Maio ou abril
O último post: 24 de fevereiro de 2006. Hoje: madrugada de 27 de maio. Foram três meses sem escrever por aqui, três meses sem postar, e quase isso sem computador, uma vez que no máximo dez dias depois do show dos Stones que meu PC pifou de vez e de tudo se tentou para que ele revivesse. Paciência venceu, e ele está mais ou menos vivo, com novo HD e tudo o mais, pronto para seguir viagem tempo adentro. E falando em tempo, estou abismado em como esses meses têm passado absurdamente lentos. Chego a pensar em "Os profetas", canção dessas inóspitas, ermas, de Raul Seixas, em que ele canta "Um dia qualquer, sem pensar/um dia de maio ou abril".
E me lembro, sim, houve anos em que os meses de março, abril e maio eram uma espécie de estio no meu coração, uma entressafra, uma parada para o nada. Naqueles tempos de limbo - se um dia eu virar o Messias, serão os anos que não estarão na minha Bíblia - em que eu, terminado o curso de técnico em Edificações, ainda não sabia se assumiria a 10 do Flamengo no lugar do Zico ou se fazia faculdade mesmo, bom, para um cara que termina o segundo grau, nada pior do que os meses de março a maio.
Claro, março todo mundo começa a fazer alguma coisa. Março é Ano Novo - passa a euforia de janeiro, mês que na verdade é um longo dia 1º de janeiro com a presença de primos e primas pela cidade, sol esfuziante e tardes que acabam às nove da noite. Passa também a loucura de fevereiro, que mistura carnaval com chuva, se conhece um amor de verão, se perde um amor de verão, e na volta para casa os amigos fazem você esquecer tanto a conquista quanto a perda.
Mas aí vem março e os seus amigos que não são vagabundos como você passam a freqüentar alguma aula, ou mesmo um trabalho, e você passa as tardes zapeando. No meu caso, nem Net havia. Viajar? Para que, se os parentes estão em aula e a temporada é baixa?
Tem a Semana Santa em abril, você curte tudo, mas acaba rápido demais. A lengalenga vai até junho, que é quando a vida parece festa de novo, no caso do Rio, porque o inverno faz os cariocas que não são anfíbios viverem um mundo normal, em que se vive dentro de casa sem aclimatação e mesmo assim não se sua.
Aí vem direto: julho, agosto, setembro (primavera, sol), outubro, meses de feriados. E novembro tem Finados e Proclamação da República. E dezembro, nem precisa falar, um mês inteiro para se pensar no janeiro seguinte, enfim, em inglês de americano, "the time of your life".
O tempo passa, você vira jornalista e trabalha em TODOS os feriados. Aí tudo isso fica meio para trás, daí o esquecimento, a dificuldade em entender por que os meses são tão elásticos no meio do ano. Fiz um curso, me formei em três meses, mudei de cargo (pouca coisa), trabalhei horrores, escrevi matérias, ganhei mais um prêmio de jornalismo (o IGE, também com a Waleska), engordei, emagreci, dei um telefone de presente no Dia das Mães e soube que se foram duas pessoas que me viram nascer - e eu não as vi morrer porque estava trabalhando.
E depois de tudo isso, ainda estamos em maio. Por isso, acho que há sim, uma distensão do tempo, talvez provocada por alguma distância extra que guardamos do sol nessa época, talvez porque depois de incinerar o Rio de Janeiro por seis meses ("No Rio de Janeiro só há duas estações: verão e inferno", Marlos Mendes) o sol resolve sair de perto um pouco, tal e qual um Cassius Clay se afasta do oponente caído para que o juiz comece a contagem. Nocaute. Que venha outro mês. E a vida segue.
3 Comments:
e ainda tem essa chatice na alemanha pra adiar a final da copa do brasil
Para mim, isso é o pior. Qual a importância de um torneiozinho com "Combinados" de países diante do Confronto Final da humanidade, nos dias 19 e 26 de julho? Nenhuma. Francamente, estou entediado.
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