O sangue da vida
Não parece, mas faz um mês, hoje, que me casei. O dia 30 de julho de 2005 poderia bem se tornar o novo dia do meu nascimento na carteira de identidade - e as mudanças são tão avassaladoras que a gente fica tentando não mudar nada que é para agüentar o tranco. Em outras palavras: melhor disfarçar, porque naquela vaga em que você deixou o Fusca hoje tem um Lamborghine. Tudo, tudo mudado.
Foi o fim de um período de muito trabalho, muitas dificuldades, até para organizar a cerimônia. Que valeu muito à pena, valeu todo o sacrifício. Você que namora há muito tempo, você que quer se casar, bom, sabe que existem vários caminhos, mas eu digo sempre que há basicamente duas freeways: ou você se organiza para dar uma boa festa e parte para alugar apartamento, ou você dispensa momentaneamente a festa para juntar uma grana e dar entrada em um imóvel. Os dois caminhos são válidos - claro, estou falando isto para pessoas que não têm recursos para dar a festa e comprar o apê ao mesmo tempo.
Mas o caminho da festa, este tem uma paisagem que vai ficar para sempre na sua visão, na sua mente e no seu coração. Entendo perfeitamente a gigantesca importância de comprar o imóvel onde se vai viver e gostaria mesmo de ter dinheiro para comprar um.
Enquanto não tenho esta grana, porém, fico pensando: eu tenho um dia para minha vida, e este dia é o dia 30 de julho de 2005, o dia em que me casei com Marcele. Se me oferecessem um apartamento em troca desta lembrança, eu garanto: pagaria aluguel dobrado para não perder a memória. Que, afinal, é o sangue da vida.