30 janeiro, 2002

Lendo jornal
Na capa, chamada sobre o programa Big Brother, da TV Globo, que deve ser assunto de nove em cada dez blogs daqui a uns dias. A chamada diz que o programa teve 49% de audiência. E encerra com a seguinte informação: "Um dos 12 participantes, Sérgio, conquistou um quarto com cama de casal". No meu tempo, a gente ouvia isso e respondia assim: "FODA-SE".
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Um gigantesco anúncio de uma página, bem no verso do primeiro caderno do jornal, indica "A Golden Cross é o plano de saúde oficial do Carnaval". Vem cá, que vem a ser isso? Já ouvi falar, por exemplo, "na bola oficial da Copa do Mundo", no "uniforme oficial da equipe olímpica", na "cerveja oficial do Rock in Rio", enfim, coisas que fazem algum sentido, mas, pombas, "plano de saúde oficial"? No mínimo eu diria que é um Carnaval que promete.
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Nota com foto: todos os 1.880 ingressos do mês de fevereiro para a peça Elis no CCBB estão esgotados. A peça é aquela que levou sarrafo de tudo quanto é lado, desde o início, começando por matérias dizendo que não tem músicas de Aldir Blanc e João Bosco (não me lembro se apuraram o motivo real, de repente os dois não autorizaram). Bom, das duas uma: ou a crítica já não influencia em porra nenhuma o gosto das pessoas - no que eu acho então que a crítica deveria descer do pedestal para ser reformulada - ou a peça é boa, afinal, em teatro o que mais conta é a propaganda boca-a-boca.
Uma terceira opção também é válida: no país em que Anjinho, Sandy e Junior, Casa dos Artistas, Big Brother, Marcelo Rossi e Backstreet Boys fazem sucesso, não é errado afirmar que o povo gosta mesmo é de merda.
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E, falando em merda, página 8, contracapa do Segundo Caderno de O Globo, matéria com o belga Wim Delvoye, artista plástico, mais um criador das famigeradas "instalações". Quando eu pensava que nada mais me surpreendia em termos de babaquice, eis que aparece a máquina do belga, que pega alimentos (que poderiam ir para a boca de alguém vivo), conduz por um caminho interno cheio de ácidos, enzimas, pancreatina e bile, mistura com líquidos, forma depois de horas uma massa pastosa e malcheirosa e "expele" todos os dias, com hora certinha.
Sim, um débil mental criou a máquina de fazer merda. Palavras do imbecil, que provavelmente é visto como gênio por dezenas de criticuzinhos de arte: "É algo muito elaborado e caro. Para nada".
Alguém devia enfiar a mão na cara de um sujeito desses e na hora em que ele perguntasse por quê, responder, "ah, por nada".