AMADA ATÉ OS DENTES
A blog-novela policial do Blogus
Capítulo 2
No capítulo anterior, nossa heroína Marta Morales estava em frente a uma borracharia falsa em Bangu, procurando pistas do traficante gaúcho Beira-Rio. De repente, um homem de terno (em um calor de 40 graus) e óculos escuros (já estava anoitecendo) saltou de um Opala e lhe deu voz de prisão.
-	Como assim, presa? Pelo quê?
-	Temos informações o suficiente para levar a senhora embora. Vamos para a 34a DP, aqui perto, e lá tudo se explicará.
Dois meganhas gigantes, embrutecidos pelo tempo e pela violência (além de já terem nascido com o DNA de orangotangos), saltam do outro Opala e algemam Marta, puxando seu corpo sinuoso para trás. Ela dá um solavanco e geme, involuntariamente.
-	Sente tesão por algemas, sua piranha? – perguntou o malandro de óculos escuros.
-	No momento, aqui em volta, parece ser a única coisa que pode me dar prazer. Se pelo menos elas fossem mais pontudas – respondeu a detetive particular mais deliciosa da história da espionagem clandestina.
O cara de óculos ficou puto da vida com a gracinha e empurrou a cabeça de Marta para que ela entrasse logo no carro. Depois que bateu a porta, ele ainda comentou com o cara do lado:
-	Sempre quis fazer esse negócio de empurrar a cabeça de um preso para ele entrar na viatura. Vi em Chips quando eu era moleque e nunca mais me esqueci....
Os dois carros saem voando baixo pelas ruas de Bangu. Passam em frente à Estação Guilherme da Silveira, onde está havendo um tiroteio entre PMs e traficantes.
-	Ih, olha lá o Lopes! – diz um dos orangotangos.
-	Quem? – pergunta o orangotango que abraçava Marta.
-	O Lopes, porra, cabo daqui do batalhão da área. Eu marquei uma sinuca com ele logo mais. Peçanha! Passa com o carro ali perto do camburão.
Debaixo de uma grossa artilharia, o orangotango gritou, “Lopes! Lopes!”, e o PM respondeu com o polegar para cima. “Vai lá, né? Logo mais!”. Lopes deu um tiro e virou para o lado para responder:
-	Se eu não morrer nesse tiroteio, eu pinto lá. Avisa o Zecão.
E  dá mais um tiro.
-	Valeu, Lopes! – responde o orangotango. – Toca pra frente, Peçanha!
O grupo chega na delegacia. Marta é arrastada com violência pelos meganhas. Entram na delegacia e vão direto ao gabinete. O policial de óculos escuros se apresenta como inspetor Camarelli. O delegado é Raul Blanco. 
-	Doutor Blanco, a mocinha aqui estava dando uma de X-9 ali perto da área de risco. O senhor sabe que isso não é bom para a área. Ela é Marta Morales, X-9 mais do que manjada lá na ZS.
-	É verdade, garota? Que porra é essa? Está fazendo o quê aqui em Bangu?
-	Vem cá, por que vocês acham que todo lugar onde está um X-9 é porque o cara está espionando? Vim a Bangu em busca daquela borracharia onde o rapaz aí me prendeu, só que o cara fechou na hora em que eu cheguei!
O tapa veio forte, espalmado, capaz de deixar as impressões digitais no rosto. Chegou a ficar marca de sangue na parede.
-	Essa merda dessa sala anda cheia de mosquitos – disse o delegado Blanco, limpando a mão após matar um provável Aedes Aegypti.
-	Delegado, o senhor entendeu, né? – pergunta Marta.
-	Claro, querida. Vamos resolver logo isso. Camarelli, tira a algema da moça e libera logo. Manda alguém levar ela até seu carro. Se puder, até escolta.
-	Hã? Como assim, doutor?
-	Porra, ela está certa, caralho. Leva ela daqui. Não cometeu crime nenhum, porra! Vou enquadrar ela em quê? Coçação de saco? – perguntou o delegado.
-	Nem o dos outros eu coço – rebateu Marta. 
-	Okay, desculpe – disse o delegado. – Leva ela logo, Camarelli.
Os orangotangos começam a conduzir Marta para o carro. Camarelli vai acompanhar, mas o delegado o puxa pelo braço.
-	Soltei essa filha da puta porque quero ver até onde ela vai. Coloca um merda desses de olho nela, viu? Já não é difícil, porque ela é gostosa pra caralho. Mas não tira o olho dela. Quero saber quem é o informante dela – diz, sussurrando, o delegado.
-	Eu sabia, doutor, que o senhor não tava lombrando....- responde, feliz, Camarelli.
-	Assim que a gente souber tudo, inclusive o informante e onde ela mora, a gente pega essa piranha, faz uma festinha com os rapazes e desova lá em Prados Verdes.....lá na antiga Rio-São Paulo.....
-	Ahahahahhahhahha – ri Camarelli
-	Aahahahahhahahah – ri o delegado.
Para melhor efeito, imaginar a câmera se aproximando dos dois policiais, a risada gutural (uahuahuhuahuahuahuhauahu) aumentando e se prolongando e os dois com dentes sujos e um de ouro e mais um colar por cima de um emplastro Sabiá transparente no peito.
(To be continued)
    

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