13 maio, 2002

É dos anos 80, mas ainda está atual
Me refiro ao mega-rock "Inútil", do Ultraje a Rigor. Aliás, ultraje é uma palavra adequada para definir o que temos passado, todos nós. Acho que a refugada do Barrichello esse fim de semana foi a gota d´água para todos os brasileiros que ainda nutrem um mínimo de sentimento nacionalista.
Somos obrigados a fazer racionamento, porque o governo é incompetente. Depois, pagamos pela nossa própria economia, porque o governo dá aumento para as operadoras de energia elétrica. Engolimos os escândalos. Aumentam o metrô, o ônibus. Achatam nosso salário.
Pedimos por Romário, um dos poucos jogadores com cara de Seleção Brasileira, mas o técnico todo-poderoso acha que o rancorzinho PESSOAL dele é mais importante do que o sentimento de 170 milhões de brasileiros. E nos nega a presença daquele que é o mais brasileiro de todos os jogadores da Seleção. Um cara que depois de tetracampeão ficou somente uns cinco meses fora, jogando no Valencia, e depois voltou, ficou por aqui enquanto o Roberto Carlos dizia ter um relógio que custava o preço de um apartamento - escarrando nos nossos cornos.
E, para completar, para jogar tudo fora, quando pensamos que pelo menos teríamos um domingo de Fórmula 1 como nos velhos tempos, de ficar de alto astral no meio da merda toda que a gente passa (violência, desemprego, escárnio, baixa renda), um sujeito que ganha milhões não tem os CULHÕES de mandar todo mundo para a puta que pariu e garantir pelo menos um lugar na História com H maiúsculo. Sim, porque ganhar o GP da Áustria, para o Barrichello, não valeria porra nenhuma, afinal o Schumacher vai levar mais esse campeonato fácil, fácil, é favorito e tem plena convicção do que está fazendo. Não adiantaria, tecnicamente, nada para o Barrichello.
Ah, mas que bem ele faria às nossas almas se ele ganhasse DESOBEDECENDO à Ferrari! Tornaria nossas almas mais jovens, em um Brasil que começa a ficar com cara de bunda, a cara de "família Scolari", de grupo, a cara de jogador que faz gol e vai abraçar o técnico. Cara de babaca.
Rubinho é isso. Um Luizão, que dedica sua vitória a alguém que o "ajuda", não ao povo brasileiro. Eu sinceramente não sei se tecnicamente ou taticamente o Romário seria bom para a Seleção. Mas a presença dele é uma desobediência, como seria se Rubinho ganhasse.
Essas duas negações são a consagração de valores estapafúrdios, hediondos. A não ida de Romário, a consagração do falso bom-mocismo, da hipocrisia, do puxa-saquismo e do rancor. A renúncia de Rubinho à vitória, a consagração da mesmice, do conformismo absurdo.
Porra, Rubinho não vai morrer de fome se for demitido da Ferrari. Custava ele dar essa alegria para milhões que passam esse aperto que ele não passa?
Romário é, sim senhores idiotas da objetividade, melhor do que tudo isso aí.
Boa segunda-feira. Vou evitar escrever no blog porque já vi que o estresse tá na área.