16 junho, 2002

Manhã, tão bonita manhã...

Essa imortal música de Antonio Maria e Luis Bonfá bem que poderia ter sido a trilha sonora. Estou em casa, sábado de manhã, acordado por volta de 6h, quando toca o telefone. São duas loucas querendo que eu vá tomar café com elas - e ligaram sem saber que a essa hora eu normalmente estou acordado mesmo.
Como não tinha outro jeito, fui. Pego a bicicleta e vou pedalando até a padaria onde elas estavam, e vejo nada mais nada menos do que um dos sujeitos que eu mais quero distância, calmamente, conversando com elas.
Não consegui deixar de me sentir mal pelo resto do dia.
Voltei imediatamente, porque não conseguiria ser falso e falar com o cara normalmente, a menos que já partíssemos para as vias de fato. Como era de manhã, minha folga, eu andando de bicicleta, optei pela paz.
Elas vão e me ligam - "volta, ele já foi" - e eu volto. Mas o gosto ruim continuou na boca. É detestável ver alguém desprezível assim, logo de manhã.
Esperei as duas loucas tomarem o café. Depois, elas disseram, "vamos ficar dentro do carro". Eu ainda compactuei por uns cinco minutos com a idéia estapafúrdia de ficar dentro de um carro a menos de 100 metros da minha casa, mas logo saí. As duas moram perto uma da outra - em Jacarepaguá, longe pacas daqui - e obviamente estavam naquela boate de terceira, cujo dono tem um cinismo de primeira, a Casa da Matriz.
Ao chegar em casa, ainda fiz uma oração pedindo que as duas loucas chegassem bem em casa. A mais pirada delas é que ia dirigindo - depois me lembrei que ela andou pelo Canadá, e pegou a noção de trânsito de um país desenvolvido, o que não é nosso caso.
Deus proteja os bêbados, as loucas e as criancinhas.