Um ano e dez meses sábado que vem
Divido a vida em Copas, como faz um conhecido cronista. A de 2002 foi especial para mim.
No próximo sábado, faz um ano e dez meses que encontrei Marcele. Não é número redondo, a não ser que, talvez, se contem os dias. Preguiça de contar. Prefiro usar meu pensamento para estar perto dela, nesses dias em que a gente mal se vê, nesses dias corridos que passam rápido sozinhos mas lentamente quando estão um atrás do outro. Como é longa uma semana, como é curto um dia dessa semana!
Às vezes penso que não fui claro o bastante, no que concerne a ela. Explicando melhor: acho que nunca consegui passar para ninguém, fazer ninguém entender (exceção feita a ela própria) o quanto Marcele é um acontecimento da maior importância para mim. A vida parece ficar mais curta, o passado fica menor, ou grande demais, quando penso que ela poderia ter pego mais dele. Penso nisso, caramba, vivi 36 anos e destes Marcele só esteve em um ano e 10 meses.
Mas são lamentações que passam rápido. Sigo com a promessa que nos fizemos, de fazer com que a vida do outro seja um sonho. A promessa feita algumas horas antes de ouvirmos “Come rain or come shine”, a promessa feita horas depois de ela ouvir “Can’t find my way home”.
Voltando à Copa, é incrível como as peripécias de Ronaldo, Roberto Carlos e Rivaldo parecem lembranças distantes. Mas ficam perto quando eu lembro do que acontecia naquele mês de junho: eu no LANCE, trabalhando de madrugada, ela dormindo enquanto rolavam os jogos, eu enviava um email antes da maratona de trabalho, depois ia para casa dormir de manhã, ela acordava, recebia, respondia pro meu trabalho, eu só ia ver na madrugada seguinte. Tudo como uma versão cibernética de “O Feitiço de Áquila”. Como pano de fundo, uma música engraçada que tocavam como vinheta da Copa da Coréia e a alegria dos jogos da Seleção. Ora, se não me dá vontade de roteirizar isso...
E passada a alegria da Copa, veio aquela definitiva: ficar de vez com Marcele. E de lá para cá foram viagens, pizzas, brigas, vinhos, beijos, amores, paixões, noites em claro, música, e toda a felicidade que só ela poderia me dar.
Esses 22 meses teriam sido muito diferentes, sem Marcele. Ainda bem que foram somente iguais – aos nossos sonhos.
Parabéns, moça. Faltam dois meses para dois anos.
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