04 abril, 2002

A flor lilás

Há uns meses andava preocupada. Pensava no futuro, no passado, nos problemas financeiros, na solidão esturricante, nas palavras vulgares de tão usadas, nas perdas que tivera, tantas, a carcomerem-lhe os pensamentos e a atrofiarem seu ânimo.
As plantas de seu jardim foram morrendo, pouco a pouco, secas e caídas. Em uma delas havia uma flor lilás pendurada. Assemelhava-se a um enfeite de papel crepom, mas era tão intensa e absoluta a cor em todas as suas pétalas que se não fosse real e não lhe competisse, naquele momento, inspirar esperança, seria alegria.