27 novembro, 2002

Histórias de Dudo Hardy
Episódio de hoje: O terraço e a televisão
Dudo Hardy é o pseudônimo de um camarada meu desde os tempos de IACS/UFF, quando havia um bar do Arlindo, uma mesa de sinuca no meio da faculdade e muitas razões ideológicas para se matar aula. O cara é formado em publicidade, atualmente manja tudo sobre fotografia (principalmente as de mulheres seminuas), é ex-microempresário (tinha uma locadora de vídeos pornôs) e é formado ator pela Escola de Teatro Martins Pena. É ator dos bons, já tendo feito diversas pontas e participações em curtas, aberturas de novela, comercial e recentemente é o astro do filme GULA, da série Sete Pecados Capitais das Grandes Cidades, do canal a cabo GNT. Mas a coisa mais legal mesmo de Dudo Hardy é seu infindável repertório de histórias engraçadas e absurdas. Nesta série, publico várias sem a autorização dele:
O terraço e a televisão
Um vizinho de Dudo Hardy era bastante exótico - não se sabe se teria sido essa qualidade que o levou a ter o apelido de Chacrinha (uma homenagem ao Velho Guerreiro), aliás, Chacra para os mais próximos. Mais próximos é um modo de falar, porque o Chacra se apresentava para as pessoas, segundo Dudo, de uma forma diferente. Enquanto todos diziam, "oi, eu sou o Beto" ou "tudo bem, sou Luiz", o Chacra disparava um "prazer, Paulo Fernando Oliveira de Azevedo", com o nome completo.
Contam então que o Chacra tinha lá seus 16 anos e já eram um dedicado praticante do ideário de Onan. E dispunha de acesso privilegiado (Chacra sempre se deu bem com os porteiros de todos os prédios) a um terraço de onde se tinha a visão espetacular do quarto de uma menina de 19 anos - ótima, segundo acrescentam os contadores da história, que de ouvido em ouvido chegou a Dudo Hardy.
Chacra estava vendo a menina atacar um namorado, ou pelo menos um candidato a isso, em seu quarto. O sujeito, um pouco preocupado, constrangido por estar na casa da menina, se limitava a negar fogo. Enquanto a garota o atacava em chamas, o rapaz tentava em vão se desvencilhar. Dois metros e meio acima, Chacra assistia a tudo, agachado, ao lado de um colega. A ansiedade predominava - os dois pareciam torcedores de algum jogo em que o time precisava ganhar por três de diferença, só que o primeirogol não saía. A menina já estava quase virando uma tocha humana, louca para dar, quando de repente o Chacra, como se possuído por algum espírito maligno, se levantou no terraço, exibindo seu corpo inteiro, e com o pau em riste, duro, gritou a plenos pulmões:
- VAI LÁ!!! VAI LÁ!!! MOSTRA QUE TU É HOMEM, PORRA!!!
O detalhe, que só ficou esclarecido depois: a menina em questão conhecia a avó do Chacra. E contou o que aconteceu. Aí vem o melhor. Castigo do Chacra: um mês sem ver televisão.