23 fevereiro, 2006

I can´t get no (Sair deste túnel) - Parte 1


Os caras estão vivos, um viva para eles. Se passaram exatos 25 anos daquela turnê, o que me faz pensar no quanto o tempo passou, no quanto envelheci, ou amadureci, e no quanto eu nunca falei que não queria cantar Satisfaction aos 40. Jagger disse isso lá pelo início dos anos 70 ou final dos 60, quando eles acabaram com o tal sonho que na verdade era só reação. Uma facada em Meredith Hunter e todo mundo desbundou diante daqueles fortões de moto chamados Hell’s Angels. Hunter não teve sorte – enfrentou a faca proteinada do primeiro mundo. Aqui, tivemos três esfaqueados. Copacabana 3 x 1 Altamont. Mas nenhum deles morreu, com o impacto dos bracinhos de pivete daqui. É diferente. Melhor para Copacabana mesmo assim.
Me assusto até hoje. São 25 anos, uma vida inteira – tem gente que nem vive isso – desde que ouvi pela primeira vez a seqüência mágica Start Me Up/Hang Fire/Slave/Little T & A/Neighbors/Black Limousine (talvez não esteja na ordem), o absolutamente perfeito Tattoo You, o disco que fez o mundo praticamente se ajoelhar novamente aos pés dos Stones. É absolutamente assustador lembrar desse tipo de coisa – ou você não tem vertigem quando vê seu tio, pai ou avô falar que “conhece alguém há mais de TRINTA anos”? Trinta anos é tempo de pena máxima. Ninguém deveria conhecer outra pessoa por tanto tempo, a não ser se partilhassem a mesma cabeceira.
Os caras estão vivos, claro. Os acordes de Jumpin Jack Flash e o ambiente absolutamente assustador de saber que havia 1,2 milhão de pessoas espalhadas por Copacabana ouvindo aquilo, aquele massacre de guitarras descompensadas, aquele ataque furioso, os braços de Jagger irrompendo entre prédios de Copacabana, pessoas nas janelas, barcos flutuando perto, enfim, um acontecimento. Filmado e transmitido para Canadá, México e EUA. E os quatro caras ali, me desculpem os deuses do rock and roll, mas sem o mínimo saco. Não, não estou dizendo que não foi bom – até porque eles serão sempre a maior banda de rock do mundo. Eles são os maiores até quando estão sem saco, o show dos Stones é um evento de grandeza maior até mesmo quando eles se entreolham silenciosamente na Satisfaction perguntando “Até quando vamos tocar essa merda?”

1 Comments:

At novembro 03, 2006 10:22 AM, Blogger Naeno said...

Pois é, os caras tem vida de boneca de solteirona. Não passam, não dão passagem. E esta música a que você se referiu, segundo alguns artigos que li, o Mike já informou uma porrada de vezes qe nos contratos que faria de lá para frente incluiria, como condição não cantá-la mais.
Mas os dólares falaram mais alto.

Sou Naeno, criador do blogger ai caracterizado, e gostaria que vocês fizessem uma visita a ele.

Inicialmente gostaria de lhes oferecer um poema - letra de uma música minhaa:

VERTIGEM

Meu amor quando me beija é tão intenso,
é como chuva que vem e finda overão.
Deixando poças pelo sólo ressequido,
mudando o cheiro, mudando a estação.
Olhar do meu amor é tão imenso,
é a vista que se tem do grande vão,
a impressão do artista deixada na tela,
paus d'arco amarelando o sertão.

Ai, o meu amor,
flagrante do sol olhando a lua
sem braços para poder lhe tocar.
Ai, o meu amor,
vertigem da grande cachoeira,
que de longe a gente vê e escuta.

Naeno

 

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