26 março, 2003

América do Norte, África e um terceiro continente à sua escolha
Na noite desta terça-feira, George W. Bush conquistou de forma definitiva o título de governante mais cínico em toda a história da humanidade. Sério. Não dá mais. Nem consigo comentar a frase abaixo.
"Não estamos fazendo essa guerra por petróleo, e sim para libertar o povo do Iraque"
Eu sei que provavelmente ele já deve ter dito essa cascata gigantesca antes, mas eu não esperava que ele se saísse com uma dessas no mesmo dia em que pede ao Congresso uma permissão de gastos da ordem de US$ 63 BILHÕES.
E a gente aqui, colocando cartazinho em empresa, pedindo saco de feijão para funcionário que ganha R$ 600. Para doar feijão ruim pros mais fudidos.
Nunca os EUA investiram tanto para "libertar um povo oprimido". Vai chegar fácil a U$ 100 BILHÕES.
Por que essa grana não poderia ter sido usada para "libertar povos oprimidos" pela miséria, pelo desemprego, pelos salários aviltantes, pela fome, pela violência?
Claro, a preocupação dos americanos com os pobres iraquianos é histórica.
Sim, estou perdendo a neutralidade. Começo a torcer para Saddam Hussein mandar o Pentágono pra casa do caralho.
Nessas horas a gente fica pensando, o quanto neguinho malha o Fidel Castro (eu já fiz isso) por ser ditador, mas veja a diferença na altivez histórica: em 1961, quando os americanos queriam fazer merda na Baía dos Porcos e chegaram a desembarcar, Fidel estava lá na LINHA DE FOGO. E em 1959, estava com armas na mão, pronto pro que der e vier.
O filho da puta do Bush sequer pegou um avião nessa crise toda. Ele e o babaquara do Tony Bleargh cagam regras como essa a milhares de quilômetros de distância.
Claro, Bush deu essa declaração cínica - que realmente me deixou perplexo - após se ter contabilizado quase 200 civis mortos em 24 horas. E isso em números pouco confiáveis.
Às vezes fico impressionado com a capacidade do povo americano de fazer cagadas. Como colocaram alguém tão cínico no poder? Como conseguem? Será que são realmente umas bestas?
Adoro a música americana, acho excelente. Gosto do cinema - como já dizia bem o Leminski, ninguém entra pelo cano. Tem muita coisa boa em literatura. Mas de resto, ô povinho escroto.