Diálogo entre um motorneiro rubro-negro e um gaúcho colorado - Segundo Capítulo
A tendência é ficarem cada vez melhores. Continuem acompanhando esses atentados em forma de trocadilho, que passarão a ser publicados em breve no meu blog Nove Meses, sobre o Brasileirão.
MRB:
- E aí, véio? Tava preta a Ponte ontem no Guaíba, né?
GC
isso virou profissao agora? E não me consta que o inter tenha perdido - e muito menos o flamengo tenha vencido!
MRB:
Deu mole, podia ter mandado que o flamengo ficou só nas coxas ontem, coisa do gênero. Você já foi melhor
GC
É a fome. nao consigo raciocinar. Tô indo almoçar.
BLOGUS
31 março, 2003
30 março, 2003
Nove meses
Não, não estou falando sobre gestação, e sim sobre o Campeonato Brasileiro mais longo da história, que mereceu um blog - que já está no ar, apesar de não ter comments e sequer contador. O endereço é http://novemeses.blogspot.com. Divirtam-se. E aguardem o sistema de comments - tenho certeza de que rolarão saudáveis e civilizadas porradarias sobre o esporte bretão.
28 março, 2003
As buscas mais estranhas do planeta
Tenho uma proposta a fazer a todos que lêem isso aqui e que também têm blogs: um concurso para ver quem tem a busca mais estranha em seu contador.
O meu teve hoje "fotos de mulheres defecando" e "tendinite em freiras".
Alguém concorre?
E essa cantora nova aí, heim?
Gosto de cantoras de jazz e de rock/pop (deste último gênero, fico com Natalie Merchant, Jewel e PJ Harvey). Agora, estão empurrando a tal Norah Jones, que tem como predicado inicial ser filha do doidaralho Ravi Shankar, que aluga mais de 40 minutos do filme Monterrey Pop com sua cítara interminável.
Vi uns clipes da moça em um Jornal da Globo do mês passado. Confesso que gostei, tem uma rouquidão que me agrada, o som é leve e jazzístico.
Fui ver o preço na Siciliano do Botafogo Praia Shopping: 37 reais.
Aí neguinho vem fazer campanha contra pirataria. Vão se fuder, né? Despertam em todo mundo o desejo de compra (com esses jabás por aí) e de repente cobram uma fortuna?
Aliás, falando em 'desejo de compra', ando pensando em rever minha assinatura do Globo depois que o CD novo do Buchecha ganhou capa de Segundo Caderno. Peraí, nada contra noticiar isso, mas a capa não deveria ser um lugar "nobre"?
Diálogo entre um motorneiro rubro-negro e um gaúcho colorado
MRG:- Porra, que que houve com o Inter? Não remou direito? (referindo-se à eliminação do Inter pelo Remo)
GC:- Pois é. E o Flamengo? Ceará que dá para classificar?
Um show de trocadilhos. Pior do que isso só o lendário Julio Castañeda, que a toda vez em que eu falava o nome "Athirson" ele respondia "saúde".
Cuba
É comum se discutir a revolução cubana, ou melhor, Cuba em sua situação atual, por meio de um maniqueísmo - bebedores de chope se dividem em três grupos: os que acham que Fidel é ditador (PFL), os que acham que Fidel é ditador mas que seu regime e a revolução tiveram grandes conquistas sociais (PDT com PSDB) e aqueles que acham que é babaquice esse negócio de Fidel ser ditador porque nenhum cubano quer outro barbudo no lugar dele (PC do B).
Eu nunca fui a Cuba, por isso é difícil escolher um lado. Mas desde já me admiro da facilidade com que os bostinhas qualificam o tal regime do charuteiro como "ditadura".
Eu prefiro ver essa história de Cuba com o mesmo pensamento com que assisti hoje Buena Vista Social Clube, do Win Wenders, documentário simplesmente devastador de almas que sacudiu a roseira por aqui lá pelos idos de 2000, 2001. Comprei o DVD na Livraria Cultura e vi, mais uma vez, comovido.
Primeiramente, porque os velhinhos são mesmo foda. Aqueles lá nunca sequer imaginaram que em algum lugar do mundo tem gente que usa o ânus para outra coisa a não ser cagar. São machos de verdade, mas sem ser machistas. Compay Segundo, 90 anos de vida e 85 de tabagismo, diz que quer ir pro sexto filho. Ibrahim Ferrer segue abraçado com sua gordinha, provando mais uma vez que mocréia é que nem mortadela Sadia, vergonha é deixar de comer. E Omara Portuondo se debulha em lágrimas diante de Ferrer, cantando "Veinte Años", uma música extraordinária, com letra e música capazes de fazer chorar um hidrante.
Depois, vendo as ruas imundas e lindas de Havana, carros velhíssimos, ônibus idem, e os caras andando a pé tranqüilamente, sem grupos armados de fuzis, com pobreza mas sem indignidades (sim, porque o que mais me assusta aqui não é a pobreza, mas é a capacidade que nós tivemos em 500 anos de história de colocar o ser humano em um patamar reles), fiquei pensando no quanto os cubanos em geral são osso duro. Não entregaram a porra da rapadura desde 1959.
E Fidel Castro, como é citado no blog do Luis Augusto Simon (a quem eu não conheço mas desde já digo que tenho muito respeito pelo que escreve), de certa forma - não, não é um julgamento definitivo - teve culhões. Quando Kennedy começou a botar submarinos e couraçados para desembarcar gente na Baía dos Porcos, Fidel estava lá, na linha de frente, peito aberto, pronto para sair na porrada.
Claro, os bostinhas sempre preferem ocultar essa parte da história e admirar papai Bush, que fugiu do Vietnã por ser endinheirado e comanda a guerra pelo controle remoto da CNN. Fazer o quê?
Além do mais, o barbudo de discursos intermináveis decidiu, provavelmente com termos muito mais educados do que aqueles que escrevo aqui: "Vamos tentar fazer um país de verdade, com dignidade, com valores decentes, com ambições justas, e não um país de filho da puta deixando senhora de idade agonizando em porta de hospital por causa de regrinha de plano de saúde ou um país de merda onde adolescente de 14 anos toma tiro no Metrô e governantes filhos da puta não fazem porra nenhuma". Quer dizer, em 1959 não devia ter metrô por aquelas paragens, mas sei lá se Fidel previu alguma coisa.
Só sei que o cara está ali. Como diz o Ferrer no Buena Vista Social Clube, "somos pequenos mas somos fortes". Nunca é demais lembrar que foi a própria revolução do Fidel que fudeu c´os caras, fechando tudo quando é boate e night club onde eles se apresentavam. Mesmo assim, Ferrer foi engraxar sapato e viver a vida dele, sem vaidade, com a mesma voz do cacete. "Que mal há nisso? Eu tenho filhos, precisava sustentá-los", diz o velho, no documentário, quase transbordando de dignidade.
E nessas horas eu penso no quanto neguinho luta por uma "carreira" ou uma "posição" ou tem "padrões", etc, e na verdade a vida parece que tá passando ao lado do cara - mas não nele.
A história, a vida, passou em Cuba. Independente do que a gente ache de lá.
Crime
Esse negócio de "ops, errei, foi mal" também vale quando o assunto for míssil? Se não, de que forma os EUA serão punidos, condenados, julgados, que soldado irá cumprir pena pelo assassinato de 20 civis em um mercado na quarta-feira passada? Como é que vai ficar isso aí?
Se eu soltar uma bomba e matar 15 por aqui (ainda mais se for em frente à Embaixada de um certo país), garanto que sou condenado. Ah, qual é, porra.
More Moore
Cascalho Ventura colocou no sistema de comments a carta de Michael Moore para George W. Bush. O Globo publicou alguns dias antes do Oscar, em seu caderno especial, mas insisto em republicar por aqui, claro.
Carta do Cineasta Michael Moore a George W. Bush
Segunda-feira, 17 de Março de 2003
Caro presidente George W. Bush:
Então hoje é o que o senhor chama de "o momento da verdade", o dia em que "a França e o resto do mundo têm de botar as cartas sobre a mesa". Estou feliz em saber que este dia finalmente chegou. Porque, tendo sobrevivido 440 dias a suas mentiras e conivência, não tinha certeza se poderia suportar muito mais. Então estou feliz em saber que hoje é o Dia da Verdade, porque tenho algumas que gostaria de dividir com o senhor:
1 - Não há ninguém na América (Fox News e aficionados por programas de bate-papo no rádio à parte) empolgado para ir à guerra. Acredite-me. Saia da Casa Branca e caminhe por qualquer rua da América e tente achar cinco pessoas que desejam apaixonadamente matar iraquianos. O senhor não vai encontrá-las. Por quê? Porque nenhum iraquiano jamais veio aqui e matou
algum de nós. Nenhum iraquiano jamais ameaçou fazer isso. Como o senhor vê, é assim que nós, americanos de modo geral, pensamos: se um certo fulano não é percebido como uma ameaça para nossas vidas, então, acredite se quiser, nós não queremos matá-lo. É engraçado como isso acontece.
2 - A maioria dos americanos "estes que nunca o elegeram" não está iludida por suas armas de distração em massa. Nós sabemos quais são as verdadeiras questões que afetam nossas vidas diariamente " e nenhuma delas começa com I e termina com E. Aqui está o que nos assusta: dois milhões e meio de postos de trabalho perdidos desde que o senhor assumiu; o mercado de ações se tornou uma piada; ninguém sabe se seus fundos de aposentadoria estarão lá; a gasolina agora custa dois dólares o galão. E a lista não pára. Bombardear o Iraque não fará nada disso desaparecer. É preciso apenas que o senhor vá embora para que as coisas melhorem.
3 - Como disse Bill Maher semana passada, quanto foi preciso se esforçar para perder uma disputa de popularidade com Saddam Hussein?
4 - O Papa tem dito que essa guerra é um erro, que é um pecado. O Papa! Mas, pior que isso, Dixie Chicks agora está contra o senhor. Quanta coisa ruim ainda terá de acontecer antes de perceber que o senhor é um exército de um só nessa guerra? Obviamente, essa é uma guerra em que o senhor, pessoalmente, não terá de lutar. Como não lutou no Vietnã, enquanto os pobres eram mandados em seu lugar.
5 - Dos 535 membros do Congresso, apenas um (o senador Johnson, de Dakota do Sul) tem um filho alistado nas Forças Armadas. Se o senhor realmente quer defender a América, por favor, mande suas filhas gêmeas para o Kuwait imediatamente e deixe-as fazer suas próprias roupas contra armas químicas. E vamos ver todos os membros do Congresso com filhos em idade de servir ao exército sacrificar suas crianças por esse esforço de guerra. O que o senhor diz? Ah, o senhor não pensa assim? Bem, imagine que nós também não pensamos assim.
6 - Finalmente, nós amamos a França. Sim, eles destituíram alguns monarcas. Sim, alguns deles podem ser terrivelmente chatos. Mas o senhor esqueceu que esse país não seria conhecido como América se não fosse pelos franceses? Que foi a ajuda dos franceses na Guerra da Independência que nos levou à vitória? Que foi a França que nos deu nossa Estátua da Liberdade? Que foi um francês que construiu a Chevrolet e dois irmãos franceses que inventaram o cinema? E agora eles estão fazendo o que
somente um bom amigo pode fazer: dizer a verdade, diretamente. Pare de insultar os franceses e agradeça por eles estarem fazendo o certo. O senhor deveria ter viajado mais (pelo menos uma vez) antes de tomar posse. Sua ignorância sobre o mundo não o fez apenas parecer estúpido, mas o pôs num canto do qual não consegue mais sair.
Bem, alegre-se. Há boas notícias. Se o senhor realmente levar adiante essa guerra, muito provavelmente ela terminará logo, porque estou imaginando que não há muitos iraquianos dispostos a darem suas vidas para proteger Saddam Hussein. Depois de "ganhar" a guerra, o senhor experimentará um grande salto nas pesquisas de popularidade, já que todo mundo gosta de um vencedor. E quem não gosta de ver uma guerra de vez em quando (especialmente quando é alguma no terceiro mundo)? E assim como no Afeganistão, nós não esqueceremos sobre o que acontece a um país depois que nós o bombardeamos, porque isso é muito complexo. Simplesmente tente fazer o melhor para levar esta vitória até as eleições do ano que vem. Naturalmente, há ainda um longo caminho. Então todos nós tentaremos ser otimistas enquanto assistimos à economia afundar ainda mais.
Mas quem sabe o senhor encontra Osama poucos dias antes das eleições. Comece a pensar assim. Mantenha a esperança. Mate os iraquianos. Eles têm o nosso petróleo!!!
Saudações,
Michael Moore
Segundo diz o Cascalho nos comments, Moore não deve ter muitos dias de vida. Aliás, Steve Martin, na festa do Oscar, deu o tom da parada. "Michael ia vir aqui, mas está lá fora, o pessoal está fazendo força para colocá-lo no porta-malas". Ou algo assim.
Espero, sinceramente, que não. Longa vida à Michael Moore. Longa vida a toda gente que seja como Michael Moore.
26 março, 2003
Afinal, onde está Deus?
Batalha sangrenta no Iraque, aqui no Rio TODOS os dias pelo menos duas tragédias e atentados contra a vida humana.
Quer começar bem seu dia? Então não clique de jeito nenhum aqui. É o texto do Globo sobre a morte por bala perdida de uma menina de 14 anos no Metrô.
Blog estranhíssimo
Estou pensando em tirar aí do lado o link do blog http://tevescopio.blogger.com.br/.
Falar de Big Brother o tempo todo tudo bem. Agora, elogiar Diogo Mainardi é meio esquisito. Publicar fotos de big brothers sem camisa, mais ainda. E a coisa complica quando o blog se refere ao Saddam como "um maluco que não se rende e arrisca a vida de um povo".
Ei, e o nosso amigo George, é o quê?
O problema de linkar os blogs é esse: volta e meia alguém surta e neguinho pode pensar que você é amigo ou concorda com a opinião do cara. Perigoso, isso. Tenho um baita medo de alguém pensar que eu gosto de colunista da Veja.
Sem sono
Não, não me refiro ao blog do Chahim - e sim a mim mesmo, nessa madrugada de quarta-feira. Dormi vinte minutos, acordei completamente aceso.
Claro que eu só vou sentir sono de verdade enquanto estiver trabalhando à noite, nos jogos.
Oportunidade de negócios
Está lá no Apartamento 603 - afinal, foi o Luiz Hagen quem achou a pérola fantástica, sensacional. Mas coloco o link aqui porque vale a pena. Se alguém estiver precisando de lastro, é só clicar e fazer sua oferta. O link é clicável: http://www.mercadolivre.com.br/brasil/ml/org_prod.p_main?it_s=MLB&it_n=7120924.
América do Norte, África e um terceiro continente à sua escolha
Na noite desta terça-feira, George W. Bush conquistou de forma definitiva o título de governante mais cínico em toda a história da humanidade. Sério. Não dá mais. Nem consigo comentar a frase abaixo.
"Não estamos fazendo essa guerra por petróleo, e sim para libertar o povo do Iraque"
Eu sei que provavelmente ele já deve ter dito essa cascata gigantesca antes, mas eu não esperava que ele se saísse com uma dessas no mesmo dia em que pede ao Congresso uma permissão de gastos da ordem de US$ 63 BILHÕES.
E a gente aqui, colocando cartazinho em empresa, pedindo saco de feijão para funcionário que ganha R$ 600. Para doar feijão ruim pros mais fudidos.
Nunca os EUA investiram tanto para "libertar um povo oprimido". Vai chegar fácil a U$ 100 BILHÕES.
Por que essa grana não poderia ter sido usada para "libertar povos oprimidos" pela miséria, pelo desemprego, pelos salários aviltantes, pela fome, pela violência?
Claro, a preocupação dos americanos com os pobres iraquianos é histórica.
Sim, estou perdendo a neutralidade. Começo a torcer para Saddam Hussein mandar o Pentágono pra casa do caralho.
Nessas horas a gente fica pensando, o quanto neguinho malha o Fidel Castro (eu já fiz isso) por ser ditador, mas veja a diferença na altivez histórica: em 1961, quando os americanos queriam fazer merda na Baía dos Porcos e chegaram a desembarcar, Fidel estava lá na LINHA DE FOGO. E em 1959, estava com armas na mão, pronto pro que der e vier.
O filho da puta do Bush sequer pegou um avião nessa crise toda. Ele e o babaquara do Tony Bleargh cagam regras como essa a milhares de quilômetros de distância.
Claro, Bush deu essa declaração cínica - que realmente me deixou perplexo - após se ter contabilizado quase 200 civis mortos em 24 horas. E isso em números pouco confiáveis.
Às vezes fico impressionado com a capacidade do povo americano de fazer cagadas. Como colocaram alguém tão cínico no poder? Como conseguem? Será que são realmente umas bestas?
Adoro a música americana, acho excelente. Gosto do cinema - como já dizia bem o Leminski, ninguém entra pelo cano. Tem muita coisa boa em literatura. Mas de resto, ô povinho escroto.
Direitos individuais porra nenhuma
Publiquei no RH Negativo mas acabei resolvendo publicar aqui também. Aconteceu comigo.
A gente não vale nada. É sério. Basta ver o que aconteceu na noite de terça-feira. Eram 19h54, pouco faltava para o fechamento do jornal, meu telefone celular tocou, aparecendo o número 9971-1234. Atendi.
"Sua ligação está sendo encaminhada para o setor de cadastramento da Telefônica Celular"
"Mas eu não liguei para merda nenhuma", pensei.
Tocou.
- Setor de cadastramento da Telefônica Celular, boa noite.
- Meu telefone tocou.
- Sim, senhor, é que nós estamos recadastrando os telefones pré-pagos, precisamos de alguns dados.
- Ei, mas peraí, eu nem sei quem é você. Como assim, como alguém liga pro meu telefone e me sai pedindo dados? Vocês estão malucos?
A mulher me explica - cheguei a pedir desculpas, pois fiquei realmente puto - que em função do decreto tal de não sei que porra de dia do governo estadual em 2002, todos os pré-pagos têm que ser cadastrados. Achei ótimo, tudo normal. Só que eu, quando comprei o celular, preenchi um cadastro e ENVIEI PELO CORREIO. Na época, já havia esses problemas dos traficas usarem o pré-pago, por isso eu já quis evitar. O diálogo continuou.
- Senhor, preciso da sua senha.
- Eu não tenho uma senha.
- É o número do código de ativação. Se o senhor não o fornecer, não poderemos recadastrar e cada ligação que o senhor fizer será interceptada pela Telefônica Celular.
- Como é que é? Que merda é essa? Eu estou no meio do meu trabalho, ajudando a fechar um jornal, e de repente alguém me liga dizendo que se eu não tiver no bolso um cartãozinho que veio com um telefone que comprei há três anos eu vou ter minhas ligações interceptadas? Fala a verdade, vocês estão de brincadeira, né?
O papo continuou. Claro, eu não estava falando com um ser humano, estava falando com um ser treinado para não se irritar - e isso é o que mais irrita. E eu puto nas calças.
A mulher concordou em não exigir a tal senha, desde que eu dissesse de quanto tinha sido minha última recarga. Eu respondi, e aí começou o tal cadastramento.
- CPF.
- (a contragosto). É xxxxxx.
- Identidade?
- (muito a contragosto). É xxxxxx.
- IFP?
- Sim.
- E-mail.
- E-mail? Como assim?
- É, um e-mail que o senhor queira colocar. E preciso de um CEP e um endereço também.
Dei todos do jornal. Continuaram as perguntas.
- Nome do pai?
- Pô, peraí, para que isso?
- O senhor optará por não dizer o nome do pai e da mãe?
- Não é questão de opção, só não entendi por que o pai e a mãe têm que entrar nessa história. E o e-mail?
- O e-mail é para o senhor ser avisado de promoções da Telefonica Celular coloco o link aqui porque quero que algum deles leia esse texto
- Ah, então não é só recadastramento.
Encerramos a sessão de tortura, pedi desculpas à moça, dizendo que sabia que ela tinha ordens para fazer aquilo, mas ela conseguiu continuar impessoal, dizendo "nós sabemos", falando na primeira do plural que nem o Evaristo de Macedo - hábito que me irrita.
Fico pensando: QUANDO um dia o direito à privacidade nesse país não vai ser privilégio dos milionários?
25 março, 2003
Troco carta de novo, coloco meus dois exércitos da América do Sul, três da África e vou de dois contra dois, Egito contra Oriente Médio
Sobre a guerra, vale muito, mas muito a pena visitar o site português Resistir.info, que tem crônicas de Eduardo Galeano e Noam Chomsky, notícias, opiniões, manifestos pacifistas e um artigo interessante de Robert Fisk (de quem nunca ouvi falar) sobre "como as notícias serão censuradas nesta guerra".
Como eu sei que é um porre ficar clicando em link atrás de link quando às vezes a gente está em uma conexão ruim, coloco o artigo aqui abaixo, na íntegra. É longo, mas vale a pena.
Como as notícias serão censuradas nesta guerra
— Com o sistema do 'script approval' imposto pela CNN o Pentágono já não tem de se preocupar com nada.
por Robert Fisk
Os media empresariais americanos já manifestam a sua aprovação ao método de cobertura das forças americanas que os militares tencionam autorizar na próxima Guerra do Golfo. Trata-se agora de incorporar os rapazes da CNN, CBS, ABC e The New York Times entre os marines e a infantaria dos EUA. O grau de censura vai aumentar. Já não é preciso que o Pentágono ande a fazer cortes nos despachos do repórteres. O novo sistema do 'script approval' (aprovação do original) imposto pela CNN — uma instrução aos seus repórteres para enviarem todas os seus textos a responsáveis anónimos em Atlanta a fim de garantir o saneamento adequado — sugere que o Pentágono e o Departamento de Estado não terão de se preocupar com o assunto. Nem os israelenses.
Na verdade, a leitura do novo documento da CNN intitulado "Memorando da política de aprovação do original" ("Reminder of Script Approval Policy") é de cortar o fôlego. "Todos os repórteres a preparar conjuntos de originais devem submete-los à aprovação", diz ali. "Os conjuntos não podem ser editados até que os originais tenham sido aprovados... Todos os conjuntos originados fora de Washington, LA (Los Angeles) ou NY (New York), incluindo todas as redacções internacionais, devem ser encaminhados à ROW em Atlanta para aprovação".
A data desta mensagem extraordinária é 27 de Janeiro. O "ROW" é uma fiada de editores de originais em Atlanta que podem insistir em mudanças ou "equilíbrios" no despacho do repórter. "Um script não está aprovado para ir para o ar a menos que esteja adequadamente marcado como aprovado por um administrador autorizado com duplicado para o gabinete de cópia... Quando um script é actualizado ele deve ser re-aprovado, preferivelmente pela autoridade que o aprovou originalmente".
Notem-se as palavras chaves aqui: "aprovado" e "autorizado" . O homem ou a mulher da CNN no Kuwait ou Bagdade — ou Jerusalém ou Ramallah — pode conhecer o pano de fundo da sua história; na verdade, eles conhecerão muito mais sobre isso do que as "autoridades" em Atlanta. Mas os chefes da CNN decidirão o carácter (spin) da história.
A CNN, naturalmente, não está sozinha nesta forma paranóide de reportar. Outras redes dos EUA operam igualmente sistemas anti-jornalísticos. E não se trata de falha dos repórteres. As equipes da CNN podem vestir roupas militares — você os verá vestidos assim na próxima guerra — mas eles tentam revelar alguma coisa da verdade. Da próxima vez, contudo, eles vão ter ainda menos possibilidade.
Para onde este odioso sistema conduz é evidente a partir de uma intrigante conversação no ano passado entre o repórter da CNN na cidade ocupada de Ramallah, no West Bank, e Eason Jordan, um dos dirigentes de topo da CNN em Atlanta.
A primeira queixa do jornalista foi acerca da história do repórter Michael Holmes sobre os condutores de ambulância do Crescente Vermelho que são repetidamente alvejados pelas tropas israelenses. "Nós arriscámos nossas vidas e andámos com condutores de ambulância... durante um dia inteiro. Testemunhámos a partir da nossa janela na ambulância que estávamos a ser alvejados por soldados israelenses... A história recebeu a aprovação de Mike Shoulder. A história passou duas vezes e então Rick Davis (um executivo da CNN) matou-as. A razão alegada foi que não tínhamos uma resposta do exército israelense, apesar de termos declarado na nossa história que Israel acreditava que os palestinos estavam a contrabandear armas e pessoas procuradas nas ambulâncias".
A AMBULÂNCIA QUE DAVA TIROS
Os israelenses recusaram-se a dar uma entrevista à CNN, apenas uma declaração escrita. Esta declaração foi então inserida dentro do script da CNN. Mas foi rejeitada outra vez por Davis, em Atlanta. Só quando, depois de três dias, o exército israelense deu uma entrevista à CNN é que Holmes pôde passar a sua história — mas com a desonesta inclusão de uma linha dizendo que as ambulâncias foram apanhadas em "fogo cruzado" (isto é, que palestinos também atiraram a partir das suas próprias ambulâncias).
A reclamação do repórter era demasiado óbvia. "Desde quando nós submetemos uma história de reféns aos caprichos de governos e exércitos? Foi-nos dito por Rick que se não conseguíssemos um israelense na camara não teríamos o material no ar. Isto significa que governos e exércitos estão indirectamente a censurar-nos e estamos a representar exactamente como eles querem".
A relevância disto é demasiado óbvia na próxima Guerra do Golfo. Acabaremos por ver um oficial do Exército americano a negar tudo o que os iraquianos disserem se alguma reportagem do Iraque tiver de ir para o ar. Veja-se outra das queixas do correspondente de Ramallah no ano passado. Num material acerca dos danos a Ramallah após a incursão maciça de Israel em Abril último, "já mencionámos logo na abertura da nossa peça que Israel diz que esta a fazer todas estas incursões porque quer destruir a infra-estrutura de terror. Mas, obviamente, isto não era o suficiente. Fomos instruídos pelo ROW (em Atlanta) para repetir esta mesma ideia três vezes na mesma peça, apenas para assegurar continuávamos a justificar as acções israelenses..."
CENSURA COMPUTADORIZADA: CLIQUE O BOTÃO
NÃO APROVADO / APROVADO
Mas o sistema do "script approval" que desfigurou a cobertura da CNN ficou pior. Numa nova e ainda mais sinistra mensagem datada de 31 de Janeiro deste ano, o staff da CNN foi informado de que um novo sistema computadorizado de aprovação de scripts permitirá "aprovadores autorizados de scripts marcarem os scripts (ou seja, a reportagens) de um modo claro e padronizado. Os EPs (executive producers) de scripts clicarão no botão colorido APROVADO a fim de mudarem a sua cor para vermelho (não aprovado) ou para verde (aprovado). Quando alguém faz uma alteração no script depois da aprovação, o botão mudará para amarelo". Alguém? Quem é este alguém? Ninguém disse isso aos repórteres da CNN.
Mas quando nos recordamos que após a Guerra do Golfo de 1991 a CNN revelou que havia permitido a "recrutas" do Pentágono estagiarem na sala de notícias da CNN em Atlanta, eu tenho as minhas suspeitas.
02/Mar/03
O original deste artigo encontra-se em http://argument.independent.co.uk/commentators/story.jsp?story=381438.
Bonde nos trilhos
Segunda-feira à noite, recebo email do motorneiro do bonde, o lendário Rafael Rosenhayme - que me escreve para comunicar que o bonde está de volta aos trilhos, com mais atualizações. Ótimo saber. Aliás, o endereço é novo (é o terceiro que é usado), é o http://bondeandando.dreamhost.com/.
Enquanto isso, a rua tá cheia de mendigos, idosos vendendo lápis, pivetes, ladrões, mortos de fome
Esse trecho da coluna social do Segundo Caderno do Globo é incrível:
Na volta, São Pedro despejou o prometido toró, não se via um palmo na frente, e que frio! Ainda bem que Carmen Mayrink Veiga tem sempre no carro uma manta de cashmere
Fico pensando: será que as pessoas ricas gostam mesmo de ficar lendo essas coisas? Será que no dia seguinte uma socialite liga para a outra e diz ao telefone, com a voz de Homer Simpson, "hehehe, saiu na coluna da Hildinha que eu tenho sempre uma cashmere no meu carro, ehhehehe"?
Enquanto isso, há aposentados por aí que se fuderam de vez e são obrigados a trabalhar como homem-cartaz para ganhar 120 paus a mais por mês.
Michael Leess
Foi menos Michael Moore do que eu pensava, pelo menos na cobertura do Globo sobre o Oscar. Afinal, deram uma foto gigante do ator-full-time Adrien Brody e deixaram o Moore em segundo plano - um destaque (olho) no meio do texto e uma foto pequena na parte interna do Segundo Caderno.
Brody é ator "socialmente consciente" segundo a crônica. Tudo bem, mas não achei tão "protesto" beijar Halle Berry à força e dar discurso com uma expressão TOTALMENTE diferente daquela com que entrou (coisa de ator mesmo, mudar como em um laboratório, entrou bonacha, de repente ficou "terno" por causa de falar sobre a guerra).
Michael Moore entrou e chamou Bush pra porrada. Acho que isso deve incomodar, sei lá. Por mim, Michael Moore seria a foto da primeira página do jornal, com a manchete "Ei! Bush! Vai tomar no cu! Pam-pam-pampampam-pam-pampam-pam-pam", como gritado no Maracanã.
24 março, 2003
Vamos pedir Piedade, senhor, piedade
Manhã de domingo. Aliás, manhã porra nenhuma. Seis da manhã para mim sempre foi noite de sábado. Mas eis que acordei nesse domingo às seis da manhã para fazer o concurso público da Comlurb. Para redator, não para gari. Afinal, quero ganhar mais do que ganho hoje, hehhehe. Brincadeirinha. Mas foi isso. Eu, o dono da birosca e a amiga Raquel, daquelas amiguinhas perto das quais a gente pode até arrotar o hino nacional. Os três dentro de um táxi, sete da matina, rumo ao concurso na Gama Filho. Os três, formados em jornalismo pela mesma faculdade (a UFF), os três com o saco completamente cheio após nove anos de chibata e muito, mas muito pouco dinheiro no bolso. Aí decidimos tentar essas paradas, afinal, concurso para jornalismo tem uma sabedoria desproposital: você não precisa estudar.
Não cai matemática, química, física, contabilidade, porra nenhuma. Acho que para gari o concurso é muito mais difícil.
Só que a "dificuldade" do concurso da Comlurb era de outro tipo. Como na questão abaixo(eram de múltipla escolha, mas vou deixar as respostas pra lá):
Segundo Nilson Lage, "redatores resmungam o texto das notícias à medida que escrevem" para...:
A coisa não pára por aí. Uma das questões era respondem quem é que trabalha em um projeto de não-poluentes: se a UERJ e o McDonald´s, se a UFRJ e o McDonal´d´s, se a UERJ e o Bob´s, se a UFRJ e o Bob´s.
Porra.
Você quer trabalhar de redator e é obrigado a entender de hamburger, caceta?
Bom, o que importa é que chegamos na Gama Filho uma hora antes da prova, como o recomendado. Eu já comecei a estranhar quando entrei no táxi da cooperativa aqui da Urca e o taxista comentou "puxa, já saíram uns seis carros lá para essa prova".
Ao chegar lá, todos entendemos. Centenas de pessoas se espalhavam pela Rua Manoel Vitorino. Havia uma fila não-informal, aliás, uma não, várias filas, centenas e mais centenas de candidatos.
Aí a minha amiga de quase uma década, Raquel, dispara: "Caramba, e pensar que só tem UMA vaga".
Tá, aquelas centenas de pessoas fariam provas para vários cargos, e eu faria para redator, mas porra, UMA vaga? Por que não li isso antes de fazer a alegria dos taxistas (a corrida deu 30 reais)?
Fizemos, cada um esperou o outro acabar a prova e voltamos para mais 30 reais de táxi de volta a Botafogo. Não teve muita lógica, acordar cedo para fazer essa prova, mas, cacete, eu TINHA que fazer, sei lá se dá uma sorte.
Saiu hoje o gabarito - das 50 questões, acertei somente 26. Da próxima vez eu faço pra gari. Se não tiver matemática, claro.
Cafona, mas real
Eu sempre sacaneei neguinho que chega e fala "vou ficar noivo". Sério. Sempre falei que era troço do século passado (hoje em dia isso não parece tão depreciativo), que não faz sentido, que era "ou casa ou não casa".
Só que mudei. Sim, a maioria dos amigos se assusta quando alguém fala essa frase "eu mudei". E na maioria das vezes ela é pretensiosa - o cara continua a mesma merda, não mudou nada, ele quer mudar mas não consegue.
Pois eu mudei quanto a isso de ficar noivo. E vou ficar noivo de Marcele, exatamente no meio do ano. Sim, noivos. De aliança no dedo diferente do dedo do casamento (nem sei qual é o dedo, para vocês terem uma idéia), reunião de famílias e tudo o mais.
Aí você deve estar se perguntando, "porra, como que um cara que ganha o mesmo salário que ganhava em 1998, só que "corrigido" ao contrário pela inflação, pode querer ficar noivo e casar com alguém?"
E eu digo que cansei da maioria das coisas. Cansei de esperar - já sei que quero ficar com ela mesmo. Vou ficar noivo e começar a correr atrás, começar a estudar - vou fazer o tal curso de roteiro de que falo alguns posts abaixo - começar a escrever para tudo quanto é lado, começar a valorizar.
Quando a gente se cansa de esperar, o negócio é dizer que quer e ir em frente. E ligar o foda-se. Sim, sim, prefiro ficar com ela sem dinheiro, do que ficar esperando a vida toda.
E no mais, para que dinheiro se o meu time tá uma merda e eu não vou assinar o pay-per-view do Brasileirão?
Então é isso. Quem quiser sacanear, fique à vontade. A partir de agosto, serei noivo dela.
Três contra um, atacando Tchita de Vladivostok
Os EUA, depois de exigirem que as Filipinas expulsassem os diplomatas iraquianos, agora deram para chiar. Sério. O governo americano enviou ofício formal à Onu e ao governo iraquiano exigindo que os prisioneiros de guerra americanos sejam tratados mediante a Convenção de Genebra.
Dá pause.
Isso, agora vamos conversar: os caras invadem outro país de forma ILEGAL, passando por cima da Onu, e agora que a coisa apertou pro lado de alguns dos americanos presos, eles invocam um acordo INTERNACIONAL?
Acho que seria mais honesto o Dick Cheney chegar e dizer, "ó, se vocês baterem nos nossos meninos, a gente vai estuprar suas mulheres e queimar tudo no seu país".
Era mais sincero, sei lá. Menos cínico.
Me lembra o garotinho dono da bola, que apita o jogo inteiro mas quando a regra é contra ele, muda tudo. Falar em "Convenção de Genebra" a essa altura parece a mesma coisa que rezar o Pai-Nosso antes de uma bacanal, com todo mundo pelado.
Mais Michael Moore
Quem quiser saber mais - e melhor - sobre Michael Moore, o cara que esculhambou Bush na festa do Oscar, é só clicar no sistema de comments do post onde eu falei sobre o mesmo, lá embaixo.
Cascalho Ventura, personagem lendário da UFF, dá uma aula sobre o assunto. Cascalho tem bagagem para falar, já que é o tipo do sujeito que já trabalhou em todos os tipos de profissão. Quando eu tinha notícias dele e falava com ele com freqüencia (não o vejo há uns oito anos e a última vez que falei com ele foi no Natal de 1999, pelo telefone), ficava sabendo de seus trabalhos como Gerenciador de Dekasseguis e Administração de piscinas.
Mas o cara sabe sobre o assunto Documentário, acreditem. E leiam o comment.
Chamem a D.A.S dos blogs
Eric Moreira, que faz jornalismo na UFF (onde eu tive o "prazer" de estudar, ao lado de gênios e intelectuais como Merival), abriu um blog interessante, até citei aqui, o Analisando Discursos. Só que o cara caiu naquela minha tese - a de que blog com 15 dias sem atualização perde audiência para sempre. Quer dizer, tá quase chegando lá. E, para mim, quando o cara fica 15 dias sem atualizar por pelo menos quatro ocasiões, é melhor clicar logo o "DELETE THIS BLOG".
Por isso tudo que, pensando nisso, a amiga do Eric que eu mais gosto - Marcele - simplesmente seqüestrou o blog do cara. E pintou de rosa, colocando bonequinhas da "Hello Kitty".
Me lembrou muito o crime de lesa-pátria, que se enquadra na categoria de crime hediondo, passível de pena de morte, que foi perpetrado pelo Chahim, quando este administrava o blog do Colorado: de sacanagem, pintou de azul e preto - as cores (?) do Grêmio.
Até hoje não sei como não terminou em processo judicial.
A decidir
Toda oportunidade de mudar de vida e de profissão (principalmente quando se tem uma profissão onde neguinho concorre para ver quem sabe mais Crase do que o outro, como a minha) deve ser bem avaliada. Vou conversar com Marcele e ver se vale a pena tirar R$ 280 da minha poupança (se é que ainda tem) para pagar o curso on-line de roteiro que o site Cinematico (ligado à produtora de Cidade de Deus e Cidade dos Homens vai promover.
Quem fizer o workshop virtual sai na frente no concurso que os caras vão lançar ainda esta semana, com inscrições a partir de 12 de maio. Os vencedores vão participar diretamente de um projeto.
Interessados, clicar no link do site ou direto no http://www.cinematico.com.br/roteiro/workshop_inscricao.htm
. Depois de inscrito, o candidato tem que pagar os R$ 280 na conta da Associação Cultura Educação e Cinema (Banco Real, Agência 0940, Conta: 5001636-2) e mandar um fax com o comprovante de depósito e o nome para (11) 3817-4929 , para, somente assim, confirmar a inscrição.
Vontade não falta, mas tenho medo desses R$ 280 fazerem falta...
Arbitragens
Sinceramente, faça uma análise: somando a arbitragem de Flamengo 1 x 1 Vasco, Flamengo 0 x 4 Fluminense (resultado mais que justo), e mais as arbitragens dos dois jogos da final do Estadual, o que é que dá?
Uma zona completa, uma bagunça alucinada, um show de incompetência e mau-caratismo. Por isso que eu ainda acho que cai mais um carioca esse ano no Brasileiro - e o Botafogo não sobe. Apesar de eu estar até torcendo pro alvinegro voltar.
Mais Michaels Moores, por favor
Michael Moore é um sujeito de cujones . Para quem ainda não identificou quem é - nesta segunda-feira, acredito que todos já devem ter ouvido falar de Michael Moore - ele é o sujeito que em plena festa do Oscar chamou o presidente de fictício. Rubens Ewald Filho, que como crítico de cinema não me diz porra nenhuma como ser humano e como ser humano não me diz porra nenhuma porque é só crítico de cinema, se mostrou "surpreso".
Michael Moore entrou no palco da festa do Oscar e disse que os americanos votaram ficticiamente num presidente fictício que inventa uma guerra ridícula.
Por que o mundo não produz mais Michaels Moores, é isso que me intriga. Mais sujeitos que, ao dizer uma coisa dessas no lugar onde milhões de pessoas estão vendo pela TV, estão ao mesmo tempo dizendo "eu me garanto, porra".
Esse excelente diretor, ator, produtor e roteirista tem, como obra-prima - na minha opinião - a série televisiva TV NATION, que andou sendo exibida no canal GNT lá pelos idos de 1997. Depois, o programa foi cancelado nos EUA e nunca mais foi visto no Brasil. Mas era foda. Um deles me marcou: Michael Moore levava um barco repleto de farofeiros de New Jersey para uma daquelas praias particulares - aquelas praias que americano explorador de terceiro-mundista adora freqüentar.
Isso mesmo. Americano paga um dólar por hora para o brasileirinho servir café e lavar a louça, e ganha os tubos para comprar praia. Pouca coisa consegue ser mais cretina.
Mas nesse programa Michael Moore invoca lá alguma lei da sagrada Constituição americana e diz que pode ir na praia com os farofeiros, ora essa. E os riquinho reagem com a violência e a barbárie de traficantes protegendo boca-de-fumo.
Bom para ver que a violência é a mesma - só muda o referencial.
Moore ainda participa como ator daquele filme em que o John Travolta tenta fraudar a loteria (não lembro o nome), do bom filme ED TV (sobre um reality show móvel de um só personagem).
O cara, depois de detonar o stablishment, vai e ganha o Oscar com Bowling for Columbine, documentário com "boliche" no título, do qual eu não faço a mais vaga idéia. Mas deve ser bom.
O homem escreveu ainda A Brief History of the United States of America, documentário lançado ano passado nos EUA que esculhamba o American Way Of Life e põe o Imperialismo vestido de palhaço.
Sim, o mundo precisa de mais Michaels Moores. Pena que para cada um que nasce, aparecem mais cem mil puxa-sacos e bajuladores. Ou uns cinco Bushes. Ou Bushits.
Solidão é isso aí
Eu tinha deixado Marcele em casa, e voltava pela Nossa Senhora de Copacabana de Sempre, pela rua de Sempre, dentro de um táxi, debaixo de uma noite que ameaçava com um temporal mas só nos dava beijos chuvosos de boa-noite. Foi na esquina com a Prado Júnior que vi as duas. No rádio do táxi, Roberto Carlos cantava "Você não sabe/até aonde eu chegaria/pra te fazer feliz". As duas atravessaram a rua, meio loiras, meio castanhas, mas abraçadas acima de tudo, como se precisassem desse abraço para suportar um mundo muito, muito escroto.
E eu que já estive, há muito tempo atrás, com muitas delas, bebendo, vivendo, me comovi com aquele abraço. Elas são putas - e isso é uma palavra feia. Mas, que catzo, são mulheres, porra. São mulheres que não estudaram, ou são mulheres que estudaram até o segundo grau, ou estudaram uma faculdade, e de repente viram que viver aquela vida daria mais dinheiro do que trabalhar normalmente - viram que o estudo dificilmente compensa nesse país.
E decidiram viver do sexo.
Mas isso dói pra caralho. É toda hora sujeito que tem raiva de mulher, que tem vontade de dominar mulher, que tem gosto em sacanear mulher, que tem desejo de se afirmar como ser humano sendo macho e sacaneando mulher, chamando-a de puta, como se ser puta fosse algo mais vergonhoso do que ser presidente de uma potência mundial que manda bombardear lugares com crianças.
Mas não. Neguinho beija a mão do Bush e joga pedra na Geni.
Mundo de merda. E elas lá, atravessando a rua, abraçadas, porque se uma não abraçar a outra, dançam. E caminham até a loja de mate que fica aberta, comem alguma coisa, vão ter que dar. Não sabem se vai dar, mas vão ter que dar.
Tudo isso, numa noite de domingo, a chuva meio fria de março, a asfixia do ano que começa, e a esperança que sufoca. Putas que pariram.
23 março, 2003
People Let´s Stop The War
Acima, é um título de um musicaço da superbanda power trio Grand Funk - um ícone do velho e bom rock setentista. Mas o que eu queria dizer é que prometo não encher tanto o saco com assuntos de guerra; reparei que os posts estão gigantescos e enjoativos, além de ranzinzas até a raiz da alma.
Boa semana. É fim de mês.
Uma lástima
Esta semana me distraí na minha agenda cultural (aliás, considerando minha conta bancária destruída, foi até melhor assim) e perdi um grande programa: show do Celsão Cachaça no Mistura Fina, provavelmente o lugar que mais gosto no Rio. Quem dera tivesse dinheiro para ir sempre - talvez um dia eu tenha, quem sabe.
Celsão Cachaça deu show lá - estou falando, claro, do grande Celso Blues Boy. Irrrrc..! dirão os rapazes que são "entendidos" em música. "Você gosta disso?". Gosto, gosto dos caras que sabem tocar de verdade, gosto das letras falando de amor, de desamor, de rejeição, de dor, de solidão, de birita, de tudo isso pelo qual eu já passei muito na vida.
E curto pra cacete o Celsão Cachaça em si, tocando cada vez mais, tomando só porrezinho de cerveja, mandando seu recado com seus cabelos brancos a dizer, "ei, seus merdinhas, ainda não vou entregar a rapadura, porra!".
É uma pena. De repente arrumo uma grana e vou ver o Celsão Cachaça nesta sexta, no ATL, ao lado do Blues Etílicos e do Baseado em Blues. Vamos ver.
Troco carta, pego meus sete exércitos da Ásia, coloco dois na Oceania e vou três contra dois na Polônia Iugoslávia
Continuando minha série War, estava vendo outra noite dessas na Globonews matéria sobre manifestações em Londres. Pois é, o pacifismo sempre é meio tachado como coisa de alienado, "gente que não entende o que está por trás da política internacional", etc. Bom, tudo bem. Mas e o que dizer dos 'Fãs de B-52´s"?
Não me refiro à bizarra banda americana de new wave, e sim a fãs do avião bombardeiro de B-52´s. Eles existem, são organizados e pararam para assistir ao bombardeio anglo-americano sobre Bagdá, com a curiosidade de fãs, torcendo e admirando os "feitos" do seu aviãozinho preferido.
O que dizer de gente que se empolga com uma máquina voadora destruindo patrimônio alheio? Bom, eu não sei. Saberia o que fazer com sujeitos assim, mas não sei mesmo o que dizer para eles.
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Continuo sem lembrar quem disse a frase "Em uma guerra, a primeira vítima fatal é a verdade". Churchill? Roosevelt? McArthur? De Gaulle? É duro não ser culto, letrado.
Mas é uma frase irreprensível.
Afinal, um jornalista decente, da ABC, teve o bom senso de desmascarar a farsa montada pelas imagens da CNN e de outras emissoras ocidentais - e obviamente adotada pelas nossas TVs - na qual os iraquianos recebiam felizes, às lágrimas, os soldados americanos.
Maquiavelice e velhacaria maior, difícil imaginar.
Segundo o jornalista da ABC, as imagens são no mínimo "estranhas". Além dos soldados serem recebidos pelos civis iraquianos sempre de maneira hostil, até os jornalistas, habitualmente vistos como neutros em zonas de conflito, têm sido maltratados, xingados.
Aí aparecem imagens do povo iraquiano cumprimentando os soldados e parece que os EUA estão livrando o mundo de um grande ditador. Tudo cascata.
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Sim, os americanos devem mesmo amar o povo iraquiano. Não poderiam permitir que esse povo tão amado continuasse subjugado pela ditadura de Hussein.
Eles só não ajudaram chilenos, peruanos, argentinos, bolivianos e brasileiros durante suas ditaduras porque estavam ocupados em um fliperama no Vietnã. No qual, aliás, perderam algumas fichas e saíram depois do tilt.
Hã? Que foi isso? Pensei ter ouvido alguém dizer que, além de não terem ajudados os povos sul-americanos a lutar contra suas ditaduras, ainda ajudaram a implantar algumas...Não, não ouvi isso....
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A porradaria pode ficar generalizada se forem confirmadas as informações de que os turcos estão aproveitando a bagunça para invadir o Iraque pelo lado deles. Aí vai dar uma merda federal. Neste sábado, o governo turco já "expeliu" uma nota negando tudo.
Em guerra, quando emitem nota negando, é bom correr atrás, porque nem tudo é verdade, nem tudo é mentira.
O lado do Iraque que cola na Turquia é habitado por curdos. Claro, os curdos são numerosos - e dentro da própria Turquia há hoje mais de dois milhões de curdos.
Desnecessário se esforçar para adivinhar o que pode acontecer se os turcos se meterem a engraçadinhos.
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No quarto dia de guerra, explodiram diversas manifestações - nem sempre pacíficas - no mundo árabe. No pequenino Bahrein, dez pessoas ficaram feridas por guardas que protegiam a embaixada americana.
Faço duas perguntas:
1- Essas pessoas feridas podem processar os EUA por dano material e moral?
2- Se os americanos podem mandar as Filipinas expulsar os diplomatas iraquianos, por que os bahreinenses (irc...) não podiam resolver expulsar os diplomatas americanos?
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O levante do mundo árabe tende a crescer muito. Vale lembrar que são um povo que exalta seus mortos, e não apenas chora por eles - como fez o pai de um dos soldados americanos mortos no acidente de helicóptero. Aliás, foi acidente mesmo?
A verdade já deve estar morta, estuprada e enterrada nessa guerra. Acho que na verdade NUNCA vamos saber o que está realmente acontecendo.
É sinistro, mas terrivelmente possível.
22 março, 2003
Dois contra um, Sudão atacando Madagascar
Ainda sobre a guerra: o Globo On pôs no ar uma enquete cujo resultado é, como na gíria do Jockey Club, pule de dez:
Quem é mais perigoso para a Humanidade?
Saddam Hussein 7.36
Osama bin Laden 12.47
George Bush 80.17
É o resultado até as 18h deste sábado.
21 março, 2003
Três contra dois em Aral, atacando de Dudinka
A frase "Quem não estiver alinhado aos EUA contra o terrorismo, estará contra nós", dita pelo presidente americano logo depois do atentado de 11 de setembro, já começou a ser posta em prática - e não duvidem que chegue por aqui no Brasil em breve. As Filipinas já receberam um ultimato para romper oficialmente relações diplomáticas com o Iraque, e expulsar do país todos os diplomatas iraquianos.
É engraçado. Se a guerra é assumidamente ilegal, rompe tratados e códigos internacionais, por não ter sido admitida pelo Conselho de Segurança da ONU, por que as retaliações diplomáticas têm que ser tomadas contra o país que está sendo invadido?
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Mais risível ainda é o email que circula por aí, pedindo que as pessoas não consumam produtos americanos. "Na hora de comprar carro, prefira Renault, nunca Ford ou Chrysler". Como eles adivinharam que eu estava indeciso? Não sabia ainda o que eu ia fazer com os R$ 100 que me sobraram para passar o resto do mês!
Quer dizer, eu estava indeciso entre depositar em uma conta no Citibank ou do Chase Manhattan - bancos que o email diz "nem pensar'. Acho que se eu entrar no Chase com R$ 100 neguinho me manda guardar dentro do colchão do faxineiro.
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Enfim, o mundo retalia: pela internet. Vem a guerra e triplica o número de charges, animações, textos, correntes, manifestos e afins pela grande rede, a gente recebe uma média de 15 emails diários sobre o tema. A maioria colocando Bush no papel de palhaço - no Brasil, sempre foi isso, escolhemos um só e pedra nele. Ninguém olha o Dick Cheney ao lado do Bush e diz, "caraca, esse filho da puta trabalhou com Nixon e Gerald Ford, é um tremendo ultradireitista, deixa o Le Pen com a cara do João Amazonas!".
O interessante é fazer piadinha com o Bush, que está no fundo ao lado dos mesmos caras que apoiaram o Saddam contra o Irã na década de 80.
Daí a minha posição de neutralidade - sou contra a invasão, que é ilegal. Mas não dá vontade de me alinhar ao lado do Iraque nessa história, sabendo que Saddam no fundo fez a mesma coisa, colocou americanos para atacar o Irã.
***
"É interessante ver como o Saddam parece abatido, meio oprimido, discursando sem nenhuma pompa e circunstância, em um cenário simples". O comentário dos âncoras foi de lascar. Em primeiro lugar, não consegui ver o Saddam abatido depois de dez minutos de execução em rede mundial do hino iraquiano (que parece ter arranjos de Átila, o Huno, e regência de Gengis Khan - tataravô do Oliver).
Depois, o cara estava em um cenário simples, com cortinas, porque, ora essa, ele não podia dar a entender sua localização exata. Sem contar que até agora acho que o discurso de Saddam não foi ao vivo. E enquanto isso, a CNN publica matéria com oficiais americanos que acham que o Saddam era fake, um dublê de corpo.
Mais uma para a minha lista de profissões hardcore: dublê de ditador do Oriente Médio.
20 março, 2003
Não estamos sós
Por mais que nos sintamos sós, podemos dizer: a gente conhece alguém que conhece alguém que conhece Kevin Bacon. Prova disso é esse site aqui da Universidade de Virginia, nos EUA, que tem um programinha para provar que o manjado ator canadense (acho que é canadense) está a no mínimo seis pessoas de qualquer outro ator ou cantor que existe. Sério. Tentei até Charles Aznavour e Jimi Hendrix. A tese parece aquela divulgada no filme "Seis Graus de Separação" (Six Degrees), com Will Smith e Donald Sutherland.
O link é esse aqui: http://oracleofbacon.org/oracle/index.html.
Só para se ter uma idéia da precisão da parada, saca só o que deu uma procura por "Grechen":
The Oracle says: Gretchen (I) has a Bacon number of 3.
Gretchen (I) was in Vamos Cantar Disco Baby (1979) with Jorge Cherques
Jorge Cherques was in Moon Over Parador (1988) with David Cale
David Cale was in He Said, She Said (1991) with Kevin Bacon
Lusitanos na frente
Não me refiro à vitória da Legião Estrangeira sobre o time mediano do Fluminense ontem, e sim ao fato de que a primeira TV em todo o mundo a mostrar a violenta ofensiva americana, cerca de nove horas após o início dos ataques com mísseis, foi a RTP portuguesa. Bom acompanhar a guerra por este canal 59 da NET, eles mostram agilidade - e ainda fornecem material para a Globonews.
A guerra é a mesma de 1991 - muda só que entra o W no meio do nome.
De resto, é os EUA mais uma vez tentando a hegemonia no Ocidente, a mesma desculpa de que o Iraque é uma ameaça, a mesma história de sempre encobrindo o fato de que a área é estratégica tanto economicamente por causa do petróleo quanto politicamente por causa das rotas para Israel.
Mesma guerrinha dos Bush. Mesma guerrinha "cirúrgica" do Peter Arnett ou seja lá qual foi o jornalista da CNN que deu essa definição idiota - para logo em seguida ser endeusado no Brasil por chefes imbecis e até dar palestras.
A merda é que os caras levaram muito pessoal de logística - mais ou menos 160 mil aliados estão na área, e 40% disso é galera que controla joysticks e tabelinhas de Excel. Enquanto isso, do outro lado, há o Exército Revolucionário que congrega 400 mil soldados alucinados, dispostos a tudo, inclusive a morrer, já que um banquete com birita e mulheres virgens - com a presença do véio Alá - os esperam do outro lado da Indesejada.
Acho essa uma final tão equilibrada quanto Fluminense x Vasco. E, como na final do Estadual, vou me manter na neutralidade pelo mesmo motivo: não é uma final que eu queria.
19 março, 2003
Leitura rápida de um jornal de quarta-feira
Está lá: um jornaleiro de 65 anos foi baleado durante assalto a uma banca em Ipanema. A primeira coisa que penso é: "Tomara que seja mentira. Tomara que o assalto tenha sido a outro lugar, que a arma do assaltante tenha disparado sem querer".
Sim, penso assim porque é difícil imaginar que solução poderemos ter para uma cidade em que há assaltantes capazes de assaltar um jornaleiro de 65 anos e ainda atirar nele.
***
No Globo On, já tem o balanço das últimas horas. A leitura reforça a campanha "O último a sair apaga a luz", a mesma campanha que pretende lotar Santa Catarina, interior de Minas Gerais e Paraná de cariocas refugiados da guerra civil. Vale lembrar que a governadora recusou o acordo que colocaria as polícias sob controle federal, sob o argumento de que "nós podemos cuidar disso". Sei. Provavelmente deve ser por isso que ela estava no programa da Adriane Galisteu, em um joguinho de perguntas e respostas, ao lado da Astrid Fontenelle (meio alteradaça, falando com sotaque baiano) e do DJ Zé Pedro.
De qualquer maneira, você que não mora aqui no Rio, clique aqui (abre em uma nova janela, pode clicar) e leia tudo sobre "porquê não se deve visitar o Rio de Janeiro".
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Guerra iminente, um jornalista árabe faz uma entrevista com Romário. Como todos sabem, o Baixinho não conseguiu ser inscrito a tempo na competição continental que seu time no Qatar iria disputar, a Copa da Ásia. Como todos sabem também, a Copa do Mundo em que o Brasil conquistou o pentacampeonato na Coréia e no Japão é conhecida historicamente como A Copa da Ásia.
Talvez daí tenha vindo o ruído na comunicação. O jornalista árabe dispara, "Alguma tristeza por não ter podido participar da Copa da Ásia?"
E Romário responde: "Sim, claro. Doeu bastante e me lembrou um pouco meu corte da Seleção Brasileira às vésperas da Copa do Mundo de 1998, na França".
Ou Romário e o jornalista se confundiram no que seja "Copa da Ásia" ou o Baixinho virou um exemplo de diplomacia.
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Ainda no futebol, a mais engraçada de hoje: Levir Culpi, técnico do Botafogo, pensa em "aproveitar o regulamento" e vencer o São Caetano por dois gols de diferença hoje, no Anacleto Campanella, e assim conquistar logo a vaga, sem necessidade do jogo de volta.
- O regulamento nos dá essa possibilidade e temos que aproveitá-la.
Sim, o regulamento dá essa possibilidade. Resta saber se o time do Botafogo também dá essa possibilidade - ainda mais com o mesmo Levir anunciando o "esquema" tático para hoje: 4-5-1.
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Decisão? Que decisão?
18 março, 2003
Agradecimento
Aproveito o espaço para agradecer a todas as manifestações de solidariedade pelos fatos ocorridos no dia 15 de março - um desastre como a mais que merecida derrota para o Fluminense não poderia acontecer logo no dia do aniversário dela, mas aconteceu. Aos poucos vamos nos recuperando.
Aliás, Marcele lembra bem o momento em que eu pressenti a tragédia: antes do jogo começar, os jogadores do Fluminense (que, se são um time mediano, pelo menos são um time com conjunto, organizado, com comando e solidariedade) se abraçaram no lado deles do campo, e fizeram uma corrente. Do outro lado, a mulambada, o bando de bêbados e vagabundos que compõe hoje o time do Flamengo (bêbados, drogados, psicopatas, fracassados) olhava cada qual para um canto. Deviam estar no mínimo procurando um lugar para fugir, já que além de tudo são um bando de amarelões e covardes.
Eu espero que com um novo comando na Gávea isso possa mudar. E torço para isso. Não sou torcedor de ficar fingindo que o time é bom (como fazem hoje os vascaínos, por exemplo) mas muito menos sou de abandonar o time assim. Torço para que, com comando, e com pelo menos uns seis expulsos do time, dê para acertar. A minha lista preferida é: Fernando, Fábio Baiano (que jogou de sacanagem o campeonato inteiro), Fernando Baiano, Zé Carlos, Jorginho e Alessandro.
*****
Descobri duas novas espécies de torcedor: o neo-tricolor e o camaleão. O neo-tricolor é aquele que volta e meia publica posts dizendo "Não gosto de futebol, gosto mesmo é de skate e de surf", mas volta e meia, quando o Fluminense ganha, passa a gostar de futebol e sacaneia os outros. Esse é o Sem Sono Chahim.
O outro é o torcedor que posta comentários citando trecho do hino ("Sou tricolor/de coração") do time contra o qual o time SUPOSTAMENTE do coração dele vai disputar o título estadual.
Esses são velhos conhecidos. Torcem pro Botafogo da Paraíba, pro Ceará, pro Vélez, pro Boca, pro Santos, pro Corinthians, pro Cobreloa, pro Grêmio, pro Liverpool, enfim, para qualquer time que dispute qualquer coisa contra o Flamengo.
É meio cômico, isso. Ver o torcedor vibrando com o Fluminense - e logo mais não se importando se o time dele ganha ou não dos tricolores.
Enfim, cada qual com seus objetivos. O meu objetivo é torcer para o meu time melhorar - e isso inclui reconhecer a superioridade dos adversários, como o Fluminense no sábado e ser crítico em relação aos jogadores rubro-negros. Já aqueles cuja prioridade é ver o Flamengo mal, bom, boa sorte a esses. Esse rancor só nos alimenta.
Porque todos nós sabemos quem começou com esse rancor (um certo trauma de infância): Júnior, Zicão, Nunes, Adílio, Leandro, e todos aqueles que massacraram os timecos da época.
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Para dar um tempo na irritação com o Flamengo, fui com Marcele ver o filme "Prenda-me se for capaz". Bom filme. O melhor é que esse o Meninos Eu Vi não poderá contar o final - todo mundo já sabe que no fim o cara é realmente preso, que a história é real, etc, etc.
Mas vale o programa: a cena do cara furando o bloqueio do aeroporto usando mulheres vestidas de aeromoça é impagável.
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Promoção boa para quem comprar o Guia do Brasileiro da Placar: clicando aqui no site da revista, você responde em que time está o Djalma, motorista da redação (e em que página), e concorre a vários prêmios.
17 março, 2003
15 de março
Já significou posse de presidente no qual eu não votei (desde que a democracia foi reinstaurada, o único que assumiu dia 15 foi o Collor). Atualmente, é aniversário dela, daquela com quem eu viverei para sempre, portanto é um dia mais que especial. E esse foi o primeiro 15 de março que passamos juntos.
No entanto, durante muitas horas, eu estive de péssimo humor. Tudo por conta de um bando de bêbados e peladeiros que levou uma goleada do Fluminense. Quer dizer, pelo jogo que foi, nem deveria ser chamado de goleada - 4 a 0 foi MUITO pouco, mas muito pouco mesmo.
Não seria injusto que o Fluminense tivesse vencido de mais de dez gols de diferença. Seus jogadores tinham tática, comando, estratégia, preparo físico, técnica, estrutura emocional, e estrutura moral. É um time mediano, quase um timeco (se pegar um São Caetano da vida, leva ferro). Mas um time. Quanto ao adversário de sábado, não era um time, e sim um bando de atletas de fim de semana, bêbados, sem organização, comando, moral, nada.
A cena de Alessandro partindo para cima do juiz ao ser - bem - expulso mostrou o que é o meu time hoje em dia. Uma atuação bisonha, ridícula, e ele se acha no direito de arrumar briga com o juiz. E Fernando, com uma entrada desmoralizante, uma expulsão idiota, querendo reclamar? E Váldson, perdendo TODAS para Ademílson?
Eu poderia descrever de forma interminável a forma vexaminosa com que essa matilha se comportou em campo. O goleiro então, um idiota completo, com uma jogada imbecil ao fim do jogo que pude ver no videotape (fui embora do Maracanã no terceiro gol, feito de uma forma infantil, como o segundo).
Não posso falar da dupla de "atacantes" (só com aspas mesmo) porque não conseguiria descrever Fernando Baiano sem usar os piores palavrões da Língua Portuguesa. E acho que um cidadão de quinta categoria como ele não merece que eu esculhambe meu próprio blog. Fernando Baiano e Zé Carlos hoje não seriam titulares em NENHUM clube da primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
Claro, sempre há aqueles que vão dizer que o time perdeu o campeonato ao entregar os jogos para América e Olaria. Concordo em parte - acho que daí começou a amarelada, a maior da história do futebol. Mas eu duvido que ganhassem do Americano. Simplesmente porque eles são ruins, todos, todos eles. Talvez o Felipe escape disso um pouco, quem sabe o Athirson, fazendo alguma força o Júlio César. Mas o resto não tem vaga em time de várzea.
O técnico (ruim) já foi embora. Espero que vá muito mais.
E meu palpite é que até o fim da semana o novo técnico seja Carlinhos ou Vanderlei Luxemburgo.
*****
Depois do jogo, fomos comemorar os 23 anos de Marcele. Ao dormir naquela noite, fiquei pensando em tudo o que ela representa para mim - simplesmente um sonho, é o que ela representa. Quando eu já achava que a História tinha acabado, que para mim o melhor era o auto-esquecimento após vários tombos, eis que apareceu Marcele.
O que posso dizer em uma data como essa, que eu já não diga todos os dias? Talvez um obrigado por ela ter aparecido em minha vida. Sim, um obrigado, meu amor.
14 março, 2003
Vestibular em 2046
Todo mundo já deve ter recebido, mas vale a pena publicar aqui o texto que recebi por email do lendário João Carlos Pedroso, o homem que vive sob ameaça de diversas emissoras de TV. Leiam abaixo.
Ah, e só para encher o saco: não esqueçam de votar no Inagaki para o prêmio Ibest, é só usar o link que tem no post abaixo!
VESTIBULAR UNICAMP - ANO 2046 - PROVA DE LITERATURA BRASILEIRA
1. Leia o trecho do poema abaixo e responda às questões:
"O JUMENTO E O CAVALINHO
ELES NUNCA ANDAM SÓ
QUANDO SAI PRA PASSEAR LEVAM A ÉGUA POCOTÓ"
(Eguinha Pocotó, Mc Serginho, 2003)
a) Eleita como acompanhante nos passeios dos dois protagonistas, a Égua Pocotó rompe a solidão até então predominante no panorama urbano estabelecido. Mais do que um triângulo amoroso convencional, o autor atribui aos personagens um status que transcende a natureza metafísica convencional. Emerge então o caráter feminino, no auge de sua auto-afirmação como contraponto ao pansexualismo.Descreva o papel da Égua Pocotó como elemento de instabilidade no equilíbrio social do início do século XXI.
b) A forma adotada pelo autor do texto leva o leitor a uma reflexão crítica acerca de alguns elementos do estilo literário da época, ao mesmo tempo em que insere temáticas dotadas de valor universal. Assinale a passagem em que o autor expressa com maior intensidade este dualismo. Identifique a figura de linguagem adotada.
c) Ao idealizar em um mesmo patamar, personagens que até o momento só haviam sido tratados com a devida separação de classes, coloca o autor o "jumento e o cavalinho" como uma paródia da realidade social do país na época. O brilhantismo desta visão crítica é destacado por expressões que para um leitor menos atento podem parecer erros gramaticais, mas que na verdade geraram uma nova aplicabilidade da língua portuguesa. Identifique estes trechos e as inovações gramaticais por eles introduzidos.
d) O texto de Mc Serginho, precursor do movimento literário-cultural denominado pocotoismo, propõe uma nova métrica e abordagem ao texto poético. Alguns críticos da época chegaram a compará-lo à "pedra no caminho" de Drummond, um poeta de menor importância no século XX, injustiça revertida mais tarde com a identificação da sua efetiva quebra de paradigma literário. Compare o estilo da obra de Mc Serginho com os autores clássicos do século XX e justifique a relevância de sua obra.
Dever cumprido
Já votei no Inagaki (aliás, clicando aí no nome dele você vai direto para a votação) e no FlamengoNet para o prêmio Ibest.
Foi difícil. O ambiente do site Ibest é complicado, toda hora abre uma página sem você ter pedido nada, e ainda dá a entender que você só pode votar colocando os três candidatos na ordem.
Eu coloquei os candidatos das duas categorias na ordem, e quando apareceu o botão "Confirmar Votos" eu selecionou o blog do Inagaki (e na outra categoria, Pessoais-Futebol, o FlamengoNet) com control + A, dei o famoso control + C e saí tacando o control + V nos outros dois espaços. Deu certo.
Vai votar? Clica aqui, por favor.
13 março, 2003
A hora da decisão final
O concurso do Ibest chegou na fase final do mata-mata. Agora, vale todo e qualquer voto. Humildemente peço votos de todos para o blog do grande Inagaki e os votos de quem é Flamengo (quem for Corinthians pode votar também) para o FLAMENGONET.
Por que votar no Inagaki?
Dou dez motivos:
1- O cara é bom mermo.
2- O Inagaki é Guarani, e o Guarani não ganha nada desde 1978, portanto ele merece essa vitória
3- Inagaki é biriteiro de primeira
4- Inagaki já ralou em tudo quanto é ocupação. Até coveiro o cara foi, ao lado do Rod Stewart. Já trabalhou fim de semana, já trabalhou em banco, já trabalhou em tudo quanto é forma de escravidão. O cara merece ganhar uma grana e dar um relax.
5- Se ele ganhar, vai vir aqui no Rio pagar um chope no Hipódromo
6- Inagaki estuda jornalismo e precisa de uma grana para guardar, pois passará anos ganhando mal, como acontece à maioria dos jornalistas
7- Inagaki gosta de Roy Orbison, e isso é um sinal de caráter
8- Inagaki é um dos criadores do SPAM ZINE (ALIÁS, CADÊ MEU SPAM ZINE DESSA SEMANA, PORRA?)
9- Inagaki vai comprar um DVD com essa grana e vai escrever ainda mais sobre Cinema
10- Inagaki não é de dizer "Eu heim" pra ninguém....
Dois Marlos
Existem dois caras com esse nome. Lembrei disso depois que vi no blog do dono da birosca o comentário do Alexei - não me lembro se o Alexei conhece ESSE Marlos aí. De repente lembrei que existe outro Marlos, que TAMBÉM estudou Comunicação na UFF (só que esse fez Publicidade) e que TAMBÉM trabalhou na Infoglobo, empresa que reúne Extra, O Globo, Globo On, etc, etc.
Os dois estavam nos mesmos ambientes ao mesmo tempo, e com esse nome diferente. Só podia dar merda.
E aconteceu. Eu tinha acabado de entrar no Extra e ia mandar um email para o dono da birosca, só que me toquei que não sabia o sobrenome dele.
Porra, cliquei e chamei no control K o nome Marlos e veio lá: "Marlos Barcellos". Mandei o email.
O problema do email era o conteúdo. Sei que eram fotos, mas não lembro do que eram - apesar de ter certeza de serem algo como o resultado de juntar na mesma cena dois cavalos, dois pôneis, Linda Lovelace, Jasmin St Claire, Sean Michaels, Traci Lords, Max Hardcore, anões besuntados, vestais com marcas de chicotes e emplastro Sabiá transparente.
Claro que o Barcellos me respondeu, meio sobriamente: "Acho que você mandou o email para a pessoa errada".
E é claro que o Marlos certo era o Mendes
Crônica do horror absoluto
Na terça-feira, um acidente doméstico levou a avó de Marcele a baixar hospital. Resumido assim, parece até que não foi nada demais, mas dando uma lida no blog dela é fácil perceber que minha namorada teve um dos dias mais terríveis de sua vida.
Por desígnios da sorte, do destino, da Força Superior, a avó dela não quebrou nada, apesar de ter perdido sangue o suficiente para contrair anemia.
Mas a anemia se explica pelos diálogos abaixo, que tirei do blog dela. Frases que ela ouviu dos médicos da ambulância (que a atenderam muito bem, com consideração), frases que traduzem a realidade de um país completamente falido. País onde neguinho tá preocupado em saber se o outro cheira ou fuma (e gasta-se milhões para tentar impedir as pessoas de fazerem isso, ao invés de investir contra o crime em si), país em que as pessoas pagam 80 reais por quatro caipirinhas, mas país merda o suficiente para que uma pessoa de 77 anos tenha que perder sangue porque bandidos travestidos de médicos vêem os outros como estatística. Um país onde professor é assassinado na porta de casa em Laranjeiras e governador (a) vem dizer que não precisa de ajuda federal. Um país de violência cotidiana em todos os níveis - sim, porque considero o comportamento desses médicos algo criminoso e violento.
Abaixo, vocês lerão frases que deixam qualquer um sem esperança. Muito difícil conviver com essa realidade - e que não é de hoje, não é nenhuma novidade.
Devo lembrar, antes de tudo, o seguinte: a avó da Marcele TEM convênio e os hospitais contactados SÃO do convênio.
Resumindo: mesmo pagando o convênio, se você tiver um enfarte e sua família contactar o hospital, os médicos ainda passam horas analisando se você pode ser atendido na EMERGÊNCIA ou não.
Os relatos
"Nós não podemos levar a sua vó para qualquer um dos hospitais conveniados. Se chegarmos lá antes da central confirmar que tem vaga, eles não aceitam. Mandam a gente pra outro hospital e por aí vai. Vamos ficar batendo de hospital em hospital, até arrumar vaga."
***
"Os hospitais sempre embromam para dizer que tem vaga. Dependendo do plano, eles sempre dizem que não tem. É até estranho isso acontecer com o plano da sua avó, porque ele é um plano bom. Isso acontece mais com o plano X, normalmente é o que demora mais."
***
"Alguns hospitais só gostam de receber artistas. Esse daqui de Copacabana é um desses. Outro dia nós fomos atender um funcionário do Projac, que tinha caído de uma escada e estava ferido. Ficamos tentando vaga em vários hospitais, sem sucesso. E lá no Projac eles gostam desse hospital daqui de Copacabana. Eu liguei para o hospital, expliquei o caso e nada: eles diziam que não tinha jeito, que não tinha vaga. Então eu disse que era um artista, que estava fazendo novela, só que eu não conseguia lembrar o nome dele de jeito nenhum. Liberaram a vaga imediatamente. Quando chegamos no hospital, tinha uma equipe esperando a gente na porta. Ficaram me perguntando: 'quem é esse?', eu respondi 'ih, não lembro o nome!' e saímos de lá rápido, antes que eles mandassem o levarmos para outro hospital."
***
A situação já estava de um jeito que o médico da ambulância chegou a sugerir:
"Vamos tentar mais alguns hospitais. Se não conseguirmos, a senhora pega a paciente, coloca dentro do seu carro e a carrega para o hospital conveniado mais próximo. Tudo bem, o procedimento correto não é esse, ainda mais para uma senhora de idade que sofreu uma queda e perdeu tanto sangue; mas dessa forma, se a paciente chegar ao hospital em um carro de família, eles têm de atender, se não podem ser acusados de omissão de socorro. Na ambulância não, eles mandam voltar."
(Extraído do Agridoce
12 março, 2003
Frase da semana
Me foi passada pelo dono da birosca, mas ele não tem certeza quanto ao autor, para que os devidos créditos sejam dados. Nem por isso pode deixar de ser publicada:
"O Rio de Janeiro só tem duas estações: verão e inferno"
Assino embaixo, com a testa molhada de suor.
Deu a lógica
O dono da birosca decretou, não deu outra: a japonesinha do Big Brother é que foi para o espaço; agora, estava na hora de alguém verificar se o tal deputado de quem o cara é assessor parlamentar não está com um call-center detonando votos a favor de seu pupilo. Por mais que o raciocínio e o prognóstico do dono da birosca estejam corretos, é esquisito que o público queira tanto aquele sujeito na casa.
Pela manhã
Ainda com sono, e depois de acordar pela terceira manhã consecutiva antes das oito devido às marteladas intermitentes da obra do vizinho, liguei a TV para dar uma olhada no noticiário. Me arrependi - faz você começar de mau humor o dia.
Não é mole ligar a Globonews e ver Tony Blair AO VIVO direto da House of Commons em uma sessão onde ele tenta aprovar a guerra. Não cabe a mim julgar o mérito dessa guerra, até porque não estou devidamente informado. A princípio, sou contra toda guerra, mas não sei o quanto eu seria se os caras de turbante toda hora ameaçassem despejar um Boeing em prédios onde eu poderia estar trabalhando.
Tudo bem, se resolverem jogar um Boeing lá na Cidade Nova, azar o deles. O avião já de primeira terá rodas e calotas roubadas antes de chegar ao solo, já que aquela região da cidade anda cada vez pior.
Independente da conclusão ou não sobre a guerra, foi incrível ver que ainda há espaços para gargalhadas na tal casa inglesa - Blair parecia, na verdade, estar contando um "causo" muito engraçado, em determinadas horas.
Pulei para a Bandeirantes.
A bela Olga Bongiovanni (algo contra ver beleza em mulheres acima dos 35 anos?) ouvia notícias oriundas da minha terra pré-natal (meu pai era de lá), a Bahia. Empresas de segurança privada já somam um contingente comparável a um exército paralelo em Salvador. A reportagem mostra os treinamentos (com armas, artes marciais, etc) e revela que com a falência de uma empresa de segurança os moradores do prédio que a contrataram é que pagaram o pato: arcaram com os custos da indenização, mais de R$ 150 mil.
Mas a melhor parte vem agora.
Close no presidente do Sindicato das Empresas de Vigilância. Problema abordado: entre as empresas, há muitas que são clandestinas, e assim escapam do controle rigoroso do órgão responsável (que é vinculado à PF), cujo delegado é igual ao Martinho da Vila. Frase do presidente do sindicato (com sotaque): "É defícil fiscálizá as clandéstínas porque não é fácil localizá-las".
Corta para a fachada do prédio, voz em off do repórter: "Aqui no prédio do sindicato das empresas, os vigilantes que ficam do lado de fora são de uma empresa regularizada e os do lado de dentro são de uma empresa clandestina".
Dá vontade de colocar aquela vinheta da Copa, "BRA-SIL-IL-IL".
11 março, 2003
Duas novas leituras diárias
O Gato da Vizinha finalmente voltou a ter uma atualização boa, com novos contos e cybernovelas de Henrique Freitas e Renato Salles. Vale MUITO a visita. Os finais de todos os contos são completamente inquietantes, incômodos, beirando o non-sense e tangenciando sempre o horror. E na maioria das vezes, com humor.
Agora, mais do que ler o meu próprio blog, passarei a ler a revista eletrônica Claudio, a revista do homem moderno.
Se alguém tem alguma dúvida de que Claudio é sensacional, basta ler a circular (ATENÇÃO: HISTÓRIA VERÍDICA) distribuída por um síndico, que foi parar lá na Cláudio sei lá porquê. É engraçadíssima.
Leiam abaixo:
CIRCULAR 01/95-E
Rio de Janeiro, 07 de agosto de 1995.
Prezados Condôminos(as) e/ou Moradores(as) Não. Desta feita não se trata de reclamação contra as crianças nas suas bricadeiras no "play-ground", estas muitas vezes abusivas e desrespeitosas. Trata-se, isto sim, de denunciar. Denúncia que pacientemente esperei que alguém, entre os muitos atingidos identificasse em sua vizinhança o causador (ou causadores) da bricadeira (ou que outro nome tenha) de extremo mau gosto provocada, quase que diariamente, por adolescente morador em apartamento superior e que, no silêncio das 21:00/22:00 ou no da tarde de sábados, comete com frequência tal desatino. Adolescente, sim; identificado pelo tom de voz de um grito alucinante que é emitido quando lança um saco plástico cheio de água na área interna de ventilação do prédio, como que imitando um suicídio. A voz é quase adulta, embora o evento parta de alguém com mentalidade infantil de pouca idade, incapaz de distinguir uma ação ridícula que provoca certo vandalismo psicológico. Essa pessoa, sem consciência individual que caracteriza cada personalidade, age como se fora um psicopata. Por certo se aproveita da ausência de adulto, para expandir seus instintos de morbidez, pois jamais teria apoio de seus pais (ou responsáveis) para cometer atos que são próprios de psicologicamente doentes ou mesmo de quem esteja agindo sob efeito de drogas. Os moradores diretamente atingidos, entre os quais está este Síndico, são os dos apartamentos que tem comunicação com a área interna do prédio, seja pela área de serviço, seja pela janela do quarto lateral a referida área interna. O susto é duplo. Primeiro ouve-se o grito de terror para em seguida ouvir-se o baque por sobre a lage térrea da área. O objetivo do insesato é então atingido porque consegue assustar boa parte dos moradores que, muitas vezes protestam de suas janelas. E, por vez, percebe-se que risos sarcásticos partem de algum lugar que não se consegue identificar. Diante de tal fato (triste e decepcionante) parece fácil ao morador responsável pelo apartamento de onde parte o inconveniente, identifica-lo, uma vez que sabe os dias (ou noites) que estava ausente e que alguem abusou dessa ausencia. E, nesta altura a denuncia se transforma em apelo veemente para evitar a reprodução do fato, antes que o desequilibrado resolva acompanhar, em voo livre, o objeto que ele lança em momentos de desatino. E aí ter-se-ia uma caso de polícia dos mais graves e, profundamente lamentável, atingindo em cheio toda a reputação da nossa comunidade, como é fácil de se prever. Contando com o espírito de compreensão e colaboração do prezado morador envolvido, firmo-me. Atenciosamente
F.I. SINDICO
Little Big
Em dois anos de Big Bosta, é a primeira vez que fico sabendo de uma parada maneiríssima acontecendo no programa: o casalzinho Dominó-Sabrina vai pra berlinda, e sabem que um dos dois vai pro vinagre na noite desta terça-feira.
Tentei ficar de fora dessa, como sempre, como foi nas duas outras edições. Explico: o método do engenheiro e historiador do rock´n´roll Rodrigo Barros Cobra é o mais eficiente - consiste em passar a temporada toda do Big Brother SEM SABER QUEM SÃO AS PESSOAS. Sim, neguinho falar o nome ali no boteco, você dizer com sinceridade: não sei quem é.
É sensacional. Tanto que, se não fosse a revista de cirurgia virtual Playboy (cuja assinatura eu não renovarei este ano), talvez até hoje eu não soubesse quem é Leka. E não sei nem o nome do babaca que ganhou o número 2 do programa.
Pô, como ficar acompanhando um programa que mostra durante 15 minutos um quarto em que duas pessoas estão dormindo - ainda que, dormindo, elas pareçam mais inteligentes que falando?
Desta vez, porém, a massificação foi tão intensa que foi impossível escapar. Você entra no Terra para olhar seu email, e está lá, a foto do cara, e o título, "Dhomini escapa do paredão novamente". Putz. Você está vendo Flamengo x Volta Redonda ou coisa assim, o locutor que não sabe merda nenhuma de futebol vai e dispara, "hoje à noite, Dhomini escolhe o anjinho" (ou vá lá o que seja).
É dose para leão.
Mas no dia em que liguei no Multishow (aliás, o canal já interrompeu um show espetacular do Buddy Guy para passar essa merda), e vi o Dhomini, assessor parlamentar (que profissão é essa?), chorando e dizendo, "esses filhas da puta, não pegam ninguém", aí vi que pela primeira vez tinha gente legal na tal casa.
O cara foi o primeiro no Brasil a popularizar via mídia a profissão de aspone. Sim, porque conheço diversos assessores parlamentares, mas que colocam uma profissão antes desse cargo. O cara é jornalista e assessor parlamentar, o cara é fotógrafo e assessor parlamentar do gabinete, o cara é admnistrador e assessor parlamentar.
Só o Dhomini (que ainda usa nome falso, provavelmente para ninguém descobrir quem é o deputado que tá bancando os 40 dias de ociosidade) é que é assessor parlamentar, direto. Ou seja, é formado em Asponomia.
Hoje tem a votação - uma primeira análise diria que o Dhomini deve sair, já que a mina passa o dia inteiro de pouca roupa, etc, etc.
Mas o dono da birosca foi quem deu a sentença definitiva sobre o assunto, o prognóstico final, que encerra toda e qualquer discussão:
"Claro que o Dhomini vai ficar na casa. Afinal, nego vai votar na Sabrina para ela sair logo e posar nua para a Playboy".
No more questions.
Novelas
Costumo dizer que a última novela que acompanhei na vida foi "Roda de Fogo". Não tenho nenhum prurido intelectual contra novela, apenas acho chato, só isso. Se eu fosse intelectual ao ponto de colocar novela em um plano inferior, porra, não veria JACKASS, programa onde Johnny Knoxville testa em si mesmo uma culhoneira mandando moleques de nove anos darem chutes em seu saco.
Só não vejo novela por questão de tempo, horário e saco. Acho chato mesmo.
Essa do Manoel Carlos, então, vi hoje um capítulo na casa de minha namorada e achei uma bosta. Cenas surreais, incríveis. Uma neta idiota que quer comprar um vestido de 700 reais. Aí colocam um idoso que tem uma caixinha onde guarda dinheiro. O idoso dá a porra do dinheiro para a netinha comprar o vestido de 700 reais, ao invés de dizer "minha filha, vai dar esse rabo na esquina".
Aí, na hora em que o idoso abre a caixinha, a mina olha comprido, a câmera "TCHARAM" em cima das notas, porra, CLARO que a mina vai roubar mais dinheiro do próprio avô - isso depois do velho ter sido bondoso o suficiente para financiar um vestido de 700 reais - quando na verdade deveria colocar a garota para lavar vestidos, no tanque, esfregando, para ela ter noção da vida.
Não sei como nego gosta de ver isso. Repito, olha que eu gosto de Jackass.
Na outra cena, uma garota vira para o José Mayer e diz com voz cândida: "Eu sei que você só liga para a gente agora porque a mamãe morreu". E dá um beijinho no papai.
Caralho. Quer dizer que é assim? "Eu sei que o senhor é um filho da puta", e beijinho e cafuné?
Segue a cena, a mina vai parar num grupo de trintonas. Uma delas diz a inacreditável frase (a atriz, diga-se, é de quinta categoria): "Fulaninha, estava vendo você ali com seu pai e pensando como vocês estão superando tudo, que maturidade você está demonstrando. Olha, você pode pensar que é uma ferida que não vai se fechar nunca, tá, mas o tempo, o tempo há de mostrar que a gente sempre tem energias de reserva".
Isso declamado, que nem na terceira série, quando a "fessôra" pedia para a gente ler trechos de livros da Maria José Dupret ou aqueles da coleção do Escaravelho do Diabo.
É, eu não gosto de novela. Prefiro jogo da série B do Brasileiro ou até um bom Francana x Oeste, da série A-2 do Paulistão.
*****
Mas "Roda de Fogo" foi um novelaço. Tinha o Tarcisio Meira doente terminal, o personagem era o Renato Villar, milionário filho da puta, que botava no rabo de todo mundo, mas que, ao saber do câncer no cérebro, virava bonzinho com todo mundo. Eu morria de tanto dar risada dele bonzinho.
Tinha uns momentos em que o Tarcisio virava para a Bruna Lombardi (Lucia), colocava a mão na têmpora e começava a tremer e dizer com a voz estranha "LUCIA, LUCIA, EU VOU MORRER, LUCIA".
Sensacional. E convém não esquecer do Felipe Camargo fazendo papel de filho rebelde do Renato Villar - a ideologia dele consistia em andar por aí com um taco de....GOLFE!
Muito, mas muito engraçado.
Registre-se
Mandei três emails para a Fundação Cesgranrio (geral e assessoria de imprensa) querendo esclarecer uma dúvida CRUCIAL. Já se passaram quatro dias. Nenhuma resposta.
Caramba, dia 14 de março, sexta, pode ser um dia sensacional ou um dia como qualquer outro, e os caras não respondem.
Rio, cidade segura
Cesar Maia abriu o cofre e emprestou 100 milhões de reais para o Estado do Rio investir em Segurança.
Então, beleza. Resolvemos tudo.
Mas é bom lembrar que um Silveirinha consome sozinho isso daí. Convém pelo menos ver se não tem um desses pelo caminho do dinheiro.
Diz que 40 milhões serão para "levar o presídio da Frei Caneca para outro lugar".
Porra, dá para investir em educação, emprego, salário, saúde? Foda-se o presídio da Frei Caneca.
Trabalho ali do lado todos os dias e posso garantir que os caras que estão lá dentro não são nem um pouco mais perigosos do que os estão do lado de fora, pela área.
10 março, 2003
Sou chato mesmo
O dono da birosca retornou aos trabalhos em grande estilo, contando com maestria como o Carnaval pode ser uma verdadeira merda até para quem não está trabalhando. Ou seja, valeram as insistências desse espaço aqui, e valeram as torradas de sacos nos comments do cara.
Agora vou liderar uma campanha para tirar o Homem do Caldo do cativeiro onde ele está seqüestrado. Desde o dia 27 de fevereiro que o cara não aparece, vixe.
De volta o velho Vallejo
De tempos em tempos retomo o velho Cesar Vallejo, provavelmente meu poeta latino preferido. Achei o cara no original, digitando no Google. Sintam só a sonoridade da parada:
Trilce
Hay un lugar que yo me sé
en este mundo, nada menos,
a donde nunca llegaremos.
Donde, aún si nuestro pie
llegase a dar por un instante
será, en verdad, como no estarse.
Es ese un sitio que se ve
a cada rato en esta vida,
andando, andando de uno en fila.
Más acá de mí mismo y de
mi par de yemas, lo he entrevisto
siempre lejos de los destinos.
Ya podéis iros a pie
o a puro sentimiento en pelo,
que a él no arriban ni los sellos.
El horizonte color té
se muere por colonizarle
para su gran Cualquiera parte.
Mas el lugar que yo me sé,
en este mundo, nada menos,
hombreado va con los reversos.
-Cerrad aquella puerta que
está entreabierta en las entrañas
de ese espejo. -¿Esta? - No; su hermana.
-No se puede cerrar. No se
puede llegar nunca a aquel sitio
-do van en rama los pestillos.
Tal es el lugar que yo me sé.
A escada de testículos
Nesta noite de segunda-feira, voltando de ônibus da casa dela (dentro da minha reestruturação financeira, é importante passar uns 50 minutos esperando ônibus e mais 20 de viagem para poupar preciosos dez reais), não sei porquê, comecei a pensar em um tipo muito peculiar de ser humano: o puxa-saco.
Geralmente, fica-se ofendido quando se ouve isso de alguém. Ninguém é. Como disse um dia Roberto Da Matta, "no Brasil não tem preto nem direita", referindo-se ao fato de que, na época (1989), havia uma moda de se dizer "pardo" e os direitistas eram todos "de centro" (vide o "Centrão" do Roberto Cardoso Alves, deputado paulista morto em 1997 e que instituiu o famoso "é dando que se recebe" na Constituinte de 1988).
No Brasil, pelo raciocínio de Da Matta, não tem puxa-saco.
Mas me lembro de alguma publicação údigrúdi ter instituído, no segundo período mais negro de nossa República democrática (o primeiro foi Sarney), o prêmio "O Puxa-Saco do Mês". Foi na época dos primeiros meses de governo Collor de Mello, em 1990.
Ou foi na Casseta ou foi no Pasquim. Mas teve.
Pipocavam cartas de todo o país, com recortes de jornais, textos, indicações, era uma festa. As pessoas que sacavam isso ficavam impressionados. Era um tal de vereador querendo dar o nome do Collor para coreto, secretário querendo inaugurar sala de hospital, bispo querendo fazer missa pro presidente, enfim, um bando de lambedores de testículos capazes de deixar o Fagundes, personagem do genial Laerte, completamente envergonhado.
Aqui no Rio tinha o Ibrahim Sued, que apelidou o Collor de "Demolidor". Me lembro de uma triste nota: "Já derrubou a Inflação! E agora, qual o próximo alvo, Demolidor?!"
Triste República.
E olha que isso depois que o Collor já tinha demolido a poupança de centenas de milhões de brasileiros, gente que rala em marcenaria, alvenaria, no esgoto e o escambau - não gente que "cresce dentro de empresa" como muitos bostinhas que se acham no direito de avaliar a vida dos outros.
Mandou pra puta que o pariu o sonho de milhões de brasileiros e além de tudo não demoliu a inflação porra nenhuma - talvez o único mérito dele tenha sido abrir as portas do país para o exterior, começando a detonar a lei de informática e aumentando a integração. Mas isso qualquer um teria que fazer, àquela altura do campeonato.
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Me lembro de um gerente de McDonald´s, recebendo o repugnante presidente, com todas as mesuras e rapapés. O cara serve ao Collor um Cheddar McMelt e um suco de laranja. Collor, demagogo como nunca, ainda faz questão de pagar o lanche.
Aí o gringo finaliza, "estamos investindo para abrir mais não sei quantas lojas e gerar 20 mil empregos". Uia. Genial. Ele poderia, na época, ter traduzido para "estamos colocando mais lojas para encher o rabo de dinheiro usando uns 20 mil brasileiros que vão ganhar um salário de merda assando o rabo durante seis horas em uma chapeira e agüentando reclamação de 'consumidores conscientes'"
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Mas estou fugindo do assunto.
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Há algum tempo, acontecia de alguém razoavelmente próximo a mim dizer que "eu não subi na profissão porque não sou puxa-saco".
A tese é inválida. Conheço dezenas de bons colegas, cito-os na hora para qualquer um, que ganham hoje salários de mais de R$ 2 mil sem terem jamais aparado as costeletas escrotais de chefinhos e editorezinhos. Vários mesmo.
Talvez não seja a minha profissão mesmo - não fui bem, e pronto, e foda-se. Errei. Agora está meio tarde para voltar, mas sei lá, de repente um projeto aí dá certo, eu meio que mudo sem mudar.
Mas percebi que realmente não fui puxa-saco. Mesmo no meu atual trabalho, onde me dou razoavelmente bem com o andar de cima, volta e meia rolam porradas homéricas. Faço questão.
Em um jornal que trabalhei, aconteceu de eu estar trocando emails com um colega dentro da redação. Em dado momento o cara me perguntou porque eu estava tão irritado, e eu respondi, me referindo ao editor: 'É por causa desse babaca desse neurótico de guerra que está me enchendo o saco com coisinhas pequenas, ridículas, mesquinhas".
Só que, distraidamente, digitei rápido o nome do cara no "send to". E mandei. E nem percebi.
Daí a pouco, vem a resposta: "Quem é o neurótico de guerra?".
Sim, hoje percebo que se eu fosse puxa-saco eu teria aberto a guarda, entregado a rapadura, pedido desculpas, sei lá. Mas respondi: "É você, porra."
E daí para a frente rolou a discussão. Eu ainda trabalhei no local por mais seis meses.
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Outro dia, três amigos meus estavam conversando em uma redação, passou uma ex-chefe minha, ouviu meu nome sendo citado e lançou a seguinte frase: "Ah, vocês estão falando do Gustavo de Almeida? Fala para ele que eu sei que ele falou de mim num texto tal, etc, etc".
É outra de quem eu nunca puxei o saco. Talvez por isso tenha achado que eu estava escrevendo sobre ela. Eu definitivamente não lembro de jamais ter escrito nenhuma linha sobre aquela senhora - mas, sei lá. Como diz o louco da piada, vai ver foram outros dois.
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Existem os puxa-sacos como eu poderia ser - um repórter de categoria inferior tentando puxar o saco de um editor. Um funcionário público qualquer de gabinete. Esses seriam assim os escaladores do primeiro degrau da escada dos testículos. Nem deveriam ser levados em consideração, afinal, estão lutando por um aumentinho de 200 paus (para mim, salvaria uma vida), ou um horário melhor, enfim, lutando por aspectos comezinhos da profissão.
Agora, com minha experiência, garanto: não existe NADA pior do que o puxa-saco Nível Intermediário. Aquele que já é sub-chefe, ou chefe de seção, e que vai lá na sala do Picão vender a alma do funcionário pro diabo.
Aquele que diz pro Picão, "ah, a gente não precisa de dez funcionários, podemos cortar uns cinco e o restante faz o mesmo trabalho".
Esses são os maiores escaladores testiculares que existem.
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Como vejo o fenômeno do puxa-saquismo se espalhar tanto (hoje vi uma matéria em um jornal de esportes em que o repórter conseguia puxar o saco do Zé do Gol, chamando-o de Bom Baiano - não tem nada mais chavão e puxa-saco que chamar baiano de Bom Baiano), em todos os níveis e escalas, gostaria sinceramente que alguém escrevesse um tratado, a exemplo do que o Guilherme Figueiredo fez com os chatos, na década de 60.
Se alguém rico ou poderoso precisar de ajuda para fazer um livro desses, pode contar comigo. Chefinho. Smack.
Carraspana
Esse é o nome do curta-metragem produzido pelo alucinado Márcio de Andrade, boêmio inveterado, assíduo pendurador de contas no Jobi, no Bar Hipódromo, na Casa da Matriz (onde eu não vou mais) e do Lamas. O cara mandou um email pedindo para todo mundo dar uma acessada - eu vou tentar, apesar de eu não ter banda larga. Ops, pegou mal. Bom, se você tem internet em banda larga, clica aqui e veja o curta-metragem. Se você não tem, pô, pelo menos tenta. O camarada Márcio de Andrade agradece e pede passagem - aliás, pede passagem e se puder uns chopes gelados.
Delírio no sul
Ver seu time se classificando para as finais é muito saboroso.
Ver seu time eliminando o maior rival de um campeonato, mais saboroso ainda.
Ver seu time vencer seu clássico mais importante.
Agora, fico imaginando o que deve ser ver o seu time eliminar o maior rival, vencendo o clássico principal e ainda se classificando para as finais.
Não, não estou sonhando, não me refiro obviamente a este Flamengo de Fernando, Jorginho e André Gomes, e sim à vitória do Inter sobre o Grêmio neste domingo por 1 a 0. Pelo que já vi do blog dele, o torcedor colorado está em estado de êxtase.
Eu, particularmente, gostei muito, afinal, foi em cima do Grêmio. Vai pra PQP, Danrlei.
09 março, 2003
Link do non-sense
Ele é dos mais tresloucados, alucinados e escrotos personagens de quadrinhos já criados em toda a história da humanidade. Quem leu a revista "Animal" no início dos anos 90 deve saber que estou falando de Cowboy Henk.
No link abaixo, horas de diversão e non-sense com o personagem estão garantidas.
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Segunda-feira
É, na prática, o primeiro dia do ano. Vamos ver se começo a receber respostas, principalmente uma resposta da Fundação Cesgranrio em relação a determinado concurso público que fiz. Pode dar em novidade da boa.
O problema continua sendo a falência financeira. Mas estamos fazendo progressos.
Fome Zero
Matéria de O Globo de hoje, caderno Cidade: O Feitiço da Fila. O tema é esse mesmo. Playboys e milionários explicam porque ficam em pé na fila do restaurante Gero, em Ipanema. A matéria tenta explicar, ouve-se artistas, famosos/Caras, etc, etc. Tudo bem, vamos dizer que seja interessante para o resto da população entender porque as pessoas ficam em pé esperando mesa em um restaurante de Ipanema (confesso que há dias eu não dormia direito pensando nisso), mas queria chamar a atenção para um detalhe da matéria: o maitre anota o que os playboys bebem no balcão, enquanto estão na fila, e uma conta dá R$ 80 (OITENTA REAIS). O que o cara bebeu? Duas caipirinhas e dois "alexander", aquele drinque sem álcool (vai entender porque alguém paga caro em um drinque sem álcool).
Aí você fica pensando: esse sujeito que paga R$ 80 em quatro bebidas merdas deve ser o mesmo cara que manda embora duzentos trabalhadores para cortar despesas, deve ser o mesmo tipo de sujeito que paga um salário de merda para seus funcionários - imagine o que não pensa um trabalhador que ganha R$ 300 por mês ao pensar que o patrão dele paga R$ 80 para beber caipirinha enquanto ganha varizes?
Me detenho especificamente naquele cara que trabalha e não consegue guardar sequer 20 reais no fim do mês para colocar na poupança. Enquanto isso, o patrão paga R$ 20 em um "alexander". Em pé. Na fila "in" do Gero.
E fico pensando onde mais no mundo temos abismos sociais dessa natureza.
Não, não, não me filiei no PC do B, nem no PT, nem no PDT, nem partido nenhum.