, ela ficou olhando para o papel em cima da mesa solitária da sala. Nem ligou a televisão. Se masturbou como há muito não tinha coragem de fazer, e foi dormir.
Quando acordou, não achou o papel com o telefone do rapaz. Tudo bem, pensou. A vida é essa mesmo, meu emprego, minha tv, minha casinha. Olhou para o relógio. Era domingo e não tinha Metrô.

What´s the story (morning glory)?
Ouvi hoje. Passei o dia com "Some might say" na cabeça. Bem, boa noite. Ou dia, sei lá.

Jogando a toalha
Depois que apareceu, lá embaixo, o símbolo da FOTKI, onde tentei hospedar a foto do gato da Alessandra, joguei a toalha, assinei o atestado de retardamento mental e apelei pro Sérgio Maggi. Estou mandando o link para a foto e pedirei que ele tente me mandar o comando. Realmente não deu. Em pouco mais de doze horas, tentei umas 120 combinações com comandos de HTML, nos dois servidores, Fokti e Terra. O máximo que consegui foi isso, que deixarei lá embaixo como prova da minha insanidade.
Certo está o Gambardella: software é o que você xinga, hardware é o que você chuta! Viva a vida desplugada!

23 novembro, 2001

Nova série: O descobridor dos sete bares (1)
O primeiro bar a ser abordado nessa nova série não existe mais - o Bukowski. Mas aproveito a ocasião para dar uma nota que vai encher de alegria os antigos freqüentadores desse inesquecível bar: com um formato diferente, mas espero, com a mesma alma, o bom Bukowski vai reabrir, ali na Rua Paulino Fernandes, em Botafogo. E mais não posso falar.
A minha bebida preferida no Bukowski era o Jack Daniel´s, sempre servido em doses eqüinas pelo pitoresco barman Diniz, de Moçambique. Tanto que durante dois anos usava o nick name Jack Daniel´s quando entrava em algum chat - hábito que, diga-se de passagem, considero pavoroso e que não faço mais.
Raramente comia alguma coisa no velho Buk, porque ficávamos lá em cima, ouvindo som, dançando. Festas memoráveis aconteceram naquela pista, e quando me recordo, não sei, parecia que estávamos em algum filme. No Bukowski era possível estar perto de todo mundo e ao mesmo tempo estar longe dos chatos. Aliás, poucos chatos frequentavam aquele lugar.
Me recordo de quando voltamos, eu e o grupo de sempre da época, da inesquecível festa de Humberto Tziolas lá no alto da Stefan Zweig em Laranjeiras. Chegamos por volta de cinco e meia da manhã no Bukowski. O caixa fechando, tudo vazio. Pulamos o balcão e começamos a beber. Me lembro de ter me servido de Jack Daniel´s em uma tulipa de chope. Comentário da Cris, dias depois: "Gente, o pessoal que vê a gente fazer essas coisas deve pensar que a gente cheira cocaína". Verdade. Virávamos praticamente todas as noites. Na maioria das vezes, saíamos do Bukowski quando as primeiras barracas da feira livre de sábado começavam a ser armadas. E nunca nenhum de nós sequer chegou perto ou cogitou usar cocaína. Era tudo no peito, na raça e na cachaça.
Foram várias noites históricas. Um desceu dando porradas em poste por causa da ex-namorada. Outro saiu carregando oito pessoas num carro pequeno com a bandeira da Irlanda do lado de fora. Todos prometeram um dia roubar o tigre de plástico que ornamentava o posto 24 horas na rua próxima. Outros prometiam fazer um filme com a história do bar. Tudo, tudo o que foi visto, proposto e assumido se perdeu no vazio, quando o bar foi fechado.
Mas eu garanto que um dia a gente ainda rouba aquele tigre.



Da série perguntar não ofende
Por que só faz sol no meu plantão?

Da série perguntar não ofende

Por que as frentes frias nuncam chegam às segundas-feiras?

A foto do gato
Tudo parece ter ficado para trás. Não consegui colocar no ar a foto do gato da Alessandra, e está difícil de conseguir. Vou pedir ajuda aos amigos, mandar email para a microsoft, sei lá.
Agora, usando o servidor do Sérgio Maggi, acho que vai!


foto
é, né.
eu tentei.

Mais uma tentativa
Admito: vou comprar o primeiro livro de "HTML para chipanzés" que eu encontrar. Nunca me senti tão burro como nesse caso do Billy Negão. E eu só trocando email com a Alessandra, imaginando o quanto ela ia ficar feliz vendo a foto do cara no blog, e eu incapaz de fazer ela se sentir feliz. Ainda entrei nesse post, que era dela, para ver se dava sorte. Aí vai, de novo:





Cantina Bolonhesa

Enquanto o Gustavo quebra a cabeça tentando inserir a foto do meu gato, escrevo outras informações e torço para que ele consiga. A Cantina Bolonhesa fechou suas portas há dois anos, na Rua Voluntários da Pátria, por conta de uma briga na justiça com o proprietário do imóvel. Deixou muita gente frustrada e com a cara na porta. Mas ontem, passeando por Copacabana, tive a grata surpresa de saber que a Cantina reabriu, sem muito estardalhaço, desta vez em Copacabana, na Rua Sá Ferreira. Com direito ao simpático maître Rogério e tudo. Agora é só conferir enquanto o agito não chega por lá.

Uma foto, pela primeira vez
Essa é minha primeira tentativa de foto no blog. Eu nunca pensei que diria essa frase sem me sentir meio enciumado - quer dizer, até me sinto. Mas gente, aí vai, para vocês, com exclusividade, o gato da Alessandra.

Será que agora vai?

Billy vem aí

Hoje o Blog terá a participação especial de Billy Negão.

Distância

Estou distante de mim agora. E a causa é o tempo. Levou-me a criança crédula e inocente que um dia fui. Maldito passar das horas. Faz-me crer, hoje, distante de quem sou. E ao mesmo tempo, tão perto. E causa-me espanto pensar que, ainda assim, não houve um intervalo, nenhum sequer, que marcasse essa distância de mim para mim mesma. Um passado remoto e um futuro que dista. Um paradoxo: estou presente. Quero aproximar estes antônimos - distância e proximidade - que por acaso ou por fatalidade, existam ou não em cada um. Juntando-os, perceberemos que mantê-los distantes será a maior junção que poderíamos proporcionar. Porque a distância não existe. É ânsia.


22 novembro, 2001

Mais frases de jogadores de futebol

"Quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe"
(Jardel, ex-atacante do Grêmio)

"No México que é bom. Lá a gente recebe semanalmente, de quinze em quinze dias..."
Ferreira (ex ponta esquerda do Santos).

"Clássico é clássico e vice versa ..."
Jardel (ex-atacante do Grêmio)

“Chegarei de surpresa dia 15, as duas da tarde, vôo 619 da VARIG..."
Mengalvio (ex-meia do Santos, em telegrama mandado a família quando em excursão a Europa).

"Não sei, chutei, a bola foi indo, indo ..... e iu"
(Nunes, ex atacante do Flamengo ao escrever um gol que tinha feito).

Dezembro
O texto da Alessandra sobre o fim de ano me trouxe de volta quase todos os dezembros de minha vida. Nem poderia chamar de tristeza, a sensação, mas é algo como o Adeus ao Nunca de que falava meu tio, com os olhos baços e distantes, toda vez que ouvia a maravilhosa música "Across the universe", dos Beatles. Não sei também se é um sentimento exatamente de perda - é algo maior, que parece só ter cura com algum outro sentimento forte. Talvez algum sentimento que a gente ganha passeando na Lagoa Rodrigo de Freitas numa noite quente.
Mas lembro de dezembro e do jogo Batalha Naval, da Glasslite. Eu abrindo de dia, e já brincando, fascinado - por que nunca mais fiquei tão fascinado? Dezembro, o calor, e o ficar no pôr-do-sol depois de um dia inteiro de praia, deixando o sal ficar de vez no corpo. Época boa, de rever parentes e amigos diferentes a cada semana, todos os dias chegava alguém, visitando, às vezes indo embora antes do Natal, às vezes ficando para o Ano Novo. Me lembro também das rádios, em 1980, 1981, tocando "happy Xmas" , do Lennon - ele tinha morrido, naquele 8 de dezembro de 1980. Uma música maravilhosa também, que parecia trazer a esperança mais vital de uma criança, que é a de nunca crescer. Vã esperança.
A vida sendo reconstruída em diversos cantos e níveis, gente que passava de ano, passava no vestibular, casava, noivava, festejava a vida - era o cenário do mês de dezembro. Lojas cheias? Sim, mas menos oferta de produtos, tinha para todos, mas nós tínhamos mais ou menos os mesmos brinquedos, independente de moda ou não. Todo mundo tinha Forte Apache, e que ninguém venha me dizer que já houve moda de Forte Apache.
E dezembro me lembra os mortos. Meu pai, meus avós, dois tios, um primo mais velho, todos mortos, em volta da mesa, brincando de passar os talheres e copos enquando cantam "Escravos de Jó/jogavam cachangá". Eles se foram, e eu fiquei aqui, para ver quantos dezembros mais durará meu ceticismo.

Neurose de fim de ano e saudades de Morro Azul


Sempre quando chega essa época do ano, novembro, dezembro, Natal, Ano Novo, sinto uma vontade desmedida de morar naquele que foi o “meu” Sítio do Pica-Pau Amarelo. A casa da vovó e do vovô, com abacateiro, mangueira, patos, galinhas, abóboras, muitos coelhos, friozinho para dormir, sapos, banho de mangueira, jogo de futebol, morcegos, doce de abóbora, televisão em preto e branco e irmãos, muitos irmãos para brincar.
É uma neurose minha. Das brabas. Estamos no final do mês de novembro, as ruas já estão meio enfeitadas para o Natal, o prédio onde trabalho já exibe sua monstruosa árvore, as lojas estão com seus enfeites e junto desse movimento compra-não-compra, temos o calor. As pessoas circulam segurando sorridentes seus milhares de embrulhos, vendedoras tentam nos seduzir “compre, compre, compre”. É nessa hora que me vem um bolo na garganta, deve ser nervoso, vontade de parar tudo e fumar um cigarro, sair dessa cidade neurótica onde não sinto o tempo passar e ir para Morro Azul. Para quem nunca ouviu falar desse lugar, informo: Morro Azul fica perto de Paracambi e o sítio fica a 3 km do lugarejo. Já nem sei se ainda é o lugar que eu imagino. Talvez esteja modernizado, estrada asfaltada. Desde que morreram, existe um inventário e um casal de caseiros felizes desfrutando o lugar e casa. Ainda bem.

Caleidoscópio

A frustração era minha.
Vi um menino magro sentado num capô de um carro vermelho e moderno, próximo a um campo de futebol, brincando com um caleidoscópio. Girava em pequenos movimentos o instrumento cilíndrico e parecia que suas emoções rodopiavam no mesmo ritmo dos fragmentos móveis de vidro colorido do fundo do caleidoscópio. De longe, eu imaginava as imagens.
Os outros garotos jogavam bola e gritavam, mas o menino de corpo esguio mudava as caretas e não largava seu objeto de admiração. Encostei-me a seu lado tentando uma aproximação e arrisquei perguntar, fingindo desconhecer o instrumento, o que era aquilo que ele tanto olhava.
- É um tubinho que muda as paisagens lá dentro – respondeu-me, sem dar muita atenção.
Estranho como situações comuns nos deixam, por vezes, sem graça. Senti-me mais infantil que o menino e tão pequena por tentá-lo enganar, sem nem ter mais o que comentar. Olhei para o prédio em frente, de onde aguardava, ansiosa, a saída de uma amiga. Quando ia ensaiar um “tchau” para o garoto e mudar de lugar por estar em absoluto desconforto frente a uma criança que sequer notara minha presença, ouvi a oferta:
-Quer dar uma olhadinha? Mas tem que ser rápido.
-Claro – aceitei e espiei rápido, pois percebi seu medo ao me oferecer seu “tesouro”, como se meus olhos fossem capazes de roubar aquelas criações que tanto o fascinavam.
Devolvi o objeto àquelas mãos puras e finas compartilhando sua alegria com um sorriso. O retorno veio num olhar brilhante de quem veria muito mais lugares e coisas especiais como naquele momento. Minha frustração ganhava uma solução: olhar um caleidoscópio é sempre olhar o novo. E eu acabara de conseguir escrever na mente estas linhas sobre o caleidoscópio que me é a vida.








Sem pensar

Quando eu começo a escrever meio sem pensar, como agora, me dá um certo nervoso, porque as idéias não seguem uma linha lógica. Aí, eu paro.

Coisas que não mudaram nesses últimos dez anos
A primeira: sanduíche do Cervantes. Incluo aí o bife à milanesa do Lamas, o bombom Sonho de Valsa, o Luiz Fernando Veríssimo (que bom...), as campanhas ruins do Flamengo no campeonato brasileiro, as tirinhas do Angeli, o chope do Bar Brasil, o Metrô do Rio (mudou, ficou mais lotado), o sistema de transportes da Urca, o bondinho do Pão de Açúcar e as coreografias das mulheres do Faustão (o programa dele tem mais de dez anos, não tem?).

Dez músicas do Roberto Carlos fundamentais para qualquer dor-de-cotovelo
1- As curvas da estrada de Santos
2- Detalhes
3- Amada amante
4- Outra vez
5- Proposta
6- Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
7- As canções que você fez pra mim
8- Fera ferida
9- Música suave
10- De tanto amor ("Essa é aquela que ele canta, Aaaah, eu vim aqui amor, só pra me despedir..." (N. do B.))

Silêncio
Escrevi uma nota comentando sobre o silêncio de Alessandra no dia de ontem, publiquei FTP e segundos depois ela publicou uma nota dizendo que era coincidência o fato de ela resolver publicar justamente na hora em que falei do silêncio.
E foi mesmo. Mas não uma mera coincidência - e sim uma dessas coincidências complexas, mal resolvidas, que amanhecem o dia tomando café na padaria e falando sobre música, ou algo assim. E com um cigarro retorcido no bolso.
Sou muito feliz por conhecer Alessandra, sem dúvida alguma.

Promessas de ano novo
Com os blogs, quero ver quem é que vai colocar em público suas promessas de ano novo e deixar na template, para todo mundo olhar á vontade e cobrar....

Dez discos de jazz que podem salvar uma vida
1- Kind of blue - Miles Davis
2- Love Devotion Surrender - John McLaughlin e Carlos Santana
3- Eletric Guitarrist - John McLaughlin
4- Caravanserai - Carlos Santana
5- Elis e Tom - Elis Regina e Tom Jobim
6- Jobim - Vitor Assis Brasil
7- João Gilberto e Stan Getz
8- The Lady sings the blues - Billie Hollyday
9- Return to forever - Chick Corea
10- She was too good to me - Chet Baker

Mulheres que um dia amamos - 5 (De volta ao passado)
M.
Seu nome não era comum, por isso eu não quero escrevê-lo inteiro. Não sei onde ela pode estar nesse momento, e reluto em vê-la, passar por ela, ouvir seu nome. Não quero que ela leia esse texto - porque sei que ela não gostaria que eu me referisse a ela como alguém que eu amei. Ela me chamaria de mentiroso.
Não por ódio, não por amor, nada por paixão.
Mas com M. eu vivi loucura em excesso, mais do que eu poderia suportar hoje - os anos me trouxeram fragilidade nas estruturas, como acontece com as obras mal feitas e os acidentes geográficos mais engenhosos. Só sei que ao longo de um ano e meio eu tive com M. um namoro completamente louco.
Encontrei-a em um curso pré-vestibular, em 1987. Nos identificamos - ela, a única que se vestia de preto, eu, o único que não sorria muito - ou sorria menos, somente para minhas próprias cretinices. Começamos a beber. Uma noite, ela chorou deitada em sua cama, por causa de um homem - e eu assisti. Em dado momento, apesar de ela estar chorando, olhei para a bunda dela - ela estava com uma calça fininha - e achei linda. Mas não disse nada.
Cinco anos se passaram desde a última vez em que bebemos, ela me perguntando, "você já teve namorada", e eu dizendo "mais ou menos", e ela dizendo, "acho difícil,. você é muito baixinho, muito franzino". Eu fiquei puto, mas engoli. Sou mesmo baixinho - para homem - e na época era bem franzino.
Depois desses cinco anos, eu estava em casa, puto, com uma fossa daquelas, bebendo uma cerveja e vendo um filme qualquer quando ela ligou. "Sou eu, vem aqui, vamos beber uma cerveja", e eu disse, "estou nessa, claro", e fomos lá para o bar da família dela, e bebemos. Aí ela disse, "vamos para o apartamento da minha irmã, está vazio", e eu, "claro, vamos". A gente já tinha bebido bastante, e de graça.
Eu fiquei olhando para ela, estava bonita - e não era muito bonita quando eu a conheci. Fiquei olhando para o decote dela. Ela me diria horas depois que ficou reparando no meu rosto, que estava mais quadrado e endurecido, e no meu tórax, que estava mais crescido.
Em dado momento, os dois bêbados, eu disperso, ela diz, "ou você fica comigo ou você vai embora", e eu a beijei. Só que entendi errado - mas a gente continuou.
Ficamos acordados até de manhã. Tomamos banho juntos. Não sabíamos o que fazer da vida.
Até que um ano e meio depois, de muita sorte, dor, prazer, felicidade, angústia, loucura, tristeza e alegria, ela me ligou, de manhã cedo, magoada até o último fio de cabelo, porque eu não tinha ligado. Ela tinha razão - e eu tinha as minhas. Ela disse, "Eu vou para a Bahia", e foi a última vez que ouvi algo dela.
Eu lembrei da música do Cazuza, "hoje acordei com sono, sem vontade de acordar, o meu amor foi embora, e só deixou pra mim um bilhetinho, todo azul, com seus garranchos, que dizia assim, chuchu vou me mandar, é eu vou PRA BAHIA, talvez volte qualquer dia".
E não sei se ela voltou - não sei nem se ela foi. O certo é que por um minuto eu desejei ter sido franzino pelo resto da vida. E de rosto redondo como a lua - travesseiro dos meus braços.

21 novembro, 2001

Alguns "Sometimes" para Alessandra
Prelude
(Townshend)
Sometimes
Walking through the streets of the city
I see all the faces of the winners and the losers
Oh, I,
can i see a chance
for sometime?
Before i say goodbye
Before i say goodbye

Amor de Carnaval – mais uma da série Encontros & Desencontros

Eles se abraçaram pela primeira vez num Carnaval no Rio de Janeiro. Dentro de um táxi, a caminho de casa, ouvindo Roberto Carlos. Olharam-se enternecidos e beijaram-se. O motorista, ouriçado, espiava disfarçadamente pelo espelho retrovisor. “Amor de Carnaval”, ele pensou. Era alta madrugada e fazia muito calor. Ele desceu do carro e abriu o portão para ela, como faziam as pessoas do século passado. E ela sorriu agradecida por tanta gentileza. Só faltavam as flores. E vieram: doze rosas vermelhas. E uma poesia. A moça era sensível e quase boba. Pensou “talvez me apaixone”. Ficou saltitante, meio adolescente. Viu-se de “maria-chiquinhas” entoando cantigas de roda no pátio do colégio. Os encontros foram ficando estreitos e românticos. A moça sentiu-se feliz. Chorou e sorriu, com ele e para ele, por alguns meses. Ela não entendeu quando ele disse que não gostava mais dela. Disse assim, de modo sinuoso, para não magoar. Mas ele sabia que magoaria. Usou o momento que estava passando como desculpa para explicar o que não sentia. A moça teve a certeza de que esse seria um ótimo argumento para aquele rapaz inerte finalizar qualquer relacionamento futuro que um dia viesse a ter. Sempre existirão nossos momentos. E ela disse adeus sem lágrimas nos olhos e compreendeu a solidão de algumas pessoas.

Especial

Tenho mania de começar a escrever começando com “acordei assim ou assado”. Acordar é especial. E hoje é um dia especial para mim. Por que? Não sei. Não quero mesmo saber. É especial porque é mais um dia. Fez sol. Porque estou aqui, digitando. Porque pensei nas coisas que tenho. E nas que não tenho. É um pouco como uma sensação de “gostar de não saber”, meio papo de botequim, sobre o que é ou não especial e saber que isso pouco importa.
É comum as pessoas falarem demais. Gastarem saliva com discussões tolas e sem fim. Também faço isso. Futebol, por exemplo. Religião. Preferências. Dores. É tudo tão estúpido que torna-se estranhemente especial, talvez pela insensatez do bate-boca, pelas controvérsias. Diverge-se sobre tudo. E precisamos disso.
Olhei para as minhas olheiras no espelho de manhã, abri a boca e olhei meus dentes um pouco amarelados, sorri de lado, despenteei o cabelo, cantei uma música do Cazuza, “o tempo não pára, não, não pára” e vi a piscina de muita gente cheia de ratos e me senti especial por vir “sobrevivendo, dias sim, dias não”, porém, ao contrário da música, “cheia de arranhões”.

Silêncio

Às vezes, fico silenciosa e com vontade de usar a palavra sometimes. Mas depois vem um crepúsculo - palavra que por si mesma cresce como um filho pequeno e feliz – e eu sento e recomeço minha investida diária para não silenciar. Tentar fazer um pouco de barulho nessas cabeças um pouco confusas que são as das pessoas e inventar coisas. E lembranças. Mas começam a me interromper. Ora o telefone, ora o meu recém-nascido vizinho, ora o Billy Negão, miando. Tento terminar o rascunho de ontem no trabalho, nos meus espaços de ócio, mas eis que logo hoje fico muito ocupada. Preciso parar, respirar, estar sem muitos pensamentos na cabeça e com silêncio ao meu redor.
Na verdade, o barulho é a desculpa para a minha letargia.

Acredite, se quiser

Não existe explicação, coincidências existem! Não, às vezes, a sincronia é a explicação e a coincidência não explicadas.
Acabei de escrever o texto curto a seguir e me deparo com o "Silêncio" da nota do Gustavo. Se combinássemos essas coisas, não sairia tão perfeito. Acreditem, se quiserem.


O silêncio
Alessandra não escreveu hoje - já são 17h, e nada.
Um silêncio meio triste, sei lá.
Entenderei, seja o que for.

Já que estou aqui....
Já que entrei mesmo agora, enquanto mato um chá de erva cidreira, vou deixar a letra da música do Caetano Veloso (dos bons tempos) que estava na minha cabeça hoje. O dia inteiro. Eu a toco em um ritmo de reggae, mas é cantada a capella normalmente. Acho uma música que tem tudo a ver com os nossos momentos de desatino, desacordo e destino.
Muito romântico
Não tenho nada com isso, nem vem falar
Eu não consigo entender sua lógica
Minha palavra cantada pode lhe espantar
E aos seus ouvidos parecer exótica
Mas acontece que eu não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu, não deu.
Acho que nada restou pra guardar ou levar
Do muito ou pouco que houve entre você e eu

Nenhuma força virá me fazer calar
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede pra se cantar
Sou o que soa, eu não douro pílula
Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
Com todo mundo podendo brilhar, num cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Em outras palavras, sou muito romântico.

20 novembro, 2001

Fórmula 1
Até hoje eu não sei como aconteceu, só sei que eu recebo emails da lista do Carlos Alberto Teixeira, colunista do caderno de informática de O Globo. E digo uma coisa: nada poderia ser melhor. Afinal, TUDO que vem da lista do cara é excelente, TUDO é diferente, inóspito, surpreendente. Nem se compara aos e-malas que jamais te mandam mensagens com texto e vivem repassando filmes pesadíssimos e com conteúdo escatológico. Nada mais desagradável.
Dessa vez, a lista do CAT foi algo a mais, porque trouxe uma corrida de Fórmula 1 ON LINE!!!! Só que eu recomendo que os amigos só cliquem no link abaixo se estiverem logados em um computador com som. Sem som, nada feito. Nem adianta.
Bom, o link é o seguinte: http://leech.dk/dengdeng.swf. Divirtam-se....


O bug da calculadora do windows
Meu amigo Lúcio Mattos, colega aqui do Lance!, me manda o divertido email abaixo. Façam o teste, é engraçado mesmo. Mas só funciona na calculadora do Windows mesmo.
"Pra quem pensa que o Tio Bill (Gates) é um cara sério...Abra a calculadora do windows, mude-a para cientifica depois digite o
número: 12237514. Não erre o número e fique atento... Agora mude a calculadora para o modo hexadecimal e veja o "erro" que aparece...

Feriado
Para variar, é feriado pra todo mundo, menos pra quem é jornalista. Feriado de Zumbi é dose. Vim sem nem me tocar disso, peguei Metrô às moscas, ruas desertas, restaurantes fechados, tudo abandonado. Dá uma certa depressão - saudade de quando a gente é criança e tem três meses de férias por ano, sem contar as férias de julho, e ainda ganha todos os feriados.
Será que a boa era ser professor? Deve rolar pelo menos dois meses por ano, acredito.
Hoje, ao que parece, os leitores de Alessandra ficarão órfãos, porque deu para perceber que lá na empresa dela também é feriado.
E eu continuo resistindo à bronquite, que dói, e continuo mandando bombinha, conta-gotas no nariz, e continuo tonto e produzindo pouco. E pelo jeito, continuarei gastando dez reais de táxi para voltar.
Acho que na próxima folga irei a um médico. Ando de saco cheio de toda hora ficar gripado.

19 novembro, 2001

Combate-relâmpago à gripe
Cheguei mais cedo, vim de táxi, gastei uns quarenta contos em remédio na farmácia, e estou aqui. Já até assisti um compacto com os melhores momentos de "Casa dos Artistas", preparado pelo programa do Nélson Rubens. Engraçado demais, de passar mal. A Mari Alexandre chorando por causa da saída da Núbia, a Nana Gouvêa reclamando que "as câmeras só me querem pelada", o Supla cantando, o Alexandre Frota falando coisas absolutamente sem sentido, putz, é engraçado mesmo. Às vezes é revoltante, porque, como eu já disse, aquele ali realmente não é meu mundo. Mas é como assistir o Discovery, a alguma cena de leãos matando gazelas: você se sente bem por lembrar que aquele não é seu mundo. O meu mundo está livre de leões dilacerando pobres impalas e Frotas massacrando a língua portuguesa.
Dei uma passeada pelos blogs da galera, fui no do Maggi, no do Coelho e ainda arrisquei uma última olhada no Botequim, mas ainda está com a data de 11 de novembro. Mas ainda assim vale uma olhada, apesar do dono do blog só faltar de ameaçar de morte quando você pergunta pela atualização!
No meu sangue, circulam agora Fluimucil, Benegrip, Targifor, Cebion, chá de erva cidreira e uma bomba de Berotec. Toda tropa de choque contra a gripe. Vamos que vamos. Amanhã estou pronto para outra.
Estava lembrando da Alessandra, desde que a gente se conheceu, os dois andam às voltas com gripes e remédios. E outro dia eu falava com ela ao telefone, ela espirrou, e disse que estava no ar condicionado. Não sei porquê, fiquei falando em tom de ordem, "sai daí, você vai se resfriar", como que querendo ter a pretensão de cuidar dessa moçona de 29 anos.
Bom, tudo bem, eu tenho essa pretensão sim, mas, puxa, já diz o Adoniram, "Deus dá o frio conforme o cobertor". O que tem a ver essa frase? Ah, deu pane, tilt, pau, erro, este programa cometeu uma operação ilegal e será desligado. Até terça-feira. Amanhã. Pano lento. Fade out.....

Ih, lembrei
Falando em "Mulheres que um dia amamos", hoje é aniversário da Ana, que foi uma das retratadas na série. Hoje também é Dia da Bandeira - e eu sempre brinquei com ela assim, mesmo quando a gente já não mais namorava. Mandava mensagens ou cartões dizendo "Feliz Dia da Bandeira", e aquelas gracinhas bobas.
Modéstia à parte, nessas coisas de dar presente, enviar alguma coisa, escrever dedicatória, etc, eu sou bom. Mas isso de iniciar um namoro gratificante, bonito, com sentimento e tudo o mais, bom, não é fácil. É mais ou menos como entrar na Seleção do Felipão: não basta jogar bom futebol, como o Romário. Tem que ter um algo a mais que eu não sei o que é. Mas tenho certeza de que não é ser igual ao Emerson ou ao Roque Júnior.

Ainda sobre maconha
Li no blog do Sérgio Maggi que a VJ Soninha, da MTV e também comentarista de esportes da Folha e do canal a pago Espn Brasil, foi demitida hoje da TV Cultura. O motivo? Ter saído na capa da revista Época como uma das pessoas que diz "Eu fumo maconha". Segundo a direção da emissora estatal, sendo uma empresa pública, não poderia manter empregada uma pessoa que afirma infringir a lei.
Que ótimo, heim? Até que enfim estamos aplicando a lei nesse país, demitindo os marginais do serviço público. Tenho certeza de que ainda hoje já estão começando a faxina no congresso nacional, nas secretarias estaduais, nos ministérios, e em todo lugar onde se desvie dinheiro público. Agora, dessa vez, o Brasil vai. Soninha foi só a primeira medida moralizadora. Agora só tem gente "careta" trabalhando na TV Cultura.
É, o Juca Chaves estava certo, quando pintava uma bandeira do Brasil no casco de uma tartaruga e cantava, "esse é um país que vai pra frente"....