11 março, 2003

Duas novas leituras diárias
O Gato da Vizinha finalmente voltou a ter uma atualização boa, com novos contos e cybernovelas de Henrique Freitas e Renato Salles. Vale MUITO a visita. Os finais de todos os contos são completamente inquietantes, incômodos, beirando o non-sense e tangenciando sempre o horror. E na maioria das vezes, com humor.
Agora, mais do que ler o meu próprio blog, passarei a ler a revista eletrônica Claudio, a revista do homem moderno.
Se alguém tem alguma dúvida de que Claudio é sensacional, basta ler a circular (ATENÇÃO: HISTÓRIA VERÍDICA) distribuída por um síndico, que foi parar lá na Cláudio sei lá porquê. É engraçadíssima.
Leiam abaixo:
CIRCULAR 01/95-E
Rio de Janeiro, 07 de agosto de 1995.
Prezados Condôminos(as) e/ou Moradores(as) Não. Desta feita não se trata de reclamação contra as crianças nas suas bricadeiras no "play-ground", estas muitas vezes abusivas e desrespeitosas. Trata-se, isto sim, de denunciar. Denúncia que pacientemente esperei que alguém, entre os muitos atingidos identificasse em sua vizinhança o causador (ou causadores) da bricadeira (ou que outro nome tenha) de extremo mau gosto provocada, quase que diariamente, por adolescente morador em apartamento superior e que, no silêncio das 21:00/22:00 ou no da tarde de sábados, comete com frequência tal desatino. Adolescente, sim; identificado pelo tom de voz de um grito alucinante que é emitido quando lança um saco plástico cheio de água na área interna de ventilação do prédio, como que imitando um suicídio. A voz é quase adulta, embora o evento parta de alguém com mentalidade infantil de pouca idade, incapaz de distinguir uma ação ridícula que provoca certo vandalismo psicológico. Essa pessoa, sem consciência individual que caracteriza cada personalidade, age como se fora um psicopata. Por certo se aproveita da ausência de adulto, para expandir seus instintos de morbidez, pois jamais teria apoio de seus pais (ou responsáveis) para cometer atos que são próprios de psicologicamente doentes ou mesmo de quem esteja agindo sob efeito de drogas. Os moradores diretamente atingidos, entre os quais está este Síndico, são os dos apartamentos que tem comunicação com a área interna do prédio, seja pela área de serviço, seja pela janela do quarto lateral a referida área interna. O susto é duplo. Primeiro ouve-se o grito de terror para em seguida ouvir-se o baque por sobre a lage térrea da área. O objetivo do insesato é então atingido porque consegue assustar boa parte dos moradores que, muitas vezes protestam de suas janelas. E, por vez, percebe-se que risos sarcásticos partem de algum lugar que não se consegue identificar. Diante de tal fato (triste e decepcionante) parece fácil ao morador responsável pelo apartamento de onde parte o inconveniente, identifica-lo, uma vez que sabe os dias (ou noites) que estava ausente e que alguem abusou dessa ausencia. E, nesta altura a denuncia se transforma em apelo veemente para evitar a reprodução do fato, antes que o desequilibrado resolva acompanhar, em voo livre, o objeto que ele lança em momentos de desatino. E aí ter-se-ia uma caso de polícia dos mais graves e, profundamente lamentável, atingindo em cheio toda a reputação da nossa comunidade, como é fácil de se prever. Contando com o espírito de compreensão e colaboração do prezado morador envolvido, firmo-me. Atenciosamente
F.I. SINDICO