27 janeiro, 2003

Touch down, down, down
Faltava pouco mais que um minuto para acabar a decisão do Superbowl entre Tampa Bay Buccaneers e Oakland Raiders, o time da Flórida vencia por 34 a 21 - ou seja, se os Raiders conseguissem um milagre, até podiam virar o marcador. Fazendo um touchdown e conseguindo o bloqueio de seu "kick-off" (jogada que inclusive eles fizeram antes e tinha dado certo), feito difícil mas não impossível, os favoritos de Oakland venceriam. Mas nesse momento, o quarter-back do Raiders, Gannon, fez um lançamento errado de umas 30 jardas, interceptado de forma magistral, espetacular, pelo defensor Derrick Brooks, do Bucs, que foi direto com seus 130 quilos para a end zone, decidindo o título, acabando com qualquer chance. Foi um lance que no futebol equivaleria àquele golaço do Santos, o terceiro, de Léo, que definiu o Brasileirão do ano passado.
Narração dos brasileiros da ESPN International: "Olhaí, o passe foi interceptado, heim?", dito em tom de comentário paralelo.
Pois é. O colorado já tinha batido isso, e aí no blog dele tem até um texto citando pérolas de um dos locutores, José Inácio Werneck (não tenho certeza se foi ele quem narrou o Superbowl). Apesar de a maioria dos esportes transmitidos pela ESPN movimentar milhões de dólares por todo o mundo (cada anúncio de 30 segundos no intervalo do Superbowl custa mais de 1 milhão de dólares), a emissora a cabo, por medida de economia, coloca o mesmo cara para narrar golfe, vôlei, esqui, boliche, corrida de cachorro, futebol, basquete e o escambau.
Resultado: o cara passa o jogo inteiro fazendo trocadilhos do tipo "Esse Pittmann não conseguiria nada nem se cantasse junto com a Eliana - Pittmann, eehhh", dando palpites idiotas, comentando que o locutor que está no meio das cheer-leaders está "se dando muito bem", etc, etc, etc.
No lance CAPITAL do jogo, ele estava provavelmente (eu não ouvia mais, estava concentrado no jogo) algo como "ah, Recife, Porto de Galinhas, curto muito, em breve vou lá..." ou coisa parecida, como fez ao longo do jogo.
Agora, é culpa dele? Ou é da empresa muquirana que não quer investir um pouquinho mais, gerando um pouco mais de empregos? Por que temos profissionais que volta e meia escorregam na chapinha? Acho que é porque poucos vão fundo numa especialização, afinal, diante de comportamentos como o da ESPN, quem é que quer estudar pra caramba um esporte ou uma área específica se podem ser facilmente substituídos por um Werneck?