17 agosto, 2002

Não dá para torcer contra a arte
Thiago Lavinas faz grave denúncia sobre a minha pessoa em seu blog (o link tá aí na tabela lateral): eu comemorei o gol de Romário contra o Cruzeiro, no final da goleada de 5 a 1. Eu comemorei um gol do Fluminense. Bom, em parte. Jamais comemoraria um gol tricolor, ainda que o Fluminense esteja virando cada vez mais uma espécie de segundo time dos cariocas, como era o América. Afinal, todo torneio importante tem um São Caetano, um Brasiliense, um Atlético Paranaense, a dar uma porrada no time das Laranjeiras. E nós cariocas não-tricolores acabamos ficando com pena.
Eu comemorei sim, o gol de Romário, porque não dá para ser contra quem sabe futebol. É certo que eu não quero o Romário nesse Flamengo de hoje, afinal, o clube tem penado muito nos últimos anos com estrelas no time, vamos variar um pouco. Preferia o craque-fofoca Ricardinho. Mas como não vibrar com a categoria, com o talento inato, com a genialidade do Baixinho? Romário é futebol-arte, talvez o único representante em atividade no Brasil. É craque. E provou que quem leva gente a estádio é o craque. Os 65 mil torcedores do Fluminense (devem ter ido todos) não foram para lá ver o Roni. Foram ver Romário.
Só não vibrarei quando o gol for contra o Flamengo. Mas não conseguirei evitar a vibração com mais um gol do Baixinho quando o adversário não for rubro-negro, porque gol dele me lembra o tempo em que eu aprendi a gostar de futebol - tempos em que havia pelo menos 400 jogadores capazes de serem titulares fáceis de qualquer seleção no mundo hoje.