10 abril, 2002

Saídas à francesa
Tem sido constantes. Há alguns anos, por volta de 94,95, uma grande amiga, Bianca, denunciou antes de todo mundo que eu decidia ir embora repentinamente, e simplesmente me levantava da mesa e partia. Claro, me despedia antes, mas criava um anticlímax. Essas saídas desapareceram durante uns quatro anos, ou até cinco. Veio a Flávia, minha última namorada, e passou a Flávia, e deixou em mim uma sensação de gente que um dia teve a vida eterna e ganhou de presente a mortalidade.
Tudo começou a ficar meio insípido.
Quer dizer, no meio da noite.
Na Matriz, é quase um hábito a saída à francesa (segundo um dos meus chefes, somente na França as pessoas não usam essa expressão para designar a saída rápida e discreta). Vai passando a noite, e vou ouvindo ao meu lado as cantadas de sempre, as meninas ambicionando os caras de sempre - que um dia vão magoá-las, e assim por diante. O calor aumenta, a cerveja não está mais gelada, o ar condicionado se rende e começa a vazar como se reclamasse da carga pesada sobre seus "ombros". As pessoas passam do meu lado e emanam um calor que eu não queria sentir ali. É a hora. Vou até a fila, pago rapidamente a minha comanda e passo até por gente conhecida. Alguns conversando, outros se beijando.
Não vejo motivo para interromper uma atividade tão saudável quanto o beijo para comunicar que eu estou indo embora. E aí vou. Amigos que conversam, bom, se eles estão falando sobre Luizão x Romário, eu interrompo rapidinho e vou embora.
Saí à francesa na Moog sábado passado - como eu já contei - e saí à francesa na Matriz segunda à noite, na tal Maldita. Dessa vez, a Tatiana, repórter de O Dia, que estava lá, foi a vítima. Estranhou, com toda razão.
Acho que estou me tornando antisocial. Será?