Nova série: os melhores LPs da minha juventude
1- O Sticky Fingers
Por alguns anos, os valores foram invertidos: Sticky Fingers era o disco dos Rolling Stones que tinha "aquela música parecida com a do Peter Framptom". Tratava-se de "Bitch", música que inspirou Framptom (assumidamente) a anos mais tarde fazer "Breaking all the rules", sucesso dele e dos cigarros Hollywood.
Era o disco cuja capa tinha um fecho-eclair de verdade, o qual se aberto proporcionava ao freguês a visão assim nem tão agradável da cueca de um dos Stones (ou então de algum modelito namorado do Andy Wharol). Hoje, em CD, não tem essa bossa, o que faz o Sticky Fingers, um dos melhores discos dos Stones ao lado do Exile on Main Street e do Let it Bleed, se misturar aos outros normalmente.
Mas por um quesito o disco deve ser separado do resto da humanidade: Wild Horses, a bela balada feita por Keith Richards em homenagem ao filho recém-nascido, mas com letras bem fossa, voltadas para alguma ex-namorada. "Childhood living/it´s easy to do/the things you wanted/i bought them for you/Graceless lady/you know who i am/you know i can´t let you/Slide trough my hands" (Viver como criança é fácil/As coisas que você quis, eu lhe comprei/Você sabe quem eu sou, e sabe que eu não posso deixar você escorregar fácil entre minhas mãos").
Já é um disco que abre com o clássico visceral "Brown Sugar". Só isso já bastava para ser considerado um discaço. Mas eles emendam com a guitarra escandalosamente pop de "Sway", com o vocal extremamente rock do Jagger logo em seguida. Depois, vem a Wild Horses, perfeita, lindíssima. Segue a percussiva Can´t you hear me knocking e o blues de "gatos cantando no beco em lata de lixo", chamado "You gotta move".
O outro lado abria com "Bitch", que todo mundo associava logo à música do Frampton, por causa do riff parecido. Mas quando você pensava que a coisa ia descambar para a violência, Jagger e um naipe de metais baixavam a bola naquela que eu considero a melhor música para ser ouvida com um teto de estrelas, no walkman, dentro de um ônibus: "I got the blues". Linda balada.
Logo depois, os acordes meio malditos de um violão se sobressaem, e tem lugar "Sister Morphine", uma música meio doentia, que começa balada romântica, e depois adquire uma atmosfera tensa e lúgubre.
O astral melhora com a entrada de "Dead flowers", uma excelente música para o cara ouvir na fossa, porque fala de um rancor assumido - "Take me down, little Suzie, take me down/I know you think you´re the queen of underground/And you can send me dead flowers every morning/But i won´t forget to put roses on your grave". Isso com uma melodia meio folk maravilhosa.
A bela balada Moonlight Mile, toda tocada por Mick Taylor - Keith Richards estava em alguma bad trip de heroína e faltou no dia da gravação - encerra um disco que é obrigatório, praticamente um marco de uma era, inigualável. Uma obra de arte de composição, poesia e melodia. Ainda bem que saiu em CD.
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