Três contra dois em Aral, atacando de Dudinka
A frase "Quem não estiver alinhado aos EUA contra o terrorismo, estará contra nós", dita pelo presidente americano logo depois do atentado de 11 de setembro, já começou a ser posta em prática - e não duvidem que chegue por aqui no Brasil em breve. As Filipinas já receberam um ultimato para romper oficialmente relações diplomáticas com o Iraque, e expulsar do país todos os diplomatas iraquianos.
É engraçado. Se a guerra é assumidamente ilegal, rompe tratados e códigos internacionais, por não ter sido admitida pelo Conselho de Segurança da ONU, por que as retaliações diplomáticas têm que ser tomadas contra o país que está sendo invadido?
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Mais risível ainda é o email que circula por aí, pedindo que as pessoas não consumam produtos americanos. "Na hora de comprar carro, prefira Renault, nunca Ford ou Chrysler". Como eles adivinharam que eu estava indeciso? Não sabia ainda o que eu ia fazer com os R$ 100 que me sobraram para passar o resto do mês!
Quer dizer, eu estava indeciso entre depositar em uma conta no Citibank ou do Chase Manhattan - bancos que o email diz "nem pensar'. Acho que se eu entrar no Chase com R$ 100 neguinho me manda guardar dentro do colchão do faxineiro.
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Enfim, o mundo retalia: pela internet. Vem a guerra e triplica o número de charges, animações, textos, correntes, manifestos e afins pela grande rede, a gente recebe uma média de 15 emails diários sobre o tema. A maioria colocando Bush no papel de palhaço - no Brasil, sempre foi isso, escolhemos um só e pedra nele. Ninguém olha o Dick Cheney ao lado do Bush e diz, "caraca, esse filho da puta trabalhou com Nixon e Gerald Ford, é um tremendo ultradireitista, deixa o Le Pen com a cara do João Amazonas!".
O interessante é fazer piadinha com o Bush, que está no fundo ao lado dos mesmos caras que apoiaram o Saddam contra o Irã na década de 80.
Daí a minha posição de neutralidade - sou contra a invasão, que é ilegal. Mas não dá vontade de me alinhar ao lado do Iraque nessa história, sabendo que Saddam no fundo fez a mesma coisa, colocou americanos para atacar o Irã.
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"É interessante ver como o Saddam parece abatido, meio oprimido, discursando sem nenhuma pompa e circunstância, em um cenário simples". O comentário dos âncoras foi de lascar. Em primeiro lugar, não consegui ver o Saddam abatido depois de dez minutos de execução em rede mundial do hino iraquiano (que parece ter arranjos de Átila, o Huno, e regência de Gengis Khan - tataravô do Oliver).
Depois, o cara estava em um cenário simples, com cortinas, porque, ora essa, ele não podia dar a entender sua localização exata. Sem contar que até agora acho que o discurso de Saddam não foi ao vivo. E enquanto isso, a CNN publica matéria com oficiais americanos que acham que o Saddam era fake, um dublê de corpo.
Mais uma para a minha lista de profissões hardcore: dublê de ditador do Oriente Médio.
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