Amor de Carnaval – mais uma da série Encontros & Desencontros
Eles se abraçaram pela primeira vez num Carnaval no Rio de Janeiro. Dentro de um táxi, a caminho de casa, ouvindo Roberto Carlos. Olharam-se enternecidos e beijaram-se. O motorista, ouriçado, espiava disfarçadamente pelo espelho retrovisor. “Amor de Carnaval”, ele pensou. Era alta madrugada e fazia muito calor. Ele desceu do carro e abriu o portão para ela, como faziam as pessoas do século passado. E ela sorriu agradecida por tanta gentileza. Só faltavam as flores. E vieram: doze rosas vermelhas. E uma poesia. A moça era sensível e quase boba. Pensou “talvez me apaixone”. Ficou saltitante, meio adolescente. Viu-se de “maria-chiquinhas” entoando cantigas de roda no pátio do colégio. Os encontros foram ficando estreitos e românticos. A moça sentiu-se feliz. Chorou e sorriu, com ele e para ele, por alguns meses. Ela não entendeu quando ele disse que não gostava mais dela. Disse assim, de modo sinuoso, para não magoar. Mas ele sabia que magoaria. Usou o momento que estava passando como desculpa para explicar o que não sentia. A moça teve a certeza de que esse seria um ótimo argumento para aquele rapaz inerte finalizar qualquer relacionamento futuro que um dia viesse a ter. Sempre existirão nossos momentos. E ela disse adeus sem lágrimas nos olhos e compreendeu a solidão de algumas pessoas.
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