Romário
Mais uma vez sou grato ao Fluminense. Fiquei grato pela ajuda do clube na hora de fazer a série Centenário Tricolor, publicada de 9 a 21 de julho no Lance, fui grato ao Fluminense ano passado pela conquista da Taça Guanabara que nos garantiu vaga na final e conseqüentemente no tricampeonato, fui grato ao Flu por ter vencido o Caixão 2002, o pior estadual de todos os tempos e agora estou pensando em publicar um anúncio agradecendo ao Tricolor por ter impedido dois caras aposentados do futebol de irem para a Gávea: Romário e Beto, um amigo do outro - além de tudo ainda rola essa prática de "quem indica".
Agora, em um clube centenário, de tradições aristocráticas, elitistas (eles mesmos reconhecem), reacionárias (seu ícone é o maior reacionário de todos, Nelson Rodrigues - que aliás eu gosto muito), fico pensando: ninguém lá dentro se perguntou "Por que será que Romário e Beto são tão amigos? Freqüentam o mesmo culto na igreja? Vão à mesma reunião do Lions Club? Se conhecem das reuniões de condomínio?"
Vai ser muito divertido, Romário no Fluminense.
Vice, de novo
Ontem eu estava com mais dois amigos, ambos do jornal, na sinuca. Um deles falou, "O São Caetano é realmente um time de Manés". Obviamente ele não estava se referindo a Mané Garrincha, e sim ao fato de que os caras fizeram 1 a 0 em pleno Defensores Del Chaco, vieram para o Brasil com a vantagem do empate, fizeram o primeiro gol, dentro de casa, com torcida apoiando e simplesmente deixaram o Olimpia virar o jogo, levar para os pênaltis e levar o título da Libertadores. Esse Azulão realmente tem vocação vascaína. Então toma, é vice de novo.
O último capítulo da série
Acabou em definitivo a série "Mulheres que um dia amamos". Abaixo, o último capítulo.
Marcele
Posso dizer que eu saí da UFF em 1993. Sim, entrei em 1990, mas em 1993 comecei a trabalhar. Ou melhor, em 1992, durante o impeachment do Collor, eu estava no jornal UFF por Dentro, um hebdomadário destinado a divulgar externamente as atividades da universidade - visivelmente uma espécie de lobby pró-educação gratuita. Acho justo. Em 1994, comecei a trabalhar em A Notícia, jornal diário, e me afastei em definitivo do dia a dia na faculdade. Ia lá para fazer uma ou outra matéria, e assim meu diploma só saiu mesmo em 1999; e meu registro profissional, apesar de eu ter então seis anos de profissão, só em 2000.
Por que dizer tudo isso? Para explicar que tenho saudades do casarão da UFF, mais precisamente do Instituto de Artes e Comunicação Social. Principalmente do semestre quando eu entrei, o segundo de 1990, um semestre em que provavelmente conheci 70% dos principais amigos que me acompanham até hoje.
E foi por causa dessa saudade do casarão que eu conheci Marcele.
Um dia, estava eu em uma exposição de fotos (sim, freqüento esse ambiente de vez em quando, por ter muitos amigos fotógrafos), quando vi uma boa foto do casarão, só que mais modernizado, sem a quadra de esportes (onde eu jogava um futebolzinho que o Serra mandava parar). Parei para ver o nome da autora, e era Marcele, que estuda Cinema na UFF. Fiquei intrigado. Quem é essa moça que também se liga no aspecto do Casarão?
Ouvi então uma voz doce, suave, falar atrás de mim. "E aí, você estudou lá?", e me virei, vendo uma linda morena de 1,70m (o que já me intimidou), de olhar terno, mãos longilíneas, e cabelos ondulados. Respondi que sim, e falei até em um blog chamado "Bar do Arlindo", ela disse que conhecia, achava engraçado, e tudo o mais. Eu também ri, apesar de estar completamente sem graça por ela já ter conhecido o blog - afinal, neguinho só escrevia besteira.
Trocamos emails - essa é a parte forte da história - e ficamos nos enviando mensagens ininterruptamente durante a Copa do Mundo de 2002, em que o Brasil conquistou o pentacampeonato. Eu acordava às 1h30 ou 2h da madrugada para trabalhar, corria para o computador, e lá estava o nome dela sorrindo para mim. Marcele é um nome que sorri.
Aí eu respondia, enviava e ia trabalhar. Na volta, cansado, acabava dormindo logo, mas sabendo que em poucas horas nos falaríamos mais. E sempre pontuávamos nossas observações sobre a vida - ela sente as coisas de um modo parecido com o meu - com os resultados ou mesmo comentários sobre os jogos. Hoje eu revejo aquela correspondência e fico pensando que aquela é a melhor maneira de recordar aquela saudosa Copa do Mundo em que o Brasil ganhou com a redenção de Ronaldo Fenômeno.
Lá pelo meio da troca de emails, eu já estava encantado por Marcele, mas como eu vinha alimentando um ceticismo absurdo desde 2001 (com justas razões), tentava me recusar a me deixar encantar - mas cadê que eu conseguia? Um dia, eu disse, "acho que se eu te reencontrar, ficarei perdidamente apaixonado", e ela, "eu também". E não sabíamos o que fazer. É muito surpreendente quando não existe o ritual da conquista, quando você não diz nada que alguém já tenha dito alguma vez para uma mulher - e vice-versa, quando só o que existe é o sentimento de que se quer cuidar de alguém. E quem ouve a voz de Marcele só pensa em cuidar dela.
Nos encontramos, e fomos ao Shenaningan´s, aquele lugar que eu fico malhando alguns posts a baixo. Isso depois de uma noite que passamos acordados ao telefone, apesar de ela morar super-perto de mim.
Lá, fizemos o que eu tinha falado em uma das mensagens - inclusive era até o título: "Dois cálices de vinho".
Foi então que ela puxou um CD de presente para mim, dizendo, "garantia de um bom começo". Abri. Era o CD do Neil Young, eu tinha me esquecido de que eu tinha publicado - até meio de brincadeira - aqui que eu prometia uma vida feliz ao meu lado àquela que me desse de presente "Are you passionate?", o novo do Neil Young.
Hoje, não penso em mais nada a não ser em cumprir esta minha promessa. Antes do fim.
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