Rio Comprido acalma os sentidos
A praça, é chamada "Condessa Paulo de Frontin". De todas do Rio, é a mais largada, repleta de desocupados, idosos, corações e corpos partidos, perdedores natos que vencem a vida e na vida por meio da muquiranagem extrema. Ou malandragem, como preferem os mais literatos. Lá no Rio Comprido ou em outras paragens de menos asfalto, malandro é muquirana mesmo. E hoje em dia, FDP é só arrombado - se aliviou a mãe do cara que nos passa a perna. Pois bem, é lá na Praça Condessa Paulo de Frontin que um barzinho abrigou mais um ato da peça intitulada "Ser Carioca", que é encenada diariamente desde 1565.
Cordão longo prateado, óculos escuros, boné de marca de pneus, o mulato, cotovelo numa mesa da Brahma, filosofava, enquanto brandia tal e qual uma espada o copo de requeijão cheio de cerveja. O trecho que captei com os ouvidos deve dizer alguma coisa:
- Aí os PMs vieram e disseram que eu estava batendo nela. E eu mandei, né? "Batendo não, só tou acalmando".
Eram quatro da tarde de uma sexta-feira útil - lá na Condessa Paulo de Frontin, mais para inútil, aliás. Se houvesse as charretes de outrora, juro que os próprios cavalos furariam os pneus. O mormaço pedia preguiça - no máximo, o esforço do braço sem copo para abanar com um pedaço de jornal velho. Aliás, subindo uns 100 metros acima da praça, tem um grande pedaço de jornal velho ao lado de um seminário - mas isso é uma outra história.
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