11 março, 2003

Novelas
Costumo dizer que a última novela que acompanhei na vida foi "Roda de Fogo". Não tenho nenhum prurido intelectual contra novela, apenas acho chato, só isso. Se eu fosse intelectual ao ponto de colocar novela em um plano inferior, porra, não veria JACKASS, programa onde Johnny Knoxville testa em si mesmo uma culhoneira mandando moleques de nove anos darem chutes em seu saco.
Só não vejo novela por questão de tempo, horário e saco. Acho chato mesmo.
Essa do Manoel Carlos, então, vi hoje um capítulo na casa de minha namorada e achei uma bosta. Cenas surreais, incríveis. Uma neta idiota que quer comprar um vestido de 700 reais. Aí colocam um idoso que tem uma caixinha onde guarda dinheiro. O idoso dá a porra do dinheiro para a netinha comprar o vestido de 700 reais, ao invés de dizer "minha filha, vai dar esse rabo na esquina".
Aí, na hora em que o idoso abre a caixinha, a mina olha comprido, a câmera "TCHARAM" em cima das notas, porra, CLARO que a mina vai roubar mais dinheiro do próprio avô - isso depois do velho ter sido bondoso o suficiente para financiar um vestido de 700 reais - quando na verdade deveria colocar a garota para lavar vestidos, no tanque, esfregando, para ela ter noção da vida.
Não sei como nego gosta de ver isso. Repito, olha que eu gosto de Jackass.
Na outra cena, uma garota vira para o José Mayer e diz com voz cândida: "Eu sei que você só liga para a gente agora porque a mamãe morreu". E dá um beijinho no papai.
Caralho. Quer dizer que é assim? "Eu sei que o senhor é um filho da puta", e beijinho e cafuné?
Segue a cena, a mina vai parar num grupo de trintonas. Uma delas diz a inacreditável frase (a atriz, diga-se, é de quinta categoria): "Fulaninha, estava vendo você ali com seu pai e pensando como vocês estão superando tudo, que maturidade você está demonstrando. Olha, você pode pensar que é uma ferida que não vai se fechar nunca, tá, mas o tempo, o tempo há de mostrar que a gente sempre tem energias de reserva".
Isso declamado, que nem na terceira série, quando a "fessôra" pedia para a gente ler trechos de livros da Maria José Dupret ou aqueles da coleção do Escaravelho do Diabo.
É, eu não gosto de novela. Prefiro jogo da série B do Brasileiro ou até um bom Francana x Oeste, da série A-2 do Paulistão.
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Mas "Roda de Fogo" foi um novelaço. Tinha o Tarcisio Meira doente terminal, o personagem era o Renato Villar, milionário filho da puta, que botava no rabo de todo mundo, mas que, ao saber do câncer no cérebro, virava bonzinho com todo mundo. Eu morria de tanto dar risada dele bonzinho.
Tinha uns momentos em que o Tarcisio virava para a Bruna Lombardi (Lucia), colocava a mão na têmpora e começava a tremer e dizer com a voz estranha "LUCIA, LUCIA, EU VOU MORRER, LUCIA".
Sensacional. E convém não esquecer do Felipe Camargo fazendo papel de filho rebelde do Renato Villar - a ideologia dele consistia em andar por aí com um taco de....GOLFE!
Muito, mas muito engraçado.