24 janeiro, 2002

Papo de mulher

Augusto Sales, editor do Falaê!, me mandou na segunda-feira, dia 21/01, uma coluna da Danuza, intitulada “Mulheres, essas incompreendidas” que, unindo-se ao filme que assisti no domingo passado, “Dr. T. e as Mulheres”, acabou por me apavorar - de vez - com o fato natural de ser mulher. Juro.
Claro, outros fatores vieram aumentar este meu assombramento, além da minha já conhecida TPM. Algumas entrevistas que assisti e as manchetes nos jornais, por exemplo. Me lembrei, então, de uma frase do Millôr Fernandes que li um dia desses: “Hoje em dia ninguém precisa ser nada pra ser alguma coisa". Às vezes, basta ser mulher, ué.
Mas não é sobre isso que eu pretendo falar. Na verdade, as questões são mais neuróticas e menos financeiras e reais do que um rosto bonito na TV. Talvez porque eu conheça mulheres semelhantes na vida real: confusas, carentes, indecisas, e por aí vai, num rol de palavras que todos já estamos acostumados a ouvir e rotular. E somos mesmo. Quer dizer, falo por mim. Sou. Mas nem por isso serei lésbica - nem pela Liv Tyler, como brincou o Gustavo; nem pretendo que meu ginecologista me faça elogios, até porque não é “o meu”, é “a minha” ginecologista; nem vou virar alcoólatra (o meu número/mês de chopp tem melhorado, é verdade, pois estou usando um velho método para parar de beber, o FH); e também não tenho tara pelo meu chefe.
Ok, o meu ginecologista não é o Richard Gere, o meu marido não é o Richard Gere, o meu chefe também não é o Gere. Mas eu o dispensaria, sim, se ele fosse um médico envolvido com um monte de mulheres neuróticas que gritam no seu consultório, tem filhas mimadas e acha que eu sou a salvação dos seus problemas. Pensando bem, ele nunca ia me dar bola mesmo. Por isso que eu escrevo isso.
Sentiram a oscilação?
Já a mulher da coluna da Danuza vive a indecisão entre ser independente ou ser maternal e assumir a feminilidade, parir. Me confundiu ainda mais.
O Gustavo DISSE QUE ESSE PAPO ESTÁ MUITO “Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus” e EU falei que ia comprar pra ver se eu consigo entender e comentar melhor essa barafunda. Depois desse papo todo, preciso dizer: acreditem, eu sou normal. Nós mulheres somos normais. Vocês, homens, é que não estão com boa vontade.