26 julho, 2002

Boa leitura matinal
A coluna do Dapieve hoje no Globo aborda o assunto dos thyrsos - expressão retirada da segunda edição do BBBrasil. Eu confesso que não sei o que significa direito a expressão, mas ouvindo os outros falando, me pareceu que se trata de um sujeito sentimental e ao mesmo tempo grudento. Quer dizer, sentimental no sentido de que não esconde o que sente, pelo que entendi.
Pois como sempre Dapieve vai na contramão e questiona, muito bem, porque o cara é considerado otário - pelo menos a mídia propaga isso como tal, em matérias dominicais e coisas do gênero. Dapieve lembra que o comportamento do cara, no final das contas, deu resultado, pois ele continua com a loura que ele conheceu no programa.
Bom, eu não defendo que ninguém seja tão grudento, excessivamente possessivo, excessivamente ciumento. Em uma certa dose, vale a pena tudo isso - mas todo homem tem a pelada com os amigos assim como toda mulher tem uma saída noturna com as amigas para conversar. Não é machismo nem feminismo. É só uma questão de, pelo menos de vez em quando, cultivar um pouco de saudade. É possível fazer o gol mais bonito da pelada e pensar em sua amada na hora da comemoração - faz que nem o aTHYRSOn, do Flamengo, desenha o coração no ar e diz "o amor é lindo". Sei lá.
O problema de neguinho sacanear demais os chamados "thyrsos" é que o bicho homem é meio exagerado. Se a idéia de que expor os sentimentos é propagada como ridícula, em pouco tempo a moda ou mesmo o padrão de comportamento será o cara se comportar como John Wayne de filme B ("When a man is a man/He can offer his hand/He don´t have to perform like John Wayne in some B feature flick", Pete Townshend, "A man is a man"). Acharia a maior caretice. É a maior caretice neguinho dizer que não chora, que não se apaixona, que não ama. Tremenda coisa de yuppie.
Só sei que o início do texto do Dapieve é sensacional, Eu assisto reality shows. (...) Uso óculos, tenho livros publicados, dou aulas em universidades, bebo. Só que também aprecio futebol, surfe e rock and roll, graças a Deus. (...) E assisto a reality shows.
É isso aí, nada como um "intelectual" que não tem vergonha de viver as coisas que teoricamente não deveriam lhe apetecer. Me lembra Aldous Huxley, em "Contraponto", um personagem dizendo, "quando os intelectuais querem ser mais do que um simples homem, e acabam sendo menos".
Agora, não sei porque me faz tão bem saber disso depois que meu irmão, que não vejo há meses, me chama para ir ao trabalho dele na segunda-feira jogar partidas de Duke Nukem (um video-game sangrento) em rede local, cada combatente em um computador. Um jogo vazio, pura carnificina, tiros, aberrações, ruídos escabrosos, tudo em rede. E lá vou eu, todo feliz. Ainda bem que depois tem o show do Big Gilson, ali perto na Lapa. Desta vez eu vou.