25 janeiro, 2002

Seis graus de separação
Um filme interessantíssimo, com o Will Smith, a Stockard Channing e o grande Donald Sutherland, num anti-papel, oposto a tudo o que ele já fez na carreira. Certa vez um amigo meu disse que "viu um cara no Jô" falando sobre a teoria de que estamos "a seis pessoas de qualquer outra pessoa do planeta". Sim, mas deve ter sido um entrevistado cascateiro, pois essa teoria é deste filme, que é de 1995.
E é isso mesmo, a teoria. A personagem de Channing fala nela em determinado momento do filme para tentar entender como Paul, o controvertido personagem vivido por Smith, conseguiu entrar na vida dela - algo incompreensível. A história do filme é de menos, o que importa mesmo é a excepcional análise do mundo das aparências, da vida em sociedade e da rede que se tornou a vida humana na terra - algo exasperado à enésima potência com a internet.
Para ser divertido, o jogo é o seguinte: pega-se, por exemplo, o Bill Clinton. Estamos a seis pessoas dele? Até menos. Você, que está lendo, por exemplo, provavelmente me conhece. Eu conheço a ex-mulher do deputado estadual Sérgio Cabral Filho (trabalhei na assessoria de campanha dele). Então conta aí: Exmulher (1), Sérgio Cabral (2), Fernando Henrique, afinal, são do mesmo partido (3), acabou, FHC e Bill Clinton, pronto, você está, contando comigo, a quatro pessoas do Bill Clinton.
Mick Jagger? Moleza. É só escolher o caminho. Vou optar pelo seguinte: conheço um amigo meu, Gustavo Autran, que já entrevistou o Fagner. O Fagner, por sua vez, era amigo da Florinda Bolkan, lá do Ceará. O Jagger já ficou na casa da Bolkan. Sacaram? Nem precisa usar a Luciana Gimenez.
O filme trata um pouco dessa loucura, e de fato eles descobrem que o personagem Paul foi achado embaixo de uma marquise por um gay, que por sua vez era amigo dos filhos de um dos casais protagonistas. Através da caderneta de endereços do gay - depois que eles vivem um caso - o Paul vai chegando nas pessoas.
Assustador? Pois é. Dá para ficar pensando, tentando negar a teoria (isso é bem divertido), mas vai dar um clique, bicho. É alucinante.
E quem tentará negar? Quantos já não estão se comunicando comigo porque chegaram ao meu blog através dos links e dos links, e dos links, e de repente estou aí?
O mundo está ficando mais cheio de possibilidades, mais louco, e não, não quero dizer que isso é bom ou ruim. Só sei que, desta vez, a frase "Não sei onde vamos parar" é bem mais séria do que imaginamos.