23 novembro, 2001

Distância

Estou distante de mim agora. E a causa é o tempo. Levou-me a criança crédula e inocente que um dia fui. Maldito passar das horas. Faz-me crer, hoje, distante de quem sou. E ao mesmo tempo, tão perto. E causa-me espanto pensar que, ainda assim, não houve um intervalo, nenhum sequer, que marcasse essa distância de mim para mim mesma. Um passado remoto e um futuro que dista. Um paradoxo: estou presente. Quero aproximar estes antônimos - distância e proximidade - que por acaso ou por fatalidade, existam ou não em cada um. Juntando-os, perceberemos que mantê-los distantes será a maior junção que poderíamos proporcionar. Porque a distância não existe. É ânsia.