11 julho, 2002

O Livro do Jobi
Sim, tem um texto meu, em homenagem a alguém que já passou - mas ficou. Quer dizer, nem tanto uma homenagem, mas uma lembrança singela.
Sucesso total o lançamento, gente saindo pelo ladrão, Jobi lotado, quantidades industriais de chope sendo consumidas. E histórias que dariam para outro livro. Como a que vi no banheiro.
Um cara na minha frente na fila, e outro lá dentro, mas naquele mictório meio extraterrestre. Ao lado, a porta trancada da privada. De repente, pinta um cara alto, bem vestido, cabelo branco, uns 48, 50 anos. E vai furando a fila, dizendo:
- Olha, vocês me desculpem, mas eu vou cagar.
Assim, sem a menor sutileza. O cara entra, abre a porta trancada, fecha. O que estava na minha frente da fila entra, e o que estava urinando sai, comentando.
- Porra, mas que escândalo faz esse cara, só porque vai dar uma cagada, heim? - disse o cara, que devia ter a mesma idade - e era conhecido - do que estava obrando.
Comentei com ele:
- O cara poderia ter usado termos mais sutis como "gente, dá licença que o urubu está beliscando a minha cueca" ou mesmo "gente, vou entrar porque o trem merda está chegando à estação cu".
Mal eu acabo de falar isso e o que tinha entrado só para mijar sai do banheiro. Ele, que não tinha falado nada até então, falou, poucos segundos antes do cagão sair do recinto (o cara deu, na definição dele, uma cagada olímpica):
- Eu preferiria dizer: "O trem da vida me atropelou". Maiakóviski.
Impressionante. Citaram Maiakóviski durante uma cagada. Só o Jobi mesmo.