Casa do Rock, a divulgação
Mandei um email na noite de segunda, falando sobre a festa (leia alguns posts abaixo) de sábado, na manhã desta terça recebi 11 respostas. Das 11, oito eram de pessoas dizendo que....não poderão ir! Das oito, seis vão viajar no final de semana (ou antes)! É uma verdadeira fuga do Rio! Estou me sentindo culpado.
À parte, as divulgações off- imprensa (por enquanto o evento não pode ser divulgado nos jornais) vão de vento em popa, e a festa Casa do Rock mereceu até nota no Não é caldo. Tem tudo para dar certo.
BLOGUS
30 abril, 2002
29 abril, 2002
Não é meu
Ao seu lado queria pessoas que pensassem na palavra e no seu paradoxo, na doença e no mal voluntário, no sangrar e no cair, nos líquidos e na insensatez. Se pra tudo o que precisava dizer escolhia palavras é porque elas não serviam de nada. Palavras são para serem ditas como a comida que se come ou o acordar de todo dia, ela acreditava. Sabia que estava vulgarizando-se mas ela queria ser natural como seus sonhos e seu olhar. Ela queria emoção na construção das frases e simplicidade no sentir.
E eu que já não sinto nada, assusto-me neste espaço com tanto dela.
Encontros & Desencontros
Ela estava num banheiro público penteando o cabelo quando a outra entrou. Levantaram as sobrancelhas, num cumprimento seco. Ela perguntou, quase afirmando, se a outra o amava muito. A outra respondeu que sim e seu olhar cortou a esperança dela. Ele lhe faz mal, ela disse. “A você também, a outra respondeu. Tem razão, ela pensou, mas não disse, para não dar o braço a torcer.
Anos depois viu a foto dele com a outra, por acaso, na casa de um amigo. Olhou a foto minuciosamente percebendo todos os detalhes. Viu o rosto dele e lembrou da sua pele lisa e do convite formal que chegara a receber para a festa de união dos dois. Não achou explicação para o que sentiu, apenas reparou que os cabelos brancos dele indicavam que a foto era recente. Franziu a testa perguntando-se recente? e foi tomar uma dose de uísque antes de pensar no que seria bom ou ruim para alguém.
À luz de velas
Ela estava escrevendo à luz de velas. Depois de muito tempo, faltava luz na sua casa. À princípio, ficara assustada. Procurou as velas, tateando os armários na escuridão. Sentou-se e não achou nada melhor a fazer, a não ser escrever. Cartas que nunca seriam enviadas. Em uma delas escreveu dez vezes a palavra amor, mas nem o amava tanto assim. Numa outra, escrita para um homem por quem sentia um amor platônico, preencheu inúmeras páginas com palavras melosas, mas era só o que conseguiria dizer. A fumaça do cigarro interrompeu-a mas ela já não tinha mais nada a dizer mesmo. Então imaginou que aquele cenário estava vazio demais. E dançou sozinha feito louca, cantando desentoada qualquer música, como o ensinara uma vez aquele homem por quem nutria aquele amor platônico. Imaginou uma criança fazendo algazarra no meio da sala e ela dizendo ei, menino, não brinque com a vela. Esse pensamento apenas tornou-a leve e ela fez, com as mãos, sombras na parede, de pássaros, borboletas, olhos e outras coisas que lembrava fazer, quando criança, usando a luz do projetor de slides do seu pai.
Mas a luz voltou trazendo-a de volta para a realidade de sua sala iluminada e festiva. As cores voltaram a estar presentes. O som que estava ligado antes da queda de luz voltou a tocar o CD dos Beatles e a música “Love me do”. Se a primeira música do CD fosse outra ela se lembraria dele outra vez e choraria, porque sabia que ele era como uma bela canção. E que isso era muito.
Passaram todos esses pensamentos e sentimentos e ela não precisava mais ligar para ninguém, nem viver a solidão sadia que aquele escuro trouxe. A criatividade irônica daquela ocasião de isolamento esvaiu-se com o segundo em que tudo iluminou-se.
Pausa para os nossos comerciais
Como todos sabem, não toco mais na Casa da Matriz, por decisão do pessoal de lá (não sei quem foi e nem o motivo porque ninguém me falou nada - é assim que o pessoal costuma agir).
Mas ainda não me dei por vencido porque neste sábado faremos uma festança. E é no próximo SÁBADO. Vamos ao serviço:
O NOME DO EVENTO: Casa do Rock
ONDE SERÁ: No Hipódromo UP, em cima do tradicional Hipódromo, no Baixo Gávea.
QUE HORAS?: A casa abre 21hs, mas o evento começa pontualmente às 22h
QUANTO É: Homem paga 15 de entrada. Mulheres pagam 10 de entrada. A consumação é 10 (fácil de consumir)
O QUE VAI ROLAR: Às 22h, vai rolar um esquete-peça, "AS BASKETEIRAS", com direção de André Falcão e produção de Maria Valentim.
Logo depois do esquete, que deve dura meia hora no máximo, entra a banda agora é lei, que tem como vocalista o endiabrado Alexandre Lalas. Na bateria, o grande Pompeu. Repertório dos caras? Músicas próprias, e muito Radiohead (Fake Plastic Trees, High and Dry), Counting Crows, Matchbox, Dave Matthews, U2, Lenny Kravitz. Show para dançar.
Depois do show, festa rolando, com escolha de músicas a cargo deste que lhes escreve. Detalhe: podem levar auditores da Price Waterhouse e conferir que não ganharei um tostão por isso. Não cobro de amigos para colocar som.
O meu repertório? O mesmo da banda e mais Marvin Gaye, REM, B-52, Macy Gray, Rolling Stones, Creedence, The Who, Beatles, Police, The Clash, Nirvana, Blur, Pretenders, Cake, PJ Harvey, Neil Young, Smash Mouth e mais uma porrada de coisas.
INGRESSOS: No local. Mas eu estou com seis de homem e seis de mulher, para vender antes. Se alguém quiser que eu guarde, mande email para gustavoa@lancenet.com.br.
Fim dos comercias. Volta a programação normal.
28 abril, 2002
Paulo Leminski
As duas coisas que eu mais gosto de Curitiba: Priscila Foggiato e Paulo Leminski. Uma está distante, o outro já se foi deste mundo. Mas Leminski a gente pode sempre recordar.
Achei em um site esta poesia que, a meu ver, é atualíssima, nestes tempos em que pessoas passam meses e anos sem ouvir ou dizer aquelas "three little words".
PARADA CARDÍACA
Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro
Vem da zona escura
donde vem o que sinto
sinto muito
sentir é muito lento
Expresso Blues ou Ride, Sally, Ride
Quem gosta de blues e rock n roll, guarde o nome dessa banda: Expresso Blues. Quando sair no jornal que eles vão tocar em algum lugar, vá correndo.
Duas guitarras chorando, quase no estilo Wishbone Ash (só que blues), uma levada de baixo show, e um baterista ensandecido. Tudo isso com um vocalista que cumpre seu papel sem presepada. A única do show de ontem foi mandar cantar "Ride, Sally, Ride", mas nem encheu saco.
Restou ainda o micaço: depois que rolou esse coro, o vocalista virou para a nossa mesa e disse: "Palmas para essa mesa, que é a mais animada".
Deduro logo quem estava ao meu lado: Dudu, Feroli, Maggi e Marlos.
27 abril, 2002
Let´s work
O futebol é a coisa mais importante das coisas menos importantes.
Por que eu disse isso? Ah, só para eu ir trabalhar de bom humor, com futebol. Como sempre, qualquer contato nas tardes deste fim de semana pode ser feito pelo email gustavoa@lancenet.com.br.
Para quem folga, bom descanso.
Um projeto de livro
Como poucas pessoas sabem, estou escrevendo um livro, que poderá se chamar algumacoisa.com. Abaixo está um capítulo diferente do livro, todo de textinhos curtos, que intitulei de "Pequenos contos de desamor". Vejam se têm padrão para ser livro. Opinem, critiquem. Metam a porrada.
PEQUENOS CONTOS DO DESAMOR
O homem livre
Sumiu por uns dias. Reapareceu exultante. "Fiz a operação", ele disse. Os amigos, cercando-o, "que operação?", e ele, "tirei, meus camaradas, tirei", e os amigos, "tirou o que?", e ele, "o hipotálamo. acabou esse negócio de desejo, tesão".
No início as amigas acharam triste aquela cirurgia, mas reconheceram diante dos amigos que não sabiam como fazer para fazê-lo voltar atrás.
"Não tem como, eles extirpam e jogam fora. A essa altura, já tem cachorro comendo".
O sobrinho de uma das amigas, de cinco anos, achou que ele tinha tirado o hipopótamo da cabeça. Aquele garoto viveria com esse pensamento terrível na cabeça por alguns anos.
Décadas depois, já crescido, ele saiu com a mulher com quem se casara e riu sem querer ao ver um hipopótamo.
O outro que operara, viveu este mesmo tempo todo, tristemente, feliz.
***
De mãos dadas
A obsessão pelas mãos de mulher era compreensível, até certo ponto. Afinal, vinha de uma família de mulheres lindas: irmãs, primas, mãe, tias. Aprendera a ter senso estético e principalmente aprendeu que as mãos mais lindas de mulheres são aquelas magras, compridas, nas quais aparece sim uma parte do osso.
Só que começou a chorar porque via o medo das mulheres, ele queria pegar as mãos, mas elas não cediam por saberem que assim ele gozava. Não no momento em que tocava nelas, mas gozava em casa.
Ele mesmo contou um dia, bêbado.
Aí as mulheres passaram a não mais deixar ele segurar as mãos na rua, andando, na calçada, pois entenderam que ele tinha tesão.
E tesão não pode.
***
Leaving ou Despedida
Ouvia os fogos de artifício, mas já não sabia se era Ano Novo ou se simplesmente era seu suicídio. O cigarro tinha gosto de cigarro passado, de ontem. Ela estava na sua frente, com outro. E queria que ele achasse tudo natural. "Somos amigos", ela disse, enquanto pisava rápido na areia de Copacabana.
Não, o Ano não é Novo. Aliás, sim, é Novo, mas depois desta noite, o que eu iria conseguir fazer com um ano novinho em folha?
Quando ele estava pensando em tudo isso, viu um negro que vendia colares luminosos. O negro estava sozinho. Como o livro ou the book estava em cima da mesa ou on the table. Sozinho, vendendo seus colares.
Nenhum dos dois saberia dizer quem terminaria a noite mais feliz. Talvez o negro dos colares, se vendesse oito. Ou cinco.
****
A maior ereção do mundo
Começou falando sobre beijo no ICQ, com uma amiga distante, que era apenas amiga, só isso, mas ele cinicamente pensava em foder com ela, mas a moça não passava recibo. Começou a descrever minuciosamente como ele acha que deveria ser um beijo, mas ele era tão cínico que era cínico consigo, e fingia não estar com tesão. Teve uma surpresa, levantou-se para ir ao banheiro e quando tirou o pau para fora da bermuda de pijama viu que ele estava terrivelmente duro. No minuto seguinte, cresceu mais um pouco. E mais.
Ficou olhando para o pau por uns cinco minutos, pensando na completa sandice que era viver procurando onde meter aquele pedaço de carne. Olhou então para a própria carne, já envelhecendo. Pensou no que poderia acontecer com os pêlos dos cílios depois que morresse e o corpo começasse a apodrecer dentro do caixão.
Pensou em quanto deve ser difícil ser um mendigo sujo e ter que enfiar o pau duro sabe-se lá aonde. Em uma fruta podre e macia, talvez.
Pensou em tudo isso, e o pau cresceu ainda mais. Ficou mais duro. E decidiu que tocaria punheta para tentar diminuir. Gozou, sujou o chão do banheiro, mas não limpou. Continuava de pau duro e era preciso mais. E mais. E mais. E mais. E mais.
Olhou para um cartaz lá fora, e achou que tinha lido em algum lugar próximo a um out-door da Coca-Cola, "só o amor constrói".
***
Romance
Ela disse, "nem sempre o que a gente mais gosta é o que a gente sabe fazer melhor", ele respondeu que não sabia do que ela falava, ela respondeu que tinha lido em algum velho livro de Carlos Castañeda, ele sorriu e a beijou colocando a língua, a ponta da língua, nos dentes da frente e de cima da boca da moça.
Uns 18 anos depois, ele suspirou triste ao lembrar desse momento, tinha sido um dos que ele guardou, e nem mesmo sua memória é capaz de entender porquê.
A uns quilômetros dali, ela, com outro, já não sabia quem era Carlos Castañeda.
*****
O homem magro
Todo canalha seria magro, segundo Nelson Rodrigues. Mas ele não era canalha e perdia dois quilos por dia. Ele não lembra quando começou, só sabe que se viciou em emagrecer. Começou quando tinha duzentos quilos.
Um dia, iria desaparecer, mas contra sua vontade. Ou melhor, lembraria, um minuto antes, que quando tinha duzentos quilos sonhara em desaparecer um dia, para sempre.
Na noite em que sonhou isso, acordou aliviado no meio da noite, arrastou a banha até a cozinha e bebeu água. Um litro. Vomitou, e começou a emagrecer naquele mesmo momento.
Os amigos, perguntando por ele, ninguém sabia. Ele definhando, encostado à porta do banheiro.
E pensou que a única saída para quem sofre é a mudança.
Todo mundo pensando isso.
E ele emagrecendo.
Até que um dia, já quando tinha algo em torno de 19 quilos, se levantou. Foi cambaleando até a cozinha, pegou a foto rasgada de seu amor.
E se desmanchou.
*******
Mulheres e meninas
Escreveu para o desconhecido que parecia bom. "Por que todos os homens interessantes na internet são feios?", ela pensava, mas tendo esperança de que aquele, pelo jeito que falava, fosse bom. Se encontraram - ele não era bom não. Mas era legal.
Os dois dançaram, ela rindo, ele à vontade.
Ele sabia muito bem que ele não era bom. Ela às vezes se esquecia disso.
Beberam, riram, viram um show de blues.
No final, brincaram um com o outro, "esse negócio de conhecer gente pela internet não dá certo" (estavam tão bêbados que não lembram quem falou), e logo depois ela riu e disse, "ah, se você fosse diferente", disse meio sem querer.
Ele riu, porque já estava acostumado, era só mais uma a pensar assim. E foi embora, apenas meio feliz. Ela foi para casa.
Ela abriu a geladeira e achou que um chocolate bastava para quem iria dormir sozinha.
*****
Máquinas
"Hoje eu quero beijar na boca", disse ele, para uma de suas melhores amigas. Ela, cúmplice até certo ponto, riu. "Quem vai ser a vítima?", disse, rindo, fazendo uma brincadeira com fundo de verdade.
Ele riu e não quis falar, ela perguntou se iriam no lugar de sempre. Ele ficou sério e mexeu a cabeça negativamente.
"Mas então onde você vai beijar boca", ela perguntou.
"No puteiro", ele disse, normalmente.
"Hã?", ela perguntou, sem acreditar. "Mas por quê?", ela insistiu.
"Ora, quero só beijar boca. Além de no puteiro ser mais fácil do que naquele lugar que vocês mulheres freqüentam, ainda tenho a vantagem: lá elas são pagas e treinadas para dar beijo na boca. Posso saciar minha vontade física sem machucar o coração de ninguém", ele disse, com um racionalismo frio e desprezível.
"Não sou mulher", ele acrescentou.
"Mas as putas são", ela pensou, mas não quis falar porque estava mais ocupada em abrir a embalagem do cigarro.
26 abril, 2002
Cena do Canal 80
A campanha pela volta da espetacular série do Renato de Alexandrino parece estar dando certo. Não só ele começa a concordar em voltar com a série - com uma periodicidade menor - como ainda criou um derivado, o Túnel do Tempo do Canal 80, seção onde ele deve abordar cenas engraçadas da geração de ouro do pornô, quando os filmes ainda eram em película (epa!).
Come rain or come shine
Musicaço, linda canção dos anos 50 (se não me engano, o autor, Johnny Mercer, é dessa época) que acabo de ouvir na voz de B.B.King e Eric Clapton. Minha versão favorita desse clássico Come rain or come shine, dessa extraordinária canção de amor que todos precisam ouvir, é do Sting, no filme Leaving Las Vegas (Despedida em Las Vegas, no Brasil). Enquanto Nicholas Cage e Elizabeth Shue namoram no crepúsculo, na beira da piscina (antes de Cage quebrar uma mesa de vidro, se cortar todo e estragar tudo) enquanto a voz excelente de Sting praticamente declama a grande canção.
Rain and shine para todo mundo nesta sexta-feira. Aliás, se eu pudesse escolher, queria o rain, porque tá um calor do Congo Belga (chega de pagar royalties pro Senegal).
Back to the New City
Emplaco o terceiro fim de semana consecutivo de trabalho a partir de hoje, na sede da Cidade Nova. Como sempre, emails para lá podem ser enviados clicando aqui.
Para quem vai folgar, um bom fim de semana.
Morre um blog
Por falta total de tempo para atualizar (o motivo não foi divulgado, mas presumo que seja esse), chega ao fim o blog Botequim. Curiosamente, o Marlos deletou o danado, ao invés de anunciar seu fim e simplesmente deixar no ar os arquivos.
Será que a febre dos blogs está indo pro vinagre?
Enquetes
Expirou a enquete sobre qual série deve ser a mais lida no blog. Quero agradecer por cada um dos 71 votos dados. Em primeiro lugar, com 22,54% dos votos (16), ficou mesmo a série "Mulheres que um dia amamos", que já não escrevo há um tempão - talvez por problemas de estoque.
Em segundo lugar, ficamos eu e Alessandra com as listas de "Dez Mais...". Foram 16% dos votos (12). A medalha de bronze foi para a recente série "Os melhores LPs da minha juventude" na qual em seu mais recente episódio abordei o inesquecível The Wall, do Pink Floyd.
Somente quatro votos - aposto como os quatro da Valeska recebeu a blognovela AMADA ATÉ OS DENTES. Nossa heroína Marta Morales parece que ainda não engrenou na luta contra o crime e só quer saber de sexo.
Agradeço a opinião de todos, até dos dois que perguntaram se eu tinha "Baretta".
Até a próxima enquete.
Abolaieu - Cena 1
O começo? Perdido em algum lugar do inconsciente e no universo das coisas nunca filmadas, gravadas ou fotografadas. O começo da minha relação com a bola pode ter sido uma revista do Flamengo de 1971 que meu pai me deu, que tinha uma foto grande do paraguaio Reyes, símbolo da raça. Uma das primeiras palavras relacionadas a doença que aprendi foi leucemia, doença que matou o paraguaio. Uns dois anos depois ouvia meu pai sempre falando, "Reyes morreu de leucemia", e ficava eu lá imaginando que tipo de doença matava um super-herói.
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Sim, porque eles foram meus primeiros super-heróis. Na época, tinha o Capitão Aza, e víamos lá os heróis Marvel em péssimos desenhos animados (?). Mas já havia Luisinho Lemos, aquele que depois ficou conhecido como Luisinho Tombo, na época um atacante cabeludo e que jogava de meias arriadas. Sim, talvez tenha tudo começado com Luisinho Tombo. Agora, se eu fosse Nick Hornby, teria desistido de escrever Febre de Bola se eu tivesse que escrever "Tudo começou com Luisinho Tombo".
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Metade da minha vida se passou, eu vi a propaganda dos fósforos-jogadores de futebol da Copa de 1974, me lembro de um estranho Valdomiro (que depois seria grande ídolo do Colorado no bi de 1975/76, naquele timaço do Inter-RS) fazendo gol contra o Zaire, mas o resto são trevas. Eu tinha seis anos nessa Copa. Mas antes de chegar a de 1978, veio Zico - definitivo na vida de qualquer criança. Com Zico, choramos juntos a morte de Geraldo (meia que morreu durante falha em operação de amígdalas), choramos juntos o pênalti perdido em 1976 na Taça Guanabara, choramos juntos uma derrota horrível para o Fluminense de Rivelino, Rubem Gálaxe, Pintinho e cia (3 a 0).
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Mas foi exatamente no mesmo dia, conheci ambos: Zico e o Maracanã. Uma tarde qualquer de 1975, um Flamengo x América. O Diabo tinha um time forte pacas, com País no gol, Uchoa, Alex, Geraldo e Álvaro; Ivo Wortmann (esse mesmo, técnico), Bráulio e Gilson; Flexa (da Seleção) e mais dois que não me lembro. Mas depois que eu me hipnotizei pela visão do gramado surgindo, se abrindo depois daquele pequeno esforço para superar o declive, vi o Flamengo vencer por 3 a 1. Zico passou dos 28 gols, descemos a rampa e, do lado de fora do Maracanã, meu pai disse: "Acho que esse garoto, Zico, vai longe. Tem X gols no campeonato". Nem meu pai sabia o quanto Zico iria longe pelo Flamengo - tragédias canarinhos à parte, por favor.
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Sim, talvez tenha começado antes desse dia no Maracanã. O vício pode ter rolado na hora de ler a revista do Flamengo, ou vendo algo pela televisão, ou mesmo chorando uma derrota de seu clube. Mas sinceramente? Nada supera como lembrança em sua vida saber que já foi leve o suficiente para ser erguido nos ombros de seu pai no meio da festa de mais um gol de seu time. Esperando por um replay que nunca viria. Vendo a festa, vivendo como se não houvesse amanhã, como se não fosse necessário crescer.
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Hoje, é triste ver que pais e filhos não vão mais aos jogos porque as arquibancadas estão reservadas para os marginais matarem uns aos outros.
(proximo capítulo: O dia em que tudo deu certo e o dia em que tudo deu errado dentro de campo)
25 abril, 2002
Nova série no ar
Enquanto não termina a enquete sobre as séries preferidas dos amigos, devo inaugurar mais uma: Abolaieu
Criei-a no ônibus, quando vinha para o Rio. Contar tudo sobre minha relação com aquele pedaço de couro que é perseguido por 22 homens dentro de campo.
Diana Krall chora um rio
Confesso que as coisas não iam bem até o momento em que essa linda pianista canadense entrou no ambiente cantando "Cry me a river". Aí, tudo pareceu se resolver por um segundo, como um otimista que se joga do décimo andar e ao passar pelo quinto fica feliz por ver que já vai começar o jogo do Flamengo.
Ah, esqueci que não passam mais jogos do Flamengo na televisão.
De volta
Mal chego ao Rio de Janeiro, e o bicho já tá pegando. Passei pela Linha Vermelha de ônibus, bicho pegando na Maré, uma porrada de policiais, tiros, etc. Bem-vindo ao paraíso. Estou de volta. Com aquela pequena tristeza que dá em todo viajante que volta.
E uma certa e estranha (e talvez errada) saudade.
É só o começo
Outro dia escrevi um post sobre dois homens desempregados e desesperados, um “vestido” com uma placa amarela onde se lia “não desisto, procuro emprego” etc e tal e um outro acorrentado.
Pela foto na coluna do Ancelmo Góis, no Globo de hoje, parece que a idéia é boa mesmo.
Vizinhos
Não sei quem são os meus vizinhos e, mesmo assim, não nos entendemos. Por várias razões. Tenho um gato preto e vira-lata. E gato, todo mundo sabe, pula muro, mia e faz algazarra. Os gatos são um pouco repelidos. Mal crescem, escapolem, invadem casas, fazem escândalo. Bom, mas o gato não é o assunto.
O assunto é: quem são os meus vizinhos?, do que eles gostam?, no que eles trabalham?, são vegetarianos?, assistem novelas?, rezam?, lêem? bebem? fumam? etc. Quem são essas pessoas que dormem lado a lado às paredes do meu quarto e que cruzam por mim pelos corredores do prédio e mal me cumprimentam? Vizinhos só servem às nossas especulações.
O cachorro da moça do apartamento 103 não pára de latir . Por que a moradora do 102 não gosta de gatos? De todos, apenas dois vizinhos gostaria de conhecer: um casal que me cumprimenta em qualquer lugar onde os encontre e um outro, simpático, embora reservado.
Não sei se eu sou a moradora mais barulhenta do prédio. Desconfio disso por causa das reclamações. Primeiro recebi uma carta sobre as festas que promovi. Minha meia dúzia de amigos, para felicidade geral da vizinhança, não aparece mais. Reconheço que eXtrapolamos.
Outro dia estava chegando da rua e o homem de óculos que mora no apartamento acima do meu me interceptou:
- Ei, você assiste o noticiário de manhã cedo?
- Sim, assisto – e fiz aquela cara de interrogação.
- Sabe o que é, o volume está muito alto, faz eco e parece que a sua tv está dentro da minha casa.
- Ah, o senhor me desculpe, mas é que eu sou surda, então eu escuto alto mesmo porque não tenho noção.
- E eu não preciso acordar cedo, então a gente poderia trocar de problema hehehe – ele disse.
- Eu vou tentar abaixar – prometi e virei as costas.
Quis dizer pra ele assim: aproveita que o senhor gosta de reclamar e vai ao aeroporto Santos Dumont, ou envia uma carta para a Força Aérea Brasileira, ou sei lá quem controla os vôos, Departamento de Aviação Civil ou a puta que pariu, e solicite a imediata mudança da rota dos aviões que passam diariamente, à noite e de manhã, voando bem baixo, sobre as nossas casas, várias vezes. Esse barulho incomoda demais e também interfere na imagem da minha televisão. Ah, e toque na vizinha aqui ao lado e mande os filhos dela, um de dois anos e outro de um, calarem a boca. Quanto ao meu gato, pode ficar tranquilo, já o matei. Inclusive, estou providenciando um churrasquinho em homenagem ao felino que será realizado a partir das sete da manhã lá na minha varanda e se estenderá até às 21h59. O senhor está convidado. Até logo.
24 abril, 2002
São Paulo: noites de domingo, segunda, terça e quarta
O estômago e o fígado
Essa foi a dupla de ataque nas noites de domingo e segunda-feira aqui na Buenos Aires brasileira, como definiu Valeska Lowerfount.
Bom, nunca fui em Buenos Aires, mas devo preferir São Paulo porque aqui não tem o Boca e o River, tradicionais algozes rubro-negros em competições sul-americanas. Mas talvez seja mais coerente dizer que o estômago e o fígado foram as duplas atacadas, e não a dupla de ataque.
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No domingo, programinha light: churrascaria rodízio. Bom, se todo mundo concorda que na Escócia, terra do uísque, é onde se bebem os melhores uísques, logo, numa regra de três, não seria exagerado dizer que em São Paulo, terra da comida, é onde se massacram as melhores churrascarias-rodízio. E fui com uma equipe de peso, colegas aqui do Lance-SP. Mais de duas horas de permanência na mesa coordenando um desfile de picanhas, alcatras, cupins, queijinhos de coalho, muzzarela, fora o bufê de frios completíssimo, com palmito, elemento imprescindível para uma boa atuação em churrascarias rodízio. Eu diria que o palmito é mais ou menos como o líbero no esquema 3-5-2.
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Depois, hotel, banho, cama e a melhor coisa para se fazer na hora de dormir: um enlatado na Fox que exige somente dois neurônios para ser consumido. Um deles ainda dormiu antes do final. Um sono reparador, e logo depois uma produtivíssima segunda-feira de trabalho, ótimo preâmbulo para mais uma noite agradabilíssima, no pub chamado O'Malley's, na esquina da Rua da Consolação com Alameda Itu.
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Lá, encontrei Ione, Augusto Sales, Ricardo Zobaran, e ainda o pessoal do Lance, as meninas Michele, Ana Paula, Maristela Mattos e o Thiago Rocha. Depois de dois screwdrivers eu já estava defendendo a tese dos seis graus de separação, sobre a qual Ione discorre em seu blog. Cliquem e vejam.
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Descobrimos em um cômodo secreto dentro do pub - que tem vários ambientes - duas mesinhas de sinuca, muito bem definidas pelo Augusto Sales como "mesinhas de DCE". Para mim, essa é uma definição tão perfeita que deveria servir como modalidade olímpica - no dia em que a sinuca fosse esporte olímpico. Augusto ainda criou definições geniais para a jogada em que encurralamos a bola branca: "sinuca de posicionamento" e "sinuca de ângulo".
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No embate eu-Thiago (representando o Lance) contra Augusto-Ricardo (representando o Fluminense), saiu goleada: 5 a 1 para o Lance, sem apelação. Poderia ter sido de mais, se eu não tivesse atirado a bola branca para fora do tapete verde por cinco vezes.
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Na hora de ir embora, fizemos uma sensacional tour pelo centro paulistano à noite, com seus sinais (faróis) intermitentes, seus milhares de neons e todos os pontos conhecidos: o Bexiga, a rua onde rola a festa da Santa Accheropita, o Anhangabaú, o Ibirapuera (ginásio e parque), a Rua Augusta, os prédios, os milhares de viadutos. São Paulo é mesmo como o mundo todo, que me desculpe a inoportuna e batidaça citação de Caetano Veloso.
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Terça-feira, programa futebolístico. Fui no Bar do Elias, uma espécie de Meca palmeirense. Apesar de não ser nem de longe o time da minha preferência, saboreei com prazer bolinhos de bacalhau que fariam Camões atravessar o Oceano Atlântico a nado e uma porção de frango à passarinho que só faltava voar. O chope me surpreendeu. Dei três goles, espuma boa, sabor excelente, leve. Falei que era bom e uma voz anunciou: "É Schincariol". Bom, vivendo e aprendendo.
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Fui para o hotel e - surpresa! - o meu cartão magnético não abriu a porta do quarto. Meia-noite e meia. Desci, reclamei, e ouvi aqueles "senhor pra cá, senhor pra lá", de sempre. E a informação: "Vamos liberar, mas o senhor peça ao jornal para mandar o fax liberando para evitar constrangimentos na saída". Fiquei pensando em que tipo de constrangimento era esse....
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Quarta, dia de clássico. Vou ver no telão do tal Valle Sports Bar, do Luciano do Valle. Telão e chope, diversão garantida. Morumbi fica para uma próxima vez - talvez eu volte no dia 6 de maio! - mais aliviado. Amanhã começo a voltar para o Rio. Espero encontrar todos bem por aí, depois de uma semana longe.
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Um bom fim de semana para todos. Vou começar no Rio tomando um chope no Lamas. Apesar de curtir São Paulo, essa cidade também tem coisas sem as quais não conseguimos viver.
21 abril, 2002
Música tema da terceira noite em São Paulo
Um Lugar du Caralho, de Wander Wildner
Sozinho pelas ruas de São Paulo
Eu quero achar alguém pra mim.
Um alguém tipo assim
Que goste de beber e falar,
LSD queira tomar e curta,
Syd Barrett e os Beatles
Um lugar onde as pessoas sejam mesmo a fuder
Um lugar onde as pessoas sejam loucas
e super chapadas
Um lugar do caralho
Eu preciso encontrar um lugar legal
Para dançar e me escabelar
Tem que ter um som legal,
Tem que ter gente legal
E ter cerveja barata!
Sozinho pelas ruas de São Paulo
Eu quero achar alguém pra mim.
Um alguém tipo assim
Que goste de beber e falar,
LSD queira tomar e curta,
Jupiter Maçã e os Beatles
Um lugar e um alguém que tornarão-me mais feliz
Um lugar onde as pessoas sejam loucas e super chapadas
Um lugar do caralho
Um lugar... Du caralho...
São Paulo - Terceira Noite
Um lugar do caralho
Era impossível não lembrar desse hit do Wander Wildner, cuja letra publico acima desse post. Mas na minha terceira noite em Sampa fui em um lugar do caralho. O lugar? Serra da Cantareira, local que há alguns anos entrou para o noticiário nacional por ser o ponto de queda do avião dos Mamonas Assassinas. Mas eu garanto que o lugar não merece ser lembrado só por isso.
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É razoavelmente longe de São Paulo. Vamos dizer que seja mais ou menos você estar em Botafogo e ir tomar um chope em Itaipu, Niterói. O trajeto, porém, é chato até o momento em que começa a subida da serra. Depois, uma vista extraordinária das luzes de São Paulo e o aroma de mato, serra e frio de verdade (não o frio dos aparelhos de ar condicionado) já trazem por si só uma saudável embriaguez - talvez preparando para a embriaguez das milhares de biritas disponíveis no local.
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No local, guardador de carro. O casal Cascalho Ventura e Giovana Vendramini, que me ciceronearam na empreitada, deixaram o veículo por ali, na mão de um guardador que era tão honesto que iluminou o próprio rosto com uma lanterna, para que o memorizássemos. Andamos vinte metros e de repente entramos em uma espécie de Cobal do Humaitá só que meio medieval e meio barroca. Bares todos em pedra e madeira. Alguns iluminados por velas. Pizzas inacreditáveis por todos os lados, mulheres espetaculares circulando como ninfas de um conto de fadas, e nenhuma pessoa com pinta de hostil. Não há "manos" ou outros tipos de adolescentes no lugar. E as pessoas são chapadas.
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Foi difícil escolher qual lugar sentar e começar a beber, mas decidimos por uma choperia, a Matissa, onde rola o mais puro blues & rock and roll, tudo acompanhado de bebidinhas enlouquecedoras e petiscos capazes de acordar um morto. Na Matissa pedimos por apenas 12 reais uma tábua de picanha que faria uma vaca vestir luto por sete dias. Ainda solicitamos batatinhas fritas - uma montanha delas, deliciosas. O sabor de tudo isso? Do outro mundo. Pedi logo um uísque, uma cerveja e um chope para acompanhar. Ficamos inicialmente numa mesa no mezanino, de onde se via o palco - lá, o couro comendo firme. As escadas pareciam cenário de filme e dei graças a Odin por ter descido por ela (toda em madeira) antes de ficar alucinado.
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Depois, eu, Cascalho e Giovana descemos para perto do palco. Showzaço. Nem sei o nome da banda, mas todos tocavam pra cacete. De hits como "Mustang Sally" e "Got my mojo working" até a clássicos desconhecidos mas igualmente empolgantes. A levada de baixo do cara faria um membro da ku klux klan rebolar caracterizado no Harlem.
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Eu olhava em volta e o ambiente era espetacular. De acordo com o Cascalho, no inverno rolam sopinhas aos montes, saborosas, acompanhando o vinho e fondues. E rock n roll na veia. Mas isso, deixo claro, na Matissa. Porque em volta ainda há dezenas de lugares estupendos. Depois de uma longa escada larga (toda em madeira), por exemplo, um bar grande, feito todo em tijolinhos, onde depois de uma porta dupla havia três mesas grandes de sinuca. Em volta, mesinhas com mulheres de cair o queixo, e no ambiente, se eu bem me lembro, estava rolando uma música das antigas do The Who. Segundo Cascalho, esse barzinho da sinuca toca rock direto.
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Como as mesas de sinuca estavam ocupadas, resolvemos ir em outro bar conhecer a simpática cachaça Canelinha (Cascalho me presenteou com uma garrafa, que levarei pro Rio). Este bar já era pequeno mas aconchegante, com um míni-palco onde um cara de violão e uma menina jovem cantando com voz meio Nana Caymmi mandavam músicas standards da MPB. Porra, o cara tocava pra cacete. A mina ainda mandou:"Aqui não tem couvert. Quem gostar, pode deixar qualquer quantia ali na cestinha. Quem não gostar, tudo bem". O que me surpreendeu é que geralmente acho uma merda qualquer duplinha de voz e violão em barzinho. Mas de repente a mina mandou "O tempo não pára" de uma forma tão contagiante que não pude conter meu comentário imbecil: "Aqui, até o que é escroto é bom".
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Tinha que trabalhar, por isso sugeri que fôssemos embora antes das três da manhã. Porém, é um lugar onde eu ficaria fácil até oito da manhã. Tudo é espetacular, as bebidinhas, as comidas, o som, as pessoas, a arquitetura, os ambientes. Maravilhoso. Desnecessário dizer que não havia nenhum lugar excessivamente lotado, que as pessoas não se esbarravam, que ninguém suava em bicas. Nenhum lugar estava vazio. Mas não havia hiperlotação. E mais desnecessário ainda dizer que as mulheres eram todas lindas (acho que já disse isso antes). Pena que eu estou em péssima forma, barba por fazer e a barriga já começando a falar com sotaque paulistano. Senão até arriscava um "xaveco".
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Enfim, um lugar tão sensacional que deprime. Nem de longe eu conheço lugares assim no Rio. A tal "pluralidade" do Rio anda estranha, é só pegar o jornal na sexta e contar quantas vezes em uma só coluna você lê a palavra "DJ". Incontáveis. E dentre todos estes, apenas três tipos: os que se acham artistas e falam deles próprios; os tecno/house/d & bass; e os "ecléticos" mas dentro de uns limites (tipo, "toco de tudo, desde Massive Attack a Cartola de 1960, passando por Jorge Ben de 1965. Rolling Stones? Ah, não, é muito ultrapassado"), isto é, é preciso ter uma certa "permissão" dos segundos cadernos e dos promoters para dizer que gosta de alguma coisa. Até hoje não entendo como um DJ pode dizer que o Sticky Fingers é uma merda.
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Fui para o hotel feliz, tranqüilo, sabendo que, na hora em que eu me encher o saco de tudo, existe um lugar do caralho para onde eu posso ir e saber que a vida vale a pena.
20 abril, 2002
As frases mais incríveis da História Política Brasileira
Pode ser lugar comum, pode ser repetitivo, mas numa série como essa não poderíamos deixar de registrar a inacreditável promessa de Wellington Moreira Franco nas eleições de 1986 para governador do Rio de Janeiro.
- Se eu for eleito, vou acabar com a violência em seis meses.
Não é hedionda como a de Maluf dizendo "Estupra mas não mata", mas tem o mesmo poder de fogo: chama o eleitor de burro, animal, ignorante, e subestima qualquer capacidade de distinção entre o plausível e o alucinado.
Como se violência fosse ser resolvida colocando mais gente na rua armada ganhando 500 contos por mês. Assim pensam os nossos políticos.
São Paulo - Segunda Noite
Perdidos em Osasco
Depois de fechar as páginas de Uruguai e Dinamarca, fui para o hotel aguardar a aparição de Augusto e Zobaran. O primeiro vinha do Itaim, o segundo veio do Rio direto. A atração principal, Moniquinha, veio no carro do Augusto. Uma paulistana típica e talvez a única pessoa que eu conheço que consegue não gostar de Beatles e Vinícius de Moraes e mesmo assim continuar adorável. Além de já ser bonita por natureza, Moniquinha ainda veio de vermelho e preto. Precisa mais?
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Fizemos uma freak trip. Erramos o caminho - quer dizer, o Sales errou - e fomos até Osasco, querendo na verdade ir para Pinheiros. Voltamos e caímos na Vila Madalena, um dos lugares mais incríveis que já fui em São Paulo. Tudo bem, existe um excesso de adolescentes e "manos". Um dos bares é forrado de alto a baixo com flâmulas e fotografias relacionadas a times de todo o Brasil. Vi até uma foto do Chacrinha com a camisa do Vasco. Coitado.
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Depois, passamos por um bar-boate cuja entrada é pela boca de um dragão, o Tijuana. Alucinante. Não entramos. Ficamos em um bar que tinha Bohemia de garrafa gelada, na mesa. Excelente. Mas o serviço meio fraco - o garçom parecia cansado. Aliás, Moniquinha parecia cansada, com uma baita de uma gripe que a impedia de beber.
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Várias casas na Vila Madalena, uma do lado da outra. Todas com música, seja ao vivo, seja de som ambiente, e pasmem, até cantada nas mesas. Cada um com a sua onda. A maioria dos lugares com estacionamento. Havia lugares cheios, mas em nenhum as pessoas se esbarravam ou se acotovelavam. Calor? Inexistente.
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Voltei logo, nem sei que horas eram. Devia ser tarde pra cacete, pois nossa freak trip Osasco-Vila Madalena levou bastante tempo. Quase deu para ouvir o Voodoo Lounge, dos Stones, inteirinho no carro do Zobaran. Moniquinha ainda ordenou que eu não colocasse nada disso no blog, dizendo que negaria até a morte. Mas eu não resisto. Afinal, até irritada ela é adorável.
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Segunda-feira acho que vou cometer uma heresia e vou no lançamento do livro do Mário Prata sobre o Palmeiras. Para ser um cara sociável, faço até mesmo esse tipo de sacrifício monstruoso.
Protesto
Quero deixar registrado o meu protesto pelo fim de uma das melhores séries em blogs de todos os tempos: Cena do dia no Canal 80, do blog do Renato de Alexandrino. Sugiro a formação de um movimento popular para a volta da série, no mesmo nível das Diretas Já.
19 abril, 2002
Blogando de São Paulo
Cheguei quinta-feira à tarde, e já engrenei no trabalho. À noite, fui fazer uma das melhores coisas que existem para se fazer em São Paulo: comer. E que nem um louco. Ataquei um rodízio de pizzas chamado "Charles", sensacional. Pizzas inacreditavelmente deliciosas, intercaladas com galetinhos estilo churrasco. Coisa fina. Para arrematar, um chope com uma espuma que parecia um creme. Espetacular. Desnecessário dizer que de sobremesa detonei um sorvete no qual um pingüim sobreviveria fácil por três dias.
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Depois, fui assistir ao time do jornal, que jogava na Copa Nike, em um gigantesco conglomerado de campos de grama sintética chamado "Playball". Infelizmente, minha presença não ajudou muito e o time foi garfado pela arbitragem, perdendo por 3 a 1 e ficando em difícil situação na Copa.
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Depois, hotel. Não muito sofisticado, mas ótimo. Sem serviço de quarto, mas com bar 24 horas. E com um vistaço da janela. Hotel é das coisas excelentes da vida. Um lugar onde você pode passar horas sem que absolutamente ninguém te encha o saco. Vendo televisão, lendo. E dormindo como uma pedra. Acordei zero quilômetro, perdi o café da manhã e fui para o trabalho, não sem antes passar numa padaria e detonar um café da manhã digno de um Henrique VIII às vésperas de ser internado num spa.
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Ainda não sei para onde vou nesta sexta. Opções demais. Mas espero no sábado tomar um chope de fim de tarde com o Augusto Sales, do nosso
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Devo voltar na quarta de manhã. Por aqui, o couro come direto até terça-feira à noite. Estou indeciso entre dois programas culturais no domingo: ir na Bienal ou ver São Paulo x Palmeiras no Morumbi. Do jeito que anda a coisa no fechamento, devo perder os dois...
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Um bom fim de semana para todos. O meu deve ser diferente.
Ginástica
Há um ano e meio, mais ou menos, que eu venho lutando contra a minha boemia e me empenhando na árdua missão de fazer ginástica e acabar com a definição atual da minha barriga em pneu inferior, pneu central e pneu superior. Na verdade, eu procurava (procuro) diminuir as noitadas, as cervejas e os cigarrinhos que as acompanham. Na maior parte desse período eu enganei. Ia uma vez ou outra, fazia no máximo uma esteira e chega, ia embora correndo. Passava a responsabilidade para os meus passeios de bicicleta no fim de semana, que é pelo menos prazeiroso pra mim. Não gosto desse negócio de academia, desfile de coxas, bundas e bíceps, enquanto eu fico tentando, a todo custo, alcançar meus pés na aula de alongamento. Mas agora...tchan tchan tchan tchan...eu me empolguei! Estou fazendo aula de manhã e uma senhora de 78 anos é a minha inspiração. Enquanto eu não acompanhá-la e deixar de ficar cansada só de olhar para ela, eu não desisto.
Os filhos do silêncio
Matéria na Veja desta semana sobre um casal de lésbicas que recorreu à fertilização in vitro para ter bebês surdos como elas me assustou. "Em lugar de neném de olhos claros ou superinteligentes, elas procuraram gerar um filho surdo", dizia a reportagem. Ambas estão na casa dos 30 e têm uma outra filha gerada do mesmo modo. Não sei se me assustou porque estou na crise dos trinta - andei pensando em gravidez, filho e na vida que vai passando - ou se é porque eu tenho deficiência auditiva no ouvido esquerdo (deficiência auditiva é muito melhor do que eu assumir que sou surda). Ou se pelos dois. O fato é que acho estranho imaginar que se escolhe quais as características do filho que vai nascer. Ainda mais, escolher que ele nasça surdo.
Bom, eu, Alessandra, não faria. Considero de uma vaidade extrema. Egoísmo maléfico.
Ainda segundo a matéria, normalmente uma em cada 2000 crianças nasce com problemas de surdez. E mais: informa que nos Estados Unidos, país de loucos por excelência, os surdos desenvolveram um conceito de que a surdez não é uma deficiência médica, transformando-a, assim, num conceito cultural. Valem-se, para tanto, da linguagem própria de sinais e se isolam cada vez mais. Me dá vontade de fazer um discurso. Calma, foi só um impulso. Por essas e por outras é que eu acho que a Roberta tem razão, o mundo é mesmo estranho.
18 abril, 2002
Na hora do almoço
Trabalhar no Centro da cidade é estressante. Temos burburinho, uma multidão que não anda, mas atropela, motoristas de ônibus com pés de chumbo e guardas enlouquecidos apitando compulsivamente. Fora os ladrões que “batem” carteiras, telefones celulares de quem os prende na cintura, relógios e outros objetos de fácil apreensão e atravessam a rua correndo por entre os carros com o sinal aberto e chegam ao outro lado sem um arranhão sequer. Sem falar no calor, nas filas dos restaurantes e na volta tumultuada pra casa. E também nos guardas municipais reprimindo camelôs e promovendo o quebra-quebra habitual.
Mesmo com tudo isso, trabalhar no Centro tem as suas vantagens. A hora do almoço, por exemplo, é demais. Todos sem hierarquia, andando pela Avenida. Presidente de empresa, boy, secretária e advogado se esbarrando, entrando em caixa eletrônico, comendo sanduba com suco de morango na esquina. Onde eu quero chegar? Ah, sim, no inusitado. Aqui, parece que estamos dentro de uma veia. E deve ser verdade. Hoje, às 13h, um homem de óculos, calça jeans e camisa social “vestia” uma placa amarela, semelhante a dos caras que compram e vendem ouro, com letras imensas onde se lia:
“Estou desempregado mas não desisto!
Procuro emprego nas áreas de venda, jornalismo,
filmagem, fotografia ou publicidade.
Telefone: 2287-6977”.
Outro dia era um outro cara, todo acorrentado, em frente ao Edifício Avenida Central, gritando que estava desempregado, pelo amor de deus, que o ajudassem, ele só queria trabalhar.
Será que ainda piora?
Acabou a lua de mel
Gustavo, meu querido, time de futebol é que nem irmão, mãe, pai, filhos e namorado: só a gente pode falar mal, que está uma merda etc. Onde já se viu, dizer que o meu tricolor vai levar o Estadual-Caixão no ano do centenário? Espero que não seja semelhante ao que nós demos a vocês, de barriga, aos 45 do segundo tempo, também no ano do centenário.
Parênteses: nós dois havíamos levantado bandeira branca. Tivemos um período de trégua depois que eu andei escrevendo algumas piadinhas grosseiras e, principalmente, depois de uma conversa longa e interessante que foi finalizada com um texto maravilhoso do Gustavo explicando o por que dele ser flamenguista - se é que existe explicação para este terrível mal. Fim do parênteses.
Tudo bem, concordo que todos os times estão uma merda. Menos o Flamengo, mas não posso dizer aqui por que razão o Flamengo não está uma merda, sob risco de ter uma briga séria e o fim de uma linda história de amizade e respeito. E isso eu não quero. O Vasco foi massacrado ontem; o Botafogo é um time que eu simpatizo e perde sempre, infelizmente; e o Fluminense nada, nada e morre na praia. E o Flamengo é igual a cunhado, e cunhado não é parente, então eu não vou deixar de vestir meu boné laranja e de me unir aos amigos tricolores e xingar "urubu" porque é ótimo, faz bem à saúde.
Em tempo: nada contra o meu cunhado, Edson.
Só mais uma coisa: tem muito link flamenguista aí ao lado, será que dá pra colocar lá embaixo, pelo menos? Nada pessoal com os autores dos blogs, esta é uma guerra particular.
Acabou a lua de mel.
17 abril, 2002
Um pouco sobre futebol
Queria entender o seguinte: por que só o Flamengo é que está no fundo do poço, que está mal, que é uma merda, etc, etc? Pensem bem: o semestre do
Botafogo, por exemplo, acabou sábado passado, perdendo pro rebaixado de São Paulo - isso depois de perderem pro América. Antes, já tinham rodado da Copa do Brasil pelo Paraná Clube.
O Vasco, essa "potência" do futebol, precisou roubar para ganhar de 1 a 0 do São Paulo em São Januário - e no jogo de volta (no momento em que escrevo ainda não acabou, tá 4 a 0) foi massacrado. Antes, tomaram ferro do Corinthians e dançaram também do Rio-São Paulo.
Tanto Vasco quanto Fluminense obtiveram somente uma coisa no Rio-São Paulo: classificação para a Copa dos Campeões, torneio para o qual o Flamengo já está classificado, por ter sido campeão da última edição.
O Fluminense ontem deu adeus ao primeiro semestre também, e agora só pode almejar dois títulos, a rigor, no ano de seu centenário: o Estadual-Caixão e o Campeonato Brasileiro. Mas esse a gente já sabe como é: chegam no final, todo mundo de camisa laranja, lotando os bares, xingando "urubus", e coisa e tal, aí vem um time meio baba e babau. Como ontem, quando o tricolor foi detonado em pleno Maracanã pelo Brasiliense.
Aí eu pergunto: é só o Flamengo que tá uma merda? Não, claro que não. Todos estão umas merdas. Mas como os torcedores dos outros clubes ficam felizes e satisfeitos apenas com a má fase rubro-negra, esquecem de cobrar nas arquibancadas, de seus dirigentes, times que honrem suas camisas e suas histórias. Os três times pagaram muito mico nos últimos dois meses. É hora de esquecer um pouquinho o Flamengo e virarem para o próprio umbigo.
Ah, e outra: sou a favor do Romário (futuro jogador do Flamengo) na Seleção. Mas no duelo de ontem, deu Kaká.
Não vou na galeria do Rock
A rivalidade e o preconceito são antigos. Cariocas e paulistas nascem pensando que não foram feitos para se entenderem. Curiosamente, no futebol, eu e qualquer torcedor carioca normal sentimos muito mais raiva de ver o time perder para um vizinho de São Januário ou das Laranjeiras do que de assistir uma goleada sofrida para Palmeiras e Corinthians.
Ou seja, há possibilidade de armistício. Diferentemente de ingleses e escoceses, ingleses e irlandeses, irlandeses e escoceses e ainda ingleses e franceses.
Eu briguei com São Paulo no dia em que fui de carro de reportagem. Eu trabalhava em um conhecido jornal popular (um dos lugares onde mais é praticado o assédio moral) e recebi a nobre incumbência de cobrir o seqüestro da QUASE loura do tchan. Sim, a mulher tinha tirado terceiro, virado dançarina de um grupo chamado Axé Blond e tinha sido seqüestrado por bandidos de Santo André. Ou seria de Guarulhos? Sei lá. Só sei que quando cheguei a São Paulo a mulher já tinha sido libertada.
Rodei pela cidade buscando informações. Ia na delegacia onde ficavam os presos sob custódia e ia na delegacia onde ficava a equipe que prendeu os caras. Cada ida e vinda dessas parecia implicar na quilometragem de um ônibus da Rio-Bahia.
Descobri naquele dia que São Paulo era como a Estrela da Morte. Em Guerra nas Estrelas, Luke Skywalker tem que acertar com um só tiro, com ajuda da Força, o buraquinho da Estrela que a destrói (buraquinho da Estrela ficou parecendo nome de brinquedo pedófilo). Quando erra, ele tem que dar a volta na Estrela da Morte inteira. Era o que acontecia com a gente. Errávamos uma entrada da Marginal e tínhamos que dar a volta em São Paulo procurando o retorno.
Mas eu voltei a São Paulo depois disso, um ano depois, e sem ser a trabalho. E fiz as pazes com a cidade, iniciando uma grande amizade. Me lembro que peguei na mão da cidade e a pedi em namoro no dia em que, partindo de uma estação no centro mais baixo da cidade, fui até a Estação Masp/Trianon do Metrô. Emergi na Avenida Paulista descansada, por volta das oito da noite, as pessoas começando a buscar seus bares, suas amizades. Um frio sutil deixava todo mundo de bom humor (diferente do calor senegalês que só a Roberta adora).
Fui então no bar Opção, e o índice de felicidade extrapolava. Mulheres maravilhosas circulando, telões, pessoas com roupas sóbrias, tira-gostos espetaculares, cerveja em garrafa geladíssima na mesa.
Naquela mesma época eu já travava conhecimentos com Inagaki, Andrea Del Fuego, Moniquinha, Ian Black, a turma toda. Depois conheci Ione. Ou não.
Depois me enturmei com o pessoal do Lance-SP. E conheci mais gente ainda. Enfim, muitos, hoje em dia nem sei onde ir primeiro.
Só sei que não vou na Galeria do Rock. Na primeira e única vez que fui, quase deixei as calças. Assim o namoro fica caro demais.
16 abril, 2002
A noite
Parece tão tarde, mas a noite ainda nem chegou. Vem com ela o meu futuro. Estrelado, nublado, brilhante, insone. Vem com ela meu sono; possibilidade de sonhar. Só os que sonham vivem o turbilhão da inconsciência. E eu quero vivê-lo, sim. É a minha única abstração, a que nos permitiram possuir e personalizá-la. Só o depois me interessa. Que venha a noite e haja longa madrugada, signifique qualquer coisa e me entorpeça. Sou de outro tempo, mas invadi a tarde de hoje com espada e chapéu feito de jornal, como fazia meu irmão tentando ser Dom Quixote sem conseguir. Fui corrompida pelas notícias e por tanta realidade. Talvez por isso, hoje a noite demore tanto a vir.
Site bacana de cartuns e quadrinhos
André Dahmer, ilustrador, infografista e cartunista, inaugurou seu novo site, o Malvados.com. Vale a pena conferir o humor corrosivo do homem, que ainda desenha que é um negócio de cair o queixo.
Novo quilombo de zumbis
Alô, paulicéia: estou partindo nove da manhã de quinta-feira rumo ao terminal rodoviário do Tietê (o jornal queria pagar a passagem de avião, mas consegui convencê-los de que eu e Dennis Bergkamp temos medo justificado) para ficar até terça-feira. Infelizmente, meu celular não funciona em São Paulo, mas logo mandarei um email divulgando meu telefone lá na sede.
No meio-fio
Na hora do almoço me deparo com o caos no Centro da cidade: engarrafamento, calor, apitos, Avenida Rio Branco interditada. Alguém me dirá, "mas ô Alessandra, desde quando o Centro da cidade não é um caos?". Balanço a cabeça, digo "tudo bem" concordando, e prossigo. Alguma passeata? Mais a frente, dezenas de pessoas paradas olhando para cima. Um camelô grita "ih, o maluco pulou!". O corpo de bombeiros está ali. Alguém se jogou? "Afinal, qual é o motivo dessa confusão?", pergunto a um vendedor de refrigerante. "A queda de um bloco de cimento daquele prédio ali", ele aponta. Parênteses para uma informação irrelevante: eu já trabalhei neste prédio. Esse mesmo ambulante me disse que pelo menos umas quinze pessoas foram atingidas e me mostrou o buraco entre os andares...hum, é muito alto. Considero que ele exagerou, não pode ter caído aquele pedaço todo. Chego mais perto e constato que o menino estava certo. Está um sol estupendo. Estamos andando no meio-fio. Há uma outra opção, também, para fugirmos desse caos. Mas é mais cara.
Decepção no quizz
Ficamos em terceiro. Perdemos dois pontos por falta de comunicação (fica todo mundo dizendo depois que falou a resposta certa, mas não falam na hora) e um ponto porque eu até hoje sempre achei que o fundador do zen-budismo fosse Confúcio.
Bom, pelo menos serviu para eu perceber que não sei porra nenhuma sobre zen-budismo.
Bom Dia!
Queridos Blogs, ando meio cansada de escrever aqui, espero que seja passageiro...(hum, me lembrei daquela frase infame .."tudo na vida é passageiro, menos o trocador e motorista...). Dei um rápido sumiço, voltei pequenininha, chata e repetitiva. Mas tem o Gustavo e tanta gente legal. E eu não quero ficar quieta, escrevendo pro meu computador e lendo enlouquecida minhas coisas para o Billy Negão, porque minhas gavetas não aguentam mais. Aliás, há muito tempo não dou notícias dele; é porque não tem sentido fazer isso aqui. Vontade de calar. Fico brincando com as palavras, com seus significados. E tudo o que eu falo tem conotações estranhas. Ah, vou ler um livro, talvez o do Rubem Fonseca, que é um bom modo de me isolar e comentar sobre as pequenas criaturas que habitam esse grande planeta. Disseram que está uma merda, o livro, mas quem se importa com críticos? Como escreve o colunista do O Globo comentando a Casa dos Artistas, profissão: crítico. Êta profissão estranha! Outro dia discuti com o meu pai e um grupo de amigos dele sobre isso e defendi a crítica quando feita com embasamento. Mas tive que concordar que não existe imparcialidade em nenhum texto jornalístico e a discussão estendeu-se madrugada adentro, terminando com um verdadeiro papo de bêbados, inclusive esta que vos escreve, discutindo a diferença entre saudade e nostalgia.Mas foi tão gostoso que me deu uma saudade alegre. Ih...
Muito estranhos
Não que fosse alegre, mas tudo em sua vida era colorido. Roupas, sapatos e fotografias. Vermelho-vivo. Queria abraçar o vermelho e o vivo. Rasgou com uma lâmina o pulso e admirou com tanto amor aquela cor forte esvaindo vida que sequer pensou no fim.
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Saltaram do carro juntos. Ele usava um lenço verde na cabeça. Se abraçaram sem perceber presença estranha na noite. Comentaram sobre a insossa comida que jantaram. Insossas as pessoas, também. Abraçaram-se com força no elevador. “Alguém diria, vendo essa cena, que entre dois homens não existe amor?”, pensaram.
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Queria mudanças. Pensou em ir para a Áustria. Talvez a Grécia. Sonhou com a China, mas não sabendo chinês, desistiu. Ela não se despediu de ninguém. Fez as malas secretamente, ninguém sabe para onde foi. Tempos depois, soube-se que a única transformação efetiva em sua vida foi pintar o cabelo de vermelho.
15 abril, 2002
Futebol
Não posso mais assistir jogos do Fluminense, fico com muita raiva. Tudo começou no ano passado, quando perdemos duas vezes nos pênaltis, uma para o Flamengo e outra pra outro time que não lembro agora. Me lembro que saí do Maracanã chutando lata. É frustrante demais. Esse jogo contra o São Caetano teve algo de penalidade máxima. Aquilo lá era hora de fazer gol, pôrra. Não assisto mais. Ainda mais se for contra esse time azul que está
me irritando muito.
Momentos
Quero estar com você porque sinto qualquer coisa intocável. E me pergunto, todos os instantes, por que? Vêm-me da vida, quem sabe tolhida ou das noites insones, meus pensamentos de você? Tudo se resumirá a momentos? Todos que vivi, pessoas com quem convivi? “A convivência humana causa-me náuseas”, disse Jean Paul Sartre. Não há respostas. Só perguntas. E afirmações. Preciso de momentos como o de agora para escrever o quanto deles preciso. Este é um bom momento.
Boa do CAT
Não conheço pessoalmente o jornalista e colunista do Globo Informática (INFOetc), o Carlos Alberto Teixeira. Mas tive a sorte de cair em sua mail list, que acredito ser a melhor que existe na internet. Só manda material excelente, novidade, coisa inédita, curiosa e engraçada.
Se você tiver um som no seu micro, vale a pena clicar aqui. Se não tiver som e boa conexão, deixa pra lá.
Uma ótima semana para todos, com sorte, paz e felicidade.
Nova enquete no ar
Tem nova enquete na área, desta vez sobre as séries. A enquete sobre o novo nome dessa página fica adiada sine die. Mas ando meio cansado desse negócio de Blogus. Se eu não estivesse em companhia de uma moça como Alessandra Archer, iria botar um nome mais debilóide, "Orgasmatron" ou "Comedores de baratas". Mas a sutileza de Alessandra me impede de regredir ao estado animal.
Bom, gostei muito do nome "Mr(s) Soul" que a Isabela sugeriu.
Espero
Espero que a blog-novela não esteja enchendo o saco. Queria fazer da Marta Morales um personagem mais maneiro, mas ela quase não fala. Como toda menina esperta, ela só ironiza.
Mais um capítulo
AMADA ATÉ OS DENTES
A blog-novela policial do Blogus
Capítulo 3
No último capítulo, nossa heroína foi liberada após ser presa para averiguação e levada para a Delegacia de Bangu. Ela investiga a tentativa do traficante gaúcho Paulinho Beira-Rio (torcedor fanático do Internacional) de se instalar no Rio de Janeiro usando como fachada pastelarias coreanas. Marta está a bordo de um Opala preto com dois policiais civis que a levam de volta até o local onde seu carro estava estacionado.
- Vocês podem parar por aqui, por favor - diz Marta Morales.
O Opala freia bruscamente, e o meganha ao lado de Marta sai rapidamente do carro para dar a volta e abrir cavalheirescamente a porta para nossa heroína, isso sem deixar de olhar para as pernas bem torneadas dela. O nosso texto não tem condições de explicar como o meganha deu a volta no carro olhando para as pernas de Marta sem ter visão de raio X, mas tudo bem.
- Obrigada. Você é muito gentil.
- ´Brigado nada, vai abaixando as calcinhas - diz o meganha. Marta olha com desdém e explica ao gigantesco agente da lei:
- Meu amigo, essa piada é a coisa mais velha do mundo.
- Ah, mas até que não seria má idéia, né, fala sério....
Ao ouvir a expressão "fala sério" a nossa heroína entra em transe. Sempre que é usada "gíria de pagodeiro" para falar com a totalmente rock-grunge Marta Morales sua mente sofre um calafrio. Ela olha de forma gélida para o meganha, com os olhos vidrados, e sai andando. Os dois policiais se assustam.
- Mulher maluca, essa - diz um.
- Pode crer. Até que eu comia - diz o outro.
- Comia porra nenhuma, tu não dá conta nem da sua mulher - diz um terceiro cara, que aparece do nada para falar isso e cortar a onda dos meganhas. Os dois policiais matam o sujeito e vão embora, deixando o corpo estendido lá. Imediatamente surge um carro com sujeitos de macacões escritos "CANDLES FOR HAMS CIA." (n. do t. - velas para presunto) e acendem uma vela ao lado do corpo. Um repórter e um fotógrafo de um jornal popular já estão a postos para fotografias. Marta, ao ver tudo isso, liga o carro na chave e vai embora de Bangu tentar encontrar seu amigo Sérgio Cabeça-de-Pau-de-Jumento para pedir explicações.
- E aí? Como foi lá? - pergunta Sérgio.
- Porra, já cheguei? No parágrafo anterior eu estava em Bangu! Puta que pariu. Bom, fui lá, uns canas apareceram e me levaram para a 34. Pelo jeito eles estavam tomando conta da parada do Paulinho. Alguém te disse se havia polícia na história, Serginho?
- Não, ninguém disse nada. Consegui, aliás, um mandado de prisão do Paulinho Beira-Rio. Antigo, cópia xerox, por homicídio.
- É mesmo? Qual é a história?
- Tá preparada, Marta?
- Porra, Sérgio, estou cansada, pára de fazer mistério e fala logo. Dirigi de Bangu até aqui em um só parágrafo. Qual é a história?
Sérgio começa a contar o motivo pelo qual Paulinho Beira-Rio cometeu homicídio.
- A história é a seguinte.
Sérgio enrola pra cacete. Conta logo, porra.
- Bom, a história é a seguinte: Paulinho matou uma mulher e dois caras durante uma suruba. Calma, calma, não levanta da cadeira ainda, Martinha. Ele não participava da suruba. A história é de arrepiar. Ele conheceu uma mina que trabalhava em internet, na área de hmtl ou hltm, sei lá, que merda é essa, que era totalmente louca. Os dois se apaixonaram. Ela tinha 24 anos, só que rolou uma história com ela aos 15: ficou amiga/namorada de dois caras ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo MESMO. Ninguém sabe como, mas os três ficaram saindo juntos durante meses, e os dois caras beijavam a mina na boca alternadamente.
- Uma suruba teen - interrompe Marta.
- Justamente. Até que um dia a suruba foi promovida aos profissionais, ou seja, os três, guiados pelos hormônios e pela falta de vergonha na cara....
- Sérgio, deixa de ser moralista, vai...
- ....bom, pela falta de vergonha na cara, os três começaram a transar juntos. Uma loucura. Igualzinho filme de sacanagem. Diziam que rolava até "oh, yeah". Putaria generalizada. A mina entrou para a faculdade de Produção Editorial e os dois caras ficaram na pista, fazendo movimento de drogas comprando inclusive do próprio Paulinho. Obviamente que acabou o namoro a três, mas como o hábito da suruba ficou arraigado...
- Que frase mais linda e culta, Sérgio: "O hábito da suruba ficou arraigado".
- Pois é, como já estavam habituados, continuaram fazendo uma bacanal mensal. A mina não arrumava namorados, não queria compromissos, saía com um carinha ou outro mas uma vez por mês eles estavam lá, praticando a três o nobre esporte bretão.
- Futebol? E quem ia pro gol?
- Caralho, Marta, deixa eu falar. Um belo dia os três estão no bar e chega o Paulinho e conhece a mina e rola um chamego. Paulinho carca a mina e passam a namorar firme. Só que, na cabeça da mina não havia motivos para ela parar de fazer uma coisa que fazia há quase oito anos todo mês.
- As surubas.
- Perfeito. E em um belo dia, na segunda semana de namoro, ela contou ao Paulinho que estava chegando o dia.
- Provavelmente ele pensou que era o da menstruação....
- Pois é, era o dia da namorada dele ir para a cama com dois sujeitos imundos. O pior é que parece que o Paulinho aceitou, contrariado, puto da vida, mas aceitou. Ficaram horas conversando. A mina convenceu o Paulinho de que seria sacanagem que o "relacionamento deles mudasse a vida anterior de cada um"
- Sei, sei, típico papo de quem quer cornear...já usei isso!
- Paulinho concordou, mas impôs uma condição: que ele fosse junto. Mas não queria participar. Só ver.
- Iiiiihhhh....é daqueles caras, tipo tem em anúncio de revistinha de sacanagem....
- É sim, mas ele não sabia que era. Isso é que foi o x da questão. A suruba rolou na cara do Paulinho, e ele começou a pirar. Quando se deu conta, a mina dele estava praticando o Candelabro Italiano com um e o Triplo Mortal Carpado com outro. Nem mesmo o mais circense dos contorcionistas conseguiria fazer essas duas posições ao mesmo tempo sem o auxílio de lagostas e uma coleção de Seleções do Reader´s Digest, mas ela conseguiu!
- Oooooohhhhh....And the winner is....!
- Então em dado momento o Paulinho se tocou de que estava com tesão vendo aquela bacanal toda. E com a mina dele. Foi muito pra cabeça. Pegou uma arma e sentou o dedo, matando os três. Depois saiu em crise e contou a várias pessoas a história. Claro que quando os corpos foram encontrados dias depois - já na posição do Cisne Belga - a polícia indiciou o Paulinho, e com todos já sabendo da história toda.
- Me avise se acabou para eu começar a chorar.
- Acabou, é isso.
- Tá, então vou chamar para o próximo capítulo porque o post deve estar enorme. Alô, créditos, manda ver e que não esqueçam o cara da sonoplastia.
(To be continued)
NO PRÓXIMO CAPÍTULO: MARTA MORALES FINALMENTE ENCONTRA PAULINHO BEIRA-RIO.
13 abril, 2002
Voltando, aos poucos
Como disse no post abaixo, a revista eletrônica Mais Querido, com colunas e ótimas matérias sobre o meu time de coração, o Flamengo, está de volta. Por enquanto, há apenas uma animação em flash mas a previsão é de que até o dia 20 de abril devem aparecer as primeiras matérias. Como não poderia deixar de fazer meu comercial, este que vos escreve tem no site desde o ano passado a coluna "Aos 41", batizada assim em homenagem ao inesquecível gol de Rondinelli em 1978.
Segunda é dia de quizz
Lá no Shenaningan´s, pub estilo irlandês em cima da Churrascaria Carretão, na Praça General Osório, em Ipanema. Legal pacas. Estaremos lá, a equipe de sempre: eu, Tatiana, Luiz Hagen, meu camarada Alexandre Lalas - dono do site Mais Querido, que está voltando à ativa aos poucos - e mais um Maracanã de amigos. Aguardo presenças de João Marcelo Erthal e Roberto Falcão.
Dessa vez, os cinquenta reais em chope e os outros brindes estão no papo.
Blues, blues, blues
Noite de sábado, pessoas conhecidas espalhadas, cada um para um canto, cada um com um programa no qual você não pode se incluir porque não tem muito cabimento. Seja por que motivo. O que eu faço? Ainda tento ligar, mandar emails, pensando em uma programação. Mas tá tudo muito ralo, muito fraco.
Aí penso que é assim mesmo. Tem dias em que há coisas para fazer, há finais de semanas com vasta agenda, e tem dias em que não há nada mesmo. Não adianta. O jeito é guardar essa grana para os dias bons e não arriscar o suado dinheiro em roubadas.
Fiquei em casa, adiantando material sobre seleções. Peguei a minha pilha de CDs que fica na parte de baixo, à direita do som. São os de jazz. No meio do caminho em que me abaixo para pegá-los, vejo o excelente "Steppin out", da superbanda John Mayall and the Bluesbreakers. Pensei, "há quanto tempo não ouço isso!", e peguei o danado.
É da época em que Eric Clapton assumiu a guitarra da banda, com 17 ou 18 anos, lá pelos idos de 1967. Em CD, o "Steppin out" ficou ainda melhor, com uma versão apocalíptica de "What i´d say". Mas ainda tem coisas acachapantes como "Double Crossing Time", "Little Girl" e o inigualável solo de guitarra de Clapton em "Have you heard". Coisa fina. Para paladares exigentes.
Ouvindo "Steppin out", fiquei satisfeito de estar em casa. Aliás, estou ouvindo neste exato momento. Com o perdão do trocadilho, "step out" de casa é a última coisa em que penso no momento.
New City
Nesta tarde de sábado, trabalhando. Lá na simpática Cidade Nova.
Quem precisar, pode me mandar email para cá que eu tentarei responder.
Um bom fim de semana.
As frases mais incríveis da História Política Brasileira
O Blogus entra no ritmo da eleição que se aproxima - a campanha só começa, a rigor, depois da Copa - e inaugura nova série, com as frases mais idiotas e as idéias mais estapafúrdias divulgadas pela nossa classe de jumentos mandatários. Como não poderia deixar de ser, começo com aquela que considero, disparado, em primeiríssimo lugar, como a Frase mais Imbecil de Todos os Tempos, pronunciada pelo ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, o empresário Paulo Salim Maluf.
Em 1989, na primeira campanha para eleição presidencial desde 1960, o ilustre Maluf se saiu com essa, e eu ouvi no mesmo dia, pelo rádio, com total nitidez:
- Ora, é um absurdo esses crimes de estupro com morte que a gente vê por aí. Acho que tem que haver um agravante para estupro com morte.
Até aí tudo bem, apesar de eu achar que estupro não tem que ter agravante porque deveria ser simplesmente a pena máxima (a meu ver, espancamento, esmagamento com rolo compressor, queima em fogueira, enforcamento e prisão perpétua - tudo de uma só vez). Só que, não satisfeito, o bravo candidato a presidente pelo então PDS soltou essa:
- Afinal, tá com desejo sexual, vai lá, estupra mas não mata.
A frase foi de uma infelicidade tão grande que na época ninguém perguntou o que significava o "vai lá".
12 abril, 2002
Sensacional
Valeu mesmo a dica do Maggi. Este post já está sendo escrito por meio do excelente programa W-BLOGGAR, uma espécie de upgrade para quem escreve web logs. Você não precisa de mais nada, e ainda escreve na boa off-line, permitindo a publicação mais rápida.
Como não sei mais onde guardei o link da página, recomendo que entrem na página do Maggi e procurem o post. Vale a pena.
reencontro?
Ela o viu de longe, na altura do último vagão do metrô. Sentiu a pulsação aumentar ligeiramente. Seguiu em sua direção, andando com charme e já estampando um sorriso. Ele a viu, cruzou os braços e encarou-a. Deixou-a um pouco sem graça; ela disfarçou. Estavam atrasados. Ele tocou-lhe o braço com suavidade e comentou ter lembrado dela no dia anterior. Há mais de cinco meses não se viam. Os dentes amarelados dele a impressionaram. Achou-o mais magro, também. Suas mãos suaram ainda mais quando, na despedida, ele puxou-lhe o braço e deu-lhe um beijo, sem palavras. “Estamos atrasados”, disseram. E nunca mais se viram.
Dez coisas da globalização sem as quais eu passo muito bem
1- Calor senegalês
2- Pontualidade britânica
3- Pôquer canadense
4- Roleta russa
5- Uísque paraguaio
6- Pomada japonesa
7- Fila indiana
8- Festa americana
9- Ladrão boliviano
10- Seleção Argentina
Uma busca inesperada
Minha página inicial é o Google. Às vezes, quando dá pau, eu clico em "Página Inicial" e a conexão melhora. Numa dessas fiquei olhando para o Google e pensei: "E se eu escrever foda-se e mandar buscar?". Fiz isso, na absoluta falta de sono e do que fazer, e apareceram 10 mil resultados. Ou seja, mais ou menos 10 mil páginas com a expressão Foda-se; isso no google.
Entre as debilidades, essa abaixo me comoveu, apesar de eu não ter entendido:
E aí Everaldo Rodrigues?
Gostou da surpresa???
NÃO COPIE!!!!!!!
Cara, vc não sabe com quem se meteu...
NUNCA MAIS OUSE COPIAR ALGUMA COISA DO MEU SITE, OK?
HUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUA!!!!
***FODA-SE***
SITE HACKEADO!!!!!!!!
NÃO COPIE!!!!!!!
NÃO COPIE!!!!!!!
Cara, eu acabei de invadir o seu micro e achei algumas informações muito "interessantes".... hehehehe... além de senhas, contas, etc,etc...Aqui estão algumas coisinhas que eu descobri...
HUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUA!!!!!
Nome: Everaldo Magalhães Rodrigues
Data de Nascimento: 04/10/1983 (Eu disse que era um fedelho!!!!!!!!!)
Profissão: Estudante
Nick do ICQ: Live Era 2001
Senhas mais utilizadas:
-*******
- *******
Endereço: Rua xxxxx, XXX - Caçapava/SP
CEP: 12286150
Me confesso incapaz de comentar.
O hit 10.000
Com discrição e elegância, Sérgio Maggi chega aos 10.000 page views em seu freqüentadíssimo Não é caldo. Um dos nossos grandes parceiros de manguaça. Espero em breve que possamos chegar ao uísque 10.000.....
Os melhores LPs da minha juventude
Número 4 -The Wall, do Pink Floyd
Eu só fui ter o choque de realidade ao descobrir que se cresce, vive e morre depois que eu vi e ouvi pela primeira vez The Wall, o filme e o disco. Com a cabeça um pouco instável ainda, aos 16 anos, devido à perda um pouco prematura do pai, eu ainda não sabia se eu deveria mesmo crescer - até porque não sabia crescer sem o velho ao lado, ensinando que a coisa boa da vida é ter acima de tudo caráter. Mais ou menos um ano se passou desde aquele dia terrível e inesquecível até o fim de tarde em que fui ao antigo cine Botafogo (onde hoje é o Espação Unibanco), antro de filmes pornôs e caratecas, assistir à primeira sessão da minha vida do tenebroso filme/animação de Alan Parker sobre a viagem mais sem volta da vida de Roger Waters.
A partir daquele dia, eu não conseguiria mais fazer o cérebro funcionar da mesma forma. Waters tinha me ensinado então que existe o muro, que existe o muro às vezes em volta da gente e às vezes no meio do caminho.
Naquela mesma semana eu peguei Pink Floyd, The Wall, o LP, emprestado. Me lembro que comprar disco duplo era mais difícil, ainda mais para um adolescente que ainda não trabalhava, vivendo em uma ainda civilizada cidade do Rio - 1985 era o ano. Rock in Rio, fim da ditadura, vida seguindo, promessas de "Nova República (com Sarney, mas todo mundo acreditava, menos o pessoal do Pasquim)". Enfim, peguei emprestado o The Wall e de repente não consegui mais achar que vinha um mundo novo por aí. "Look, mummy, there´s an airplane in the sky", eu ouvia aquela voz de menino e logo depois o violão sombrio, as vozes em côro como se estivessem em um velório e um órgão sinistro como se estivesse sendo tocado por bombas mortais atiradas de um caça da Luftwaffe. A voz de David Gilmour prolongava os versos que eu mal entendia, mas entendia de outra forma. Entendia como um suspiro.
Era um disco mágico. Depois da saudação inicial de "In The Flesh" (música que iniciou o show de Waters no Rio), vinha a balada de imensa tristeza e desolação, que para um recém órfão de pai parecia mortal: "The thin ice". "Mama loves her baby/And daddy loves him too/And the sea may look warm to you, baby/And the sky may look blue".. Estes versos davam a segurança, eu os entendia bem, a segurança da mãe, do pai, do mar quente e do céu azul.
De repente, a balada muda, fica mais hermética e entra Waters cantando: If you should go skating/On the thin ice of modern life/Dragging behind you the silent reproach/Of a million tear-stained eyes/Don't be surprised when a crack in the ice/Appears under your feet/You slip out of your depth and out of your mind/With your fear flowing out from behind/You as you claw the ice.
De arrepiar. o "gelo fino da vida moderna" - uma definição poética, sombria e magistral.
O disco tinha momentos de festa, como "Young Lust" (no filme, dá início a um strip-tease de uma linda "groupie"), e um desabafo apocalíptico em "One of my turns", quando Pinky atira a televisão pela janela. "Vá até a gaveta e me traga o meu machado favorito", diz a música, numa referência inconsciente a "O Iluminado", uma das maiores "turns" de um indivíduo na história do cinema.
Para encurtar esse post longuíssimo, chamo a atenção para duas músicas que me rachavam a alma ao meio, eu aos meus 16 anos, sem saber que direção tomar: "Mother" e "Confortably Numb"; na primeira, Waters faz uma referência ao fato de Pinky ter ficado órfão do pai na guerra e ter assim adquirido uma mãe superprotetora, algo que pode ser a destruição de uma personalidade. "Mama gonna make all of your nightmares come true", era a sinistra previsão.
Na segunda, referências dolorosas e implacáveis à infância ("when i was a child, i had a fever"), a imagens cálidas mas que dão angústia ("a distant ship smokes on the horizon"), e a ode suprema, um verso à desolação, ao isolamento humano inevitável em um final de século que começava a se impregnar de violência e medo de guerras - e crises econômicas, claro: "The child is grown, the dream is gone".
Em um post tão enorme, eu não consegui falar nem a metade de tudo o que essa obra-prima do Pink Floyd diz à minha alma, ao meu coração, à minha razão. Também pudera. Poucos conseguiram ser tão viscerais, captar o horror de entender que a vida é verdadeira (aquele horror pregado por Fernando Pessoa em "Terceiro Fausto"), quanto Waters-Gilmour nesse disco. "Just another brick on the wall" é a frase que eu mentalmente digo a mim mesmo há anos, quando algo não acontece como a gente quer. E isso é freqüente. Acredito que com todos, nesse mundo onde volta e meia é possível se sentir um fantasma em carne.
10 abril, 2002
Didentro de volta
O blog A menina do Didentro está de volta, com força total, é o que manda avisar Ione. Tá dado o recado.
Até segunda
Momento raro: estou muito irritada, descobri que estou com TPM !!! Mas só descobri depois de fato consumado, não é incrível? Então eu pensei, puxa vida, tudo aconteceu de modo natural e eu nem senti TPM, ah, não, que desaforo, vou tratar de inventar uma agora mesmo.
E foi fácil, fácil. É que existem profissionais especializados, com MBA e o caralho, na arte de aumentar a nossa dose de Tepeeme.
Até segunda ordem.
Working at home
O segundo prazo se encerra amanhã. Estou atolado em trabalho. Portanto, estou em casa. Qualquer dúvida, mensagem para o email de sempre (quem tem), e quem não tem, para o hotmail aí do lado.
Boa tarde.
No ônibus
Um pano vermelho atrás do motorista exibia a frase: “O volante é um troféu nas mãos de um herói sem valor”. Lá atrás, a trocadora era uma senhora, loura, de óculos, com a voz um pouco grossa e muito educada que dava “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” a todos que entravam, sem exceção. O ônibus é daqueles que demoram uma eternidade, então os passageiros são sempre os mesmos em seus horários e a trocadora conhece todos. Entra um vendedor de tesourinhas de unha pela porta da frente.
- Senhores passageiros...- aquele blá blá blá de sempre. Ele vai lá para trás e desata a conversar com a trocadora. Desistiu de vender:
- Oi minha amiga! Você andou desconfiando de mim outro dia, né? Eu não conheço aquele motorista, não. Ele estava perguntando outra coisa, nada a ver com você. Posso lhe dar um beijo?
Ela cede a bochecha.
Assunto vai, assunto vem:
- Eu estou quase trocando de ramo, querida. Não vou mais vender dentro de ônibus.
- É mesmo? Vai fazer o quê?
- Sabe, eu era vendedor de antenas parabólicas. Não deu certo, vim pro ônibus. Eu me dou muito bem dentro do ônibus, falo bem, porque tem cara que não sabe vender, não sabe lidar com o público e nem como deve abordá-lo. Mas eu sei, porque é uma coisa que eu gosto de fazer. Então, outro dia eu estava trabalhando e um cara me chamou e disse: “ei, acompanho você há um tempo nesse ônibus, você me ensinou a vender". "Eu?". Agora quero lhe propor que venha fazer um curso para trabalhar comigo”. E eu fui, é lá na Barra, no Downtown. É um curso sobre purificadores de água que acabam com 99% das bactérias da água.
- Que legal!
O articulado vendedor se senta.
(Pela primeira vez encaro a venda no ônibus como algo realmente sério, não como um bico).
Entra um garotão de dois metros de altura. Cumprimenta a trocadora e fica em pé ao seu lado, conversando. Cabeça abaixada para não bater no teto, reparo-lhe os pés. Uma lancha. É tímido, o garoto. E parece desconfortável dentro daquele corpo tão grande.
Um outro garoto entra. A trocadora toma ares de mãe e briga:
- Ô menino, você não deveria estar na faculdade?
- Ah, estou matando aula.
- Mas vai pra outro lugar? Então você deveria avisar a sua mãe. Onde já se viu. Quando a gente põe os pés fora de casa nunca sabemos o que pode acontecer.
- Celular foi feito pra isso, pra me localizar onde eu estiver.
- Mas você não tem juízo, hein? E se esse ônibus fosse o 174 e entrasse um maluco pela porta da frente e sequestrasse o ônibus?
- Como você quer que eu tenha juízo? Eu tenho 21 anos.
O vendedor de tesourinhas grita para a trocadora um pouco mais da frente:
- O ex-governador Garotinho está morando aqui, agora, sabia amiga?
- Ex-governador?
- É. Ex-governador, o Garotinho. Agora a governadora é a Bené, negra e favelada como eu, você não sabia?
- Ah, é. Você vai votar nele pra presidente?
- Eu vou.
- Ah, eu não vou não. Cambada de ladrão.
E o garotão de dois metros:
- Não vota nele, não.
A moça que estava quieta:
- Não, no Garotinho, não.
O desajuizado de 21 anos:
- Eu vou votar no Lula.
E o vendedor de tesourinhas:
- Mas o Garotinho se preocupa com o povo, não viu o piscinão e o restaurante popular?
A trocadora:
- Você já foi lá? Então deveria ir, porque eu já fui, é um pinicão, uma vergonha.
A moça ao meu lado perguntou se eu conhecia a Rua General Glicério. É mais ali adiante, respondi.
A conversa estava animada, mas eu desci. Cheguei em casa e não tinha o que escrever, saiu isso.
A verdade sobre o MST
O Brizola foi entrevistado anteontem no programa Deles e Delas, do Júlio ... Júlio...esqueci o nome dele, e da Gilse Campos. O ex-governador afirmou que ele foi o fundador do MST. Deixou todo mundo de boca calada no programa e fora dele. Senilidade ou verdade?
Os cantores/cantoras mais chatos de todos os tempos:
1) Lulu Santos – encabeçando a lista, porque ele merece e não precisa de muitas explicações.
2) Ivan Lins –sem comentários. Muito chato.
3) Jorge Vercilo – esse é recente, ouvi outro dia uma música, terrível.
4) Paulo Ricardo – geme geme.
5) Oswaldo Montenegro – só pra ele não perder o título
6) Leila Pinheiro – argh!
7) Ana Carolina – a garganta arranha o meu ouvido.
8) Adriana Calcanhoto – cariocas são cariocas pela janela pela janela...pela janela fugiu até o Billy Negão quando ouviu a música.
9) Tetê Spínola – ela sumiu, mas a voz estridente entoando “o nosso amor estava escrito nas estrelas”...é de doer.
10) Paula Toller – os homens ainda salvam as pernas da cantora; eu, nem isso.
11) Rosana – nem lembro o que ela canta ou cantava, mas lembro que era chatérrima.
12) Sandy – bonitinha, bonitinha, bonequinha, bonequinha, Cinderela, não, já sei, parece a fadinha do Peter Pan, a Sininho. Chata, chata e chata.
Uma rapidinha
Eu já estava indo embora, mas quase morro de dar risada em um dos meus blogs-parceiros. Seguinte: não percam a série Cena do dia no Canal 80, presente no blog do jornalista Renato de Alexandrino. Sensacional. Descrição de cenas absolutamente bizarras presentes no conhecido canal pornô da NET.
Alexandrino, afinal de contas, "PRA QUE A PORRA DA MÁQUINA FOTOGRÁFICA????".
Dez livros onde nossas almas se banham felizes
1- Ensaio sobre a cegueira - José Saramago
2- O amor nos tempos do cólera - Garcia Márquez
3- Pergunte ao pó - John Fante
4- O Evangelho segundo Jesus Cristo - José Saramago
5- Crônica de um amor louco - Charles Bukowski
6- Livro do desassossego - Fernando Pessoa
7- Estrela solitária - Ruy Castro
8- Todos os fogos o fogo - Júlio Cortázar
9- Os irmãos Karamazov - Fiodor Dostoievski
10- O amor acaba - Paulo Mendes Campos
Goodbye blue sky
Um hábito que também está voltando para mim: chegar da rua de madrugada e ligar o headphone sem fio para me deitar em uma música qualquer. Na noite de segunda-feira foi o LP "The Wall", do Pink Floyd, que em breve será abordado na série "Os melhores LPs da minha juventude".
É impressionante, ouvir em um bom estéreo, com clareza, sem nenhum ruído atrapalhando, a ópera da depressão que é o The Wall. Mas não é uma depressão qualquer, de maníaco. O Pink Floyd parece ser a única banda que chegou ao âmago das questões que surgem com o passar do tempo, os anseios, as inseguranças, tanto em âmbito pessoal como no âmbito de existência do próprio planeta.
Até hoje eu engulo em seco ao ouvir os versos finais de "Time", do disco "The dark side of the moon": Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain/You are young and life is long and there is time to kill today/And then one day you find that ten years have got behind you/No one told you when to run, you missed the starting gun. A angústia de Gilmour na hora em que diz que "ninguém lhe avisou quando correr, você perdeu o tiro da partida" é de doer na alma.
Mas o The Wall é barra mais pesada ainda. Para mim, basta o violão inicial de "Goodbye blue sky" e a entrada dos teclados para eu sentir um medo quase visceral. "Did you see the frightened ones? Did you hear the falling bombs? Did you ever wonder why we had to run for shelter when the promise of a brave new world unfurled beneath a clear blue sky?".
Dá para somar Kypling com Sartre (nunca li porra nenhuma dos dois): "A náusea, o horror, a náusea, o horror".
Saídas à francesa
Tem sido constantes. Há alguns anos, por volta de 94,95, uma grande amiga, Bianca, denunciou antes de todo mundo que eu decidia ir embora repentinamente, e simplesmente me levantava da mesa e partia. Claro, me despedia antes, mas criava um anticlímax. Essas saídas desapareceram durante uns quatro anos, ou até cinco. Veio a Flávia, minha última namorada, e passou a Flávia, e deixou em mim uma sensação de gente que um dia teve a vida eterna e ganhou de presente a mortalidade.
Tudo começou a ficar meio insípido.
Quer dizer, no meio da noite.
Na Matriz, é quase um hábito a saída à francesa (segundo um dos meus chefes, somente na França as pessoas não usam essa expressão para designar a saída rápida e discreta). Vai passando a noite, e vou ouvindo ao meu lado as cantadas de sempre, as meninas ambicionando os caras de sempre - que um dia vão magoá-las, e assim por diante. O calor aumenta, a cerveja não está mais gelada, o ar condicionado se rende e começa a vazar como se reclamasse da carga pesada sobre seus "ombros". As pessoas passam do meu lado e emanam um calor que eu não queria sentir ali. É a hora. Vou até a fila, pago rapidamente a minha comanda e passo até por gente conhecida. Alguns conversando, outros se beijando.
Não vejo motivo para interromper uma atividade tão saudável quanto o beijo para comunicar que eu estou indo embora. E aí vou. Amigos que conversam, bom, se eles estão falando sobre Luizão x Romário, eu interrompo rapidinho e vou embora.
Saí à francesa na Moog sábado passado - como eu já contei - e saí à francesa na Matriz segunda à noite, na tal Maldita. Dessa vez, a Tatiana, repórter de O Dia, que estava lá, foi a vítima. Estranhou, com toda razão.
Acho que estou me tornando antisocial. Será?
09 abril, 2002
Rápido(a)s e Rasteiro(a)s (?)
Depois da série Encontros & Desencontros estagnei a produção de histórias curtas que pudessem ser publicadas aqui. Mas tenho outros casos de amores, ódios, risos etc. para contar, então, resolvi escrevê-los com novo título, ainda a ser escolhido, talvez “ Rápidos & Rasteiros”, para continuar no antigo clima. A partir de agora, também, passo a adotar o pronome pessoal da 1ª pessoa do singular para alguns contos, para diversificar do “ele” e “ela”, porque detesto nomear personagens.
*****
Brigamos. Abri o vidro do carro, fechei os olhos, era madrugada. Senti a brisa da beira da praia. Estava triste e pensei em três coisas para dizer a ele, naquela hora. Três adjetivos sempre soam fortes. Ele ficou calado, impassível como o Mohamed Ali da música de Caetano Veloso que o taxista ouvia. Subimos mudos no elevador. Dormimos separados. A porta de entrada do apartamento passou a noite aberta e foi por ela que eu saí sem me despedir quando acordei, ao amanhecer, com as buzinas incessantes de uma metrópole caótica começando a se movimentar numa segunda-feira. Monte de vultos e motores cortaram meus pensamentos, mas por maior esforço que eu fizesse a única coisa em que conseguia me concentrar era numa resposta para a pergunta “você acha que eu sou bobo?”.
Mesmo achando-o, eu negaria.
A fúria do corpo
Peço emprestado o título acima, que é de um bom livro de João Gilberto Noll, para comentar a lombada da Playboy deste mês:
"Capa: Joana Prado, a mulher gostosa mas bombada"
"Entrevista (?): Alexandre Frota"
"Matéria: Marias chuteiras"
Sim, estamos na ditadura do corpo. Pelo menos na Playboy nunca foi surpresa.
A polêmica está aberta
No blog da Roberta, uma engraçadíssima polêmica: um cara sobre quem ela escrevia teve acesso aos textos, segundo ela, e a interpelou na Casa da Matriz. Imperdível.
Bom humor que vale
Através de blogs amigos, conheci um chamado Vida Bizarra. O link é este aqui. A dona também é jornalista, se chama Fernanda Rena e tem uma visão bem-humorada daqueles que a cercam. O diálogo que selecionei abaixo é realmente impagável:
Perólas acadêmicas
Menina morena magra e sarada, de longos cabelos compridos, sobe, apoteótica, as escadas para a área onde se fazem os abdominais (se ela diminuir mais a barriga, fica côncava). Sua entrada triunfal na academia prescinde apenas de trilha sonora. Então o seguinte diálogo trava-se...
Menina morena: - Nossa, tive o maior problema hoje!
Amiga (também sarada): - O que foi???
Menina morena: - Acordei com o olho grudado, não conseguia abrir! Fiquei desesperada e fui ao médico. Ele disse que era somatização.
Amiga: - Somatização? Que isso?
Menina morena: - Ah, é uma parada que dá por causa do sistema nervoso. É um negócio que fica embaixo do olho.
Amiga: - Ah...
08 abril, 2002
Cascata
É claro que a historinha que coloquei abaixo é mentira, baseada numa piada velhíssima norte-americana, segundo a qual um urso e uma ursa passam o verão inteiro brincando. Quando começa a chegar o inverno e eles vão se recolher à caverna, o urso passa a patinha em volta da ursa, que afasta, dizendo: "Foi um belo verão. Não vamos querer estragar tudo agora, né?".
Alessandra é um doce, jamais diria algo assim para mim. E eu sempre fui tímido demais para chegar assim passando a mão em volta da cintura dela (que é uma gracinha).
Espero para breve grandes notícias envolvendo Alessandra. Boas mesmo. Já estou fazendo figa aqui.
Sobre a vida da Alessandra
Quase todos meus amigos adoraram a Alessandra, ao conhecê-la pessoalmente. Todos entraram em lua-de-mel com os textos dela, hoje alguns já não curtem tanto, e acima de tudo muitos ficaram curiosos em saber como eu a conheci. Eu nunca respondi direito, mas a resposta mais certa seria "ainda não fiz isso". Não, não falo no sentido bíblico. Conhecer Alessandra é uma tarefa que nem ela mesmo conseguiu cumprir - mas ela tem feito um bom trabalho nesse sentido. E tem percebido que é bom gostar dela própria.
Agora, ela reclama de ser uma menina de 30 anos mal-resolvida, mas não conta que eu já a cortejei sutilmente e ela me deu um chega-pra-lá. Claro, essas coisas são difíceis, por mais que um homem e uma mulher sejam amigos, tem que ter uma química. Mas vou contar: noite dessas fomos jantar no Antiquarius. Ela escolheu um vinho safra 1965, Bordeaux. O preço do cálice equivalia a 15 dias de trabalho. Ela pediu uma garrafa. Matamos a garrafa.
Depois, fomos ver o show de um baixista de jazz americano, com couvert artístico custando o mesmo que um fim de semana em Buenos Aires. Coloquei tudo no cartão. Arrematamos com um sorvete no Quadrifoglio que custava, cada um, o preço de um lote de ações da Kibon (ordinária ao portador).
Levei Alessandra até sua casa, de táxi, não sem antes darmos uma volta por toda a cidade porque queria entrar "no clima", passando pela orla e pelo Mirante do Leblon. Me lembro de, ao chegar em casa, o motorista do táxi disse que se eu quisesse ele poderia parcelar a conta em dez vezes no cartão.
Na hora em que eu desci do táxi, porém, antes, na casa de Alessandra, toquei sutilmente em sua cintura, olhei fundo em seus olhos (como não sou lá nenhum Brad Pitt, maquiavelicamente uso um dos meus poucos recursos, que são os olhos claros) e aproximei minha boca da de Alessandra. Ela colocou a mão espalmada em meu peito, empurrando-me com suavidade, e, suspirando, disse:
- Foi uma bela noite. Não vamos querer estragar tudo agora, né?
Sobre a minha vida
Lendo o post do Gustavo, senti vontade de falar da crise. Não a do Flamengo, também, porque esta não merece comentários. Dois golaços. Eu, que estava há um tempão sem assistir a jogos do Flusão, ontem me esbaldei. Voltando ao assunto, é sobre a minha crise. Não a financeira, que esta já tornei pública. Mas a emocional. Sou uma menina (êpa!) de 30 anos mal-resolvida também. Mas estou tentando me resolver, sim. Talvez seja mais fácil dar beijos na boca em uma noite e só. Pra quê querer mais? Alguém está disposto? E as brigas por telefone? E os ciúmes? E a distância? E tanta coisa...
Essa minha vida de adolescente tem me cansado, e muito. Mas a levo quase do mesmo jeito, sem filhos, sem namorado, sem marido, sem compromisso. A única responsabilidade que assumi de uns anos pra cá foi comigo mesma. Me fazer bem. Tenho conseguido alguma coisa. Mas eu conheci um cara que me cala e me faz chorar. Ele não me conhece muito bem e ponto final.
Jogando a merda no ventilador
Não adianta eu dizer que eu senti uma repulsa rascante e quis desligar a televisão. Movida por uma curiosidade mórbida a mantive ligada enquanto escrevia, apressadamente, algumas impressões. A voz do sujeito chamado André (belo nome para alguém tão feio), me irritava. Não só a voz. O jeito, o olhar esnobe, a língua presa, o papel de bom moço-excluído-homossexual-rotulado. E o gosto do público por ele. Foi então que eu descobri porque não desliguei a televisão. Porque havia um baiano que falava com inteligência, educação e sentimento, ainda que este fosse a raiva. O baiano, de todos, parecia o único autêntico na sua antipatia. Por isso, me pareceu simpático. Porque dizia com todas as letras o que bem queria. Conseguiu chamar o ganhador de “jeca” sem ofendê-lo e sem que isto o desmerecesse. Não o acompanhei por todo o programa, mas nas poucas vezes em que o vi “atuando”, achei-o um pouco “ovelha negra” na turma.
A discussão parece inútil, mas não é. Somos impotentes e a única opção é mesmo comentar sobre o assunto, esgotá-lo, espalhá-lo aos quatro cantos, pôr a merda no ventilador, sufocar, até que ninguém suporte mais enterre esse negócio numa fita de gravação para ser reprisado daqui a muitos anos por um “Vídeo Show” da época como uma lembrança do tempo em que gostava-se de “reality shows’.
E morre o assunto aqui, pois os desdobramentos do que poderá vir no futuro traz pessimismo. E não quero que isso faça parte de mim.