Momento desgraçadamente besteirol
O jornalista Luiz Hagen, parente distante da cantora alemã Nina, me envia email engraçadíssimo, tão engraçado quanto bobo. Divirtam-se.
GUIA DE RESPOSTAS CRETINAS PARA A GERAÇÃO PIKACHÚ
Quantas vezes você se pega pensando em quanto sofrimento poderia ter evitado se soubesse o que fazer na hora certa? Desde seu nascimento, as coisas poderiam ter sido muito melhores se você já soubesse como agir nos momentos de dúvida. Quando você saiu da barriga da sua mãe, poderia ter evitado ir para aquela palmada do médico se fizesse um sinal de que estava tudo bem, fazendo um sinal de O.K. com seu polegar. Quando bebê, poderia ter evitado aquele constrangimento de ficar com a fralda toda suja se tivessem te falado que era só tirar a roupa e engatinhar até o jornal do cachorro e se aliviar ali mesmo, já que você não alcançava ainda o vaso sanitário. Quando estava entrando na adolescência, poderia ter evitado a sensação de impotência diante da gargalhada de um colega seu que conseguiu a resposta que tanto queria ao lhe perguntar se você conhecia o Sunda. E não foi só o Sunda. Na semana seguinte, teve o Locha. E um mês depois, quando você já se achava esperto, teve o Mário, aquele que te carcou num lugar que você nem sabia que era possível ser usado para sacanagem. Se você, leitor menor de idade, ainda está nessa terrível fase em que pode ser vítima de perguntinhas idiotas, não se aflija. Preparamos para você um manual básico para se safar das brincadeiras dos amiguinhos metidos a engraçados. De agora em diante, sua vida vai mudar para melhor. Ninguém mais vai te fazer de otário e todos vão te achar um ser sábio e cheio de potencial. É só seguir as instruções diante das perguntas abaixo e garantir um futuro cheio de glórias:
O que a baleia faz no teu cu?
Essa é uma das mais velhas brincadeiras e já está caindo em desuso. Mas tem sempre alguém disposto a usá-la. O primeiro impulso é responder "Nada!". É isso que seu colega quer que você diga. Com essa resposta você estará dizendo que é homossexual, pois tem um grande ânus onde até uma baleia pode nadar. O melhor a ser dito é "Fica de fora". Aproveite que seu colega ficou surpreso com sua malandragem e pergunte a ele "Aliás, você tem pentelho no cu?". Se ele disser que tem, diga a ele "Fui eu que plantei". Se ele disser que não, diga "Fui eu que tirei". Você já não será mais visto como o mais idiota da turma.
Que time é teu?
O adversário quer que você diga o nome de um time. Quando você responder "Flamengo" (ou qualquer time inferior), ele vai rir e dizer para todo mundo que o time inteiro do Flamengo "te meteu". Conseguiu entender a relação entre "time é teu" e "te meteu"? Sim, a pronúncia deixa tudo muito confuso. Mas há uma saída. Basta você responder "Bateu na trave entrou no teu". Normalmente, os outros colegas que estão por perto e ouvem isso chegam a urrar para saudar a inteligência da resposta. Agora você terá direito de bater no garoto mais bobo do grupo.
Você está num navio com seu cachorrinho chamado Nabunda. O barco afunda. Você leva Nabunda ou deixa Nabunda?
Aqui, seu colega acha que te encurralou bonito. Não há escapatória! Você vai acabar dizendo que leva ou deixa na bunda. No momento de angústia, você pode até dizer que "leva Nabunda" pensando que levar é melhor que deixar, já que quem deixa está gostando. Mas calma, aí! Há um jeito de sair por cima! A resposta certa é "Nabunda nada". Diga essa frase com calma, explicando que o cachorro é inteligente e sabe nadar. O resto da turma vai ter certeza de que você é o cara mais esperto entre eles e você terá, automaticamente, autorização para pegar a irmã de qualquer um deles.
E qual é o aumentativo de dacueba?
Se liga, rapaz! A palavra "dacueba" não existe em dicionário nenhum. Trata-se apenas de um jeito sórdido de tentar você falar "dacuebão", que soaria como "dar cu é bom". Assim que você falar isso, todas as outras resposta inteligentes que você deu antes irão por água abaixo. Mas, calma. Tudo vai dar certo. O primeiro método de evitar o golpe é dizer "dacuebaço". Mas existe ainda um contra-golpe. Ao ouvir o desafio, faça uma cara confusa e murmure algo propositalmente incompreensível, e num tom de voz abaixo do audível. Algo como "toviassu". Quando seu oponente perguntar "o quê?", diga em alto e bom tom: "Todo viado é surdo!''. Será a glória. Seu prestígio entre a galera está cada vez mais sólido. Seus amigos sempre vão te escolher entre os primeiros na hora de formar um time para jogar uma pelada. Jamais vai ser barrado no primeiro jogo, para fazer a de fora. E mesmo quando você jogar mal, ninguém vai te dar esporro.
Obs.: Esse processo serve também para o caso do "pirueba" e suas variações.
Meu pai está pensando em fazer um churrasco. Com 30 quilos de carne dá pra 20 comer?
Cuidado! Esta é perigosa ao extremo. O malandro à sua frente quer que você pense "Se cada pessoa come menos de um quilo de carne, 30 quilos são o bastante para 20 comerem". Aí você responde "sim" e vira um otário. Na verdade, ele está perguntando "Com 30 quilos de carne dá para vim te comer?" Sim, há um erro gramatical nessa frase, pois o certo seria "vir te comer". Mas ninguém vai ligar para isso quando você disser "dá, sim!". Então jamais diga isso, nem acene a cabeça que sim. Diga "Acho que não. Mas também não sou bom de contas. Como você, certo?" O cara vai ficar confuso e vai acabar dizendo "certo". Nesse caso, foi você que o fez de trouxa. Perceba que sua última frase pode ser interpretada como "Eu como você, certo?". Se seus colegas não perceberem, chame a atenção para o fato. Você é quem manda agora. Quando aquela gordinha que todos seus vizinhos pegaram aparecer grávida, todos vão livrar sua cara. Mesmo que pelos cálculos você seja o mais suspeito de ser o pai da criança, seus amigos vão dizer que o filho pode ser de qualquer um deles, menos seu.
Você chegou há pouco de fora?
Outra pegadinha fonética. Não se engane ao ouvir isso assim que tiver chegado a uma festa. O inimigo não quer saber se você acabou de chegar da rua. Ele está perguntando mesmo é se "você chegou a pôr o cu de fora?". Também temos um jeito para te livrar desta. Primeiro responda "Não", de um jeito bem surpreso, como se fosse impossível essa hipótese. Depois pergunte "Você está louco hoje?". Se você, não percebeu, você está perguntando se ele "estalou o cu hoje". Ele vai ser pego desprevenido e vai pensar por instantes em como responder a esse truque. Na verdade, não há como ele se enrolar, pois ele jamais responderia "estalei". Mas a coisa é tão simples que ele vai suspeitar que a resposta mais óbvia seja um jeito de ser sacaneado. Aproveite os breves segundos de indecisão e diga algo como "não lembra mais, né?''. É bobo, mas nesse ponto o cara já está fragilizado por você não ter caído na gracinha dele e o resto da galera vai aproveitar e sacaneá-lo também. Afinal, você já se tornou o cara mais maneiro do grupo. Você já não paga nenhuma cerveja que bebe com os amigos, pois ninguém acha justo te cobrar a dívida.
Qual o nome do carro do Speedy Racer?
Este pode ser um teste de fogo. Speedy Racer é um desenho japonês antigo, que fez muito sucesso e foi recentemente reprisado na TV aberta em algum horário obscuro. Se alguém lhe fez esta pergunta, é porque sabe que você é ligado em televisão e em suas navegadas pela intenet ou assistindo a programas de tarde na TV já ficou sabendo o nome do carro. A tentação de provar seu conhecimento vai ser enorme, mas jamais, jamais mesmo, responda "Match 5". O nome do carro de Speedy Racer é a senha para o seu rival dizer "Mete cinco? Então toma!" e enfiar cinco dedos entre suas nádegas. Além da desagradável sensação (ainda mais se você estiver usando calça de moletón), você voltará a ser o mais mané da turma, pois todo seu currículo não resistirá a um tropeço duplo. Você terá sido agredido no plano das palavras e no plano físico. Há uma forma de tentar sair por cima dessa. É uma manobra difícil e vai depender de seu talento performático. Diga "Não sei. Era Trovão Azul?". Estamos supondo que como o cara sabe o nome do carro do Speedy Racer, também é um aficionado pelo gênero. Dizer que não sabe o nome do veículo do ás do volante e ainda confundir com o nome do helicóptero de outro seriado de TV vai tirar o sujeito do sério. Ele vai abrir a guarda e exclamar: "Não! Match 5!''. Nesse momento diga "O quê? Meter cinco? É pra já!" e rapidamente insira seus dedos na direção do orifício anal do rapaz. A humilhação será dantesca e ele nunca mais se atreverá a tentar lhe passar a perna. Não é necessário dizer que você é agora o maior herói de todos seus amigos. Você não precisa mais fazer faculdade. Deixe que todos seus colegas estudem, tirem diploma, montem seus escritórios ou suas próprias empresas. Eles com certeza vão te chamar para ser seu "homem de confiança", o "seu braço direito''. Vão achar que um homem como você não precisa de estudos e que aliás você era muito inteligente para se sujeitar ao esquema retrógrado que rege as faculdades. E aí seus velhos amigos vão brigar para te ter como assessor. Escolha o camarada que lhe oferecer o melhor salário e a secretária mais gostosa.
BLOGUS
31 janeiro, 2002
Espanhol
Uma amiga chegou da Espanha há pouco tempo e me trouxe um quadro e uns cartões em francês, o que eu não entendi até agora, já que ela não esteve na França e nem sabia sobre uma certa implicância que tenho do idioma espanhol. Uma vez me ofereceram um curso gratuito e eu tive a petulância de dispensar. Pra falar com franqueza: não me arrependo. Coisas de Alessandra.
Listas: 10 frases ditas por (quase) todas as mães
1 - "Você(s) estão brincando com a verdade"
2 - "Já pra dentro"
3 - "Eu chego cansada e você(s) não ajuda(m) a mamãe"
4 - "Tiiiiiira a mão daí"
5 - "Direto pro banho"
6 - "Minha linda"/ "Meu lindo"
7 - "...mas o restinho da comida é que engorda"
8 - "Eu não vou mais repetir: está na hora de estudar!"
9 - "Não foi ele(a), não, meu filho(a) é um anjo"
10 - "Cadê o boletim?"
Série: Os melhores LPs da minha juventude
Peter Framptom
Eu confesso: nunca quis ser John Malcovich, na verdade eu queria mesmo era ser Peter Framptom. Na época em que o disco "Framptom", com os hits "Show me the way" e "Baby i love your way" foi lançado, ele era o cara que as menininhas de 11 e 12 anos (na época, meu sonho de consumo, eu com meus 11 anos também) queriam namorar. Na época, sexo para mim era apenas a designação que usavam para separar o banheiro e penetração o resultado de uma boa campanha publicitária junto ao público.
Portanto, éramos todos muito simples - não "puros" - quando gostávamos do cabeludo guitarrista que fazia uns efeitos muito legais com um bocal conectado à guitarra. Logo depois, entrava um violão, a voz de Peter cantando "I wonder how you´re felling....", e o refrão maravilhoso, "I want you/show me the way". Passados MAIS DE VINTE ANOS (tenho 34) e aquilo ainda é uma lembrança, com tudo o que estava em volta, inclusive as primeiras vertigens por causa de mulher. Nessa hora, era fundamental "Baby i love your way", música tão excepcional que foi regravada ad nauseum por outros artistas. Mas a voz de Peter naquele disco de capa preta com ele no meio tocando, era incomparável: "...Shadows grows so long, before my eyes...".
Peter, além de bom compositor, era excelente guitarrista - tanto que as outras músicas do disco eram porrada, bem fortes, e não emplacaram. Ninguém ouvia - só os dois hits. Mas deviam ser excelentes. Afinal, depois de guitarrista do pesadíssimo Humble Pie, ele se lançou numa carreira solo calcada na guitarra. Um jornalista, acredito que da Rolling Stone, deu uma volta em Framptom, que até então, se recusava, a conselho de assessores, a ser "símbolo sexual" - isto o demoliria junto aos críticos especializados e aos fãs de guitarra.
Na hora da foto, pediu que Peter tirasse a camisa - a história é conhecido pelo especialista Rodrigo Cobra, não me lembro bem - e ele o fez inadvertidamente.
Resultado: só porrada no homem, dos críticos obcecados e dos fãs mais xiitas em relação a sua guitarra. Ninguém queria ser fã de um excelente guitarrista como Peter mas se alinhando a menininhas controladas por hormônios - ninguém imaginava o que estava por vir: Menudo, Dominó, Backstreet Boys, Five, Aaron Carter.
Perto disso, ser fã de Peter Framptom ao lado de menininhas histéricas era pinto (com ou sem trocadilho? Não sei).
Mas um dia eu acho pelo menos em CD-R esse excelente LP "Framptom".
30 janeiro, 2002
Grande Irmão
...quer dizer que a Marisa Orth nunca viu ninguém tomar aquele drink mexicano? Então, tá. Faltou naturalidade. E vão sobrar comentários sobre esse programa, à exaustão. Informo: este foi o meu primeiro e único post sobre o assunto, porque foram os últimos cinco minutos que eu consegui assistir isso.
E não é por nada, não. É porque tenho roupa pra lavar à beça.
Cuidado
Sempre que sentia-se mais sensível, como estava ocorrendo nas últimas semanas, fechava-se no seu canto, com medo de chorar. Qualquer palavra dita sem muito cuidado a feriria e a levaria à vulnerabilidade das lágrimas na presença de quem quer que fosse. Defendia-se de tudo e de todos, fazia interpretações erradas que derrubavam-lhe o ânimo fragilizando-a ainda mais, por ver-se, então, exposta. E mostrar-se era algo que ela ainda não dominava. Ou não queria. Desejava manter-se oculta e a angústia vinha desta impossibilidade.
Os amigos começaram a achá-la chata, mal-humorada, desgostosa, séria. Diziam que ela estava em crise. O namorado não podia abrir a boca para sugerir-lhe sequer uma roupa porque ela imaginaria, tristemente, que ele não gostava do jeito dela. As neuroses pareciam quadruplicar-se e a carência subia a um nível extremo e exagerado de querer zelo. De ser querida. Afastou-se tanto. Queria ser auto-suficiente e suportar a convivência consigo mesma.
Cuidado. Foi o que eu pensei quando a observei. Cuidado com o que sente, procure alguém que te cuide, preserve quem te afaga, dê atenção ao seu corpo, toque com carinho nas partes que você menos gosta, olhe-as com atenção, chore quando quiser e o faça com a mesma naturalidade do sorrir, não se envergonhe de ser feia, tão pouco de ser bonita, porque se é o que se é e dane-se, portanto não se esconda nem exiba o que não é, porque nós não somos nada demais, você tem até estômago, veja só. E eu não sabia se estava querendo dizer isso tudo para ela, para mim ou para você. E me pareceu um pouco aqueles emails de "considerações sobre a vida". Dessa vez foi então eu que pensei: quero dizer isso e direi. Dane-se.
Mulheres
Recebi um e-mail muito simpático da Ione, amiga do Maggi, falando sobre mulheres:
“Esses dias, num momento de ócio que não poderia ser mais profundo, peguei o Bruxas de Eastwick pra lá da metade. E o Van Horne (o Jack Nicholson) manda essa...:
" Do you think God knew what He was doing when He created woman? Huh? No shit. I really wanna know. Or do you think it was another one of His minor mistakes like tidal waves, earthquakes, FLOODS? You think women are like that? S'matter? You don't think God makes mistakes? Of course He does. We ALL make mistakes. Of course, when WE make mistakes they call it evil. When GOD makes mistakes, they call it... nature. So whaddya think? Women… a mistake... or DID HE DO IT TO US ON PURPOSE?"
Como eu ando meio na corda bamba e não faço nada (tá bom, quase nada) sem consultar o Gustavo: help. O que me diz sobre o assunto?
Lendo jornal
Na capa, chamada sobre o programa Big Brother, da TV Globo, que deve ser assunto de nove em cada dez blogs daqui a uns dias. A chamada diz que o programa teve 49% de audiência. E encerra com a seguinte informação: "Um dos 12 participantes, Sérgio, conquistou um quarto com cama de casal". No meu tempo, a gente ouvia isso e respondia assim: "FODA-SE".
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Um gigantesco anúncio de uma página, bem no verso do primeiro caderno do jornal, indica "A Golden Cross é o plano de saúde oficial do Carnaval". Vem cá, que vem a ser isso? Já ouvi falar, por exemplo, "na bola oficial da Copa do Mundo", no "uniforme oficial da equipe olímpica", na "cerveja oficial do Rock in Rio", enfim, coisas que fazem algum sentido, mas, pombas, "plano de saúde oficial"? No mínimo eu diria que é um Carnaval que promete.
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Nota com foto: todos os 1.880 ingressos do mês de fevereiro para a peça Elis no CCBB estão esgotados. A peça é aquela que levou sarrafo de tudo quanto é lado, desde o início, começando por matérias dizendo que não tem músicas de Aldir Blanc e João Bosco (não me lembro se apuraram o motivo real, de repente os dois não autorizaram). Bom, das duas uma: ou a crítica já não influencia em porra nenhuma o gosto das pessoas - no que eu acho então que a crítica deveria descer do pedestal para ser reformulada - ou a peça é boa, afinal, em teatro o que mais conta é a propaganda boca-a-boca.
Uma terceira opção também é válida: no país em que Anjinho, Sandy e Junior, Casa dos Artistas, Big Brother, Marcelo Rossi e Backstreet Boys fazem sucesso, não é errado afirmar que o povo gosta mesmo é de merda.
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E, falando em merda, página 8, contracapa do Segundo Caderno de O Globo, matéria com o belga Wim Delvoye, artista plástico, mais um criador das famigeradas "instalações". Quando eu pensava que nada mais me surpreendia em termos de babaquice, eis que aparece a máquina do belga, que pega alimentos (que poderiam ir para a boca de alguém vivo), conduz por um caminho interno cheio de ácidos, enzimas, pancreatina e bile, mistura com líquidos, forma depois de horas uma massa pastosa e malcheirosa e "expele" todos os dias, com hora certinha.
Sim, um débil mental criou a máquina de fazer merda. Palavras do imbecil, que provavelmente é visto como gênio por dezenas de criticuzinhos de arte: "É algo muito elaborado e caro. Para nada".
Alguém devia enfiar a mão na cara de um sujeito desses e na hora em que ele perguntasse por quê, responder, "ah, por nada".
29 janeiro, 2002
Reclamações com a gerência
Li no alucinado blog da Valeska, o "Universo de La Lunita", uma reclamação dela sobre a minha festa - aquela à qual eu não pude ir por causa da maldita amigdalite: "Por que não há jornalistas bonitos?". Bom, a minha primeira resposta seria, "Claro, eu não estava lá, ué!". Brincadeirinha, brincadeirinha.
Bom, antes de mais nada, isso na minha opinião esclarece muita coisa. Esclarece porque jornalistas somos ansiosos, neuróticos, bebuns, em crise, abandonados, e muitas vezes desesperançados. A resposta é simples então: falta de mulher.
Mas para responder à questão de La Lunita seria mais complicado. Em primeiro lugar, não acredito que simplesmente não haja jornalistas bonitos, há amigos meus da área que fazem razoável sucesso com as meninas. Acho que o que aconteceu na festa com La Lunita é que ela chegou em um momento mais rock n roll, em que os caras mais desajeitados e intempestivos (me incluo entre estes) estavam aparecendo mais, urrando algum refrão enquanto erguiam garrafas acima de suas cabeças.
Mas, galera, não se assustem com o critério rigoroso de La Lunita. Na verdade, ela está acostumada mesmo a contato com caras mais normais, até de outros países, mais mediterrâneos, e em nenhum momento ela escreveu isso com algum desdém. E no dia em que vocês conhecerem La Lunita, vão reconhecer que aquela areia toda merece mesmo um caminhão gigantesco. La Lunita é alta (para mim tem uns dois metros), lindíssima e dura na queda.
Mas vale o debate: mulheres, vocês acham que existem jornalistas bonitos? Cartas para a redação. Não vale de TV, pô.
28 janeiro, 2002
Mulheres solteiras e interessantes
Na linha do serviço, divulgo aqui uma pequena lista de mulheres que estão solteiras no momento e que merecem a atenção do mundo masculino. Ao lado, uma pequena ficha e como chegar até elas, por email, claro. Adianto que nenhuma delas me pediu isso e que é possível que alguma me processe.
Alessandra Archer:
Características físicas:cabelos pretos, pele branca, olhar um pouco melancólico, mais ou menos 1,60m, pernas bonitas (vi ontem de saia), e muita delicadeza no trato pessoal.
Gosto pessoal:Chope depois da praia, festas e andar de bicicleta são seus hobbys. É Fluminense a um nível até suportável. De vez em quando isso muda.
Situação atual:Tem um cara, diz ela, que está querendo cuidar dela. Alessandra é muito discreta.
Como chegar até ela: pelo link aí do lado do Blogus, afinal, ela escreve para cá.
Roberta Carvalho:
Características físicas: Pele morena ma non troppo, cabelos pretos, atualmente curtos. Tem uma tatuagem na nuca, o que torna sempre interessante. Sorriso bonito, e se veste com bastante "appeal". Dança de uma forma bonita. Pernas razoavelmente grossas e bem torneadas. Tem mãos bonitas também.
Gosto pessoal: Tem apreço pela dança, adora Chico Buarque, Adriana Calcanhoto (principalmente "Maresia") e bebe razoavelmente, sem exagerar. Não gosta de cantadas bobas e adora conversar, sobre tudo, com todos. Não gosta de baratas ou de pessoas que não respondem emails. Não curte futebol.
Situação atual: Acaba de terminar um namoro. Convém ir com calma. Respeite seus sentimentos.
Como chegar a ela: Visite seu blog, O Mundo é estranho e use o link.
Crib Tanaka:
Características físicas: Morena, mais ou menos 1,65, boca e pele bonitas, olhos semi-puxados (quase amendoados), e ligeiramente boêmia. Não dispensa a cerveja e a dança.
Gosto pessoal: Escrever, sobre amor, feminilidade, existencialismo, vida, dor e morte. Não é chata. Tem 24 anos, mas a precocidade de quem já sofreu muito. Elegante, gosta de moda mas sem ser fresca.
Situação atual: Tem um "rolo", como se diz lá em Belo Horizonte. Mas chegando bem, com moral, o candidato pode acabar com isso.
Como chegar até ela: Através de seu site Cena Urbana.
Romário
A televisão ligou às 7h30min da manhã, pra me despertar. "Bom Dia Brasil", daqui a pouco gols da rodada, mas o que me acordou mesmo foi uma propaganda da Coca-Cola com Romário dizendo: "Quem disse que eu não vou à Copa?". Promoção não sei das quantas, que eu realmente não pude prestar atenção, pois estava rindo. E ele com um olhar cínico, "a Coca-Cola vai me levar pra Copa e poderá levar você também". Depois do primeiro impacto eu não sabia se era pra rir ou pra chorar.
Um dia qualquer de 1994
De 1993 para 1994, eu me lembro de ter passado um reveillon de três dias. Entrei na casa do cara para o reveillon-churrasco às 20h do dia 31 de dezembro e só saí às 1h30 da madrugada do dia 3, depois de aproveitar o ensejo para comemorar meu aniversário. Me lembro de ter saído da festa satisfeito, feliz, mas um pouco deprimido. À medida que eu me aproximava de casa, fui ficando mais deprimido ainda. A festa acabara. Ia voltar à realidade. Estava trabalhando em um jornal para divulgação externa da faculdade, mas estava de férias.
O gosto de fim de festa é dos mais terríveis, ainda mais quando a festa durou muito e foi boa. É um eterno retornar de férias, de carnaval, um fim de ciclo nas nossas vidas, um amargor quase existencial. Nessa hora, precisamos de suportes emocionais.
E eu entrei em casa, estava a TV ligada, minha mãe vendo algum programa jornalístico, de retrospectiva. Era no SBT. Passei batido para a cozinha, bebi água - que detesto - e voltei, ouvindo aquela música terrível, "Foi Deus que fez você", cantada pela Amelinha, tocando no tal programa jornalístico. Me aproximei para ver o que era, e tudo se explicou: era Romário.
Gols dele pela seleção - meses antes, ele tinha ajudado a seleção a se classificar com dois gols em cima do Uruguai - pelo Barcelona, pelo PSV, e até pelo - argh - Vasco.
E me veio naquele momento uma sensação diferente, do tipo, "ei, calma, a festa acabou, mas esse ano tem Copa, tem Romário na Seleção, vamos ser campeões". A cada gol do Romário que passava na TV, crescia a esperança, de que, enfim, a festa continua, e a dor não é o fim. Como diz o Blues Boy.
O resto, naquele ano de 1994, é História. E de lá para cá, o Romário não virou ídolo do Vasco, ou do Flamengo. É do Brasil. E naquela noite, de tanta incerteza, de fim de festa, a única coisa que a gente podia afirmar era que o Brasil teria Romário. Depois, teve io Branco, o Bebeto, o Mazinho, o Jorginho, o Dunga. Mas a gente só sabia mesmo que teria Romário. E que isso bastava para os brasileiros ficarem mais felizes - a marra, a alegria do gol, a persistência, e, sim, mais do que nunca, a paixão pela Seleção Brasileira. Romário é indiscutivelmente o jogador em atividade que é mais apaixonado pela Seleção Brasileira.
Mas, infelizmente, o técnico que perdeu para Honduras, que perdeu para a Bolívia, que amarelou para a Argentina e ainda propôs voltar com o empate (sim, isto é o que vai ser guardado da biografia do sr. Scolari) parece ter dito a amigos que o campeão do mundo Romário não pode ir a uma Copa do Mundo. E que está observando o Cocito.
Me abstenho de comentar.
Mais uma da Golden List
É um privilégio que eu tenho, fazer parte da lista de emails do jornalista Carlos Alberto Teixeira, o verdadeiro anti-e-mala. Tudo que vem da lista é simplesmente ótimo, curioso ou no mínimo engraçado. É o caso do teste abaixo, no qual eu só cai em uma babaquice: a mania de dizer "amanhã não, hoje". Leiam.
VOCÊ É BABACA?
Faça o teste:
1. Alguém deixa cair alguma coisa no chão e causou um enorme
ruído. Se você é o primeiro a gritar "caiu um lenço", você é
um babaca. É, sim. Vai por mim. Ninguém acha mais graça
disso. Ninguém vai pensar "Caiu um lenço? Mas lenço não faz
barulho ao atingir o solo! Peraí! Isso é uma ironia! Que
engraçado. Esse cara tem um grande senso de humor e uma
incrível capacidade de improviso". É triste, mas ninguém
mesmo pensa isso quando você grita "caiu um lenço". E quem
ri, só o faz para não deixá-lo sem graça.
2. Dia 29 de outubro de 2001. Alguém lhe pergunta "Hoje é 28?" e
você responde "Não. Hoje são 29". Amigo, muita gente sabe que
na norma culta do português o correto é dizer "Hoje são 29"
ou "Hoje é dia 29". Mas essas mesmas pessoas quando falam
"Hoje é 29" consideram que a palavra "dia" está implícita na
frase. Quando você tenta corrigir alguém, não está mostrando
sua cultura, apenas revela que você é babaca.
3. Almoço em grupo. Mesa retangular. Um de seus colegas, o
Roberto, se senta numa das pontas da mesa. A primeira coisa
que você diz é "O Roberto vai pagar a conta!". Você é babaca.
Deve ser difícil para você acreditar, mas ninguém pensa "Esse
cara é demais! De onde ele tirou essa? Será que o Roberto vai
achar mesmo que vai ter que pagar a conta? Será que o Roberto
vai querer mudar de lugar para não pagar a conta? Há, há, há!
Só quero ver". Pois é, parceiro. Ninguém acha isso. Talvez
tenha funcionado na primeira vez que alguém falou. Mas já
está na hora de deixar essa brincadeira para o passado e
deixar de ser babaca.
4. Início da madrugada. 1h16 AM Alguém lhe diz. "Cara, amanhã
vou acordar às 7h". Você se apressa em dizer "Amanhã não.
Hoje!" Meu caro, seu amigo não vai pensar "Caramba! Como esse
cara tem um raciocínio rápido. Seu cérebro já processou
várias informações colhidas e chegou à conclusão de que na
verdade eu estou me referindo a um dia que já chegou, pois é
mais de meia-noite! Ainda bem que ele me corrigiu, senão eu
ia acordar às 7h do dia errado!". Nada disso. Seu amigo vai
mesmo é pensar "Gosto dele, mesmo sendo um babaca às vezes".
5. Seu colega chegou mais tarde no trabalho e resolveu almoçar
em casa ou num lugar que serve uma refeição melhor do que a
porcaria do bandejão do seu emprego. Quando ele chega ao
local de trabalho, você o convida para almoçar e ele lhe
esclarece que já almoçou. É quando você, ágil como um sapo
apanhando uma mosca varejeira, solta a frase "então você já
veio comido?". Babaca. Esta frase não é tão desgastada como
as outras, mas seu uso indiscriminado já a tornou banal e sem
eficácia nenhuma. Seu colega não vai pensar "E agora? O que
respondo? Será que se eu disser sim ele vai achar que fui
possuído por outro ser do sexo masculino? E se eu disser que
não, terei que almoçar de novo? Ah, ele deve só estar
brincando. É um brincalhão". Ilusão, pura ilusão. Ele vai até
dar um risinho, para não constrangê-lo, mas vai mesmo é achar
que você é um babaca.
Outros indícios de que você está começando a se tornar um babaca:
* Quando as pessoas estão cantando parabéns, você tenta embolar
a cantoria, gritando os versos do início da música, enquanto
todos já estão no meio da canção.
* Você faz uma observação sobre uma possível futura emissão de
gases para alguém que está comendo repolho e ovos.
* Você tenta sacanear todo mundo no dia 1º de abril.
* Você fica rindo quando um homem diz que tem 24 anos, aludindo
ao número do veado no jogo do bicho.
* Você faz alguma piada quando alguém diz que é do signo de
virgem.
* Você diz para um amigo: "se esconda" quando passa o carro da
polícia.
* Uma mulher diz que está "de saco cheio" e você diz que isso
não é possível porque ela não tem saco.
Esses são sintomas mais brandos. Mas fique atento. A qualquer hora você
pode se transformar num babaquinha.
CréditosAutoria de
Odisseu Kapyn e foi publicado em 31 de outubro de 2001
no impagável site Cocadaboa, no endereço:
http://www.cocadaboa.com.br/Textos/odisseu_babaca.htm>
25 janeiro, 2002
Oração para um dia de fúria
Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que
não posso mudar, a coragem para mudar as coisas que não
posso aceitar, e a sabedoria para esconder os corpos
daquelas pessoas que eu tive que matar por estarem me
enchendo o saco.
Nota de esclarecimento 2
Eu me expressei mal mesmo, tanto que fiz uma correção com letras garrafais no tal post para que cessem os emails de desagrado para o Gustavo. Mas continuo fazendo o apelo: tenham boa vontade comigo, por favor, que eu também não entendo nada de auto-ajuda.
Mas que essa história me trouxe de volta o bom-humor, ah, trouxe. Estou rindo até agora... porque imaginei o Gustavo lendo "Gotas de Sabedoria", "Como fazer amigos e influenciar pessoas", "Não faça tempestade em copo d´água", ih, eu sei um monte de títulos, acho melhor parar por aqui...
Nota de esclarecimento
Devo ter me expressado mal, e Alessandra achou que eu tinha indicado a ela o livro "Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus", como ela exprime em alguns posts abaixo. Quero esclarecer - depois de ter recebido cinco emails de desagrado - que sou amplamente contra esses livros xarope de auto-ajuda. Portanto, fica aqui a contra-indicação. Não compre, em hipótese alguma, esse tipo de livro, Alessandra. Devo ter me expressado mal, como disse.
Mais lista
As dez frases mais desagradáveis de ouvir de um homem que está nos nossos sonhos
1) “Te vejo como amiga”
2) “A “sua amiga” vai?”
3) “Não estou com cabeça pra nada, preciso ficar sozinho”
4) “Ah, eu não liguei por...(qualquer razão)”
5) “Você é muito bacana, merece ser feliz com alguém melhor do que eu”
6) “Eu me casaria com você, se...”
6) “Bonita (interessante, gostosa, etc) essa sua amiga, hein!”
7) “Você está mais cheinha”
8) "Ih, não vou poder, já havia marcado uma pelada"
9) “Eu acabei de me separar, agora só quero galinhar”
10) “Eu sou flamengo”
Telemar
A Telemar agora, além de escravizar seus funcionários, não faz manutenção nos orelhões. Do
Cosme Velho ao Largo do Machado, não tinha um sequer funcionando essa semana.
Lista
Dez situações irritantes que acontecem por esquecimento:
1) Chegar na esquina e lembrar que esqueceu qualquer coisa em casa imprescindível.
2) Parar numa loja de sucos com aquele livro emprestado que você vem curtindo devagarzinho e esquecê-lo no balcão. Mas só lembrar disso quando você já estiver na plataforma do metrô, por exemplo. E atrasado.
3) Onde colocou o carro no estacionamento do shopping.
4) Constatar que esqueceu de pegar a toalha depois que já tomou banho e não tem nenhuma no banheiro.
5) Deitar para dormir e esquecer de apagar a luz.
6) De onde é mesmo e qual é o nome daquela pessoa que você encontrou por acaso e está falando com você tão íntima.
7) Mandar imprimir e esquecer de colocar papel na impressora.
8) Dinheiro para pagar o pedágio.
9) Que aquela transversal está em obras, logo, está o maior engarrafamento. Mas você só vai lembrar quando já estiver nela.
10) Onde colocou as chaves na hora de sair de casa.
Agora chega, né?
Começo o ano. No meu aniversário, amigdalite. Cama. Injeção. Dor. Passo o aniversário em branco, com dor. Dias depois, o namoro que já tinha terminado vai pro vinagre de vez. Beleza. Levanta, sacode a poeira e...ops! Amigdalite de novo, recaída, dor pra cacete, exatamente na véspera de uma festa que eu preparei ao longo de duas semanas no maior empenho. Faltei a minha própria festa, que, segundo dizem, foi legal.
E agora....Um filha de uma puta chamado Roma, um merda, um escroto, um moleque de merda perde dois gols na final da Mercosul e bate um pênalti decisivo que nem um idiota completo. Põe tudo a perder. Isso sem contar o imbecil do Cássio que mandou a bola para fora do estádio no pênalti dele.
Agora chega, né? Se 2002 continuar assim, vou pedir para voltar a 2001 e continuar lá.
Listas, eu gosto mesmo de listas
As dez frases mais desagradáveis de ouvir de uma mulher que está nos nossos sonhos
1- "Te vejo como amigo" - a campeã, claro...
2- "O pessoal vai estar lá também?"
3- "Ah, ele não é bonito, mas tem um, ah, sei lá" - referindo-se ao José Mayer
4- "Eu ando precisando ficar sozinha um pouco" - pronunciada dez minutos antes dela estar abraçada a um playboy com camisa "Bad Boy"
5- "Posso levar um amigo?"
6- "Tá, eu vou, mas tenho que ir embora cedo, tá?"
7- "Eu não estou preparada para uma nova relação"
8- "Acho você um dos caras mais legais desse mundo, e merece alguém que te faça feliz" - Quando ouço isso, tenho medo dela estar se referindo a minha mãe
9- "Esse seu amigo tem namorada?"
10- "Ah, eu sou Vasco"
Seis graus de separação
Um filme interessantíssimo, com o Will Smith, a Stockard Channing e o grande Donald Sutherland, num anti-papel, oposto a tudo o que ele já fez na carreira. Certa vez um amigo meu disse que "viu um cara no Jô" falando sobre a teoria de que estamos "a seis pessoas de qualquer outra pessoa do planeta". Sim, mas deve ter sido um entrevistado cascateiro, pois essa teoria é deste filme, que é de 1995.
E é isso mesmo, a teoria. A personagem de Channing fala nela em determinado momento do filme para tentar entender como Paul, o controvertido personagem vivido por Smith, conseguiu entrar na vida dela - algo incompreensível. A história do filme é de menos, o que importa mesmo é a excepcional análise do mundo das aparências, da vida em sociedade e da rede que se tornou a vida humana na terra - algo exasperado à enésima potência com a internet.
Para ser divertido, o jogo é o seguinte: pega-se, por exemplo, o Bill Clinton. Estamos a seis pessoas dele? Até menos. Você, que está lendo, por exemplo, provavelmente me conhece. Eu conheço a ex-mulher do deputado estadual Sérgio Cabral Filho (trabalhei na assessoria de campanha dele). Então conta aí: Exmulher (1), Sérgio Cabral (2), Fernando Henrique, afinal, são do mesmo partido (3), acabou, FHC e Bill Clinton, pronto, você está, contando comigo, a quatro pessoas do Bill Clinton.
Mick Jagger? Moleza. É só escolher o caminho. Vou optar pelo seguinte: conheço um amigo meu, Gustavo Autran, que já entrevistou o Fagner. O Fagner, por sua vez, era amigo da Florinda Bolkan, lá do Ceará. O Jagger já ficou na casa da Bolkan. Sacaram? Nem precisa usar a Luciana Gimenez.
O filme trata um pouco dessa loucura, e de fato eles descobrem que o personagem Paul foi achado embaixo de uma marquise por um gay, que por sua vez era amigo dos filhos de um dos casais protagonistas. Através da caderneta de endereços do gay - depois que eles vivem um caso - o Paul vai chegando nas pessoas.
Assustador? Pois é. Dá para ficar pensando, tentando negar a teoria (isso é bem divertido), mas vai dar um clique, bicho. É alucinante.
E quem tentará negar? Quantos já não estão se comunicando comigo porque chegaram ao meu blog através dos links e dos links, e dos links, e de repente estou aí?
O mundo está ficando mais cheio de possibilidades, mais louco, e não, não quero dizer que isso é bom ou ruim. Só sei que, desta vez, a frase "Não sei onde vamos parar" é bem mais séria do que imaginamos.
24 janeiro, 2002
Papo de mulher
Augusto Sales, editor do Falaê!, me mandou na segunda-feira, dia 21/01, uma coluna da Danuza, intitulada “Mulheres, essas incompreendidas” que, unindo-se ao filme que assisti no domingo passado, “Dr. T. e as Mulheres”, acabou por me apavorar - de vez - com o fato natural de ser mulher. Juro.
Claro, outros fatores vieram aumentar este meu assombramento, além da minha já conhecida TPM. Algumas entrevistas que assisti e as manchetes nos jornais, por exemplo. Me lembrei, então, de uma frase do Millôr Fernandes que li um dia desses: “Hoje em dia ninguém precisa ser nada pra ser alguma coisa". Às vezes, basta ser mulher, ué.
Mas não é sobre isso que eu pretendo falar. Na verdade, as questões são mais neuróticas e menos financeiras e reais do que um rosto bonito na TV. Talvez porque eu conheça mulheres semelhantes na vida real: confusas, carentes, indecisas, e por aí vai, num rol de palavras que todos já estamos acostumados a ouvir e rotular. E somos mesmo. Quer dizer, falo por mim. Sou. Mas nem por isso serei lésbica - nem pela Liv Tyler, como brincou o Gustavo; nem pretendo que meu ginecologista me faça elogios, até porque não é “o meu”, é “a minha” ginecologista; nem vou virar alcoólatra (o meu número/mês de chopp tem melhorado, é verdade, pois estou usando um velho método para parar de beber, o FH); e também não tenho tara pelo meu chefe.
Ok, o meu ginecologista não é o Richard Gere, o meu marido não é o Richard Gere, o meu chefe também não é o Gere. Mas eu o dispensaria, sim, se ele fosse um médico envolvido com um monte de mulheres neuróticas que gritam no seu consultório, tem filhas mimadas e acha que eu sou a salvação dos seus problemas. Pensando bem, ele nunca ia me dar bola mesmo. Por isso que eu escrevo isso.
Sentiram a oscilação?
Já a mulher da coluna da Danuza vive a indecisão entre ser independente ou ser maternal e assumir a feminilidade, parir. Me confundiu ainda mais.
O Gustavo DISSE QUE ESSE PAPO ESTÁ MUITO “Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus” e EU falei que ia comprar pra ver se eu consigo entender e comentar melhor essa barafunda. Depois desse papo todo, preciso dizer: acreditem, eu sou normal. Nós mulheres somos normais. Vocês, homens, é que não estão com boa vontade.
A missed moment in time
Li hoje esta frase e senti imensa vontade de expulsá-la de mim em algum lugar, como se fosse possível colocá-la em alguma prateleira, como um livro, mas não é. Olho o vazio na estante e penso que teria sido possível o tempo descompor esse momento, como se ele fosse uma folha de papel de revista bem colorida numa poça e aos poucos a água fosse desfigurando os rostos fotografados, e as letras, e tudo, até virar um papel mole numa poça d´água de uma esquina qualquer. Mas nesse vácuo, não chove.
Back to the frontline
Aviso ao mercado: a partir de hoje, quinta-feira, dia 24 de janeiro, volto a atender também pelo email gustavoa@lancenet.com.br, novamente no meu trabalho. Hoje tomo a última da minha série de nove injeções de Ceftriax. Espero não ter nova recaída, e nos próximos meses passarei por um intenso programa de imunização. Portanto, não me chamem para orgias regadas a uísque, vinho, rock and roll, etc. Entrarei na fase Matte Leão, ventilador e Bossa Nova.
23 janeiro, 2002
22 janeiro, 2002
Ginástica
Recebi, hoje, esses breves comentários sobre a ginástica:
1) Aos 60 anos de idade, minha avó começou a caminhar 5 km por dia.
Hoje ela tem 97, e ninguém sabe aonde ela anda...
2) Fiz matrícula numa academia, no ano passado, e não perdi um
quilo sequer. Parece que é preciso participar das atividades...
3) Tenho que fazer exercícios de manhã, antes que meu cérebro
perceba o que estou fazendo.
4) Não faço nenhum exercício: se Deus quisesse que tocássemos os
dedos dos pés Ele os teria colocado mais próximos das mãos.
5) Gosto das loooongas caminhadas, principalmente quando feitas por
pessoas que me aborrecem.
6) Tenho uma cicatriz na coxa mas, felizmente, meu abdômen a cobre.
7) A vantagem de fazer exercícios todos os dias é que você vai
morrer com boa saúde.
8) Eu só não corro porque derruba o gelo do copo.
9) Tartaruga não faz nada, anda bem devagar e vive 300 anos...
10) Enfim, passei duas semanas comendo só alimentação dita
saudável. Não bebi um único chopp nem comi um único doce. Não tomei um refrigerante
que não fosse diet. Em duas semanas, perdi 14 dias!!!
Série Encontros & Desencontros - episódio 9 (ou 8? ou 10?)
O advogado a encarava, confiante. Ela abaixou a cabeça por um instante, depois levantou os olhos decidida e disse “você quer saber a verdade...eu vou contar”. E com os olhos cheios d´água, narrou, sem esconder o constrangimento, o estupro que sofrera. O rosto do advogado ficara vermelho, não se sabe se por raiva, pena ou que tipo de sentimento lhe fez subir o sangue. Pensara na confiança que ela lhe depositara naquele momento relatando a pior das invasões que um dia lhe acontecera.
As mãos dela suavam. Os olhos castanhos do advogado a analisavam. Ao terminar o último detalhe, ela permitiu-se chorar, lágrima por lágrima, todos os anos de silêncio pelo desgosto sofrido.
Acordou de repente, secando o rosto, tensa. Por pouco não se situou. Deixou-se, então, embriagar por uma felicidade legítima e discreta quando o viu, ainda em estado de sonolência, procurar-lhe as mãos, beijar-lhe o rosto, virar para o outro lado e dormir. Manteve os olhos abertos até amanhecer e o silêncio.
A intrusa
Estava me sentindo uma intrusa e por isso não escrevi mais nada até agora. Explico: não necessariamente precisa-se saber o que acontece na vida do outro – leia-se Gustavo -, tim tim por tim, para que nos coloquemos nos nossos lugares, respeitando o que quer que seja que o outro esteja passando e, sobretudo, sentindo.
Por isso, quis impor o meu silêncio como um aliado, um sinal de respeito e amizade.
Assim, não sei bem por quê, acho que quis dar voz ao Gustavo, ânimo, e quase uma ordem: melhora, porra!
No festa de comemoração do seu aniversário, ouvi comentários sobre o seu péssimo hábito alimentar, fora o estresse, velho conhecido, outro fator dominante.
É, não sou muito indicada para dizer "se cuida", mas "se cuida aí"...
Sobre a dor
Tentei publicar isso antes, algumas horas, mas a conexão não permitiu.
Mas quero dar razão ao que diz um amigo meu: "Dor de cotovelo é ruim, mas dor de dente é muito pior".
Apenas três dias depois de encerrar em definitivo meu "antigo contrato" com uma certa moça que se afastou de vez, vejo toda a dor da fossa, do desamparo, da rejeição, ser substituída pela amigdalite, que voltou com força total e me impediu de ir no neu próprio aniversário. Obviamente isso me deixou ainda mais deprimido, mas a dor na garganta era tão gigantesca, que não conseguia falar, comer ou mesmo me mexer.
Apenas na noite desta segunda-feira consegui ver melhor o computador - antes, só entrei para mandar mensagens aos amigos.
Entro portanto, para comunicar a quem me lê que já comecei a falar, mas não posso gastar muita garganta ainda. Tenho que tomar ainda quatro injeções intramusculares (uma por dia, agora) e finalmente estarei novo, pronto para dar uma diminuida nas coisas tóxicas, investir em alimentação menos junkie (não vou dizer que vou fazer dieta porque não dá) e no meu bem estar.
Vou também colocar minhas ações no mercado para ver se arrumo uma candidata à vaga da outra. Pensando bem, vou criar outra vaga e destruir a anterior. Se ninguém comprar, paciência.
2002, me espere que eu já estou saindo. Raios, onde estão minha chaves? Sempre somem nessa hora.
21 janeiro, 2002
A dor física
Esta semana estou tendo a maior comprovação de todos os tempos da certeza de um provérbio de Rodrigo Cobra e outro, parecido, de Oscar Wilde. Ambos corretíssimos. O de Rodrigo: "Dor de cotovelo é ruim, mas dor de dente é muito pior". O de Wilde, citado por minha prima, Mariana: "Deus me livre das dores físicas, e deixe que me encarrego das morais".
Na quarta-feira, achei que não fosse sobreviver ao sepultamento definitivo de um namoro, com um anúncio fatídico feito pela minha ex. Qual o quê. Sexta, sábado e domingo, três dias em que fiquei sem comer e falar, me provaram que esse negócio de dor de cotovelo não mata ninguém. O que mata é infecção na garganta, que me fez até faltar a minha própria festa de aniversário.
Quando estiver melhor, contarei mais detalhes. Por enquanto, passo os dias dormindo para esquecer que tá doendo pra cacete e esquecer que eu tenho que tomar nove injeções.
Até logo.
16 janeiro, 2002
Calada e cabisbaixa
Estou calada e cabisbaixa.
Essas letras não são nada!
Você não as leu, reparou sem querer
um verbo, uma frase ou algo dito.
Mas eu estou calada e cabisbaixa.
E essa poesia, não é nada.
São vazios, espasmos.
revelações por admirar-te.
Calada e cabisbaixa,
nossos olhos não se vêem.
Bem sei que quase lês minha alma...
Então, querido, enxergue aqui o meu sorriso,
que embora voltado para o chão
e fechado na cortina de meus cabelos negros,
é todo pleno nessa poesia...
é seu.
(Você não leu
Pois eu estou calada e cabisbaixa)
vôlei
Para sobreviver
Los Hermanos
(A. Yupanqui)
Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar.
En el valle y en la montaña,
en la pampa y en el mar.
Cada cual con sus trabajos,
con sus sueños cada cual.
Con la esperanza delante,
con los recuerdos detrás.
Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar.
Gente de mano caliente
por eso, de la amistad,
con un lloro pa’ llorarlo,
con un rezo pa’ rezar.
Con un horizonte abierto
que siempre está más allá,
y esa fuerza pa’ buscarlo
con tesón y voluntad.
Cuando parece más cerca
es cuando se aleja más.
Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar.
Y así seguimos andando
curtidos de soledad.
Nos perdemos por el mundo,
nos volvemos a encontrar.
Y así nos reconocemos
por el lejano mirar,
por las coplas que mordemos,
semillas de inmensidad.
Y así seguimos andando
curtidos de soledad.
Y en nosotros nuestros muertos
pa' que nadie quede atrás.
Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar,
y una hermana muy hermosa
que se llama libertad.
A primeira grande porrada do ano
Foi em um telefonema, ontem, 23h15. Estou catatônico até agora. Me lembro dela dizendo, "Você não fala nada?", e eu respondendo, "Estou tentando pensar, mas só tentando", e depois disso ficou tudo preto. Por volta de meia-noite, ainda procurei gente para beber, mas não encontrei. Só pude dormir depois de falar sozinho. Sozinho mesmo.
Tudo que posso pedir aos de meu círculo de relações: não me falem em relacionamentos, amor, paquera, namoro, casamento, matrimônio, tolerância, casais, e todo esse tipo de coisa por uns três meses. Três não, seis. Estou em um momento muito mais para Apocalypse Now (o horror....o horror...) do que para Romeu e Julieta. Só se for a versão Quentin Tarantino.
15 janeiro, 2002
O blog preventivo
Tenho lido alguns blogs maneiros por aí, usando os links dos blogs de amigos meus. Formam-se comunidades dessa forma, é realmente engraçado. Conheci o blog da Valeska e achei completamente anárquico, delirante, desregrado, alucinado, enfim, maneiríssimo. O tipo da pessoa com quem eu costumo me entender bem, um barato.
Mas ao mesmo tempo, tenho usado os blogs como preventivo. Tipo, "Essa pessoa eu prefiro não conhecer". Li um blog recentemente assim - o blog é bem recente. Por uma questão de cordialidade, não vou entregar o nome, só sei que é de uma mulher bizarra.
Que venham as baratas!
Depois que passei a conviver com as pulgas, graças ao Billy, passei a sentir falta das baratas. Aquela velha história: eu era feliz e não sabia. Eu quero as baratas de volta!!!
Agora está valendo
Já mandei vários emails, mas tem sempre alguém que a gente esquece. Mas neste sábado, dia 19, no Bar Ernesto, da Lapa, estarei festejando com duas semanas de atraso o meu aniversário, ocorrido no dia 2 passado, quando eu estava quase internado. Já recuperado e pronto para um porre homérico, convoco todos para a festa, que deve ser rock n roll total. Vou pedir colaboração de três ou cinco reais da galera para pagar o equipamento de som que será alugado. E haverá consumação mínima de 15 reais. Mas prometo que o som vai estar tão bom que todo mundo vai beber mais do que isso, não tem jeito.
O Bar Ernesto fica ao lado da Sala Cecília Meireles (FACÍLIMO de achar), do lado esquerdo de quem olha para a Sala. Tem ar condicionado, um andar em cima com mesas para a galera sentar e beber, e um salão embaixo para dançar. Estão previstas, segundo a conta que eu fiz ontem, 213 pessoas até agora (e isso porque teve gente que não me falou ainda se vai levar mais alguém).
Quem não tiver recebido o email, me avisa. Eu colocarei o nome. Mas se não der, é só falar que vai na minha festa que tá na boa. Valeu?
Quem sabe a gente não arruma uma alternativa na noite carioca em definitivo? Um novo Bukowski?
Bukowski em pílulas
Do livro "Notas de um velho safado":
"Se você quiser saber aonde Deus está, pergunte a um bêbado"
Del Fuego
Sempre é digno de registro, ainda mais nesses tempos em que ela anda meio sumida: recebi mais um email, como sempre, gentílissimo, da minha amiga Andréa Del Fuego, que virá ao Rio em fevereiro para uma boca livre - seguindo e obedecendo à máxima atribuída a Dadá Maravilha: "Pênalti e boca livre não são coisas que se percam".
Andréa Del Fuego, ou Andréa Fátima dos Santos (um nome mais bonito ainda) é, lamentavelmente, casadérrima com o felizardo André. Não tem para ninguém. Mas é das poucas amigas que eu tenho que não tem a menor frescura com esse negócio de eu a achar gostosona. A maioria das mulheres não curte muito ser admirada por um cara pelo qual elas não têm interesse, rola um certo incômodo, sei lá, algo que parece consciência pesada. "Ei, puxa, você é um cara tão legal, só que eu fico meio triste de não ter vontade de dar para você, vê se fica sem vontade aí, valeu?", é o que algumas meninas parecem dizer para alguns caras. Quem está lendo, tem um aí que é muito meu camarada, bom, que vai ler isso aqui e vai saber que se encaixa com algumas amigas dele....hahahha
Del Fuego não. Sabe que é show de bola, que é gostosaça, mas tá rigorosamente se lixando para quem estiver achando isso ou não. Acho maneiríssimo - ela é realmente inigualável. Mal posso esperar para voltar o Falaê para poder ler sua coluna Crônicas da Mulher Casada.
14 janeiro, 2002
O local ideal
Iniciei o debate e Sérgio Maggi deu seqüencia, sobre qual o local ideal para uma boa noitada no Rio de Janeiro. Parece um pouco aquele texto genial do Paulo Mendes Campos - se não me engano está no livro "O amor acaba", no qual ele discorre sobre o que poderia ser o bar ideal. Jaguar reproduz um trecho, em seu livro "Confesso que bebi".
Quais seriam então as características de uma casa para a noitada ideal? Vamos por partes:
1-Música boa. É uma das coisas mais difíceis, no momento em que as pessoas que gostam de músicas estão imprensadas entre a chatice do axé-pagode-funk e a modernidade monótona, pouco-assoviável e entediante do drum and bass. Mas diria que musicalmente o local ideal é o Sheringhan´s, um pub em cima da churrascaria Carretão da Praça General Osório, em Ipanema. Apenas bandas boas no som. O volume, nem tão alto que atrapalhe a conversa, nem tão baixo que não preencha os espaços vazios. Quanto a som ao vivo, o melhor sem dúvida é o do Hard Rock Café.
2-Drinques fartos. Não considero cerveja em lata bebida. Cerveja tem que ser condicionada em vidro. Portanto, um bom lugar para passar a noite deve ter chope e diversas opções de drinques gelados. Uma máquina de frozen margarita faz o estabelecimento ganhar dois pontos numa escala de 0 a 10. O Hard Rock mais uma vez oferece o melhor, em variedade e quantidade. O barzinho "Don Scracho", no Jardim Botânico, também manda bem, mas é ao ar livre e sem música ao vivo - ou seja, perde para o Hard Rock.
3-Espaço. Fundamental. Esbarrar em pessoas, disputar espaço no cotovelo, pedir licença de cinco em cinco minutos tornam qualquer lugar um programa de índio. É essencial que haja espaço para você levantar da mesa e ir até o banheiro, por exemplo - o Lamas é um lugar que atende esse requisito.
4-Boa freqüencia. Outro ponto essencial, e que derruba o Hard Rock Café, que tem uma freqüencia meio escrota. Até hoje, nenhum estabelecimento comercial no Rio de Janeiro se igualou em termos de freqüencia ao Bukoswki Bar (na Rua Paulo Barreto) e à antiga Casa da Matriz (em Botafogo, mas na Rua da Matriz). Era só sair de casa sozinho que era garantido encontrar pessoas conhecidas, tomar uma cerveja, bater um papo. Hoje, na Matriz, só conheço os donos, os djs e os barmen.
5-Mulher. Porque eu gosto, e ponto final.
6-Temperatura decente. Não precisa ter necessariamente ar condicionado. O pub Sheringhan´s não tem, o Don Scracho não tem, e no entanto são lugares agradáveis e de temperatura amena. Mas nesse ponto, o Lamas, o Espírito das Artes (no mezanino da Cobal da Humaitá) e principalmente o Hard Rock Café são sensacionais. Vale a pena citar também o bar Porcão Rio´s, que tem clube do whisky e ao contrário do que todos pensam, é bem em conta.
Bom, acho que é basicamente isso.
Humor de cão
Há pelo menos uns cinco posts que eu só faço reclamar. Ando num humor de cão, terrível mesmo. Acho que comecei o ano querendo colocar os pingos nos "i"s, querendo reduzir desperdícios, inclusive de tempo. Ano passado fiquei muito solto, depois de levar um pé na bunda, e acabei perdendo tempo demais. Só que acho que ando radicalizando muito. Se você acha que eu ando muito rabugento, pode reclamar.
Assim...
...me deixaram escrever. Com uma permissão especulativa sobre meu sorriso ou o meu pranto. E ordenaram-me que o fizesse sobre qualquer assunto e mesmo obrigada. Redija sobre isso, comente aquilo, diga o que acha disso...
Não quero comentar sobre isso ou aquilo. Percebi que minhas palavras saem confusas, técnicas, patéticas, leves e pertinentes.
Porque neste momento, por exemplo, me sinto livre e estou me completando, exercendo meu narcisismo. Sou quem sangra, sua e salga à medida que me exponho. Quisera que fosse diferente. Não ter acordado com este sonho na cabeça. Que me mandassem escrever sobre qualquer coisa e eu conseguisse assimilar o tema e tomá-lo como uma coisa minha. Mas não. Meu texto se tornou uma pálida rosa amarela apreciada e comentada no entorno macio delicadamente com a ponta dos dedos. E escutei o texto-rosa-amarela me pedindo desculpas por ser apenas “bonitinho”. Resta calar-me, frustrada e triste, ante a incapacidade e inquietação que me toma.
Uma opção é finalizar fingindo assombramento (também porque sonhei com uma enorme sala de aula e uma professora antiga usando coque que escrevia no quadro-negro “sur le mur” e assustou-me).
Preciso me exercitar. Quero ser melhor, quero ser melhor...
Here comes the rain
Faço questão de registrar, para ninguém achar que é maluquice minha: pelo quinto fim de semana de folga seguido, acontece a mesma coisa: sol forte no fim de semana anterior, quando estou trabalhando, e chuva no que eu estou de folga, que foi este - com direito a céu se abrindo na segunda-feira. Sendo que fui dormir de madrugada, vendo TV, e não ouvi a chuva parar.
Estou começando a desconfiar de algo, alguma conspiração. Não é possível que isso seja só coincidência.
3 horas de tortura (quase) voluntária
Eu acreditei que o assunto estava encerrado. Infelizmente, não. Peço desculpas antecipadas ao Gustavo por tocar nesse assunto tão deprimente. Usando um provérbio que eu acho que é inglês, “sofrimento dividido é meio sofrimento”. E depois disso, da minha parte, o assunto estará encerrado.
(Tudo começou numa confraternização de Natal numa pizzaria na Praia de Botafogo. Alguém me perguntou outro dia: “ei, moça, ninguém cuida de você, não?”. Respondi, “não”. Mas existe alguém tentando fazer isso e eu preciso confessar que estou deixando e querendo cuidar também, assim, como quem não quer nada...). Um amigo desse alguém que está tentando cuidar de mim e cujo nome não cito porque ninguém conhece mesmo, solicitou nossa presença para transformar seu encontro com uma moça em algo casual. Por isso, estávamos, ontem, com aquela chuva, às 17h30min, no Cinema São Luiz, assistindo “O Senhor dos Anéis”.
A tortura começa na fila, vinte minutos antes. Todos em pé, aguardando as portas se abrirem. O saco de pipoca gigantesco. O copo de Coca-Cola, idem. E o filme, meu Deus, o que é o filme...gigantesco também, invasivo, barulhento, chato, argh, longo. O herói do filme, com seus olhos azuis esbugalhados, não consegue dar uma porrada em ninguém, nem se aparecesse uma barata na briga ele conseguiria. Precisa ser defendido o tempo todo. Até os amigos orelhudos e lerdos dele conseguem bater nos monstrengos verdes e babões que aparecem. Diante daquele cenário de Montanha da Perdição, Vale de Sombras, duendes e outras babaquices, só me restou levar com bom-humor e passar o tempo imaginando qual a coisa gostosa que eu iria comer assim que saísse dali. Bom, nem tudo foi em vão. O casal ajudou e acho que vai surgir um novo par por aí. Aliás, depois dessa, é quase obrigação.
13 janeiro, 2002
Nós te amamos, Norman
Alguém se lembra da revista "Kripta"? Pois na revista Kripta havia uma história de terror psicológico em que o principal personagem, Norman, desde as primeiras horas de seu dia, era atormentado por verdadeiras multidões que surgiam do nada oferecendo préstimos a ele ou mesmo querendo conversa. No metrô, ele é assaltado, e surgem mais de trinta policiais gritando "Estamos chegando, Norman, calma". Em qualquer lugar onde ele procura por uma pessoa aparecem centenas. No final, ele sofre um acidente e é disputado por uns 15 cirurgiões, que gritam "nós te amamos, Norman".
É o típico caso de historinha que foi publicada em 1978 (por ai) mas - reparem que expressão maluca - só ficou atual agora.
Uma saída à noite no Rio de Janeiro comprova que todos nós estamos virando Normans. Sexta-feira, por exemplo, eu estava em casa sem pretensões quando um camarada meu que estava no exterior ligou dizendo que estava de volta. E falou "vamos tomar uma cerveja?", e aí combinamos ir na Matriz. "Hoje tem Monobloco, então a Matriz não estará tão cheia". Ha ha ha.
Chegamos por volta de meia-noite, e tudo estava legal. Proporção interessante de homens e mulheres - algo que torna o ambiente mais calmo e civilizado - ar condicionado numa boa, acesso fácil ao balcão, som tranquilo. Ainda encontrei a Roberta, que estava tão bem vestida - ou bonita, como preferir - que fiquei até constrangido de ficar ao lado dela.Achei que a hipótese do tal Monobloco estava certa, ia ser uma noite calma.
Lêdo engano. Em 40 minutos, entraram umas 200 pessoas. O ar, em qualquer lugar da casa (exceto a salinha ao lado da de jogos), ficou irrespirável. Pessoas transitavam sem parar, sem rumo, só para não ficarem paradas. O calor era tanto que, ao passar por alguém, se tinha a sensação horrenda de 'sentir o calor emanando' de outra pessoa - sensação que, como bem diz o Maloca, só é boa quando estamos na cama com uma mulher.
Era uma tarefa árdua, pegar bebida. Com um taco de beisebol talvez fosse mais fácil. Eu passava entre as pessoas e SÓ ouvia cantadas (algumas péssimas) e azarações. Ouvi um casal se apresentar como Jessica e Moisés. "Eu sou Moisés. Onde você mora?", perguntou o cara - parecia que o cara estava querendo entregar uma pizza, não arrumar uma companhia feminina. Enfim, um pesadelo. Eu à parte de tudo aquilo - há anos não abordo uma mulher que eu não conheço, e sinceramente não faço a menor idéia do que dizer para uma mulher que eu achei bonita. Não sei mesmo. Mas isso é outra história.
Paguei minha conta e saí para a doce liberdade dos ventos, com a sensação de que se eu ficasse mais cinco minutos teria perdido os sentidos, tal a ausência de ar. Peguei um táxi, cheguei em casa, tomei uma ducha gelada (saí da Matriz suando como se estivesse lutando capoeira), liguei meu ar condicionado, a televisão, deitei-me embaixo do edredom e iniciei uma profunda reflexão sobre a vida. E a única conclusão que cheguei foi a de que tem gente demais no mundo. No dia seguinte, ouvi os seguintes relatos.
No Monobloco, havia uma quantidade insuportável de gente. Ninguém entrava, ninguém saía. O trânsito engarrafou por quilômetros. Na Lagoa, ainda se agravou o trânsito porque centenas de pessoas buscavam os quiosques (a última vez que fui em um quiosque da Lagoa, tive que pegar uma senha e esperei 90 minutos, sentado com duas meninas ali perto).
Adoro colocar som na Matriz, e acho sinceramente que é um lugar legal. O DJ Janot reclamou que eu fiz propaganda contra no email que mandei aos amigos convidando para a festa no Ernesto. Mas não fiz. O que não faço é propaganda falsa a favor. Não tenho chamado mais pessoas pra minha festa na Matriz porque simplesmente não precisa - já vão centenas - e porque não quero chamar amigos para um lugar onde haja sofrimento.
Só que a Matriz, como o Rio inteiro, está lotada. E o único lugar que conheço que é legal lotado é o Maracanã.
E isso se o Vampeta não estiver em campo.
11 janeiro, 2002
Nova série: os melhores LPs da minha juventude
1- O Sticky Fingers
Por alguns anos, os valores foram invertidos: Sticky Fingers era o disco dos Rolling Stones que tinha "aquela música parecida com a do Peter Framptom". Tratava-se de "Bitch", música que inspirou Framptom (assumidamente) a anos mais tarde fazer "Breaking all the rules", sucesso dele e dos cigarros Hollywood.
Era o disco cuja capa tinha um fecho-eclair de verdade, o qual se aberto proporcionava ao freguês a visão assim nem tão agradável da cueca de um dos Stones (ou então de algum modelito namorado do Andy Wharol). Hoje, em CD, não tem essa bossa, o que faz o Sticky Fingers, um dos melhores discos dos Stones ao lado do Exile on Main Street e do Let it Bleed, se misturar aos outros normalmente.
Mas por um quesito o disco deve ser separado do resto da humanidade: Wild Horses, a bela balada feita por Keith Richards em homenagem ao filho recém-nascido, mas com letras bem fossa, voltadas para alguma ex-namorada. "Childhood living/it´s easy to do/the things you wanted/i bought them for you/Graceless lady/you know who i am/you know i can´t let you/Slide trough my hands" (Viver como criança é fácil/As coisas que você quis, eu lhe comprei/Você sabe quem eu sou, e sabe que eu não posso deixar você escorregar fácil entre minhas mãos").
Já é um disco que abre com o clássico visceral "Brown Sugar". Só isso já bastava para ser considerado um discaço. Mas eles emendam com a guitarra escandalosamente pop de "Sway", com o vocal extremamente rock do Jagger logo em seguida. Depois, vem a Wild Horses, perfeita, lindíssima. Segue a percussiva Can´t you hear me knocking e o blues de "gatos cantando no beco em lata de lixo", chamado "You gotta move".
O outro lado abria com "Bitch", que todo mundo associava logo à música do Frampton, por causa do riff parecido. Mas quando você pensava que a coisa ia descambar para a violência, Jagger e um naipe de metais baixavam a bola naquela que eu considero a melhor música para ser ouvida com um teto de estrelas, no walkman, dentro de um ônibus: "I got the blues". Linda balada.
Logo depois, os acordes meio malditos de um violão se sobressaem, e tem lugar "Sister Morphine", uma música meio doentia, que começa balada romântica, e depois adquire uma atmosfera tensa e lúgubre.
O astral melhora com a entrada de "Dead flowers", uma excelente música para o cara ouvir na fossa, porque fala de um rancor assumido - "Take me down, little Suzie, take me down/I know you think you´re the queen of underground/And you can send me dead flowers every morning/But i won´t forget to put roses on your grave". Isso com uma melodia meio folk maravilhosa.
A bela balada Moonlight Mile, toda tocada por Mick Taylor - Keith Richards estava em alguma bad trip de heroína e faltou no dia da gravação - encerra um disco que é obrigatório, praticamente um marco de uma era, inigualável. Uma obra de arte de composição, poesia e melodia. Ainda bem que saiu em CD.
Cortázar, the killer
Apenas uma brincadeira com Cortez The Killer, tudo bem, aquela música imortal de Neil Young, outro gênio que não é deste mundo. Mas o que eu quero mesmo é falar de Júlio Cortázar, esse genial argentino (costumo dizer que salvaria da Argentina apenas Borges, Cortázar, Astor Piazzola e Doval - todos mortos). Quero reproduzir um texto dele, do livro "Histórias de cornucópios e de famas". É de um capítulo chamado "Manual de Instruções". O nome do texto? Leiam aí:
Instruções para chorar
Deixando de lado os motivos, atenhamo-nos à maneira correta de chorar, entendendo por isto um choro que não penetre no escândalo, que não insulte o sorriso com sua semelhança desajeitada e paralela. O choro médio ou comum consiste numa contração geral do rosto e um som espasmódico acompanhado de lágrimas e muco, este no fim, pois o choro acaba no momento em que a gente se assoa energicamente.
***
Para chorar, dirija a imaginação a você mesmo, e se isto lhe for impossível por ter adquirido o hábito de acreditar no mundo exterior, pense num pato coberto de formigas ou nesses golfos do estreito de Magalhães nos quais ninguém entra, nunca.
Quando o choro chegar, você cobrirá o rosto com delicadeza, usando ambas as mãos com a palma para dentro. As crianças chorarão esfregando a manga do casaco na cara, e de preferência num canto do quarto. Duração média do choro, três minutos.
10 janeiro, 2002
Monets e Manets
Imagine ter uma tela impressionista como protetor de tela do seu micro? Boa, né? Ou uma foto interessante, ou um expressionista, tipo Munch, ou cubista....E ainda poder adquirir fac-símiles dos quadros pela internet (infelizmente, em dólar) para colocar na parede, com a moldura que você mesmo escolhe.
Isso a gente encontra no portal Art.com, uma espécie de CD NOW da pintura e da fotografia. Podem clicar que é sério.
09 janeiro, 2002
Das coisas reais
Gostaria de tratar com mais intimidade das coisas reais, desses fatos que o Gustavo comenta com agilidade, inteligência e, embutido na rabugice, uma pitada de humor.
Também não aguento mais falar na Casa dos Artistas; no Supla, que deu uma entrevista enorme na Isto É; nesse papo de maconha; Senhor dos Anéis, então, nem se fala, todo mundo comentando que tentou ver e não conseguiu por causa da fila - e eu nem passo na porta -; Harry Potter é a p.q.p. (pra ver se eu fico mais educada); Cassia Eller não tenho nem o que comentar, morreu ali, no hospital onde eu nasci. Enfim...
Dizer o quê? Prefiro a Crib Tanaka, do site Cena Urbana, me mandando crônicas ótimas do Veríssimo e dela mesmo.
E o que dizer dos celulares infernizando até o metrô agora? Diga-se: o meu incluído.
Mudando mas não mudando o assunto, eu passeei tanto de bicicleta no domingo que cheguei em casa à meia-noite. Pois fui à Feira do Livro, em Ipanema. Algumas barracas fechadas, a Prefeitura simplesmente acabou com a Feira no Largo do Machado e na Praça XV. Os livreiros terão que alugar uma barraca que custa R$ 1.800,00 da Associação que organiza a Feira (e parece que não anda organizando muito bem). E aí? O negócio é comprar o Senhor dos Anéis que é best-seller, o Harry Potter mesmo, e na Saraiva, pagando bem caro.
Ah, Deixa pra lá...
"Tecnicamente morto"
É a expressão que o iconoclasta Paulo Francis usou uma vez, para definir seu tédio e cansaço diante de uma mesa redonda do Manhattan Conecction. Bom, por diversas vezes eu já usei essa expressão - até mesmo em festas que não me cativam ou diante de algumas circunstâncias desfavoráveis.
Mas o certo mesmo é usar para os assuntos, os temas do dia-a-dia que realmente já deveriam estar arquivados ao invés de encherem nosso saco diariamente.
Segue então o Relatório Gustones do Tédio Total ou Assuntos sobre os quais eu gostaria de não falar por uns bons meses:
1 - Casa dos Artistas - O número 1, sem dúvida, dos assuntos que já encheram o saco. Tudo bem, foi uma manobra e tanto, tudo bem, o Sílvio Santos não gastou nem um décimo do que o Fantástico gasta e ganhou a audiência, beleza, mas agora chega, né? Puta que pariu. Por que as coisas que nos ajudam a nos tornar mais idiotas são as que têm que ser mais debatidas?
2- Supla - Vejam bem, o charme do programa Casa dos Artistas (é, acabei falando de novo nisso) é exatamente juntar artistas que estavam desaparecidos ou relegados ao ostracismo, certo? Então, vamos devolver o Supla ao ostracismo, porque já acabou o programa. Não há nada que faça mudar a realidade: a música do Supla era, é e sempre será uma merda sem tamanho. O que eu fico puto é neguinho me sacanear por eu ouvir anos 70 enquanto Japa Girl faz sucesso. Ah, pelamordedeus, vai!
3- Amor à camisa - Eu trabalho em um jornal de esportes, e desde o ano passado ouço dizer que "os jogadores de hoje não têm mais amor à camisa". Essa frase já deve ter sido dita por comentaristas, locutores, radialistas, atendentes de botequim e motoristas de táxi umas 700 mil vezes. Até parece que lá pelos anos 70 não tinha mercenário.
4- Soninha e a TV Cultura - A Playboy deste mês tem entrevista com a Soninha, metade falando dessa merda. Depois, tem entrevista com a Bárbara Paz (caralho, olha aí Casa dos Artistas de novo) e neguinho PERGUNTA SOBRE A SONINHA! Sem contar que tem anúncio do áudio da entrevista no site da Playboy.
Querem saber? Casa onde sobra pão todo mundo grita e todo mundo tem razão. Tá certa a Soninha, por causa da hipocrisia da lei, que obrigou a TV Cultura a mandar a moça embora. Tá certa a TV Cultura (soube de um repórter de TV que foi mandado embora de uma emissora ano passado por ter sido preso com maconha e nem por isso alguém reclamou) porque é obrigada a cumprir a lei que é igual para todos. Não dá para quererem uma lei só para a Soninha. E tá certa a Época. Não quer dar entrevista, não dá. Agora, deu, não enche o saco. Agora o repórter tem que avisar ao entrevistado que o rosto vai aparecer no out-door?
5- Cássia Eller - Gostava muito da Cássia Eller, muito mesmo. Adoro "Try a little tenderness" com a voz dela. Agora, essa investigação toda, esse negócio do filho, a família "duvidando" que tenha sido cocaína, isso tá enchendo o saco. Mermão, dizer que a Cássia Eller morreu "de estafa" é curtir com a cara de centenas de milhares de brasileiros. O trabalho dela era dar show, tocar, fazer o que ama, e isso com todas as condições, acordando tarde, viajando, andando de van e o cacete. Quem deveria ter direito de morrer de estafa é o infeliz que mora em Japeri, viaja duas horas e meia, pega dez horas de pesado no trabalho, depois volta à noite, dorme mal, come pior ainda, não trepa, bebe cachaça e ganha uma miséria das mais aviltantes (como é comum nesse país).
Cássia Eller era sensacional, merece muito mais do que essas sandices que começaram a dizer dela. E se morreu por causa de drogas, que isso seja assumido - porque, afinal de contas, se tem uma pessoa que sempre assumiu TUDO que fez nesse país foi a Cássia Eller.
6 - Crise na Argentina - Achei maneiro o jeito com que os hermanos tiraram o presidente, mas vamos dar um tempo com os elogios, ok? Tem gente se excedendo pela rua dizendo que "aquilo é que é povo" e que o nosso povo é sangue de barata. Típico pensamento pequeno-burguês de quem espera o povo pegar em armas, mudar o governo para apenas perguntar pra quem pagar a conta do ar condicionado.
Os argentinos fizeram o que tinham que fazer, e foi só. Daí a se tornar "um povo mais valente que o brasileiro" vai uma distância maior do que do Oiapoque à Terra do Fogo.
7- César Maia é maluco - Não tem jeito. Pinta o verão, e começam as grandes notícias dando conta de que o prefeito do Rio "é maluco". Agora foi o tal release alucinado que ele escreveu sobre o que seriam os próximos reveillons organizados pela prefeitura. Deus do céu, será que não tem ninguém para chegar pro prefeito e dizer, "prefeito, isso não nos interessa mais, não vamos publicar"? Todo mundo tá cansado de saber que César Maia NÃO é maluco.
8- Osama Bin Laden - Não me lembro quem disse isso: "Em uma guerra, a primeira vítima fatal é a verdade". Olha, HAJA SACO para aguentar a satanização do barbudo Bin Laden, uma criação dos próprios americanos e de sua política intervencionista. HAJA SACO para as dezenas de vídeos clandestinos caseiros, mensagens para a TV, e falsos alarmes sobre a presença do barbudo pentelho. HAJA SACO para ver um bando de ignorante na rua usando máscara desse filha da puta (ele não é filha da puta porque os EUA querem, e sim porque acha graça em 5 mil mortos).
9- Harry Potter e Senhor dos Anéis - Que que é, heim? Ficou todo mundo retardado, achando legalzinho esse mundinho de bruxinhas e corujas que falam? Pelo amor de Deus, "A Profecia" e "Fúria de Titãs" são bem mais emocionantes. Eu acredito que devem ser filmes-entretenimento com uma diferença em relação aos outros tipos de filme: são filmes-entretenimento. Dos bons. Mas ando de saco cheio de ouvir gente perguntar se eu já fui ver. Porra, não fui ver nem o Monstros S.A. que é bem mais legal!!!
10- Sexo - Finalmente, o assunto que todo mundo adora, e que traz sempre um sorrisinho "esperto" no canto da boca, que atribui ao interlocutor uma divindade inexplicável. Todo mundo acha o maior barato falar de sexo. Todo mundo tem suas preferências (loiras ou morenas, como se isso fosse importante), todo mundo quer gozar, todo mundo quer ser tratado com carinho, todo mundo acha que "a aparência não é importante" (tremenda balela), todo mundo quer sexo, sexo, sexo, sexo. Discute-se o sexo, escreve-se sobre sexo e se coloca nas rádios FM. Hoje, 90% das músicas falam do ato sexual. "Pega, abaixadinha, coloca, põe, mexe, gostoso, rebola, vem me fazer feliz, com você", tudo isso para exprimir o nobre desejo de um homem de enfiar com uma porrada de estocadas um pedaço de carne dentro de uma determinada mulher.
E pensar que eu cresci ouvindo "Jealous Guy".
Enfim, fala-se de sexo demais. Sei lá se fazem de menos ou mais, só sei que a coisa mais comum é na rua neguinho cantando música de sexo. É demais, né? Um sorrisinho de malícia para falar de uma função biológica importante? Por que ninguém dá esse sorrisinho antes de dizer, por exemplo, "benhêêê....acho que vou dar uma cagadinha....hihihihi"
Bom, é isso. Estou meio rabugento mesmo.
08 janeiro, 2002
Um conto sem título
Ela levava uma surra quase todos os dias caso não levasse o dinheiro para casa. Parece uma história feminista e é. Porque Marieta era dessas mulheres magras, de ombros curvos cujo olhar triste é imprescindível. Lavava roupa por encomenda, cada trouxa um tanto, e assim ia sustentando seus três filhos e seu marido alcoólatra. História fácil de inventar e boa para contar, foi o que pensei e decidi fazer quando a conheci.
Nos idos de 1935, saudoso tempo em que "chovia cântaros", todos "debulhavam-se em lágrimas" e eram acometidos de "frouxos de risos"; quando era possível encontrar na capital do país grandes personalidades da nossa literatura e história; quiçá usar "quiçá" e ponto e vírgula com estilo, Marieta, a pobre mulher castigada pelo destino, angariava, com esforço, dinheiro para dar ao seu marido, o senhor José, cujo sobrenome me recuso a dizer. Marieta envelheceu à proporção de seus cinco partos, de suas inúmeras trouxas de roupas lavadas, de suas mãos calejadas e de sua força. Sua preocupação com o futuro era imediata: o jantar, a calça a cerzir, ou o brusco marido a lhe esperar. Outras ansiedades haveriam, mas tão exteriores, que até me sinto constrangida por viver hoje com o meu individualismo sobejo.
E no momento reflexivo, calmo, de pura respiração, surgia o poético cotidiano empoeirado das tardes passadas nas varandas quando o sol iluminava inocente e incoerente as poeirinhas estáticas nos feixes de luz da casa. Então abrandava-se o coração numa trégua de segundos vividos um a um, de frente para o relógio antigo da parede da sala, os olhos pesados de dor e sono, o ombro cansado fechando o corpo ao descanso enquanto um copo de aguardente era virado numa esquina próxima. Haveria tempo para um pequeno vácuo? Marieta omitiu. O principal ela contou com orgulho, que saíra para entregar a roupa limpa numa de suas atormentadas tardes. Lembrou que fazia muito calor naquele dia. E julgara que a freguesa iria ficar contente com tanta presteza e eficiência. Mas a "madame", que pena, estava sem dinheiro no momento da entrega. "Posso pagar-te semana que vem", pediu-lhe. "Antes receber semana que vem do que nunca", pensou a nossa velha do século XXI. Agradeceu com um sorriso chocho, baixou a cabeça para ver os degraus e já se despedira da "madame" prometendo retornar na semana seguinte, à mesma hora, quando ela ofereceu-lhe um saco com restos de comida. "Muito agradecida" - ela deve ter dito com sincero pudor, foi o que pensei quando ouvi - e só então retomou o caminho de casa e da surra que lhe aguardava. Conformada e cabisbaixa, é como imagino que fora o seu caminhar pelas ruas, acostumada que estou a ver tais situações. Na esquina, um gato sentado sobre um papelão miava faminto. Marieta olhou o animal e, pensando que a comida não iria salvá-la das mãos de José, abaixou-se com os restos recebidos de "madame", pondo-os na direção do gato que levantou-se ágil e curioso para a refeição tardia.
No papelão, não mais um gato. No papelão, sob o "assento" do gato, antes oculto, brilhou uma nota de um dinheiro equivalente ao necessário para Marieta apenas dormir...sem marcas, choros e resignação.
E este, com certeza, não foi o único dia na vida de Marieta a valer uma história excepcional que mereceu sorrisos sem rancores nos seus 93 anos de agora.
07 janeiro, 2002
Dinheiro
Não é novidade o que vou escrever, nem é simpático ou agradável. Devo ser conhecida como a mal-humorada, angustiada e louca amiga do Gustavo. Mas esse blog é um exercício de exposição para mim e eu às vezes estou muito feliz e triste ao mesmo tempo e essa sensação deve se alternar assim em muita gente e eu sinto vontade de falar e falo. Não ando muito inspirada para escrever nada, estou até aqui de dívidas, dúvidas, trocadilhos, historietas fraquitas e também às vezes penso em dar um puta que pariu bem sonoro e sumir. Quisera que fosse possível isso com um estalar de dedos ou uma piscada. Não dá nem para puxar a sineta do mundo e dizer "quero descer" porque não sei aonde fica a porra da campainha. Deve existir alguma porta secreta, mas faço questão de esquecê-la no meu cérebro para não ter complicação (o sistema de segurança não me permite achar a sineta, ainda bem).
Sete reais. Mais setenta. Quarenta e oito horas para a compensação de um cheque baixo. CPMF. Cartão de crédito...compras? Ah, comida, só comida, meu amor. Quanto? Barato, eu garanto. Prazo de garantia. Algo que quebrou. Eu escrevi "meu amor"? Escrevi.
Ônibus azul, ônibus amarelo, ônibus branco, motorista de óculos escuros, ônibus sujo, ônibus limpo, ar-condicionado, ônibus passou pela Lagoa Rodrigo de Freitas e as nuvens estavam todas espalhadas como nunca vi na sexta-feira à noite, avermelhado o céu, bronzeadas as pessoas, tudo colorido menos as notas reais. Verde sujo emporcalha o verde que vi. Verde sujo de veias verdes várias vezes negras e tristes. Suadas e pegajosas. Verdes notas. Vermelhos os meus olhos.
Alguém já viu a nota de dois reais?
Para os amantes do futebol
No site da Gazzeta Dello Sport, da Itália, tem uma área só de Copa do Mundo que tem um presentaço para os mais fanáticos: a primeira página da Gazzeta no dia seguinte a cada final de Copa do Mundo desde 1930. Coisa fina. Abre um tremendo pop-up, você pode salvar, colocar como papel de parede ou mesmo imprimir. Um barato. O link é http://www.gazzetta.it/speciali/mondiali/2002/albodoro/albodoro.html.
Atentados musicais
Os dez maiores atentados musicais já efetuados em versões para o português (não publicarei os títulos das versões, em protesto)
1- Versão de "Corazón Espinado", do Santana, feita pelo Leonardo
2- Versão de "Till there was you", dos Beatles, pelo Beto Guedes
3- Versão de "Wonderful Tonight", do Clapton, por Chitãozinho e Xororó
4- Versão de "Here comes the sun", dos Beatles, por Lulu Santos
5- Versão de "Yellow Mellow", do Donovan - essa eu tenho que falar - que virou "Caramelo". É da Jovem Guarda, não lembro quem
6- Versão de "Rockin all over the world", do Status Quo, pelas Harmony Cats
7- Versão de "Let´s Stay Together", do Al Green, pela Rosana
8- Versão de "Hey Jude", dos Beatles, por Kiko Zambianchi
9- Versão de "Starman", do David Bowie, pelo Nenhum de Nós
10- Versão de "Nessum dorma", por Moacyr Franco
O melhor programa do domingo
A gente recebe tanta newsletter merda pelo email, tanto "Opinia" ou "IBest", ou mesmo releases NÃO AUTORIZADOS para o meu email PESSOAL, dizendo, "caro jornalista", isso me deixa impressionado. Não chego ao ápice da frescura nerd e internética de dizer que "quem manda esse tipo de email está cometendo crime". Pera lá. Trabalhei muitos anos vendo crimes de verdade, chamar uma newsletter de crime seria viadagem pura. Mas elas enchem um pouco o saco.
O mesmo, porém, não acontece com um email semanal, que para mim já virou um hábito dominical mais impossível de se largar do que a rodada do campeonato italiano pela manhã: o SPAM ZINE, que você pode assinar gratuitamente apenas clicando aí no meu link. É batata: chego da noite ou do plantão de domingo e lá está no meu email, pronto para ser lido, da melhor maneira possível - de trás para frente, dando uma passada geral e voltando, imprimindo, lendo primeiro os créditos, lendo só o editorial, enfim, da maneira que o freguês escolher. Aliás, estou pensando em sugerir essa enquete ao grande Alexandre Inagaki, um dos mentores do SPAM ZINE: "Como você gosta mais de ler o seu SPAM ZINE?".
Essa semana está sensacional. O questionamento dos códigos de barras de legumes e verduras feito por um escritor que é também caixa de supermercado é excelente. Mas destaquei um dos achados do SPAM ZINE abaixo. Divirtam-se.
Definições:
- Paciência é uma coisa que mamãe perde sempre.
- Relâmpago é um barulho rabiscando o céu.
- Palhaço é um homem todo pintado de piadas.
- Sono é saudade de dormir.
- Strip-tease é mulher tirando a roupa toda, na frente de todo mundo, sem ser pra tomar banho.
- Rede é uma porção de buracos amarrados com barbante.
- Vento é ar com muita pressa.
- Cobra é um bicho que só tem rabo.
- Helicóptero é um carro com ventilador em cima.
- Esperança é um pedaço da gente que sabe que vai dar certo.
(trechos do "Dicionário de Humor Infantil", coletânea de definições espontâneas e achados poéticos de crianças entre 3 e 11 anos de idade, compilada por Pedro Bloch e publicada pela Ediouro)
Bom dia, Babilônia
Ainda não consegui dormir, estou aqui na madrugada desta segunda-feira pensando na vida, com o rádio ligado em FM, e velhas canções vão se acotovelando, disputando espaço em meus ouvidos e memória. Entra "Sunshine on my shoulders", com John Denver, que eu detestava, pois veio em uma época de Led Zeppelin, antes de eu descobrir que Led Zeppelin é eterno, todo mundo gosta.
O pior sempre passa. Antibióticos tomados, falta ainda uma cartela, passou a dor, passou o fim de semana trabalhoso (plantão, Casa da Matriz, plantão), em breve vai passar o período abstêmio e vou beber todas, aquelas que eu não bebi com os amigos no aniversário. Onde será que eu posso dar uma festa sábado? Tem como fechar algum lugar? Qualquer coisa menos Matriz, não há condições.
Queria era que parasse esse John Denver que nunca me comoveu, e entrasse logo a porra do Barry White cantando "Just the way you are", aquela obra-prima do Billy Joel, um primor de canção de amor, uma aula de como se faz música e se encanta a humanidade. Os merdinhas deveriam ouvir todos os dias e aprender o que é fazer o povo assoviar.
Bom dia, Babilônia. Não, não falo do filme dos irmãos Taviani, e sim do próprio despertar em um hospício, que é o que considero a gente saindo de uma infecção, começando a retomar o ritmo normal da vida. Assunto demais para tratar, vamos aos poucos, não sei de nada, quero tudo. É ex-namorada que liga, e vem tudo, tudo de uma vez só. É amor platônico que aparece e se desvanece. É trabalho louco, trânsito sinistro, metrô lotado, barriga que cresce, comidas que podres, calor senegalês, sol por testemunha, a mira ruim do policial, a gilete nas mãos do menor, os jornais estampando sirenes, enfim, bom dia Babilônia, bem-vindos ao caos, Caronte, nos guie para esse paraíso.
É isso, pessoal. Feliz Ano Novo. Vai ser sim, não tenho dúvida. Começa hoje.
Agora.
06 janeiro, 2002
Um texto sensacional
Dos melhores textos que já li na internet, sem dúvida alguma: AS 100 COISAS A FAZER QUANDO ME TORNAR UM SENHOR DO MAL, de Hiro Kozaka, que eu não conheço pessoalmente, mas já admiro. Tem um blog muito bom, o Terceira Base, linkado na minha tabela lateral aí ao lado.
04 janeiro, 2002
O homem do ônibus
Um dia qualquer.
Um dia comum.
Um ônibus.
Um homem.
O tempo.
O tempo da espera.
O ponto.
Um homem sem ponto.
Um homem no ônibus.
Um homem.
Um banco vazio para o homem sem ponto.
O homem do ônibus.
Um lugar para sentar.
Assento do tempo, assento de um ônibus frio,
assento do homem sem ponto.
O homem sem rumo, sem muro,
sem janelas, amor ou panelas.
O homem tristonho.
O destino do homem sem ponto...
O homem cansado do andar quer somente sentar.
Descansar.
Um homem fadado, triste, rotulado.
Levantou-se a mulher a seu lado e, com ela,
um olhar de soslaio.
Seu olhar sofrido pergunta, em voz baixa, ao ônibus:
Estou errado?
O homem do ônibus errou, sem querer.
Errou o ônibus, o ponto, o rumo e a hora.
A espera, a demora.
O homem em um ônibus frio, cercado de brancos lúcidos e nobres.
O homem do ônibus errou,
ao vir ao mundo negro e pobre.
...esta é uma poesia da minha irmã Adriana, aniversariante junto com o Gustavo anteontem. Sensível, Nanana parece que é escolhida a dedo para presenciar as cenas mais esdrúxulas do dia a dia do Rio de Janeiro.
CERTEZAS
Ontem senti uma sensação estranha, de tristeza. Era só uma impressão, porque não existia em mim nenhuma razão para estar triste, mas, ao mesmo tempo, senti vontade de chorar. Pensei nas impossibilidades da vida e nas certezas que não existem. Nas pessoas que acham que conquistaram muito e estagnaram. Em mim, que alguma coisa conquistei. E, para piorar, cuidei de manter o meu desânimo. Pensei ainda nos amores e desamores, nas entregas e nos vícios, nas infantilidades e nas observações.
Certezas. Não tenho convicção de nada. Não há estabilidade em nada. Não existe estar “com os pés no chão”. Até o solo está sujeito à terremotos e erupções vulcânicas. Não há certezas e isso me deixa tão precária. Queria estar confiante de que há um futuro promissor. O porvir é sempre esperançoso. E eu quero muito o futuro. Bem devagar, lá longe, como se fosse uma linha no horizonte estática que eu observe (e teria que ser calada). Importante também nunca chegar lá, não ser capaz de pegar meu barco e ir até ele e, então, esperar sob o sol de cada dia, vibrando com cada nuvem, mudando o meu modo de admirar a linha do horizonte e torcer para que um dia eu consiga dizer assim: puxa, o futuro é hoje. Talvez isso só aconteça quando eu estiver certa de alguma coisa. Dois e dois são quatro.
De repente, tudo poderá se misturar nos pensamentos da minha velhice. Quem sabe o sorriso branco e descrente da minha juventude que se julgava imortal continue a combinar com o grisalho dos meus cabelos e eu jure que o tempo não passou e que as rugas nos meus olhos foram bem vindas. Serei. É tão gostoso pensar isso. Mas poderei estar escrevendo, ainda, sobre outras coisas mais simples e emergenciais do momento, que poderá ser a osteoporose, os intermináveis exames, um novo remédio lançado, a fila nos bancos logo cedo, os jogos de cartas humm...a modernidade/tecnologia da minha velhice será de fácil assimilação (talvez até lá eu consiga mexer no controle remoto da tv da casa da minha mãe e no vídeo também). Que bom. Talvez falte carne e eu reclame dos preços altos. Mas talvez eu vire vegetariana.
O que essa incerteza me traz é só um pouco de ansiedade. Subitamente, as palavras começam a borbulhar frescas como uvas verdes de ano novo e eu descubro contente que frutas são ótimas metáforas para textos açucarados e sentimentais como os meus. Estou tão embaraçada, parece até que existe um espírito insano psicografando idéias absurdas e chego a me lembrar, com cinismo e total despropósito no momento, de uma modelo que confundiu luxo com luxúria (e lembro que quase fiz algo parecido uma outra vez, mas não conto).
Gatafunhar é o mesmo que rabiscar - li no dicionário outro dia sem querer enquanto procurava o significado de uma outra palavra que por causa dessa até esqueci qual era. Existem palavras feias. Gostaria de ter certeza dos termos que deveria usar para dizer o que quero. Quereria também usar os verbos no futuro do pretérito (?) e me impregnar dessa gramática que já esqueci faz tempo.
Quereria, gostaria, desejaria ter certezas.
Queria, gostava e desejava certezas.
Quis, gostei e desejei com certeza.
Passarei. Futuro de um pretérito perfeito. Fim.
Passava. Pretérito imperfeito. Fim.
Não gostei do que escrevi. E daí? (ao menos uma certeza).
Reclamações
Estamos meio parados, eu e Gustavo, deve ser a preguiça do começo de ano. Quer dizer, no meu caso. No dele é a garganta que está afetando o cérebro também, lógico, com cansaço físico e estresse.
É, acho que o Gustones está estressado e precisa entrar logo logo de férias.
Ah, sim, as reclamações: uns amigos meus que estão sem fazer nada hoje o dia inteiro exigem atualização imediata. Ok. Atualizei.
02 janeiro, 2002
Parabéns, Gustavo
Apesar de todos os "flamengo" que você andou escrevendo aqui na minha ausência, sabe que eu adoro você e não vou deixar de te desejar parabéns por causa disso. Vê se melhora logo (é uma ordem). O presente virá depois.
fluminense,fluminense,fluminense,fluminense,fluminense (pra compensar).
2002
Acho que ainda está em tempo de desejar feliz ano novo pra todo mundo.
Viajei meio correndo, não liguei para ninguém, não mandei e-mail, nem telefonei. Recebi alguns e-mails legais, pouquíssimos telefonemas, mas valeu. O lugar em Angra onde fiquei é quase um paraíso (é bom acreditar que existe um paraíso). Ainda mais em se tratando de um paraíso rico. Casarões, lanchas e eu. O jeito foi ficar tentando fazer resoluções de última hora para ganhar dinheiro no novo ano (ia escrever no “ano novo”, mas não sei porque soou feio). Acabei desistindo de fazer a tal resolução e optei por curtir mesmo. “Talvez eu vá para a Austrália”, foi a única coisa que me permiti pensar. Mas se esta idéia for uma resolução, daquelas bem sérias (hihihi, Gustavo), não deveria eu estar escrevendo aqui para todo mundo saber. Se não – diz o povo - não dá certo.
- Não pode contar para ninguém. Tem que guardar segredo dos planos.
Ah, é? Vai ver que é por isso que eu vivo assim, dando cabeçadas. E pensar que a solução é tão fácil, ora, só é preciso fechar a boca.
Quase usei um vestido vermelho, tipo tomara que caia, para passar o reveillon. Uma amiga me emprestou e disse que seria garantia de sucesso no amor, em 2002. Infelizmente, o vestido ficou apertado demais. Reparei demais nas dobrinhas na cintura, mas o pior foi quando me olhei no espelho e me achei melindrosa demais. Aí, não deu. Resultado: além de não usar o tal vestido, não comi lentilha; também não tomei conhecimento de uva nenhuma, nem joguei flores para Iemanjá. Bom, pelo menos mergulhei à meia-noite, (aliás, pela primeira vez na vida), mas com todo o cuidado pois a champanhe já havia dominado o ambiente e a minha cabeça. E dormir feliz.
01 janeiro, 2002
Welcome, 2002
Maravilha. Primeiro dia do ano, e eu já sei como vou passar o meu aniversário, que é no segundo dia do ano. Na Clínica Dr. Kóz, lá perto da Cruz Vermelha, tentando diminuir a dor quase inacreditável da otite que me acometeu há dois dias. E é daquelas que vão para a garganta, com dor e inflamação. Ou seja, além disso, é certo que eu tenha que comprar antibióticos caros pacas. E além de tomar imediatamente, terei que ficar sem beber - só porque é meu aniversário.
Bom, acho que daí em diante, 2002 tem que melhorar, né?