30 junho, 2002

É PEEEENNNNNNTAAAAAA!!!!!!
Como é bom ter orgulho de ser brasileiro! E como é bom ser pentacampeão do mundo, fazer o que ninguém pode fazer, colocar Novos Baianos para tocar "Brasil Pandeiro", imaginar os dribles dos Ronaldos, de Rivaldo, de Cafu, e cantar junto que o Tio Sam anda querendo conhecer a nossa batucada. Que lindo é Ronaldo roubando a bola, que lindo é Rivaldo chutando, e o Fenômeno nascido em Bento Ribeiro, mais um dos subúrbios que provavelmente hoje sofre com a violência, mas ver esse subúrbio explodir em felicidade ao ver um de seus filhos detonar a muralha ariana da raça pura alemã com um salto de oportunismo e brasilidade!
Não, não se trata de vingança de Terceiro Mundo ou revanche. Se trata de um pecado que só tem abaixo do equador, se trata de uma paixão, da felicidade de todo um povo, não de alienação. Alienação? Sim, que seja um ópio, delicioso ópio que não mata, que não faz mal à saúde mas que une ricos e favelados sem necessariamente ser um metrô lotado às seis da tarde. É um ópio que nos dá Rivaldo, Ronaldinho, Roque Júnior, Ronaldo Nazário, Roberto Carlos, que nos deu Romário. Até ele esteve nessa conquista, no bico de Ronaldo contra a Turquia. Explodindo corações até na distante Amazônia, fazendo vibrar o mais afastado dos vaqueiros nos pampas, acendendo luzes em favelas.
Como é bom ter orgulho de ser brasileiro! Rever mil vezes, sem se cansar, as cenas da Copa, ver Denílson perseguido pelos turcos, ver Ronaldinho Gaúcho entortando os ingleses, relembrar Roberto Carlos torpedeando chineses, vislumbrar mais uma vez Rivaldo disparando arte contra os belgas. Abre a porta e a janela e vem ver o sol nascer - cantam os Novos Baianos, abre a porta e a janela, eu canto, chama teu vizinho, e o abraça dizendo que ele também é Pentacampeão. Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Vavá, Amarildo, Bellini, Mauro, Zito, Jairzinho, Gérson, Rivellino, Carlos Alberto, Romário, Bebeto, Dunga, Taffarel, Rivaldo, Ronaldo. Principalmente Ronaldo.
Como é bom ter orgulho de ser brasileiro e ter o artilheiro da Copa, Ronaldo, com oito gols, como é bom ter orgulho de ser brasileiro e poder dizer que Ronaldo protagonizou a maior volta por cima da história do futebol. Ora, mas que surpresa? Não é nosso o verso "levanta, sacode a poeira e dá volta por cima"? Pois foi isso que fez Ronaldo, e é isso que o brasileiro faz todos os dias. Só que não mostra pro mundo, porque o mundo não lhe dá atenção.
Ronaldo chamou a atenção do mundo, e mostrou o que a gente sempre quis mostrar - o levantar, o sacudir a poeira, o nosso dar a volta por cima. O mundo todo vê Ronaldo, o mundo todo lê Ronaldo nesse momento. O mundo todo sabe que o Fenômeno voltou para ganhar uma Copa para o Brasil.
Deus está olhando lá de cima: que domingo é esse em que só um pedaço da América do Sul que Eu fiz está pulando, sambando? Que segunda-feira é essa em que vários naquele pedaço estão vestidos de amarelo? Por que desde 1958 Eu já vi essa cena cinco vezes? Será que Eu sou brasileiro e não sabia?
Talvez Deus não saiba que é brasileiro mesmo - ditadura, miséria, violência urbana, Collor, inflação, FHC, tanta coisa errada. Talvez ele tenha até esquecido. Mas num rompante se lembrou, e descarregou a raiva pelo esquecimento toda em cima de Oliver Kahn, que soltou uma bola para o Fenômeno marcar e fazer Deus e todo o nosso povo esquecerem de novo por um instante tudo aquilo que há tantos anos dói no peito - e inclua-se junto àquelas coisas ruins também a derrota para a Itália em 1982 e as derrotas para a França em 1986 e 1998. Derrotas mentirosas, afinal, o Fenômeno mostrou a Verdade:
O mundo inteiro tem que aturar: o Brasil é Pentacampeão.

27 junho, 2002

Luto
Noticiário do site da BBC, urgente:
John Entwistle, bassist for the British rock group The Who, has died in Las Vegas.
Entwistle, aged 57, died on Thursday, a day before the group was scheduled to begin a concert tour in the United States.
The cause of death is still under investigation but is not believed to be suspicious

Deu vontade de pedir a Deus: "Chega, né?"
Depois de nos levar George Harrison no ano passado, eis que John Entwistle, disparadamente o maior baixista que eu já ouvi tocar - quem me conhece de perto sabe que não estou falando isso à toa, só porque ele morreu - ir para o colo da Indesejada.
Dessa vez, a porrada foi grande, e o The Who definitivamente deve entoar seu canto do cisne, pois Entwistle é realmente insubstituível. Claro, muitos argumentarão - com toda razão - que Keith Moon, o baterista, também era. Mas Moon foi substituído por Kenney Jones dando origem a praticamente um novo Who - também muito bom. Com Kenney Jones, gravaram Face Dances e It´s Hard, dois discos que nada têm a ver com aquele Who vigoroso que estávamos acostumados a ver.
Mas Entwistle, no meio da candura que é aquele disco Face Dances, proporciona o momento mais Who, o momento mais hard de todos, que é "The quiet one".
Everybody calls me the/Quiet One/You can see, but you can´t hear me
Por muitos anos isso foi quase a trilha sonora da minha vida. Bastava um atropelo, um senão, uma frustração, e tudo ficava certo naqueles quatro ou cinco acordes de um riff capaz de fazer o Nirvana parecer um canto gregoriano. E Entwislte berrava.
Me lembro das vezes em que, aos 16 anos, subia pelo Morro da Urca para entrar na festa Noites Cariocas, só para ver vídeos no telão. Se hoje já sou baixo, aos 16 era um pirralho, franzino, que só queria a música redentora: o rock and roll. E vinha Entwistle tocando com seus milhares de dedos um baixo gigantesco, enquanto soprava com uma voz gutural: "Boooorris the spider!".
Era a realização. Ainda tinha "Dangerous", do It´s Hard, composição dele, Can you see me/Watching you in the darkness/Touching you like a sickness/Fear is take control, canções que eu e meus amigos de então berrávamos junto enquanto Pete Townshend, narigudo, gênio e complexado praticamente se fundia com uma guitarra.
John Entwistle realmente fez parte da minha vida até agora. Continuará, com certeza. Mas é impossível não ficar uma grande tristeza ao saber que um gênio da música se foi, que sua produção parou. Me soa como uma Injustiça Divina - nós que ouvimos falar tanto em Justiça Divina, deveríamos reclamar, pedir a Deus que desse imortalidade aos músicos, e Ele responderia, "mas Entwistle já não a tem?", e eu sorriria em lágrimas.
The Quiet One se calou de vez.

26 junho, 2002

Um reacionário
Sim, estou me tornando um reacionário, aos poucos, admito isso. Acho que é uma defesa natural do ser humano, que nasce no cinismo - naquele cinismo que permitiu que as favelas crescessem e virassem sedes do tráfico: "Enquanto não está me afetando, tudo bem". Pois é, mas talvez eu não seja tão cínico, porque desde que comecei a trabalhar em jornal diário, em 1994, que a violência me afeta - hoje, com esportes, vivo melhor. Mas sempre me afetou ter que entrevistar famílias de vítimas, ir a enterros, ver corpos de crianças mortas, ver crianças como Camila Lima, em Vila Isabel, com uma marca de bala no pescoço (fui o primeiro a chegar ao local) e depois ficar paralítica, enfim, a violência sempre me perturbou - e mais um pouco ao lembrar que o comércio de armas é tão frugal quanto comprar banana na beira de estrada.
Claro, quem vai proibir ou, como disse muito bem o Hélio Luz, mandar fechar a fábrica da Colt nos EUA?
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Mas ultimamente a violência tem chegado tão perto, que tenho cinicamente sido um reacionário. Sim, porque não dá mais para aguentar coisas desse tipo. Como bem já noticiou o Maggi em seu blog, a mãe de um colega nosso, o Márcio Reis, foi brutalmente, estupidamente assassinada, na frente do marido e da filha, nesta terça-feira. Os detalhes você vê aqui no Globo On. O crime, como está lá descrito, é de uma futilidade e uma indiferença pela vida que chegam a assustar, muito mais do que revoltar. Não houve resistência, não houve discussão, simplesmente um débil mental resolveu que a vida daquela pessoa tinha que acabar. E pronto, atirou, matou a mãe de um cara que sempre foi alto astral, alegre, gente boa, com quem trabalhei na Globo.com, que como estagiário me ensinou muita coisa sobre internet.
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Quando soube do que tinha acontecido, eu mal conseguia exprimir a indignação. Mas não sei se é um reacionário que habita em mim, não sei se nessa hora a gente não consegue pensar racionalmente, mas o fato é que não consegui pensar em tratamento humano para a dupla de assaltantes idiotas, cretinos e imbecis que não tem a menor noção do valor da Vida.
Só consegui pensar em acorrentar os dois em algum lugar público, onde a família do Márcio pudesse passar todos os dias antes de ir pro trabalho e chutar a cara, bater com um porrete, socar o estômago, enfiar a sola do pé nos cornos, algo assim. Dar a eles algo do mesmo nível de estupidez desse crime idiota, bárbaro, estúpido.
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Eu não vejo mais perspectivas. O problema não é que a polícia evoluiu pouco ou o Estado perdeu o controle. Isso pode ter acontecido. Mas o problema maior é que nem os bandidos são a mesma coisa - na década de 70, eu contaria nos dedos os crimes cometidos assim a sangue frio. Ou tinha passionalismo na história, ou era bandido contra polícia. De cinco anos para cá, são centenas de histórias de inocentes - mulheres principalmente - que morrem porque mexeram no cinto de segurança ou porque mexeram no freio de mão ou coisa assim.
Os bandidos hoje estão mais armados e mais insanos.
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Só posso torcer por paz, para toda a família do Márcio Reis.

25 junho, 2002

Informações à praça -2
Camaradas, a coluna da Lance A+ será compartilhada, ou seja, volto com ela daqui a três domingos.Só para avisar, caso alguém for olhar a revista e tomar um susto com minha ausência! Enquanto isso, três feras estarão martelando naquele espaço: Cristian Klein, Erich Beting e um terceiro ainda não confirmado que é do primeiro time do jornal.

Informações à praça
A partir desta terça-feira, volto ao dia, ou seja, trabalharei a partir de 8h30. Só voltarei à madrugada caso haja uma tragédia na quarta e a Turquia se torne finalista da Copa. Caso contrário, acabam as noites.

23 junho, 2002

Algumas deste domingo de preguiça
Leio no Segundo Caderno de O Globo uma boa matéria do Mauro Ventura sobre o filme "Cidade de Deus", inspirado no livro homônimo de Paulo Lins. Acredito que deva ser um filmaço, até porque a co-diretora é Kátia Lund, que produziu - com João Moreira Salles - aquele que é na minha opinião o mais comovente documentário sobre a realidade do Rio de Janeiro: "Notícias de uma guerra particular".
Ela dirige o filme com Fernando Meireles, que eu não conheço, mas que fala muito bem da história toda. Até que, de repente, inexplicavelmente, o homem derrapa na pista e vai para a caixa de brita (logo depois da frase "o filme não alivia ninguém, isto é, quase ninguém):
- Ficou de fora do filme a parte de crítica à classe média, por sustentar com seu vício as armas, etc
Dupla derrapada. Além de confessar ter deixado de fora do filme logo a parte da classe média, ainda mostrou certo desconhecimento de causa, pois não é só a classe média que cheira. As favelas estão cheias de pessoas honestas, que trabalham, mas que gostam de cocaína. Assim como pessoas honestas e ricas e que não vivem sem cafungar.
Mas nada vai me impedir de ver este "Cidade de Deus", deve ser, como eu já disse, um filmaço.
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Vitória de Barrichello. Já sei como será a semana: caixa postal entupida de gifs e brincadeirinhas com Rubinho. Haja saco.
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Meu amigo Alfredo Herkenhorff, secretário-gráfico do Jornal do Brasil, jornalista até a alma e último bastião dos anos 70 (amigo de Sérgio Sampaio, botou muito o bloco na rua), está plenamente recuperado de problemas de saúde e já inventando moda: desta vez, é um livro em homenagem ao Jobi, bar que nem precisa ter calçada da fama para ter a marca dos pés do velho Alfredo. Recebi com felicidade e surpresa o convite para que eu escrevesse um dos textos do livro - pedido que atendi prontamente, claro. Assim que Alfredo me passar o nome do livro, começarei ampla divulgação. O homem merece - Alfredo é das coisas melhores que a humanidade produziu, em termos de caráter e talento. E rubro-negro rôxo, claro.
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O camarada Renato de Alexandrino, dono de um dos melhores blogs da rede, é devidamente citado na minha coluna da revista Lance A+ esta semana. Quem não encontrar a versão papel na banca, pode esperar até quarta-feira e ler aqui nesse link.
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Tudo com jeito de novo: Copa chegando ao fim, o Brasil, se Deus quiser, campeão, o inverno chegando, o calor senegalês indo embora por uns meses, umas folgas boas, a volta ao horário normal, coluna para escrever, Flamengo na Copa dos Campeões, alguns CDs novos que eu vou comprar, livros, enfim, parece como o Natal quando a gente é criança. Mudança de estação.
Desejo mudanças de tudo para todos, mas só em time que está perdendo ou empatando.
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E, claro, uma boa semana. Com Brasil na final.

Minha prima
Amanda, minha prima, está escrevendo no site da cidade onde ela mora, Barbacena. O endereço do site é http://www.barbacenaonline.com.br; desnecessário dizer que meu orgulho é gigantesco. E acrescento: minha prima, que tem 20 anos, e acaba de entrar para uma faculdade de comunicação, escreve críticas de cinema um milhão de vezes melhor do que muitos criticozinhos de bosta que assinam nos nossos jornais. E em qualquer discussão sobre cinema, minha prima dá um banho em mim e em qualquer "dândi" que acha que sabe tudo do assunto.Tenho o maior orgulho de tudo o que fez por aí - aos 19, já foi aos EUA, coisa que ainda nem esbocei fazer...
E o que é melhor, não conta vantagem em cima disso. Agora, Amandinha, pelo amor de Deus, não vai dar certo chamar a Julie Delp y de morna...ela é mulher para casar!
Segue a crítica:
TRILOGIA DAS CORES
Nossa coluna desta semana homenageia Krzysztof Kieslowski (1941 – 1996) um diretor polonês que produziu três das melhores obras da década passada. Influenciado por seu compatriota Andrzej Wajda, Kieslowski fazia filmes para pequenas platéias, estreando no ano de 1979 com uma sátira à corrupção dentro de uma fábrica intitulada "Camera Buff", sem título em português.
Com uma câmera introspectiva e que sempre se preocupou antes de tudo em humanizar a tela, Krzysztof Kieslowski dirigiu antes da trilogia outros três filmes famosos no Brasil: "Não Amarás", "Não Matarás" e "A Dupla Vida de Verónique", todos três disponíveis em vídeo e que são obrigatórios para se conhecer a alma desse diretor, que tristemente se decepcionou com o cinema depois de filmar "A Fraternidade é Vermelha", declarando que não mais queria saber de trabalhar com cinema, nem sequer via mais filmes, e disse que o cinema não possuía emoção suficiente para ele, e se dedicou à pintura; apenas por poucos meses, vindo sofrer um ataque do coração em ‘95 e a falecer deste mal logo depois.
Mas emoção é o que há de sobra nestas três pequenas obras-primas que pintam um retrato muito poético, ora pessimista sobre a europa unificada do fim do século XX. Sobre essa trilogia das cores (da bandeira da França), Kieslowski declarou tê-los feito contra a indiferença, em especial o último (e certamente o melhor), "A Fraternidade é Vermelha". Seus filmes são sim, respostas sensíveis e muitas vezes tímidas à frieza do mundo. Os retratos se inter-relacionam e culminam com uma das mais belas passagens do cinema, o desfecho d’A Fraternidade é Vermelha"; mas comecemos em ordem pois para se entender o espírito da trilogia é necessário que se assista aos três filmes, na ordem certa, e de preferência seguidamente.
"A Liberdade é Azul" conta a estória de Julie, vivida por Juliette Binoche, que acaba de perder o marido e a filha em um acidente de carro e com isso começa a ver as coisas de modo diferente, percebendo as outros seres ao seu redor, descobrindo a libertação de tudo.
A morte não é tratada no filme apenas como perda, mas como simulacro da tal libertação, e a fita tem interrupções, intermezzos de quase dois segundos em determinadas cenas, onde tudo escurece e começa uma música composta pelo marido falecido, o que significaria uma pausa, um pequeno vôo da alma da personagem, uma síncope no dia-a-dia atribulado cheio de pequenos problemas aqui e ali, onde a personagem parece nunca se encaixar. É como se ao perder as pessoas que mais amava, Julie se atirasse com paixão, porém com serenidade a uma reflexão onde ela se permite uma reaproximação com a mãe, com a vizinha (que representa um antagonismo ao personagem de Julie, por ser uma stripper sem qualquer laço afetuoso com ninguém), com um antigo amor e até com uma amante de seu falecido marido.
Buscando algo de grandioso na vida, ela parece estar nascendo de novo.
É essa a impressão que se tem nas cenas em que ela nada (e ela nada o filme inteiro) , na mais azul piscina já filmada até hoje.
É apoteótica a fotografia deste primeiro filme da trilogia (assim como de todos eles) e ao final da película, você está convencido de que a liberdade é de fato azul, muito azul.
"A Igualdade é Branca" é tido por muitas pessoas, justamente, como o menos importante dos três filmes e o menos importante de Kieslowski em toda sua carreira. Na tentativa de fazer uma comédia, o diretor acabou fazendo dele o mais deprimente e mordaz; é sim, em alguns momentos, cômico, mas extremamente cruel ao retratar a vida de Karol, um polonês que após ser importunado até a loucura e abandonado pela mulher Dominique, (a morna Julie Delpy). Ele se encontra na fria Paris sem falar uma palavra de francês. A situação de nenhum imigrante é fácil em nenhum lugar do mundo, mas no caso de Karol a banda vai tocar de modo diferente, ele enriquece e começa então a tramar uma para Dominique, querendo que ela sofra,apesar de amá-la loucamente;
O filme fica doentio e perturbador ao lidar com esse paradoxo do amor X ódio, riqueza e miséria, fazendo uma clara analogia ao fim do comunismo.
Tratar do tema de imigrantes em um filme que homenageia a igualdade foi o trunfo de Kieslowski, que carregou no gelo e na neve para caracterizar o tom glacial deste filme, que, na minha vã opinião, apesar de ser o menos brilhante dos três, é onde mais se esclarece a versatilidade de Kieslowski ao transformar cores, cenários, fotografia em não apenas mais uns elementos, mas sim personagens do filme. Na cálida brancura da igualdade, a mensagem deste filme é a mais política e crítica da trilogia.
E finalmente, "A Fraternidade é Vermelha", dos três, o mais festejado, mas que não dá pra ser visto (não é recomendado, entenda-se) sem que se veja antes os outros dois. A Fraternidade conta a estória de Valentine e seu encontro com Rita, uma cadela por ela atropelada, cujo dono é um velho juiz aposentado vivido por Jean- Louis Trintignant, que distrai todas as suas horas ouvindo clandestinamente as conversas telefônicas de seus vizinhos. Valentine, docemente vivida por Iréne Jacob, decide levar a cadela Rita ao seu dono e assim conhece o velho juiz, amargurado e só, cuja estória de vida é cheia de perdas. Nesse encontro, mais que acidental, se revela a face humana do filme, (e de Kieslowski) quando Valentine, apavorada com as atitudes e falta de perspectivas do velho juiz, (que, sintomaticamente nem nome tem no filme, parecendo representar o próprio velho continente, encarquilhado e sem esperanças) decide então arrancar de seus olhos as lentes cor-de-rosa e passa de uma modelo fotográfico, superficialmente conformada e passiva, a de repente começar a querer enxergar a verdade, que é traída, sozinha também e resolve agir contra as injustiças, as indiferenças do mundo. Fosse em Hollywood, Iréne Jacob vestiria uma capa, daria uma pirueta e se transformaria na mais nova heroína do cinema salvando Nova Iorque de um ataque aéreo; mas como isso é apenas mais um episódio do cinema nada fantástico de Krzysztof Kieslowski, ela se contenta em salvar do tédio absoluto um velho deprimido, uma cadela moribunda e um irmão viciado em drogas. E sem apelar para um lado piegas, o filme reúne no fim todas as características humanistas dos outros dois, e tem o desfecho que merece, lavando a alma do espectador. Sem cair nem um segundo o ritmo ou a narração, A Fraternidade é Vermelha se firma como o canto de cisne de um grande diretor, um dos melhores filmes de fim de século, genuíno exemplo de como se deveria fazer cinema.

21 junho, 2002

cromoblogterapia

Post branco
É quase baiano, esse post, de tão preguiçoso. Tem muito para dizer, mas fica assim meio evasivo, meio oco, aquele punhado de letrinhas tentando significar alguma coisa, mas no fundo, no fundo é só um comentário quieto, querendo apaziguar alguma coisa dentro da gente e termina assim, de repente.

Post azul
É feito de mansinho, sem pensar demais, escapole feito um sorriso dado a pessoa querida quando ela segura de leve seu braço, brincando, numa tarde gostosa.


Post preto
É um vômito de angústia ou de mau gosto.

A Copa de remelas
Preciso fazer alguns comentários remelentos sobre a Copa. Não consegui assistir a nenhum jogo do início ao fim. Mesmo assim, com o pouco que vi, pude ter certeza que o Galvão Bueno é histérico; que sem o Senegal esta Copa estaria ainda mais sem graça e que o Rivaldo não é tão ruim quanto pintam, pelo menos na minha opinião de pessoa que sabe tuuuuuuuuuuuuudo de futebol. Mas o que mais me impressiona é a disposição da rapaziada do "Alzirão", na Tijuca.

Ladies and gentlemen....
Apresentando a vocês - para quem ainda não conhece, claro - diretamente do site Falaê, Tarsila Tzara, e um miniconto inédito.
Sonho realizado
por Tarsila Tzara
Decidira que homem nenhum chegaria lá novamente. Não permitiria a ninguém profanar tão sagrado túmulo. Só o vento poderia chegar para que a seu filho ventilasse.Não se recuperara da perda do filho amado. Aquela gravidez havia sido sonhada por toda sua vida. Cada peça comprada para o enxoval era delicadamente perfumada e guardada. Teve de desistir de conhecê-lo quando se anunciou por um filete de sangue que o ventre da mãe jamais deixaria de ser sua casa. Seria ela sua eterna pousada.
Andava nas ruas da cidade com desatenção. Tropeçava nas calçadas, esbarrava nas pessoas. Certo dia, sem perceber passou no meio de um tiroteio num cruzamento no bairro do centro. Um bandido que assaltava uma agência bancária, ao mirar um policial acertou nela que passava distraidamente por ali. Caída no chão, cercada de gente estranha, agradeceu com carinho ao assaltante pois finalmente poderia embalar o filho em seu sono eterno.


20 junho, 2002

Desconhecidas
Vi de longe, no ponto de ônibus, em frente ao Bob´s da Praia de Botafogo. Pele muito branca, nariz proeminente ma non troppo, olhos meio claro de cor indefinida - mas espertos. Sei lá o que pensava Deus ao criar as mulheres com olhos espertos - se é que é exatamente coisa d´Ele. Pelo mal que fazem ao meu coração, não parece. Afinal, tudo o que faz bem ao coração chamamos divino - e vice-versa: a música, o vinho, o sexo. Amor não. Amor tira o ritmo.
Só sei que além de tudo, os cabelos, presos, eram ruivos. Não tinha a pele bem tratada - vários defeitos, que só a tornavam mais interessante, afinal, a impressão que me passam as mulheres perfeitas de corpo e de rosto é que passam o dia cuidando disso e portanto não exalam mais nada que isso.
Essa ruiva não, tinha algo nos olhos espertíssimos que me desestabilizava. Obviamente que pegamos o mesmo ônibus, o 107. Lotado. Nos separamos visualmente e assim que chegou ao Pinel e desceu um pouco de gente, pude revê-la. Séria, mas com olhos sorridentes. Reparei nas mãos, no modo como se segurava, e o que fazia com a outra mão desocupada. Mãos longilíneas.
Quase abordei-a, com algo do tipo:
- Olha, desculpe, isso não é uma cantada barata, acredite, mas a gente não se conhece de algum lugar?
Ela iria talvez sorrir ou então gargalhar, pensando, "como esse cara ousa, olhe para ele?", e era eu voltando de plantão na madrugada, barba por fazer, óculos escuros, em 1,60m de pensamentos passionais. Bom, de repente ela falaria "não sei", e eu emendaria algo. E me sairia:
- E agora sim, é uma cantada barata: existe possibilidade de nos encontrarmos novamente?
Talvez não desse tempo de ela responder - ou ela gargalhasse antes e aí sim teria se esgotado o tempo da resposta. Ela desceu depois da Uni-Rio, atravessou a rua e sumiu na névoa, eu segui em frente. Provavelmente nunca mais verei aqueles olhos espertos, aquela pele branca. Não terei nem a chance de vislumbrar um futuro feliz ao lado dela, acordando cedo, fazendo café para os dois, dividindo e brigando pelas melhores partes dos jornais. Nem mesmo a oportunidade de segurá-la por poucos minutos contra o peito, e beijar a ruiva olhando para os cabelos/penugem que ela deve ter perto das orelhas. Foi-se, e eu também me fui, havia outros delírios para concluir, um sono de oito horas para ser feito.
E aí fiquei pensando mais uma vez que amor é isso mesmo, uma mistura caótica de sonhos e hormônios.

Como irritar o GustavoAcabei de ler no O Globo que o cabeça-de-área Messias se apresenta hoje no Flamengo e que seu passe pertence ao Prudentópolis (PR). Com esse reforço, agora vai.

Hackers
Minha amiga Beth está no Itaú resolvendo problemas na sua conta-corrente. Hackers invadiram o sistema do banco e transferiram valores altos - só de um cliente que trabalha com ela e recebe pelo banco foram retirados R$ 5.500,00. Por sorte, a conta dela foi bloqueada a tempo. O dinheiro foi para uma conta de uma empresa em Recife e já foi sacado. É por isso que eu não tenho dinheiro, pra evitar esse tipo de aborrecimento.

Não interessa a ninguém, mas...
...tem uma banca ao lado do metrô da carioca que vende livros novos, quero dizer, em bom estado, por 3,00. Comprei “As pompas do mundo”, contos de Otto Lara Resende, boa leitura.

...aos sábados, na esquina da rua General Glicério com rua das Laranjeiras, um senhor vende variados livrinhos de literatura de cordel por dois reais cada.

...os melhores LPs da juventude do Gustavo são vendidos diariamente na calçada da Avenida Rio Branco, precisamente na Caixa Econômica Federal - Av. Almirante Barroso, depois das18h30.

...estou sem a menor vontade de fazer nada. Só de dormir.

Coluna da revista
Quem não conseguir a revista Lance A+ no fim de semana pode ver minha coluna clicando aqui toda quarta-feira à noite.

19 junho, 2002

Algumas
notas de Gustavo de Almeida, direto do outro lado do fuso horário
Acertei o link para o blog da Ione, agora quando se clica aí na tabela lateral, é o blog da Ione mesmo. Acertei também o da Isabela. E incluí o de uma moça muito interessante: Tarsila Tzara, pseudônimo para uma criatura feminina com vasta história de vida - entre outras coisas, abandonou a vida no meio Administração para se dedicar a Artes Plásticas.
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O blog A Copa vista da Cozinha só será atualizado após Brasil x Inglaterra, respeitando o intervalo inacreditável sem jogos da Copa do Mundo.
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Um amigo perdeu a mãe recentemente, e eu não pude ir ao enterro, por mais que eu tentasse. Obviamente fiquei extremamente constrangido, e totalmente sem jeito de falar com ele e convidá-lo evidentemente para um merecido porre. Aí começou a Copa e me perdi de vez das pessoas. Quando eu achava que ele talvez ainda estivesse chateado, eis que o cara entra aqui no blog e coloca comentários me sacaneando! Incrível! E ainda me liga, deixando recado, perguntando se eu tenho o telefone da Milene do Ronaldinho. Bom, assim que eu chegar no jornal, olharei a agenda de lá.
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Aliás, é grande a quantidade de recados no meu celular depois que eu acordo, por volta de 23h (ou depois). Ou seja, é grande a quantidade de pessoas que ainda não fez a ligação Gustavo-Jornal esportivo-Copa de madrugada. Mas tá direito, daqui a pouco acaba essa Copa.
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Meu plano de reestruturação financeira segue adiante. A restituição do imposto de renda veio a calhar. Mais um mês e meio sem gastar nada e eu me considero com as finanças finalmente saneadas. Sabem como é, andei "esmerilhando" cartões de crédito em maio e não gosto de parcelar, só de pagar logo tudo....
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Aliás, "esmerilhando" é uma das expressões de infância que eu mais curto. Usava-se ao emprestar a bicicleta para alguém, "ó, não vai esmerilhar não, heim?", para o cara não frear em velocidade ou mesmo ficar batendo o inesquecível freio contra-pedal.
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Os três melhores artigos sobre Tim Lopes e Segurança Pública: Zuenir Ventura em O Globo de sábado, Arnaldo Jabor, idem, de terça e Rosental Calmon Alves, acho que na terça também, mas no primeiro caderno. Os três, lúcidos, realistas, objetivos, não essa chorumela de jornalista falando "eu te disse, eu te disse, não é para entrar com câmera escondida em lugar nenhum, eu te disse" (os mesmos jornalistas que elogiam quando a Globo faz isso e manda repórter fazer suíte).
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Perguntinha: até quando vão os programas "Big Brother Brasil 2" e "Fama", ambos da TV Globo? Essa galera toda vai ficar enfurnada durante a final da Copa do Mundo?
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Notícia boa para o mundo do rock n roll: os Allmann Brothers estão cotados para um show no ATL Hall. Se vierem com Warren Haynes, é totalmente imperdível. Sem Warren Haynes, é muito imperdível.
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Frase do dia: Dormindo eu não estou é gastando (filósofo 26)



Leve mau humor
Outro dia estava lavando roupa na minha aconchegante área, que chamo de caverna pois é quase fechada por uma enorme pedra, quando uma mulher, dessas que trabalham com pesquisa de mercado, me ligou, coitada, me interrompendo nessa hora tão meiga. Volta e meia ela me convida para participar de uma dessas reuniões misteriosas que você é escolhido não sabe bem por quê, escuta uma hora de baboseiras, prova um líquido daqui, fala de uma propaganda acolá e sai com vinte e cinco reais no bolso e algum brinde que pode ser um vinho, um porta retratos, uma caneca térmica ou sabe Deus o que. O problema é que a mulher me dá um perfil e tanto. ?Não esqueça, você tem dois carros, um Vectra azul e um Escort cinza metálico, mora num apartamento de três quartos, possui cinco aparelhos de som, três televisões, ganha R$ 3.500,00, lê o Globo, o JB e a revista Veja com frequência, assiste o Jornal Nacional, assinou as revistas Cláudia e Marie Claire há pouco tempo e viaja pelo menos uma vez por ano para fora; gravou??. Eles nunca comprovam nada, uma vez eu fui. ?Olha, eu já esqueci tudo, vamos fazer uma coisa, eu me lembrei agora mesmo que já havia marcado uma sessão de shiatsu pro meu gato no mesmo dia e não vai dar pra ir, fica pra próxima?. Depois que desliguei o telefone fiquei ainda mais mal humorada, liguei o som e dancei um pouco pra relaxar. Melhora. Agora ?sessão de shiatsu para gato?, não sei, não, mas eu estou "variando".

Raiva
Impulsiona mas também pode sufocar e eu não quero sufocar. De repente, me flagro dando patadas nas pessoas, fazendo grosserias, sem saber lidar com pequenos problemas.
Comecei a escrever um texto sobre política, por exemplo, e apaguei tudo quando me dei conta de que havia xingado, embora até mereçam, mas não é dessa forma que eu vou conseguir extravasar essa minha impotência. A incapacidade provoca raiva, a sensação de imobilidade, de estar com as mãos atadadas, de nadar, nadar, e morrer na praia, de ter que abaixar a cabeça e acatar a CPMF, a inconstitucionalidade de atos desse governo, o arrocho salarial sofrido por todos os aposentados que não sabem o que é aumento há oito anos, os preços no supermercado sendo alavancados, o cinismo, tudo isso causa embrulhos na garganta e mata o riso aos poucos.

Como fazer um cheque voar
Só agora eu entendi como um cheque pode ser voador. Acreditem, ele voa mesmo. Dei um cheque no dia 30 de maio que foi apresentado e reapresentado na minha conta esburacada e aí começou seu vôo alucinado, que dura até hoje. Assim que soube do problema com o cheque, corri atrás do nome anotado no meu canhoto para resgatá-lo e resolver o problema. O cheque não estava com a pessoa pra quem passei. “Ih, eu repassei seu cheque, talvez no posto de gasolina”. Pronto, irada, puta da vida, fui ao posto de gasolina, liguei dez vezes para o gerente e nada, o cheque não estava lá. A única solução? Fazer uma microfilmagem. Depois de uma semana de espera, chega o documento. Está lá o nome do safado que depositou duas vezes, sem me ligar: Edson “qualquer coisa” Martins. Agora tenho que localizá-lo (sem xingá-lo). Banco Bradesco lá na Barra – imagina se ia ser um banco aqui no Centro da cidade. Ligo pro Bradesco, deixo recado, e nada. Entro em contato com o primeiro cara para quem passei o cheque e informo o nome do cidadão. “Ah, claro, conheço o Edinho”, e me dá o telefone. Ligo setecentos e vinte vezes pro cara, preciso do cheque, e já não me importo se meu nome está no Banco Central ou não, o problema é eu ter que quitar todas as dívidas que tenho no banco, inclusive a do limite do cheque especial por causa de um cheque voador. O cara não me retorna, até que hoje eu consegui falar com o cara. Ufa. É por isso que eu não sei falar de política...porque sinto muita raiva.

Sugestão de presente
Se houver no mundo alguma moça bonita que queira despertar meu interesse afetivo, visando relacionamento futuro em que garanto plena felicidade, recomendo que procure nas lojas mais próximas o CD Are you passionate?do Neil Young, para me dar de presente. É garantia de um bom começo...

As frases mais incríveis da História Política Brasileira - 3
Aos poucos, vou atualizando as várias séries desse blog - com exceção da Mulheres que um dia amamos por causa da falta de material em estoque.
Nessa época pré-eleitoral em que todos os candidatos dão palpites sobre segurança pública, torna-se ainda mais comum a repetição do mesmo discurso. A meu ver, nada é mais comum que o candidato que chega em uma comunidade carente e manda "O prefeito vem aqui trazer saneamento" para ouvir um "nãããããããoooo" de meia dúzia de pobres eleitores desnutridos (que também jamais verão o candidato da oposição novamente).
Isso me lembra uma do livro Folclore Político, do Sebastião Nery - e sem consultá-lo eu dificilmente lembraria o nome do político: Mário Rosal. Este, tentando a vaga de deputado estadual pela terceira vez, chamou o jornalista (como ele) Lincoln Vasconcelos para dar um discurso no mesmo palanque. Ao que parece, não ajudou muito:
- Povo do Morro do Ouro, vocês tem luz?
- Nããããooo!
- Vocês têm água?
- Nãããããããoooo!
- Vocês têm hospital???
- Nããããããõoooo
- Então se mudem logo daqui, onde já se viu morar num lugar desses????
Com cabos eleitorais "sinceros" como esse, ficou difícil se eleger....
Em tempo: este blog vai falar mal de todos os candidatos, não abriremos nosso voto e não faremos proselitismo

18 junho, 2002

Lies
Acho a mentira um tema fascinante. Não a mentira deliberada, simplesmente para se livrar de um perigo qualquer. Mas a mentira como em um conto de Júlio Cortázar, do livro "Todos os fogos o fogo".
O cara vai para uma guerra e morre. A matriarca da família, que recebia cartas do filho toda semana, pode morrer se souber que o cara morreu. A família decide então que o herói de guerra não tem corpo, será enterrado lá mesmo, mas pode continuar escrevendo. E forjam, toda semana, uma carta para a senhora idosa. Todas as semanas prometendo que vai voltar.
A matriarca morre, sem saber que o filho já tinha morrido antes. O filho nunca voltaria.
No momento em que a matriarca morre, a família se flagra, cada um deles, se flagra pensando em como iria fazer para dar ao filho que tinha ido para a guerra a notícia de que sua mãe tinha morrido.
Enfim, um conto de mestre - e que me faz pensar sobre as várias mentiras que a gente vai alimentando. Uma delas, para mim, por exemplo, era a de ser disc-jockey de rock and roll. Depois de uns probleminhas de relacionamento, notei que não iria mais ser chamado, e aí decidi eu mesmo acabar com a mentira: não sou DJ de porra nenhuma. Mas eles também que não me encham o saco. E pronto - morreu uma mentira, e eu me senti melhor com isso.
Meu sentimento foi tão positivo que tive vontade de propor a todos meus amigos um Primeiro de Abril às avessas: o Dia de Acabar com as Mentiras. Principalmente aquelas entre homens e mulheres, que são as piores.
O pior: estou mentindo. As mentiras entre homens e mulheres podem ser lindas sim - a elas damos o nome de sedução. Que pode ser uma mentira em forma de perfume, de Plax anti-hálito, de lentes azuis ou mesmo de uma música do Sinatra tocada muito baixinho perto dos ouvidos de dois que se amam.
In the wee small hour of the morning.

17 junho, 2002

Estréia
Já está no ar o meu primeiro conto escrito em parceria com o André Machado.

Aleluia
Adorei as mudanças que o Gustavo fez aqui, adorei, adorei e adorei.

Em tempo de eleição
Tenho andado meio esquecido das minhas séries, principalmente a das melhores frases de políticos - culpa da Copa do Mundo. Este release, porém, eu não podia deixar de mostrar para vocês. Adianto que não tenho candidato às eleições e nem sei se vou votar no Lula mesmo, mas acho incrível o quando neguinho quer puxar o homem para baixo. Vejam este incrível release:
SERRA 47%, CIRO 25%  E LULA 3% NA PESQUISA ENTRE CAVALEIROS
José Serra é o candidato preferido para a eleição de Presidente da República do País entre os cavaleiros que participaram da XXXI Copa São Paulo de hipismo de salto, realizada na Sociedade Hípica Paulista neste final de semana. Na enquete interna feita com 177 entrevistados durante o concurso que reuniu os melhores cavaleiros do país, Serra ficou com 47,46% (84 votos), enquanto Ciro Gomes teve 24,86% (44 votos), Lula 2,82% (5 votos), Anthony Garotinho 1,69% (3 votos) e Enéas Carneiro 1,13% (2 votos). 39 cavaleiros (22,03%) ainda não haviam escolhido candidato. Além de profissionais do esporte hípico, os cavaleiros entrevistados são, em sua maioria, empresários, executivos e profissionais liberais.

Nova enquete
No blog A Copa vista da Cozinha, nova enquete, desta vez sobre quem é o maior mala desta Copa do Mundo. Eu mesmo ainda não votei, mas estou propenso a eleger o cara das Casas Bahia. 'Deixe a preguiça na reserva e vá correndo aproveitar estas ofertas" realmente é um slogan "genial".

Semana que começa
Para começar uma semana cuja segunda-feira tem jogo do Brasil, vou de Willie Nelson, uma música que na verdade eu conheço na voz do grupo californiano Cake. Sad Songs and Waltzes. A letra é muito legal, bem "sai da fossa" mesmo. Se alguém estiver precisando, recomendo ouvir.
Sad Songs and Waltzes
I'm writing a song all about you.
A true song as real as my tears.
But you've no need to fear it
Cause no one will hear it.
Sad songs and waltzes aren't selling this year.
I'll tell all about how you cheated.
I'd like for the whole world to hear.
I'd like to get even
With you cause you're leavin'.
But sad songs and waltzes aren't selling this year.

It's a good thing that I'm not a star.
You don't know how lucky you are.
Though my record may say it,
No one will play it.
Sad songs and waltzes aren't selling this year.

It's a good thing that I'm not a star.
You don't know how lucky you are.
Though my record may say it,
No one will play it.
Sad songs and waltzes aren't selling this year.




16 junho, 2002

Manhã, tão bonita manhã...

Essa imortal música de Antonio Maria e Luis Bonfá bem que poderia ter sido a trilha sonora. Estou em casa, sábado de manhã, acordado por volta de 6h, quando toca o telefone. São duas loucas querendo que eu vá tomar café com elas - e ligaram sem saber que a essa hora eu normalmente estou acordado mesmo.
Como não tinha outro jeito, fui. Pego a bicicleta e vou pedalando até a padaria onde elas estavam, e vejo nada mais nada menos do que um dos sujeitos que eu mais quero distância, calmamente, conversando com elas.
Não consegui deixar de me sentir mal pelo resto do dia.
Voltei imediatamente, porque não conseguiria ser falso e falar com o cara normalmente, a menos que já partíssemos para as vias de fato. Como era de manhã, minha folga, eu andando de bicicleta, optei pela paz.
Elas vão e me ligam - "volta, ele já foi" - e eu volto. Mas o gosto ruim continuou na boca. É detestável ver alguém desprezível assim, logo de manhã.
Esperei as duas loucas tomarem o café. Depois, elas disseram, "vamos ficar dentro do carro". Eu ainda compactuei por uns cinco minutos com a idéia estapafúrdia de ficar dentro de um carro a menos de 100 metros da minha casa, mas logo saí. As duas moram perto uma da outra - em Jacarepaguá, longe pacas daqui - e obviamente estavam naquela boate de terceira, cujo dono tem um cinismo de primeira, a Casa da Matriz.
Ao chegar em casa, ainda fiz uma oração pedindo que as duas loucas chegassem bem em casa. A mais pirada delas é que ia dirigindo - depois me lembrei que ela andou pelo Canadá, e pegou a noção de trânsito de um país desenvolvido, o que não é nosso caso.
Deus proteja os bêbados, as loucas e as criancinhas.

15 junho, 2002

Cores neutras
Depois de várias reclamações quanto ao tom de azul - entre elas, da outra moradora deste pedaço de internet - resolvi pintar as paredes da casa. Agora o azul deu lugar a um cinza-morno, mas eu descansa bastante os olhos, além de permitir ver bem as letras pretas. Tasquei também um vermelho no lugar do laranja.
Espero que essa tinta dure....

14 junho, 2002

Boa notícia
Em quase dez anos trabalhando em jornais (uns nove e alguma coisa), sem dúvida alguma esta foi a coisa mais bacana que me aconteceu, e eu quero compartilhar com os leitores desse espaço: a partir deste domingo, dia 16 de junho (quando se completam 40 anos da conquista do bicampeonato), estarei escrevendo uma coluna na última página da revista LANCE A+, que vem encartada no diário de esportes aos domingos.
Não sei quanto tempo vai durar, mas é uma sensação maravilhosa - e não foi pouco, não foi pouco mesmo que eu ralei esse tempo todo para ter direito a uma coluna e escrever na primeira pessoa.
Bom, como eu podia estar roubando, podia estar matando, mas estou aqui trabalhando, peço aos amigos que adquiram a revista (e o jornal junto), para que role um aumentozinho na circulação....
Agora, um dado estatístico eu já posso adiantar: os emails de mulheres desconhecidas que volta e meia recebo aqui por causa do blog sofrerão uma queda abrupta, com certeza, quase ao nível zero - e explica-se: a coluna vem com foto, e a foto tá tenebrosa. Eu poderia assinar Boris Karloff que ninguém ia notar a diferença.
Ah, mas aí vim pensando no metrô sobre esse lance de beleza ou feiúra, estética, etc. E cheguei a uma brilhante e inspirada conclusão: "Foda-se".
Bom, vocês me verão no domingo então. Depois mandem emails de feedback.....
Um bom fim de semana para todos.

A nuvem preta
Ela voltou, ela voltou.
Não vive sem mim, essa nuvem preta que me acompanha.
Não gosto de ficar desabafando aqui, mas parece que tudo em mim desemboca nas letras, nas frases. Desconfio que existe, dentro de mim, um escorrega por onde eu desço, por vezes suavemente, outras tantas de cabeça para baixo, em pé feito criança, gritando, brincando, de todo jeito, e que termina no embaralhar dessas letras.
Também o meu desabafo desce rápido nesse brinquedo e por desleixo caio de bunda. Também porque a voz, em certas ocasiões, é insuficiente. Poderia escrever um texto longo, xingar todos os que eu tenho vontade de xingar, extravasar minha raiva até diluir esse bolo medonho que me engasga, provocando lágrimas e mandar tudo pro inferno, só para não usar palavrão (embora nessas horas eles sejam fundamentais), quietinha, no teclar silencioso desse computador, depois mandar imprimir tudo em arial black bold corpo 22 e rasgar tudo em picadinhos e tornar a imprimir e rasgar, imprimir e rasgar, imprimir e rasgar. E continuar a fazer esse movimento de ida e volta que não me deixa sair do lugar, de pessoas que dão um passo a frente, mas assustadas, dão outro para trás. A receita é para cada passo dado a frente, um pra trás, e assim o tempo vai se consumindo, sem que o futuro venha, aquele futuro bonito e colorido que a gente deseja, aniquilando junto os nossos sonhos, a nossa alma e a nossa força de mudança, numa espera eterna e frustrada. A minha força não esgotou-se, mas me tornou velha senhora aos trinta anos; velha para decidir que não tenho mais tempo pra ser infeliz, velha para decidir que se essa nuvem preta cismar em me seguir será ela que terá que aturar a minha alegria, e não eu o seu destempero e cinzento horror pela vida. Que ela chore, não eu. Porque eu sei que não adianta chorar, que problemas existem à proporção da fome, mas os meus sensores não sabem, me traem, e não fui criada como uma heroína capaz de controlar os meus sentimentos. E é só por isso que eu choro, por não ser uma heroína. Se me sinto melhor? O deslizar desse desabafo dá um leve desaperto no coração mas não soluciona nada, eu sei. Mas escrever sempre vale um sorriso. Bom fim de semana.


Spams no hotmail
Já tentei de tudo, mas desisto. Não há como controlar a praga do Spam no Hotmail. Creio que a solução será desistir de ter. Já coloquei aproximadamente 1.500 endereços no Block Sender, mas não adianta. Creio que a Microsoft vende mesmo nossos endereços e depois dá um "migué" dizendo que tem bloqueador, mandando a gente evitar Spam, coisas assim.
Chega de Hotmail. Fiquei quatro dias sem acessar e quando entrei havia 16 Spams!

Metade do caminho
Folga hoje à noite. Nem sei que hora vou acordar. Mas pelo menos sei que metade do caminho já passou. Em mais 15 dias, volto a viver na luz do dia. Mais um pouco e eu passaria o carnaval ouvindo Joy Division.

Outra da CAT-List
Muitos amigos meus já são inscritos na lista do jornalista Carlos Alberto Teixeira, mas como tem muitos que não são, fica aqui o convite para lerem o último email dele:
Gostaria de lhes apresentar uma versão livre que fiz para o português a partir de um artigo publicado em 2002-05-26 no New York Times com o título "Fighting to Live as the Towers Died", escrito por Jim Dwyer, Eric Lipton, Kevin Flynn, James Glanz e Ford Fessenden. O original em inglês está em http://stop.at/par/wtclog.htm . A tradução foi publicada em oito partes na Parabólica do Globonews.com e pode ser encontrada numa única página em http://stop.at/cat/parabolica/20020609a.htm. Quem preferir uma versão pronta para imprimir, acesse http://groups.yahoo.com/group/parabtec/files/par/wtctudo.rtf.É um texto longo e forte. Mas vale a pena.
Eu concordo. Vale a pena mesmo, apesar de gigantesco. Diria que é um texto imperdível, apesar de só ter lido a metade por enquanto.

Sobre o uniforme da Seleção
O Brasil jogou com calções brancos por obrigação, é bom que se frise isso. Como o jogo era Costa Rica x Brasil(quem detinha o mando eram os ticos), a obrigação de mudança do uniforme em caso de alguma semelhança era do Brasil. No caso, os árbitros concluíram que o short azul dos brasileiros tinha que ser trocado, já que os costarriquenhos também usavam dessa cor. Para quem está jogando de cabeça baixa, pode realmente atrapalhar.
A Seleção não usou camisa azul - a preferida de Scolari - porque essa é de um tom muito escuro, da mesma tonalidade que o vermelho dos ticos. E - pasmem - a FIFA até hoje mantém critérios de diferenciação dos uniformes visando à transmissão do jogo em preto e branco, caso em que realmente um time de azul contra um de vermelho torna o jogo uma monotonia confusa (como se já não bastasse a defesa brasileira).

13 junho, 2002

Bananas de pijama
Não sei se foi o sono, mas o uniforme da seleção, aquela combinação camisa amarela e calção branco, pelamordedeus...

12 junho, 2002

Praga
Sim, existes coisas mais chatas do que acordar de madrugada por causa dos fogos e ser praticamente obrigado a assistir os emocionantes jogos do Brasil: as cornetas que os camelôs estão vendendo e as mães que compram esta praga pro pobre do filhinho torcer.

Histórias de ônibus
- Eu não quero falar com você agora, sai fora".
- Peraí, cara, me ouça.
- Cara, eu tô muito nervoso, já falei que não quero falar, sai fora, meu irmão.
- Mas..
- Mas não adianta, eu não vou ouvir. Eu te ligo pra conversar.
As pessoas no ponto de ônibus acompanham a cena, silenciosas como se fosse uma partida de tênis, olhando ora para um, ora para outro: um homem numa bicicleta, apoiado a um poste tenta falar com um outro que segurava uma maquete.
- Não tá vendo, tá todo mundo olhando, vai embora, pôrra.
- Eu estou aqui como seu amigo e não como seu chefe, Roberto. Me ouve.
- Pôrra, já falei pra você ir embora, eu não quero ouvir nada, estou nervoso!
- Mas tem solução.
- Não quero ouvir sua solução, sai fora.
O “chefe” então retirou-se de fininho com sua bicicleta, sob o olhar atento de todos. O “empregado” ficou por ali mais alguns segundos, com uma maquete na mão, entrou num ônibus pro Leme e nos deixou com uma pulga atrás da orelha.
- Coitado, deve ter sido demitido - imaginou a velhinha ao meu lado.
Outra situação. Os celulares são o principal objeto para isso. Dentro de um ônibus, toca uma daquelas musiquinhas rin ring e o sujeito atende:
- Oi, meu amor. ...tudo....não, não vou poder....ah, mas não fica triste....é, estou em São Paulo, fui mandado às pressas pra cá, no final de semana a gente se vê....eu te amo....tá, pode deixar....eu também, eu também, você sabe disso.
E desliga. Não preciso nem dizer que quando o cara disse que estava em São Paulo o ônibus inteiro virou-se, nem que fosse disfarçadamente, para ver o rosto do cara-de-pau.









11 junho, 2002

Outlook, visões do inferno
Este poderia ser bem o título de um filme. Vamos ao roteiro:
Mocinho fala ao celular com ajudante de vilão que decidiu passar para o lado do bem:
- A bomba está quase explodindo, Mobius! Qual é o código para desligar o detonador, rápido???
Mobius, o ajudante do vilão, não se lembra. Mas lembra que mandou para o e-mail do mocinho o tal código, e avisa:
- Tá no email, Capitão Justiça, tá no email! É só abrir!
O herói desliga o celular rapidamente, e logo em seguida conecta-se à Internet através de seu provedor, rezando para que não tenha se esquecido de pagar a última mensalidade. Uma vez conectado, ele clica no programa Outlook Express, enquanto olha o detonador, que já está em 125 segundos (regressiva).
O Outlook arma. De repente, ele vê aquilo que o aterroriza: "recebendo mensagem" e uma enorme fita azul a ser descarregada. E o que é pior, lentamente.
- Não é possível, que merda foi essa que mandaram para o meu email? Porra!
A operação de descarregar o gigantesco email de mais de 600kbs vai seguindo. Enquanto isso o detonador está em 96. 95. 94. 93. O herói começa a suar frio.
- Porra, mas quem foi o infeliz? E que merda é essa? Foto de mulher pelada?
O detonador chega aos 40. 39. 38. 37. O mundo está prestes a acabar, e a fita azul não tá nem na metade.
- Caceta! É foto de mulher pelada! Eu adoro mulher, mas porra, isso eu pego na internet mesmo. Ou então poderiam mandar a merda do link!
O fim está próximo, o mocinho visualiza o email.
- O que? "se você tem mais de 30 anos vai lembrar disso aqui"....
Um monte de fotos de Falcon, Geleca, Super-Trunfo e uma porrada de coisas de 15 anos atrás.
- E eu com isso? Porra, eu quero é o códig....
BUM!!!!!
Nosso herói e o mundo inteiro vão pelos ares.
Esta série foi um oferecimento dos e-malas, empreendimentos de aporrinhação via internet.

10 junho, 2002

Em tempo
O blog da Copa já recebeu uma atualizada. Por enquanto, em ritmo lento.

Encontro
A Elis organizou e o encontro dos web loggers deu certo, lá no Ernesto da Lapa. Só não pude ir porque estou vivendo no horário coreano. Mas a festa parece ter sido alto astral. Quem não foi, clica aqui. Pelo menos para conhecer a Alessandra, que aparece nas fotos.

Sem atualização
Por enquanto, este e o outro blog permanecem sem atualização. Peço desculpas pelo transtorno. Motivo: sono.
Bom início de semana para todos.

08 junho, 2002

Out of service
Até o fim da Copa, somente UMA folga semanal. E é hoje, de sexta para sábado.
Portanto, antes que cliquem aí do lado, devo avisar que o blog a Copa vista da Cozinha só será atualizado no sábado à noite.

07 junho, 2002

Um tema leve e bonito
Eu já pensei em escrever sobre ela para a quase extinta seção Mulheres que um dia amamos. Ultimamente, ela tem sempre aparecido nos comments do Blogus 2, ora falando sobre meus posts, mais vezes falando sobre os da Alessandra. Aposto como muita gente pergunta, "mas quem é esta Teresa?". Pois bem. Apesar de conhecê-la há alguns anos, hoje em dia pouco a vejo, mas fico tranqüilo porque ela é dessas pessoas que não deixa que a mudança aumente o tempo. Encontrar Teresa é sempre ouvir um sorriso - você já ouviu um sorriso? Pois no dia em que ouvir a voz de Teresa cumprimentando o moço da padaria ou o carteiro ou o feirante, sempre antecedido de um "seu" (de senhor), você ouvirá um sorriso - eu achava que sorriso era só visual, mas Teresa me mostrou que é audio-visual.
A última vez que eu a vi, ela estava namorando um cara de fora. Não me lembro o país direito, só sei que era desses países onde não ter um AR-15 provoca tanto olhares de desdém quanto o cara que por aqui ainda compra fitas cassete. Acho que era Líbano, Israel ou Síria. Sei que Teresa - que é jornalista - está estudando Cinema, e isso só aumenta o mito em torno dela. Digo mito não em sentido de lenda ou mentira, mas sim no sentido de que é uma criatura muito rara.
Um amigo meu casado a viu certo dia e me contou que ela está "linda", segundo disse. Não duvido. Ela volta e meia invento um cabelo ou um não-cabelo, como a vez em que passou dias trabalhando como garçonete em uma praia do Ceará com o cabelo máquina dois.
Como toda moça forte - mas de uma sensibilidade rara - ela mora sozinha, quer dizer, com parentes, mas não com os pais. Escreve muito bem - mas se recusa a ter um blog - tem olhos e pernas bonitos, gosta da música cubana, é como toda mulher apaixonada pelo Chico Buarque e chorou assistindo "A casa dos espíritos" (que é um filme maravilhoso também).
Teresa me lembra Priscila Foggiato em um ponto: está sempre indo embora. Claro, a Pri vai embora de uma forma avassaladora, mas Teresa o faz com delicadeza. Além de todas as coisas que promete fazer, uma delas é morar fora - e acho que ela vai mesmo.
Bom, eu escrevi tudo isso para desfazer o mistério - e o melhor de tudo é que, como eu previa, o mistério aumentou. Nem mesmo quem já conhece a Teresa - como Isabela - sabia que ela era isso tudo.
Aliás, nem ela sabe. E por favor, não contem para ela - senão estraga a surpresa.

Os limites do jornalismo e do meu bom senso
Eu tinha colado aqui o texto da coluna do Fritz Utzeri sobre os limites do jornalismo, mencionando o caso de Tim Lopes, que eu achei interessante. Mas o bom senso - leia-se Gustavo - me orientou a apenas indicar o link, quando o texto for muito grande. Pensei nisso na hora, mas colei mesmo assim.
E nem era tão complicado: o texto está no Jornal do Brasil.

Só a lamentar
Hoje, dia 7, é Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Na cobertura do caso Tim Lopes, vejo o seguinte comentário, segundo o jornal que apurou, proferido por um morador de uma das favelas que estão sendo investigadas: "Morreu pouco jornalista. Tem que queimar mais".
Aposto como a figura que falou isso não deve saber que é para os jornais que as pessoas que moram em favelas ligam, quando a polícia entra dando tiro e baixando a porrada.

Protesto
Alessandra deixou registrado seu protesto contra a CPMF, mas antes queria chamar a atenção para o post publicado logo abaixo, sobre o desaparecimento do repórter Tim Lopes. Hoje (sexta-feira), às 12h, haverá uma manifestação na Cinelândia pedindo providências às autoridades sobre o caso.
Sei que não adianta muito, mas espero poder pelo menos passar lá, se conseguir sair cedo do trabalho.

06 junho, 2002

Ódio
Eu odeio a CPMF.
Ah, tudo bem. Todos odeiam.
Mas eu odeio muito.

Uma música pra hoje
Do you remember you never understood I had to go
By the way didn't I break your heart?
Please excuse me, I never meant to break your heart
So sorry, I never meant to break your heart
But you broke mine
But Kayleigh I'm too scared to pick up the phone
To hear you've found another lover
To patch up our broken home...

Papo sério
Está na hora de dizer chega à violência, mas de uma forma séria, não com passeatas domingo na orla. Está na hora de sujar o nome do Brasil no exterior. Só assim eles vão tomar providências de verdade. A reação, lamentavelmente, tem que ser enérgica, violenta. Agora. Tudo bem, o trabalho social tem que continuar, a longo prazo. Mas o momento exige uma ação definitiva. Nem que seja intervenção do Exército, toques de recolher, intervenção federal no Governo.
Falo isso porque não dá para aguentar que um jornalista seja torturado e morto e as pessoas digam "é normal, ele foi num lugar perigoso". Chega disso, né? O repórter Tim Lopes, de 51 anos, pode ter sido torturado e assassinado na favela da Vila Cruzeiro. Procurem os jornais e leiam. Depois, parem para pensar no que deve ter sentido e passado o repórter, ao ser abordado, revistado, xingado, e torturado, tudo isso sabendo que seria morto (as hipóteses apontam para isso).
Quem conhece jornalistas no exterior, por favor, dê control past no material abaixo e envie. Vamos colocar o caso na CNN, onde for. O Rio já é Medellin há anos, só que preferem não enxergar isso.
Material para copiar:
Caros amigos:
O jornalista Tim Lopes, da TV Globo, está desaparecido desde a noite de domingo passado, em uma favela do Rio de Janeiro. Ele pode ter sido torturado e morto por quadrilhas de traficantes. Peço a vocês, jornalistas de outros países, que divulguem a nota abaixo em seus órgãos de informação. É uma vergonha que acontece no meu país e que eu gostaria que fosse divulgada em todo o mundo.
Dear friends:
The reporter Tim Lopes, from Globo TV, is missing since last sunday night, in a Rio de Janeiro hill. He might be tortured and murdered by drug dealers. I ask to you, reporters and journalists from others countries, please divulge the following link and note, even in your media information. It´s a terrible shame that happens in my country, Brazil, and i would like its divulged all over the world.
Caros amigos:
El periodista Tim Lopes, de la TV Globo, estay desaparecido desde la noche de domingo ultimo, en una favela en Rio de Janeiro. Ello puede ter sido martirizado y asesinado por las cuadrillas de traficantes. Yo suplico quie ustedes divulguem la nota abajo en sus medios. Este acontecido es una vergüenza en mi país e a mi gustaria que esto fosse divulgado por todo el mondo.
links for brazilian papers that concern about the theme:
http://www.oglobo.com.br (O Globo)
http://www.odia.com.br (O Dia)
http://www.jb.com.br (Jornal do Brasil)

Water
Foi o grande rock and roller Rodrigo Cobra quem me bateu primeiro, há cerca de três anos, durante uma festinha de biritas diversas: água não tem a menor graça. "Eu odeio água", ele disse. A frase soa estranha aos ouvidos nos primeiros dez segundos, mas depois vai amadurecendo na sua cabeça e você finalmente concorda ou discorda. Eu concordei, e hoje sou mais feliz graças a isso. Eu realmente odeio água.
Quer dizer, não sei se chega a ser ódio ao ato de beber água em si. Talvez seja ódio à sensação de abrir a geladeira e só ter água para beber. Não tem a menor inspiração. Ou não dá meio que revolta quando você termina de confeccionar um super-prato (tipo uma macarronada com um molho especial), serve à mesa para você mesmo e, quando vai arrematar com "o de beber", abre a geladeira e tá lá: água.
É de ficar possesso. O pior é que nove entre dez geladeiras de solteiros que moram sozinhos têm o mesmo conteúdo na geladeira: um vidro d´água, um pacote (ou pote) de margarina pela metade e uma cebola (ou vidro de ketchup, para o cara jogar em cima do pão velho).
Desde que Rodrigo Cobra fez a revelação, tenho arrebanhado mais seguidores desta seita dos "odeio-água". A Roberta foi uma que aderiu de primeira hora à campanha "Odeio água", apesar de ainda ser de uma corrente moderada, aquela que não chega ao ponto de admitir filiação aos radicais (adoração a refrescos em pó como Tang, Clight ou Kissuco).
Não é para menos que eu sou da Convergência nessa história. Afinal, outro dia mesmo eu preferi beber Fanta Uva. Sim, fiz isso. Passando para gesto proporcional na política, diria que isso é o mesmo que atirar coquetel molotov na embaixada dos EUA.....

05 junho, 2002

Novo blog pintando na área
Ainda não posso divulgar o endereço. Mas dou minhas garantias de que será um Blogbuster (ui!): o do imortal Alexandre Inagaki, escrevinhador de quem sou admirador confesso e quase um macaco de auditório, daqueles de comprar qualquer telessena que o cara lançar.
Assim que ele me liberar para divulgar, será devidamente acrescentado à tabela lateral aí do lado.

Os melhores LPs da minha juventude
Cheap Thrills
Sim, eu confesso: eu tive um LP do Christopher Cross, que tinha aquele xarope, 'Sailing" e uma outra mais animada, "Never be the same", além da "Ride like the wind", igualmente dançante. Só escutava essas três músicas, mesmo assim porque me lembravam - ou remetiam diretamente, em termos emocionais - os momentos em que eu ficava decidindo sempre em não abordar aquela garota de quem eu estava a fim há meses.
Pois é, essas músicas tocavam nos hi-fis, aquelas festinhas em que sequer se sonhava em ter DJ, quando o cara tinha um "jogo de luz" ele era fera e, garanto, sequer se sonhava em dar qualquer glamour ao cara que ficava trocando as músicas. Naqueles anos 70 e 80, o cara ser escolhido para colocar músicas era mais ou menos como o sorteado para não beber. Volta e meia eu era sorteado - e já coloquei "Just the way you are" (com Barry White) para o amor da minha vida (um dos vários que surgiam de seis em seis meses) dançar com outro cara. Mas tava tudo bem.
Mas quando escrevi "Cheap Thrills" lá em cima, obviamente não me referia a nenhum disco do Christopher Cross, e sim àquele que é sem dúvida o mais emblemático, o mais representativo LP dessa cantora meio esquecida chamada Janis Joplin. Na verdade, o artista do disco nem era a Janis - era, sim, "Big Brother and the Holding Band". Sim, Big Brother é um nome que já significou algo bom para mim.
Por que relacionar esse disco com Christopher Cross? Porque esse disco era o anti-clímax, era a trilha sonora da auto-aceitação. Era a afirmação dos principais motivos pelos quais um adolescente pré-rejeitado poderia gostar de rock and roll - e com certeza funciona até hoje, por exemplo, com o Nirvana.
A mecânica é simples: você se apaixona por uma menina. Ela te dá uma certa atenção. Obviamente, depois de um certo tempo falando amenidades a seu lado, a moça resolve satisfazer seus hormônios - e ao olhar para você, bem, ela acha, até rola. Mas com fulano ali a coisa fica mais forte (opinião dela).
Tudo isso acontece em questão de minutos - você chegou a dançar "Is it okay if i call you mine", do Paul McCrane (puta que pariu, essa foi dose) com ela, mas veio o outro e papou a parada.
Aí você agüenta, na boa. E ouvir a mesma música te faz bem, pois você lembra do perfume dela, lembra da maciez de sua cintura, do som de sua respiração, do toque macio das mãos dela nos seus ombros ou onde quer que seja. Você ouve a música e vai revivendo tudo, até que quando o cara fala "And iiii will be, just yours", a mina larga você no meio da dança e vai com o Fulano.
Aí, em casa, você tira o Paul McCrane e coloca Janis Joplin berrando "Ball and Chain". E berra junto, irmão.
LPs já abordados
Sticky Fingers - Rolling Stones
Peter Framptom - idem
Tapestry - Carole King
The Wall - Pink Floyd
Tatoo you - Rolling Stones

04 junho, 2002

Meanings
Eu sempre quis saber alguns deles. O significado do nome de algumas bandas de rock and roll. Clique aqui e saiba você também.

Novo blog
Lúcio Mattos, repórter do Lance, coloca no ar novo blog com notícias para os gamemaníacos e textos em geral. O endereço é http://gamenews.weblogger.com.br. Lúcio me mandou certa vez a seguinte bruxaria cibernética:
"Para quem pensa que o Tio Bill (Gates) é um cara sério...Abra a calculadora do windows, mude-a para cientifica depois digite o número: 12237514. Não erre o numero e fique atento... Agora mude a calculadora para hexadecimal e veja o "erro"...
O resultado é interessante.

03 junho, 2002

Copa do Mundo
Eu não estou nem aí para a Copa do Mundo. Mas é impossível não estar nem aí. Dificílimo não acompanhar quase tudo, para não dizer estranho. Adorei a vitória do Senegal. Gosto de ler as colunas dos Cadernos Especiais da Copa e, como todas as mulheres, admiro os jogadores bonitões da Itália e da Suécia. Comento as goleadas, lembro de Copas passadas, xingo o sargento Felipão e pergunto quem é Roque Júnior.
Mesmo assim, contudo, todavia, entretanto, eu não pretendia acordar hoje às seis da manhã pra ver o jogo do Brasil. Os fogueteiros do morro Santa Marta, atrás da minha casa, me acordaram. Conformada, levantei com o breu e tentei assistir o jogo. Mas não resisti muito, não. Primeiro me assustei com a empolgação do Galvão Bueno. Se na primeira partida, com esse time, juiz colaborando e tudo, o Galvão estava assim, imagina se o Brasil chegar às semi-finais? Ele enfarta.

Fôlego
Por conta desses dias no paraíso estou com fôlego renovado para enfrentar pequenos problemas que tenho passado.
Como diz uma amiga, às vezes é preciso dar uma volta de helicóptero para ver os problemas de cima.
Consegui fazer isso nesses dias.

Buraco em Angra dos Reis
Não é nada do que vocês estão pensando. E nem tão pouco o lugar onde fiquei em Angra neste feriado era um buraco, muito pelo contrário. Ando tão engraçadinha ultimamente...É que passei quatro dias praticamente jogando buraco e ouvindo música sem parar e, claro, bebendo várias cervejas. Deu tempo, também, para ler um pouquinho e para ver o filmezinho água com açúcar “Doce Novembro”, com o Keanu Reeves e uma atriz que não conheço nos papéis principais. Triste fim para a Sara e o Nelson, os personagens protagonistas deste drama, mas mudemos de assunto. Há muito tempo que não jogava buraco. Gostei muito. Cultura inútil: o buraco na verdade não é buraco, é canastra, segundo o Aurélio, e foi criado na Argentina com uma regra um pouco mais difícil e sem coringas. Só não conseguimos descobrir por quê raios o “morto” é chamado de “morto”.

Uma idéia bacana
Para quem tem interesse em formar nova comunidade - a dos escritores de web logs - surgiu o blog Amigos Blogueiros, organizado por Vanessa, a Bani, que eu não conheço pessoalmente. Muito interessante. No momento, está divulgando a festa da Elis. Vale dar uma olhada.

O sono
Deve ter sido de propósito - por exigência de algum órgão regulador, tipo a ANATEL - que Deus colocou no ser humano uma peça que obriga a "parada para manutenção" por oito horas seguidas. O que nos torna péssimas máquinas, pois imagine se um servidor de rede ou mesmo um Caixa 24 horas demandassem o mesmo tempo e a mesma freqüencia em suas paradas? Os fabricantes com certeza iriam à falência. Bom, Deus também não deve estar nadando em dinheiro, pois andou sendo bem contestado ultimamente - além de ter arrumado um sócio, o Macedão, que fica com toda a grana.
A muitas pessoas que conheço, o sono irrita. Quer dizer, não o ato de dormir, mas sim sua obrigatoriedade. Ouvi falar certa vez que um tipo de tortura consiste em ficar toda hora iluminando os cornos do freguês de modo a impedir seu sono. Bom, acho meia verdade. Comprovei hoje no trabalho, enquanto confeccionava a ficha técnica de Inglaterra x Suécia, que nem palitinhos de bambu impediriam o meu total adormecimento na hora em que comecei a ver a escalação escandinava: Svensson (dois até), Ericsson, Alexandersson, Larsson. Deu son, quer dizer, sono.
Minha teoria é a de que o cara que completar 30 horas sem dormir, sem apagar um instante que seja, passa a ter a nítida sensação de ser capaz de ir ao próprio enterro - e ainda contar a última do português. E acho que isso tem lá sua razão de ser, quer dizer, a Anatel que regulava as atividades de Deus naquele tempo (uns poucos segundos antes do Fla-Flu, que segundo Nelson Rodrigues começou quarenta minutos antes do nada) colocou no contrato "A criação terá uma parada técnica para não pirar de vez".
Deus ainda tentou burlar a legislação criando coisas que ajudam a criação a burlar o sono, como a cocaína, a cafeína, a água gelada no rosto e a prorrogação com morte súbita. Mas a rigor não tinha muito jeito.
O que, na verdade, acabou sendo benéfico - se notarmos bem, uma boa noite de sono bem dormida realmente faz a manutenção. Muitas vezes a gente dorme pensando "a mulher da minha vida me abandonou, uma doce afrodite, inexpugnável, linda, que eu amo", e acorda refeito, dizendo, "depois eu ligo praquela bruaca". Podem experimentar. O sono é um estado de embriaguez que conduz ao romantismo. Basta a gente dormir que os sentimentos podem depois ser conduzidos para onde a gente quiser. Ou não, sei lá.
Só sei que esta manipulação do sono que venho praticando, depois que passei para o horário coreano, tem me ensinado algumas coisas. A principal é: o mundo não te acompanha quando você inverte os horários - em outras palavras, é confuso acordar, fazer o café, colocar torradas no forno e, ao ligar a televisão, dar de cara com o "Show do Milhão".

02 junho, 2002

Almost Famous
Recebi do camarada Augusto Sales o email com o texto abaixo, dando conta de que já estou começando a ficar meio notório nas paradas. Vou começar a dar palestras sobre o tema qualquer hora dessas:
do Digestivo Cultural
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=564

Eu não queria estragar a nossa amizade...
Ninguém gosta de levar um fora. Treinar cuidadosamente uma chegada, e levar um tôco da menina. Faz mal para o ego e para a auto-estima. E se tem uma coisa mais enervante do que o decidido e bem pronunciado não, é quando ela te dá condição, abre espaço, te ouve atentamente, e só depois corta. E, obviamente, o de campeão na categoria crueldade ao cair da madrugada é, indubitavelmente, aquela frase: "eu pensei que a gente era só bons amigos..."
Gustavo "Gustones" de Almeida dedicou uma seção inteira da revista eletrônica Falaê! à essa triste modalidade de encerramento-de-namoros-que-nunca-houveram, com o inspirado nome "Te Vejo como um Amigo - a frase que estragou nosso verão". A seção aceita colaborações de leitores, na tardia oportunidade de um desabafo pessoal, de lavar a mágoa em lágrimas ou ao menos de trabalhar o recalque de uma maneira literariamente criativa (o próprio Gustavo tem sua versão pessoal desse tema). Solidariedade é o melhor que se pode prestar às vítimas dessas tristes histórias de desilusão, como aquela joaninha que quase acaba afogada...

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Bom, eu não lembro de ter colocado versão pessoal, mas deve ter lá algo, quem sabe...
Sei que a mesma seção que eu e o Augusto criamos foi citada dia desses na Trip, o que para mim é uma grande honra, haja vista que trata-se da revista com o melhor jornalismo brasileiro na minha opinião.
Me lembro de ter sido educadamente criticado por mulheres ao criar esta seção "Te vejo como amigo" (que hoje tem um nome melhor, "Frito na hora" - não come agora e nem embrulha...). Educada e sutilmente criticado. Talvez tenham pensado que seria apenas "recalque", como cita a nota acima.
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A verdade é que a primeira intenção ao criar esta seção foi homenagear a amizade e a lealdade - e não poderia fazer homenagem melhor do que lutar para impedir que seus santos nomes sejam usados em vão. Em suma: não deixar que as mulheres rejeitem determinados homens usando para isso o argumento da amizade.
Sim, na minha modesta opinião - e na de muita gente - a rejeição nesses casos é 90% por causa de um motivo muito mais simples: falta de atração. Só isso. Acho uma coisa razoável, tão razoável que me assusta alguém dizer que "não pode virar amigo senão perde a chance".
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Ou seja, não podemos conversar direito, tratar direito, nos relacionar como pessoas normais com as mulheres, porque senão corremos o "risco" de "não pegar".
Bom, eu prefiro correr o risco, porque se eu criei o "Te vejo como amigo" é porque no fundo tenho uma utopia: o de sempre ver homens e mulheres que se conhecem ficando juntos, se unindo, se respeitando. Para mim sempre foi assim - não consigo deixar de criar amizade por mulheres, mesmo desejando-as. Acho incoerente.
Tudo bem, muitas vezes eu noto que eu assusto (em vários sentidos) - algumas mulheres que conheci falam a palavra "amigo" de cinco em cinco minutos como a dizer, "olha, eu acho você legal, mas nem pensar". Dá vontade de publicar um aviso: "meus amores, não se preocupem, não terei mais desejo por vocês e toda minha afeição será canalizada para uma iguana"
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E que me perdoem se eu gero afeição por vozes de mulher falando comigo, se eu crio sentimentos por olhos de mulher, se aparecem vertigens por causa de seus perfumes, se eu simplesmente fico sonhando com aquelas que me mostram algum tipo de arte simplesmente ao existir. Sou assim mesmo, não tem jeito. A solução é evitar o convívio - mas, pensando bem, vale aquela do Barão: eu não posso causar mal nenhum, a não ser a mim, a não ser a mim, a não ser a mim.
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Um bom início de semana. É tempo de Copa. Depois cliquem lá.

Velha mas boa
Essa é velhíssima, mas eu curto. Recebi há anos, ontem recebi de novo, e aí me deu vontade de publicar. Importante: só funciona no Word:
1. Abra o Word
2. Escreva
=rand (200,99)
3. Tecle (enter) e espere 3 segundos
Sim, algo estranho acontece.

01 junho, 2002

Mais uma boa
Outra dica excelente da mail-list do jornalista Carlos Alberto Teixeira, colunista de O Globo: desta vez, são gravações de engraçadinhos completamente degenerados que vão até um aeroporto londrinho com nomes fictícios de estrangeiros que, quando lidos no alto-falante resultam em frases como "i hat this fucking job". Sensacional. Quer curtir? Clica aqui. Arquivos em WAV no local;