Série: Os melhores LPs da minha juventude
Peter Framptom
Eu confesso: nunca quis ser John Malcovich, na verdade eu queria mesmo era ser Peter Framptom. Na época em que o disco "Framptom", com os hits "Show me the way" e "Baby i love your way" foi lançado, ele era o cara que as menininhas de 11 e 12 anos (na época, meu sonho de consumo, eu com meus 11 anos também) queriam namorar. Na época, sexo para mim era apenas a designação que usavam para separar o banheiro e penetração o resultado de uma boa campanha publicitária junto ao público.
Portanto, éramos todos muito simples - não "puros" - quando gostávamos do cabeludo guitarrista que fazia uns efeitos muito legais com um bocal conectado à guitarra. Logo depois, entrava um violão, a voz de Peter cantando "I wonder how you´re felling....", e o refrão maravilhoso, "I want you/show me the way". Passados MAIS DE VINTE ANOS (tenho 34) e aquilo ainda é uma lembrança, com tudo o que estava em volta, inclusive as primeiras vertigens por causa de mulher. Nessa hora, era fundamental "Baby i love your way", música tão excepcional que foi regravada ad nauseum por outros artistas. Mas a voz de Peter naquele disco de capa preta com ele no meio tocando, era incomparável: "...Shadows grows so long, before my eyes...".
Peter, além de bom compositor, era excelente guitarrista - tanto que as outras músicas do disco eram porrada, bem fortes, e não emplacaram. Ninguém ouvia - só os dois hits. Mas deviam ser excelentes. Afinal, depois de guitarrista do pesadíssimo Humble Pie, ele se lançou numa carreira solo calcada na guitarra. Um jornalista, acredito que da Rolling Stone, deu uma volta em Framptom, que até então, se recusava, a conselho de assessores, a ser "símbolo sexual" - isto o demoliria junto aos críticos especializados e aos fãs de guitarra.
Na hora da foto, pediu que Peter tirasse a camisa - a história é conhecido pelo especialista Rodrigo Cobra, não me lembro bem - e ele o fez inadvertidamente.
Resultado: só porrada no homem, dos críticos obcecados e dos fãs mais xiitas em relação a sua guitarra. Ninguém queria ser fã de um excelente guitarrista como Peter mas se alinhando a menininhas controladas por hormônios - ninguém imaginava o que estava por vir: Menudo, Dominó, Backstreet Boys, Five, Aaron Carter.
Perto disso, ser fã de Peter Framptom ao lado de menininhas histéricas era pinto (com ou sem trocadilho? Não sei).
Mas um dia eu acho pelo menos em CD-R esse excelente LP "Framptom".
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