Soul Survivor
Para quem ainda acha que a voz humana é a única tinta sonora para que se pinte a angústia, a alma e o sofrimento dos racionais que habitam este planeta, eu peço: corra agora até uma boa loja e tente adquirir o CD Soul Sessions da cantora britânica Joss Stone. Aos 17 anos, praticamente uma ninfeta, ela sofre como uma mulher de 35 tragando bitucas de Belmont em algum botequim enevoado na Bourbon Street. Não há mistério: em vez de comprar um CD do Robbie Willians ou coisa parecida, em algum momento de sua adolescência ela adquiriu um de Aretha Franklin, dos antigos, provavelmente ainda da época da Capitol.
Britney Spears e Christina Aguilera perderam uma concorrente. E quem gosta de música se deu muito bem. Soul Sessions, o primeiro dela, é uma overdose de soul e voz, de tristeza, de exaltação quase sexual, de afirmação da vida. A faixa que encerra o disco, For the love of you, dos Isley Brothers, é algo que faria Janis Joplin chamar o garçom para perguntar “quem é essa maluca que está ao microfone”.
Na nona faixa, ela paga seu tributo a Aretha, gravando All the king’s horses, uma canção que eu particularmente não conhecia. ]
Toda essa voz com uma base instrumental decente, sem frescuras eletrônicas, como diriam os sambistas mais empedernidos, “só pau e corda”. E a loura promete em setembro lançar o tal disco de composições próprias, que acabou sendo adiado para que se pudesse lançar esse ótimo Soul sessions com standards do gênero. Mas pelo gosto da moça, dá para esperar algo bom.
Joss Stone é o típico caso da propaganda boca-a-boca bem feita – vi uma coisa ou outra ali nos jornais, ouvi uma menção paralelamente ali na MTV, mas nada que me alertasse de que um furacão estava por vir. Um cara de bom gosto me deu a dica, comprei de olhos fechados, depois de perambular mais de um mês pelas boas lojas do ramo. “Tem, mas acabou”, era a resposta de sempre.É um discaço, imperdível. Se quiser saber mais, clique em http://www.s-curverecords.com/joss/, o site oficial da lourinha. Se tiver som e flash instalado, é melhor ainda.
E digo para vocês: se na época do surgimentos dos Strokes houve quem acreditasse que a bandinha do filho do Casablancas era a salvação do rock, não sei como ainda não decretaram que Joss Stone é a nova Acid Queen das nossas almas sobreviventes.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home