23 janeiro, 2003

Sim, isto é uma atualizada
Aconteceu - driblei um pouco a dor (dor esta que está me atrapalhando e impedindo de tocar para a frente um projeto espetacular que elaborei em parceria com o grande Mauricio Neves) e consegui dar esta atualizada, não sem sacrifício. Mas devo passar mais alguns dias na compressa de água quente - e cumprindo extensa agenda social: aniversário de cunhada na sexta, saída com Marcele e a rapaziada no sábado e SUPERBOWL no domingo. Este último compromisso, que será a partida entre Oakland Raiders e Tampa Bay Buccaneers, devo ver lá na casa do dono da birosca. Se ele topar, claro.
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Quatro casamentos e um funeral
Do dia 22 de dezembro de 2002 ao dia 15 de fevereiro de 2003, eu terei ido a quatro casamentos e um funeral. É como se a vida estivesse sinalizando, mostrando que as coisas estão fluindo, se definindo, chegando a um ponto de definição, aquele ponto de definição que a gente espera nunca chegar, quando se é adolescente e os únicos sonhos são tocar numa banda de rock and roll ou fazer um gol no Maracanã.
Quatro casamentos. Um deles, de alguém da família - mas por incrível que pareça, certamente o casamento em que eu conhecia menos gente. Mais dois ainda acontecerão - um no dia 30 de janeiro e outro no dia 15 de fevereiro, por sinal aniversário de uma prima que mora longe mas que sempre foi muito próxima.
Na terça, 21 de janeiro, foi o funeral. Na verdade, eu não ia. O morto era o Oldemário Touguinhó. Um amigo insistiu para eu ir junto - por sinal, o mesmo cara que organizava a Copa que leva o nome do morto. Depois de pensar bem - afinal, eu não era amigo do Oldemário, que sequer me conhecia (apesar de eu gostar do cara e do jeito barulhento com que ele defendia alguma tese futebolística na redação do Jornal do Brasil).
Não me arrependi de ir - no final das contas, acho que não homenageei um jornalista ou um repórter esportivo. Homenageei uma espécie de ser em extinção, desses caras que não passaram pelo tal espremedor de culhões de que nos falava Charles Bukowski. Em um tempo em que as empresas primam pela desumanização, pelo monótono, pelo "funcionário-padrão", Oldemário era uma reserva de sujeito que ainda não tinha entregado a rapadura. Nada de expressões comuns, de chavões de recursos humanos, de comportamento previsível, de reverência a coisas passageiras, opacas, vazias. Tido como maluco por muita gente, Oldemário sabia das coisas - apesar de ser mesmo meio doido: não folgava, não dormia, não escondia absolutamente nenhuma de suas opiniões.
O amigo que me conduziu ao enterro me contou uma das milhares de histórias ótimas de Oldemário. Foi ao JB um jornalista candidato a presidente da ACERJ (Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro). Conversou com os principais jornalistas da editoria, ao mesmo tempo, e no meio o Oldemário, escrevendo algo mas prestando ligeira atenção. Ao fim da explanação, um dos ouvintes, diante do candidato, perguntou se o Oldemário daria apoio. Este respondeu, na sua conhecida voz meio fina e inteiramente indignada, como sempre:
- Não. Porque você é canalha e eu não gosto de canalha.
É, eu não me arrependerei de ter ido nesse enterro. Era um dos caras que não se davam por vencido. Hoje, a molecada já nasce pedindo toddynho. Que mundo, esse.
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Parental Control
Férias, sem grana, dedico algumas horas à TV, porque ando meio sem saco para ler. Nessa, fiz alguma merda no controle remoto da Net que deixou o SBT no parental control, necessitando de senha, assim como os meus dois canais pornôs (sim, eu tenho, vejo de vez em quando).
Fiquei procurando o manual de instruções para lembrar como desbloquear. Mas aí pensei no SBT.
Gugu com banheira, programas da Carla Pérez, grupos de pagode, menininhas imitando Carla Pérez com shortinhos curtos e dança da garrafa, Sabadão Sertanejo, Casa dos Artistas, Show do Milhão, e milhares de bundas ao longo da programação.
Pensando bem, vou deixar o Parental Control.
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Produtividade
Nas férias, me inscrevi em dois concursos que pedem jornalistas. Um para a Nuclebrás, cuja prova deverá ser mesmo no dia 2 de fevereiro. Se for depois, que seja duas semanas depois, porque estarei nesse mesmo dia viajando para Penedo, logo após a prova. E o outro, que custou R$ 60, foi o que está abrindo para a assessoria de imprensa da Comlurb - nesse, as inscrições podem ser feitas pela internet, pelo site http://www.rio.rj.gov.br/fjg. Bom, custa apenas R$ 60 fazer, vamos lá, ué. Já que a iniciativa privada nos últimos dois anos vem tratando jornalista como lixo, o jeito é tentar mamar nas tetas da viúva, por mais que isso não me agrade.
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Tendinite
Continua braba, doendo bastante. Passei a intensificar o tratamento com compressas de água quente, e estou obviamente escrevendo menos. A dor me impede de fazer uma das coisas que eu mais queria fazer nessas férias: andar de bicicleta. Afinal, se apoiar no guidão com mãos que doem é barra pesada.
Em função disso, escrevi pouco nessa atualizada, e parceladamente. Mas foi só para não perder leitores, que já são poucos.
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Ah, meu Rio de Janeiro
Nossos turistas devem nos adorar. Sabe quanto é um picolé na lanchonete do Pão de Açúcar (sim, subi o morro com Marcele esses dias e com uma prima dela)? Três reais. Sabe quanto é uma coxinha de galinha? Três reais. Uma coca-cola? Três reais. Uma camisa oficial da Seleção Brasileira, no bazar em frente? 210 REAIS!
Aí o cara desce o bondinho e tem um taxista logo em frente que vai levá-lo a dois quilômetros dali e cobrar 25 reais. Se ele alugar um carro, vai ter que pagar 20 reais prum flanelinha e ainda ser ameaçado - afinal, o flanelinha tem que juntar grana para pagar um policial que deveria estar reprimindo-o.
Mais adiante, o animado turista vai andar por Copacabana e ver que mulheres exploram crianças para pedir grana. Se der sorte, poderá flagrar alguém sendo assaltado - e se der azar, poderá ser ele próprio. Claro, isto tudo depois de ele ter nadado na merda (nas "maravilhosas" praias), encarado engarrafamento na Lagoa para tentar ir nos quiosques e ainda ter encarado a seguinte situação no Cristo Redentor: você sobe de carro, paga um pedágio caro pra cacete, entra em uma área reservada mas ainda tem que dar uma grana para um flanelinha que fica lá dentro.
Ah, meu Rio de Janeiro. Cidade mais linda não há, não tenho dúvida. Mas que isso aqui anda uma merda, ah isso anda.
Um dia, quando houver governo, ou mesmo uma boa anarquia no lugar desse populismo evangélico/napoleônico (governo do estado/prefeitura), pode melhorar.
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Pouco inspirado
A preguiça das férias não ajuda. Eu sei, tá tudo uma merda. Mas quando eu melhorar da tendinite, prometo que saem textos melhores. Ou pelo menos, mais bem humorados. Até lá.