15 abril, 2002

Mais um capítulo
AMADA ATÉ OS DENTES
A blog-novela policial do Blogus
Capítulo 3
No último capítulo, nossa heroína foi liberada após ser presa para averiguação e levada para a Delegacia de Bangu. Ela investiga a tentativa do traficante gaúcho Paulinho Beira-Rio (torcedor fanático do Internacional) de se instalar no Rio de Janeiro usando como fachada pastelarias coreanas. Marta está a bordo de um Opala preto com dois policiais civis que a levam de volta até o local onde seu carro estava estacionado.
- Vocês podem parar por aqui, por favor - diz Marta Morales.
O Opala freia bruscamente, e o meganha ao lado de Marta sai rapidamente do carro para dar a volta e abrir cavalheirescamente a porta para nossa heroína, isso sem deixar de olhar para as pernas bem torneadas dela. O nosso texto não tem condições de explicar como o meganha deu a volta no carro olhando para as pernas de Marta sem ter visão de raio X, mas tudo bem.
- Obrigada. Você é muito gentil.
- ´Brigado nada, vai abaixando as calcinhas - diz o meganha. Marta olha com desdém e explica ao gigantesco agente da lei:
- Meu amigo, essa piada é a coisa mais velha do mundo.
- Ah, mas até que não seria má idéia, né, fala sério....
Ao ouvir a expressão "fala sério" a nossa heroína entra em transe. Sempre que é usada "gíria de pagodeiro" para falar com a totalmente rock-grunge Marta Morales sua mente sofre um calafrio. Ela olha de forma gélida para o meganha, com os olhos vidrados, e sai andando. Os dois policiais se assustam.
- Mulher maluca, essa - diz um.
- Pode crer. Até que eu comia - diz o outro.
- Comia porra nenhuma, tu não dá conta nem da sua mulher - diz um terceiro cara, que aparece do nada para falar isso e cortar a onda dos meganhas. Os dois policiais matam o sujeito e vão embora, deixando o corpo estendido lá. Imediatamente surge um carro com sujeitos de macacões escritos "CANDLES FOR HAMS CIA." (n. do t. - velas para presunto) e acendem uma vela ao lado do corpo. Um repórter e um fotógrafo de um jornal popular já estão a postos para fotografias. Marta, ao ver tudo isso, liga o carro na chave e vai embora de Bangu tentar encontrar seu amigo Sérgio Cabeça-de-Pau-de-Jumento para pedir explicações.
- E aí? Como foi lá? - pergunta Sérgio.
- Porra, já cheguei? No parágrafo anterior eu estava em Bangu! Puta que pariu. Bom, fui lá, uns canas apareceram e me levaram para a 34. Pelo jeito eles estavam tomando conta da parada do Paulinho. Alguém te disse se havia polícia na história, Serginho?
- Não, ninguém disse nada. Consegui, aliás, um mandado de prisão do Paulinho Beira-Rio. Antigo, cópia xerox, por homicídio.
- É mesmo? Qual é a história?
- Tá preparada, Marta?
- Porra, Sérgio, estou cansada, pára de fazer mistério e fala logo. Dirigi de Bangu até aqui em um só parágrafo. Qual é a história?
Sérgio começa a contar o motivo pelo qual Paulinho Beira-Rio cometeu homicídio.
- A história é a seguinte.
Sérgio enrola pra cacete. Conta logo, porra.
- Bom, a história é a seguinte: Paulinho matou uma mulher e dois caras durante uma suruba. Calma, calma, não levanta da cadeira ainda, Martinha. Ele não participava da suruba. A história é de arrepiar. Ele conheceu uma mina que trabalhava em internet, na área de hmtl ou hltm, sei lá, que merda é essa, que era totalmente louca. Os dois se apaixonaram. Ela tinha 24 anos, só que rolou uma história com ela aos 15: ficou amiga/namorada de dois caras ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo MESMO. Ninguém sabe como, mas os três ficaram saindo juntos durante meses, e os dois caras beijavam a mina na boca alternadamente.
- Uma suruba teen - interrompe Marta.
- Justamente. Até que um dia a suruba foi promovida aos profissionais, ou seja, os três, guiados pelos hormônios e pela falta de vergonha na cara....
- Sérgio, deixa de ser moralista, vai...
- ....bom, pela falta de vergonha na cara, os três começaram a transar juntos. Uma loucura. Igualzinho filme de sacanagem. Diziam que rolava até "oh, yeah". Putaria generalizada. A mina entrou para a faculdade de Produção Editorial e os dois caras ficaram na pista, fazendo movimento de drogas comprando inclusive do próprio Paulinho. Obviamente que acabou o namoro a três, mas como o hábito da suruba ficou arraigado...
- Que frase mais linda e culta, Sérgio: "O hábito da suruba ficou arraigado".
- Pois é, como já estavam habituados, continuaram fazendo uma bacanal mensal. A mina não arrumava namorados, não queria compromissos, saía com um carinha ou outro mas uma vez por mês eles estavam lá, praticando a três o nobre esporte bretão.
- Futebol? E quem ia pro gol?
- Caralho, Marta, deixa eu falar. Um belo dia os três estão no bar e chega o Paulinho e conhece a mina e rola um chamego. Paulinho carca a mina e passam a namorar firme. Só que, na cabeça da mina não havia motivos para ela parar de fazer uma coisa que fazia há quase oito anos todo mês.
- As surubas.
- Perfeito. E em um belo dia, na segunda semana de namoro, ela contou ao Paulinho que estava chegando o dia.
- Provavelmente ele pensou que era o da menstruação....
- Pois é, era o dia da namorada dele ir para a cama com dois sujeitos imundos. O pior é que parece que o Paulinho aceitou, contrariado, puto da vida, mas aceitou. Ficaram horas conversando. A mina convenceu o Paulinho de que seria sacanagem que o "relacionamento deles mudasse a vida anterior de cada um"
- Sei, sei, típico papo de quem quer cornear...já usei isso!
- Paulinho concordou, mas impôs uma condição: que ele fosse junto. Mas não queria participar. Só ver.
- Iiiiihhhh....é daqueles caras, tipo tem em anúncio de revistinha de sacanagem....
- É sim, mas ele não sabia que era. Isso é que foi o x da questão. A suruba rolou na cara do Paulinho, e ele começou a pirar. Quando se deu conta, a mina dele estava praticando o Candelabro Italiano com um e o Triplo Mortal Carpado com outro. Nem mesmo o mais circense dos contorcionistas conseguiria fazer essas duas posições ao mesmo tempo sem o auxílio de lagostas e uma coleção de Seleções do Reader´s Digest, mas ela conseguiu!
- Oooooohhhhh....And the winner is....!
- Então em dado momento o Paulinho se tocou de que estava com tesão vendo aquela bacanal toda. E com a mina dele. Foi muito pra cabeça. Pegou uma arma e sentou o dedo, matando os três. Depois saiu em crise e contou a várias pessoas a história. Claro que quando os corpos foram encontrados dias depois - já na posição do Cisne Belga - a polícia indiciou o Paulinho, e com todos já sabendo da história toda.
- Me avise se acabou para eu começar a chorar.
- Acabou, é isso.
- Tá, então vou chamar para o próximo capítulo porque o post deve estar enorme. Alô, créditos, manda ver e que não esqueçam o cara da sonoplastia.
(To be continued)
NO PRÓXIMO CAPÍTULO: MARTA MORALES FINALMENTE ENCONTRA PAULINHO BEIRA-RIO.