08 abril, 2002

Sobre a vida da Alessandra
Quase todos meus amigos adoraram a Alessandra, ao conhecê-la pessoalmente. Todos entraram em lua-de-mel com os textos dela, hoje alguns já não curtem tanto, e acima de tudo muitos ficaram curiosos em saber como eu a conheci. Eu nunca respondi direito, mas a resposta mais certa seria "ainda não fiz isso". Não, não falo no sentido bíblico. Conhecer Alessandra é uma tarefa que nem ela mesmo conseguiu cumprir - mas ela tem feito um bom trabalho nesse sentido. E tem percebido que é bom gostar dela própria.
Agora, ela reclama de ser uma menina de 30 anos mal-resolvida, mas não conta que eu já a cortejei sutilmente e ela me deu um chega-pra-lá. Claro, essas coisas são difíceis, por mais que um homem e uma mulher sejam amigos, tem que ter uma química. Mas vou contar: noite dessas fomos jantar no Antiquarius. Ela escolheu um vinho safra 1965, Bordeaux. O preço do cálice equivalia a 15 dias de trabalho. Ela pediu uma garrafa. Matamos a garrafa.
Depois, fomos ver o show de um baixista de jazz americano, com couvert artístico custando o mesmo que um fim de semana em Buenos Aires. Coloquei tudo no cartão. Arrematamos com um sorvete no Quadrifoglio que custava, cada um, o preço de um lote de ações da Kibon (ordinária ao portador).
Levei Alessandra até sua casa, de táxi, não sem antes darmos uma volta por toda a cidade porque queria entrar "no clima", passando pela orla e pelo Mirante do Leblon. Me lembro de, ao chegar em casa, o motorista do táxi disse que se eu quisesse ele poderia parcelar a conta em dez vezes no cartão.
Na hora em que eu desci do táxi, porém, antes, na casa de Alessandra, toquei sutilmente em sua cintura, olhei fundo em seus olhos (como não sou lá nenhum Brad Pitt, maquiavelicamente uso um dos meus poucos recursos, que são os olhos claros) e aproximei minha boca da de Alessandra. Ela colocou a mão espalmada em meu peito, empurrando-me com suavidade, e, suspirando, disse:
- Foi uma bela noite. Não vamos querer estragar tudo agora, né?