Chaim e Abel: ambos de volta
Abel voltou ao Botafogo há duas semanas, e hoje o personagem Chahim volta a este blog. Desta vez com uma história e com o texto de um email enviado por ele com o subject "O passatempo da sua viagem" (coisas que só quem anda de ônibus pode entender. Mas, primeiro, a história:
Eu saindo de bronquite, com uma tosse que faria um cachorro pedir extrema-unção, de repente dou uma tossida mais forte e só ouço ao fundo a voz do tranqüilíssimo webdesigner que vive uma vida de ócio e felicidade:
- Eita! Como é que o cara ainda engole, heim?
Depois de diversas manifestações em volta (os homens riam e as mulheres faziam "eca"), veio o golpe de misericórdia:
- Fala, garçom da Skol!
Bom, pano rápido, por favor. Agora, o email (sensacional):
Fui Cleópatra numa vida passada
por Tom Taborda
Preocupado com o altíssimo número de pessoas que insistem terem sido Cleópatra (ou demais personalidades) em vidas passadas, o Instituto Polymathé Ideas de Pesquisas Improváveis descobriu uma explicação. Segundo diversos estudos demográficos, a população do planeta era de aproximadamente 20 milhões de habitantes entre os anos 10.000 a 4.000 aC, subindo nos quatro mil anos seguintes e mantendo-se estável, em torno dos 200 milhões de habitantes, por quase todo o primeiro milênio. Doenças, fome, guerras, epidemias, genocídios e demais mecanismos malthusianos contribuíam para manter o número de habitantes dentro deste misterioso limite.
Nossos estudos esotéricos indicam que nada ocorre por acaso, que existe uma explicação e um motivo subjacente a tudo. Deduzimos, portanto, que existe um 'Banco de Almas', um estoque de almas disponíveis – ontologicamente –, de 200 milhões de unidades. São apenas duzentos milhões de almas recicladas entre as pessoas vivas.
Em alguns períodos da História, o estoque de almas excedia à população. Assim, logo após a Peste Negra, podemos notar que houve uma 'liquidação' de almas blue-chip, de primeira linha. Quase uma promoção do tipo "pague um e leve dois (ou mais)". De que outra maneira explicar como os gênios renascentistas podiam ser magistrais na pintura, escultura, poesia, arquitetura, mecânica, química, engenharia, anatomia, astronomia e tudo mais o que houvesse pela frente? Eram diversas almas, ocupando um único corpo, manifestando seus interesses e habilidades.
Depois da Renascença, aos poucos, o número de habitantes começa a ultrapassar este limite ontológico. Nascem mais pessoas que as almas disponíveis. Começando assim o racionamento de almas, ou mesmo sua distribuição compartilhada: uma alma, para duas crianças, uma alma para quatro crianças, uma alma para oito crianças e assim por diante.
A população atual do planeta é de 6 bilhões de habitantes. Isso significa que uma única alma da antigüidade ocupa o corpo de 30 indivíduos atuais. O que explica não apenas a mediocrização dos dias de hoje – imagine os parcos recursos da alma de um Kleber Bam-bam do século IV, distribuídos por trinta indivíduos, quase todos telespectadores... --, como também o fato que muitas pessoas podem afirmar, e estarão cobertos de razão, terem sido Cleópatra em vida passada. O engraçado é como topamos regularmente com essas trinta pessoas...
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