Water
Foi o grande rock and roller Rodrigo Cobra quem me bateu primeiro, há cerca de três anos, durante uma festinha de biritas diversas: água não tem a menor graça. "Eu odeio água", ele disse. A frase soa estranha aos ouvidos nos primeiros dez segundos, mas depois vai amadurecendo na sua cabeça e você finalmente concorda ou discorda. Eu concordei, e hoje sou mais feliz graças a isso. Eu realmente odeio água.
Quer dizer, não sei se chega a ser ódio ao ato de beber água em si. Talvez seja ódio à sensação de abrir a geladeira e só ter água para beber. Não tem a menor inspiração. Ou não dá meio que revolta quando você termina de confeccionar um super-prato (tipo uma macarronada com um molho especial), serve à mesa para você mesmo e, quando vai arrematar com "o de beber", abre a geladeira e tá lá: água.
É de ficar possesso. O pior é que nove entre dez geladeiras de solteiros que moram sozinhos têm o mesmo conteúdo na geladeira: um vidro d´água, um pacote (ou pote) de margarina pela metade e uma cebola (ou vidro de ketchup, para o cara jogar em cima do pão velho).
Desde que Rodrigo Cobra fez a revelação, tenho arrebanhado mais seguidores desta seita dos "odeio-água". A Roberta foi uma que aderiu de primeira hora à campanha "Odeio água", apesar de ainda ser de uma corrente moderada, aquela que não chega ao ponto de admitir filiação aos radicais (adoração a refrescos em pó como Tang, Clight ou Kissuco).
Não é para menos que eu sou da Convergência nessa história. Afinal, outro dia mesmo eu preferi beber Fanta Uva. Sim, fiz isso. Passando para gesto proporcional na política, diria que isso é o mesmo que atirar coquetel molotov na embaixada dos EUA.....
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