Fé cega
Deve ser meio cafona mesmo, e duvido que alguém ainda ache coerente um sujeito fazer serenatas ao violão para a namorada. O problema é que eu faço. Talvez um dia Marcele se canse dessa praga de seis cordas, esse instrumento capaz de destruir qualquer festa. Mas por enquanto, sigo tocando e reaprendendo músicas, enfim, retomando um hábito que eu tinha antes de decretarem que ser artista agora é simplesmente mexer em botões e fazer "remix" (coisa que antes eu chamava de "o cara que faz milk-shake no Bob´s".
Achei no Google a letra com acordes de "Can´t Find My Way Home", belíssima canção cuja letra e música são de Stevie Winwood, que considero um dos maiores músicos do final do século 20. Pelo menos da música pop. Para mim e para Marcele, um significado especial, pois quando começamos a nos conhecer, recomendei a ela que procurasse a música num desses novos Napsters da rede. Ela achou, e ficou tocada - a música é realmente maravilhosa Foi gravada pela primeira vez, se não me falham os alfarrábios, pela banda Blind Faith, um grupo que durou só uns dois anos e que lançou um LP de estúdio (Blind Faith, que eu tenho em CD) e outro ao vivo.
Blind Faith era meio covardia: Eric Clapton na guitarra, Stevie Winwood no piano e em vários instrumentos (ele toca bem todos), o ex-Cream Ginger Baker na bateria e Rick Grech no baixo. Chato, né? Uma espécie de dream-team da música pop, até hoje.
Hoje, consegui tocar "Can´t find my way home" inteira pela primeira vez, mas ainda com rodinhas, isto é, olhando para os acordes na tela do micro. Espero em breve conseguir tocar sozinho - antes que Marcele se canse de "Love me tender".
"Can´t find my way home" é como um pedido de socorro da alma apaixonada. Que se afoga em seu próprio sangue. Vale a pena dar uma escutada.
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