13 dezembro, 2003

Extravagâncias de um texto meio enrolado
É sempre assim: o sujeito emagrece 20kg e começa a achar que o difícil na mulher não é a aquisição, mas a manutenção - e, rapaziada, sejam cuidadosos na manutenção, porque é de fato a parte mais importante.
Eu tenho me dedicado a estudar com afinco a manutenção de uma Marcele, por exemplo. Mas voltando ao assunto inicial, foi só eu emagrecer 20 kg que comecei a ser olhado na rua por algumas mulheres, principalmente na hora em que volto da corrida diária. Tudo bem, as mulheres são empregadas domésticas (um cara de 1,60m atrai olhares deste público específico), mas são mulheres. Ah, tudo bem também que a maioria dos olhares, em vez de serem lânguidos, tem o tom estupefacto de um colecionador de Ferraris sendo atropelado por um Gurgel. Enfim, são olhares, de qualquer maneira.
Percebi então essa relação aquisição-manutenção. A maioria de nós, repare bem, dá uma relaxada depois da aquisição, do tipo "ah, já é minha, agora tranqüilo". Lêdo engano. Em primeiro lugar, não há multa rescisória nesses contratos, o que indica que ambas as partes podem pular fora da joint-venture a qualquer momento. Depois, elas podem sempre, em último caso, publicarem um novo edital de licitação.
Por isso, acho justo que a parte masculina se preocupe com a manutenção. Scott Fitzgerald, quando fazia orçamento diário, incluía no rol, "flores", como um item técnico. É por aí.
Do meu lado, a manutenção de uma Marcele é multidisciplinar. Inclui levantar para pegar copos d'água assim que eu bato as costas na cama, entram também itens como levar ao cinema pelo menos uma vez por mês e não podem faltar as idas ao Zio Pepperoni.
Manter Marcele em cativeiro significa que é necessário tocar ao violão algumas músicas para ela dormir, algumas blues, outras bossa nova. Ainda bem que sei ambos os gêneros. Inclua-se aí o fornecimento de livros (abro sempre licitação para a compra do mais recente Harry Potter), a gravação de fitas com músicas como "Stormy Wheather", "Come rain or come shine", "Georgia on my mind". Não pode faltar o item Chocolates na extensa lista de manutenção.
Agora, mais um caríssimo (mas extraordinário) item foi incluído: idas à pizzaria Stravaganze, na Rua Visconde de Caravelas 21, em Botafogo.
Há muito eu mesmo não saboreava algo tão incrível como as pizzas de lá. "A melhor pizza que já comi na vida", disse Marcele, que do alto de seus 23 aninhos tem uma experiência vasta como oreganófila.
Nessa onda de manter Marcele em cativeiro, uma ida à pizzaria Stravaganze é fundamental. O problema é que, ao sairmos da pizzaria, foi só olhar para o sorriso dela que eu percebi: quem tá no cativeiro sou eu.
Haja pizza.