28 fevereiro, 2004

Racionamento de energia
Não é mer(d)a coincidência: fiquei 20 dias sem atualizar esse espaço aqui e fiquei 19 dias trabalhando sem intervalo para folga. Culpa unica e exclusivamente dessa data em que as pessoas normais decidem que vão sair pulando por aí ao som de sambas repetitivos ou trios elétricos da Bandeirantes.
Em suma: Carnaval é um porre. Para todos.
Sempre escolho trabalhar no Carnaval porque prefiro estar de folga na Semana Santa do que em quatro dias nos quais TUDO está parado, sem funcionar. Nada é mais chato do que festeiros que exigem ruas fechadas, desvios no trânsito, cordão de isolamento e o cacete. Carnaval é coisa de neguinho espaçoso.
Logo, folgar agora seria chato pacas - a merda é que trabalhar significou isso mesmo: três semanas seguidas de trabalho.
Decidi, logo de cara, que não ia ficar atualizando o blog, por uma questão de racionamento de energia. Eu iria precisar das reservas mínimas. Nem que fosse para todos os dias encarar a Rio Branco tomada por foliões até chegar ao meu trabalho.
É claro que em um dia ou outro assisti o Carnaval pela televisão, quando eu chegava de madrugada. E constatei o de sempre: que tudo está rigorosamente na mesma merda. A Banda Beijo continua "empolgando", a Globo continua com seu plano de destruir gradativamente as duas maiores paixões do brasileiro (Carnaval e Futebol) com idiotices gráfico-tecnológicas, as entrevistas continam imbecis. Teve uma, altamente previsível, do repórter da Globo na ala das baianas da Império Serrano.
É claro, óbvio, que na absoluta falta de assunto a ser conversado com senhoras idosas que moram há um século no morro, a pergunta do cara tinha que ser:
- A senhora desfilou em 1964 (quando o enredo foi apresentado pela primeira vez)?
- Quêisso, nem sou tão velha assim - respondia uma coroa que tinha idade para ser mãe do Austregésilo de Athayde.
Outra respondeu, na maior cara-de-pau:
- Eu nem era nem nascida.
Restou ao repórter esquecer a pauta e jogar uma gracinha ao vivo, do tipo "Ih, tem gente escondendo a idade" ou coisa do tipo.
Enfim, isso é o Carnaval. Até que enfim acabou. Segunda-feira começa 2004. Feliz ano novo, rapaziada.