30 outubro, 2002

Cristo não combina com João Kleber
De jeito nenhum. Aliás, a conclusão é a de que Judas Iscariotes é no máximo um ladrão de galinhas, se esforçando muito chegaria a deputado pelo PFL, mas não chegaria ao que é João Kleber, este cidadão que surgiu na mídia como imitador manjado e despencou ostracismo abaixo após a derrocada dos Jecas Colloridos.
Assistir a seu inacreditável programa "Eu vi na TV" (acho que é esse o nome) é um exercício de cidadania. Porque mesmo o mais empedernido dos onanistas se revolta com a maneira franca, cínica, indisfarçável com que o cara passou a explorar a nudez e a putaria em seu programa televisivo.
Explique-se, para não parecer falso moralismo: que se assista o canal 80, excelente. Que se veja o Sexytime no Multishow, beleza pura. Até mesmo um bom filminho com a Nastassa Kinski, de preferência "A marca da pantera", e você dizendo pra sua namorada ao lado, sim meu amor, estou vendo porque quero ver a Nastassia pelada, e pronto.
Agora, o que João Kleber faz no programa ultrapassa os limites do cinismo. Vamos à descrição:
1- Ele tem o que chama de "quadros", que são basicamente a mesma coisa: dramatização com mulheres peladas e uma história completamente idiota. Algumas, plágios de filmes, escancarados, ridículos.
2- Nesses quadros, João Kleber torra completamente o saco do telespectador, falando o tempo INTEIRO: "presta atenção, olha bem o que vai acontecer, heim, é incrível, é incrível". Me lembra aquela brincadeira idiota do cara que está numa rodinha conversando e de repente fala, "gente, pára, pára, silêncio, o que foi isso", e quando todo mundo pára para prestar atenção ele solta um traque. E fedorento. Mas nunca mais do que os traques cerebrais de João Kleber.
3- O mais engraçado é que ele se comporta quase como se a mulher pelada não estivesse ali, fosse do contexto. Exemplo: as dramatizações começam com um casal qualquer, a mulher pelada, simulando sexo. Fica minutos assim, sem história. E João Kleber falando sem parar "olha o que vai acontecer". Bom, eu sei o que acontece desde os 13 anos. Mesmo depois de iniciada a trama, o roteiro simplesmente pára para alguma mulher tomar banho. E fica o João Kleber falando, como se nada estivesse acontecendo. Volta e meia solta um "porra, mas que mulherão, heim?".
4- Aí ele chama os comerciais umas seis vezes. Cada vez que volta dos comerciais, o filme volta um ou dois minutos. Ontem vi uma dramatização inteira (haja saco, ainda bem que tinha Jackass), e houve um momento em que ele gritou "pára, pára, pára", foi para os comerciais, voltou bem atrás, e aí gritou "pára, pára, pára" exatamente no MESMO lugar em que tinha gritado antes.
Enfim, João Kleber se supera. Dizem pela imprensa que ele chega atacadinho no estúdio, e a cada vez que cai a audiência (para onde cai uma audiência dessas?), chega no estúdio ameaçando todo mundo de demissão.
Por isso digo: não dá para ser cristão tendo um João Kleber por perto, não dá para exercer os princípios de perdão, misericórdia, essas coisas. Um João Kleber não se perdoa. Impossível não lembrar do Collor, a quem ele nunca imitou. Enfim, ele segue sua triste sina. Um dia, espero que o Collor o resgate para algum lugar, de preferência onde falte até enxofre.