24 julho, 2002

A fuga
Mencionei aqui outro dia que a nostalgia bateu forte e eu baixei 350 jogos de Atari com um emulador Stella para meu computador. Como sempre, estou fazendo isso depois que todo mundo já fez. Mas estou checando todos, alguns eu nem me lembrava de ter jogado. Como "o garoto pobre da rua"~, não tive Atari nem autorama. Anos depois, aquele garoto se sente vingado ao ter de graça mais de 300 jogos e poder jogar o tempo que quiser. Isso, porém, é outra história.
Entre os jogos tem o Roadrunner que vem a ser o jogo do....sim, do Papa-Léguas contra o Coiote ("Roadrunner" é o nome do desenho). Durante anos eu definia o caráter de algumas pessoas como "gente que nunca admitiu ter torcido pelo coiote", referindo-me àquelas pessoas imbuídas da objetividade fria dos sem alma. Até hoje, todo mundo que eu acho legal admite já ter torcido ou mesmo ser torcedor fiel e fanático do Coiote.
O cara investia fundo, comprava milhares de produtos ACME, e nada, só caía de abismos gigantescos, tomava porradas imensas de trens na contramão, levava pedradas na cabeça, freqüentemente ia pelos ares com bombas, tudo para pegar uma ave que tem menos carne que um galeto. Pô, um dia a gente tem que torcer pro cara. É um instinto natural.
Pois nesse jogo de Atari, obviamente nós somos o Papa-Léguas. E inevitavelmente em determinada parte do jogo, acontece o que sonhamos: o Coiote finalmente pega o Papa-Léguas. O jogo acaba na hora em que isso acontece, mas confesso que fiquei pensando o que isso teria feito à minha mente de criança. Ainda bem que eu não tive Atari.