27 novembro, 2001

Encontros & Desencontros – 7

O despertador é programado e toca de dez em dez minutos.
Acordam relutantes a levantar-se. Imploram mais cinco minutos às obrigações diárias e, então, despertam para o dia. Café da manhã: suco de laranja, biscoito cream cracker e café servido apressado em copo de geléia. Atrasados, saem. Param na banca de jornal da esquina e sorriem porque adoram bancas de jornais, em especial, as reformadas, com ar condicionado. Ele compra seu jornal preferido de esportes, quer acompanhar seu time no campeonato, enquanto ela escolhe uma revista. Chamam um táxi. O mesmo percurso, todos os dias. Mas é só o que se repete. Não são os mesmos beijos e emoções.
Não se falam durante o desenrolar do dia. À noite, jantam juntos, conversam, assistem vídeos, vão ao cinema ou, simplesmente, descansam. Nos finais de semana escutam-tocam-olham-cheiram e beijam-se em slow motion. Às vezes, inventam uma viagem. Criam apelidos um ao outro, dão gargalhadas prazerosas e pensam felizes que o dia-a-dia é bom. Ainda não se “desencontraram”. Talvez porque exista cumplicidade de desejo de se observarem todos os dias e constatarem, juntos, novas descobertas em cada um.