Chorando em público
Ela entrou com seus 17 anos pela porta da frente de um ônibus velho e fedorento, vestindo um jaleco azul, com os cabelos castanhos claros penteados numa trança bastante grossa, como se fosse uma ilustração de um personagem de um livro infantil. Sua pele jovem estava bronzeada. Ninguém presenciou o seu sorriso, mas olhando-a, existia uma impressão de que aquela alma era alegre. Entretanto, naquela manhã de segunda-feira ensolarada, apenas ela viajava em pé e era, também, a única que chorava discretamente. Expôs de modo comovente para aquela platéia involuntária sua tristeza desconhecida. Desceu dez minutos depois, deixando pra trás uma sensação de impotência coletiva.
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