23 fevereiro, 2006

I can´t get no (Sair deste túnel) - Parte 2


Independentemente de eles terem saco ou não, claro que são a maior banda de rock and roll de todos os tempos. Mas ainda me espantam alguns críticos – em meio à aridez de compreensão acerca do fenômeno dos Glimmer Twins, que sorte que existe um Jamari França para fazer a tradução correta, para explicar o que está acontecendo com uma lucidez embriagada impressionante. Me espantam que os críticos ainda tenham a cara-de-pau de repetir uma coisa que é dita há MAIS de 25 anos: que os caras estão velhos e acabados. Me espanta que ainda haja crítico que se sinta inteligente e iluminado quando profere estultices como “Exile” é o único disco bom ou “Eles acabaram quando saiu Mick Taylor”.
A crítica de rock é como o comentarista esportivo que gosta de atacante trombador. O Jardel, por exemplo. É péssimo jogador e grande artilheiro. O comentarista cobra gols do Jardel, e o Jardel vai lá e faz. Mas passa a vida inteira esculhambando o cara. Na primeira urinada fora da bacia, o comentarista “descobre” que o Jardel é péssimo jogador e finge que esquece que um dia já o viu como grande artilheiro.
Assim funciona com o rock: o crítico estabelece uma postura e comportamento típico do artista, se esquecendo de que em alguns casos a própria contradição é rock.
Comer morcegos no palco parece uma bundice exagerada, uma palhaçada.
Só que PALHAÇADA ASSIM É ROCK.
Vovó Alice Cooper é rock. David Bowie todo pintado de Ziggy é rock. Jim Morrison de pau para fora é rock. Iggy Pop nu no palco é rock. Frank Zappa produzindo sons incompreensíveis é rock.
E eu diria que uma banda de quatro ingleses tarados beirando os 70 anos que se metem a tocar mi-la-ré no meio das putas é algo absolutamente rock and roll. Dentro do espírito de que o rock é a grande farsa da música. É coisa roubada dos escravos – já viu coisa mais vergonhosa do que o senhor do engenho ir lá na senzala afanar uma propriedade do escravo? Pois é. Farsa pura. Enganação. Mas eu gosto. Demais.
Claro, concordo com os críticos de hoje que cobram a origem garagem das bandas, e que elas tenham de ser “independentes”, “alternativas”, etc. E te digo que sempre se passam três anos entre o surgimento de uma banda alternativa e sua aparição na primeira propaganda de Melissinha da Grendene. Ou no Faustão. É rock? É. Faustão, assim como o era Chacrinha, é rock também. Chato para cacete, eu não gosto. Mas é.
Eu continuo com a definição magistral do produtor Ezequiel Neves: “Os Rolling Stones são uma banda qualquer, mas nenhuma banda é tão qualquer quanto os Rolling Stones”. Graceless lady.

1 Comments:

At outubro 06, 2006 12:05 PM, Anonymous Anônimo said...

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