07 janeiro, 2002

Dinheiro
Não é novidade o que vou escrever, nem é simpático ou agradável. Devo ser conhecida como a mal-humorada, angustiada e louca amiga do Gustavo. Mas esse blog é um exercício de exposição para mim e eu às vezes estou muito feliz e triste ao mesmo tempo e essa sensação deve se alternar assim em muita gente e eu sinto vontade de falar e falo. Não ando muito inspirada para escrever nada, estou até aqui de dívidas, dúvidas, trocadilhos, historietas fraquitas e também às vezes penso em dar um puta que pariu bem sonoro e sumir. Quisera que fosse possível isso com um estalar de dedos ou uma piscada. Não dá nem para puxar a sineta do mundo e dizer "quero descer" porque não sei aonde fica a porra da campainha. Deve existir alguma porta secreta, mas faço questão de esquecê-la no meu cérebro para não ter complicação (o sistema de segurança não me permite achar a sineta, ainda bem).
Sete reais. Mais setenta. Quarenta e oito horas para a compensação de um cheque baixo. CPMF. Cartão de crédito...compras? Ah, comida, só comida, meu amor. Quanto? Barato, eu garanto. Prazo de garantia. Algo que quebrou. Eu escrevi "meu amor"? Escrevi.
Ônibus azul, ônibus amarelo, ônibus branco, motorista de óculos escuros, ônibus sujo, ônibus limpo, ar-condicionado, ônibus passou pela Lagoa Rodrigo de Freitas e as nuvens estavam todas espalhadas como nunca vi na sexta-feira à noite, avermelhado o céu, bronzeadas as pessoas, tudo colorido menos as notas reais. Verde sujo emporcalha o verde que vi. Verde sujo de veias verdes várias vezes negras e tristes. Suadas e pegajosas. Verdes notas. Vermelhos os meus olhos.
Alguém já viu a nota de dois reais?