17 março, 2004

Blues Rapaz Rei
Neste sábado, finalmente estarei a poucos metros de Blues Boy King, na fila G do setor azul escuro (ou sei lá o quê, que custou 115 reais). Será um encontro esperado por anos. Na última vez, em 1997, o cara veio ao Metropolitan e por causa de grana, voltei da porta - os únicos ingressos que tinham, se minha memória não me trai, eram caríssimos. Voltei da porta e perdi um showzaço.
Agora, o velho King está com seus 80 anos, meio com o boi na sombra, e deve dar um show curto - mas torço para que ele nos saúde com "we're gonna have a good time tonight", a saudação do cara que está ali para nos fazer passar minutos inesquecíveis, com seu vozeiraço, sua alma incrível e sua guitarra econômica e inconfundível. Sim, o show do B.B. King tem essa marca: se vai para ter bons momentos, emocionantes, se vai para ver o artista - e não por causa de quem tá ali do lado.
E o artista que está ali é um sujeito que tem meio século de carreira, de música, alguém que se aprimorou ao longo dos anos, alguém que já nos deixou, para sempre, obras primas como Guess who ou Darling, you know i love you. O artista que tá lá não é nenhum "DJ inglês" (no meu tempo, não se concebia a idéia de alguém ver um "show de um DJ", a menos que fosse daqueles caras que equilibram copos de tequila em inferninhos), não é um "mago dos botões" da música eletrônica. É um sujeito de carne e osso, que sente a cada dia o manto do fim cobrindo sua vista, que canta o blues, uma música legítima.
Eu só queria ouvir mesmo Guess who e iria feliz para casa. Será uma grande noite, essa com o Blues Boy King.